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História Between Desires And Feelings (larry stylinson) - Parte Final


Escrita por: PJuLarryyy

Capítulo 4 - Parte Final


Fanfic / Fanfiction Between Desires And Feelings (larry stylinson) - Parte Final

Um suspiro profundo sai dos lábios cheinhos de Harry quando a imagem do corpo levemente sarado de Louis aparece em seu campo de visão.

 

Ele está tomando o seu habitual chá da tarde sentado à mesa redonda no jardim com Niall ao seu lado. Observando o alfa a metros de distância cortando lenha para o inverno que chegará em algumas semanas.

 

Seus olhos verdes estão fixos nos movimentos do alfa, seu tronco nu e em como seus braços fortes faziam o trabalho pesado, evidenciando seus músculos. Sua pele bronzeada brilhando na luz do sol forte, Harry sente seu corpo esquentar, só não sabia que o motivo era pela visão que está tendo ou pela quentura do céu.

 

Ele solta outro suspiro. Seu chá esquecido na mesa, esfriando.

 

— Agora que você conseguiu o que queria, vai deixar o pobre alfa em paz? - O loiro lhe questiona com um pequeno sorriso debochado nos lábios.

 

As lembranças da noite anterior invadem sua mente no mesmo segundo, causando-lhe um entorpecimento em suas células. Lascivo e quente, seu corpo treme levemente só com suas memórias do toque do alfa em sua pele.

 

— Eu não consegui o que queria de verdade... bem, não exatamente.. - Ele explica calmamente, ainda com seus olhos no alfa — Depois que eu gozei, Louis me vestiu e simplesmente se virou e foi embora, sem ao menos me deixar tocá-lo.

 

Ele dá de ombros, como se não se importasse com isso. Precisando acreditar nisso mais que tudo. Ele não pode se importar. Depois de alguns segundos em silêncio, ele prossegue:

 

— Mas acho que é só isso que conseguirei dele... E mesmo assim foi inesquecível! - Afetado, sua respiração fica presa na garganta — Agora é seguir com vida!.. E voltar a minha rotina de sempre, afinal eu não fico com outro alfa há muito tempo, desde que cheguei em Londres e comecei a tentar seduzir o Louis.

 

A algo na maneira em que o ômega fala sobre o alfa que faz Niall acreditar que não seria tão fácil "voltar a vida normal" como o amigo fala.

 

Mais tarde, quando a luz da lua ilumina o quarto de Harry, ele acende as velas sobre a mesinha ao lado da sua cama para clarear melhor o ambiente.

 

Seus cachos estão presos em um coque alto e sua pele está refrescada após o longo banho, sentado em sua cadeira em frente ao espelho, ele suspira olhando seu reflexo.

 

Não ter Louis como queria de fato está lhe atormentando o juízo.

 

Ele desejava tanto, tanto ter tocado em Louis na outra noite. Não ter apenas os dedos dele enfiados dentro de si. Harry queria tudo com Louis. Absolutamente tudo. E não entende o motivo dele não ter deixado ser tocado. Por que não possuiu mais seu corpo, por inteiro? Por que Louis foi embora tão rapidamente?

 

Ele não deu um orgasmo para o alfa. E pela primeira vez em sua vida, ele está se sentindo insuficiente. E até mesmo inseguro com o seu corpo. Louis lhe rejeitou tantas e tantas vezes no início. Será que ele só queria se ver livre do príncipe? Dá-lo o que tanto desejava para não ter que aturar seu modo mimado. Será essa a verdade?... 

 

Isso é ridículo. Esse sentimento é ridículo!

 

Harry nunca se sentiu assim em sua vida. É ele que usa os outros ao seu próprio benefício, a fim de conseguir o que quer, e não o contrário. Ele gostou tanto, tanto de sua noite com o alfa.. será que o sentimento foi mútuo?

 

Argh!

 

Ele está enlouquecendo!

 

Porque a verdade é uma só, e mesmo ele se mostrando confiante e decidido, Harry, bem lá no fundo, é inseguro. Tanto que precisa constantemente de palavras de afirmação, elogios e enaltecimentos. E só uma pessoa conseguiu despertar esse seu pior lado incontáveis vezes de uma forma que ela nunca havia aparecido ou ele havia sentido. Louis Tomlinson.

 

Louis é o nome do seu pior tormento no momento.

 

E falando no diabo…

 

Uma batida leve é soada em sua porta, em instantes Louis entra por ela segurando uma bandeja em mãos.

 

Ok! Talvez Harry tenha exagerado em referir-se a ele desse jeito.

 

— A água que o senhor pediu -  Louis diz colocando a bandeja contendo uma jarra de água em uma mesinha no centro do enorme quarto. Ele se surpreende com a grandeza e magnitude do cômodo, certamente é maior do que sua antiga casa em que vivia quando era criança.

 

Harry franze o cenho e se levanta dando dois passos na direção do outro ao respondê-lo:

 

— Mas eu não pedi água nenhuma.

 

— Eu sei! - Ele dá uma risadinha, mordendo o lábio inferior logo em seguida — Eu só queria uma desculpa para ver você.

 

Os olhos verdes se arregalam levemente em surpresa. Não é possível! Com apenas uma frase, Louis rouba seu fôlego rapidamente.

 

O alfa observa ele por longos segundos, seus olhos azuis encaram o príncipe intensamente. Como se ele fosse sua presa. Em passos lentos, ele se aproxima de Harry, chegando bem pertinho dele, ele ergue suas mãos e leva elas até os cachos presos, soltando-os demoradamente em seguida. Os cachinhos de Harry caem levemente sobre seus ombros, macios e cheirosos.

 

— Seus cachinhos são muito bonitos para serem escondidos.. - Louis sussurra próximo aos lábios cheinhos, acariciando o rosto dele e sentindo a pele macia em seus dedos — Principezinho.

 

O apelido não sai de uma forma ruim ou irônica. O olhar dele sobre Harry é carinhoso.

 

Harry está paralisado, sem saber como agir com sua respiração cada vez mais arfante. Ele fecha seus olhos ao sentir os lábios de Louis em contato com seus, lhe beijando lentamente. Sentindo os dedos dele fechando em seus cabelos, como sua pequena obsessão e sua cintura sendo contornada com firmeza pelo braço livre dele.

 

Em meio ao beijo, o príncipe geme abafado. Os lábios macios do alfa lhe beijando com tanta devoção, lhe segurando como se ele fosse sua maior preciosidade, a mais valiosa de todas. A língua de Louis invadindo a boca de Harry lentamente, como se quisesse guardar seu gosto para sempre.

 

Harry se sente perdido. Completamente sem rumo. Envolvendo o pescoço de Louis e lhe puxando para mais perto se isso fosse possível, ele retribui o beijo com a mesma intensidade sem se importar com que isso significasse.

 

Harry nunca foi beijado assim. Com tanto sentimento. Esses pelos quais ele não sabe nomear. Tudo tão confuso em sua mente. Sentimentos que ele nunca se permitiu sentir.

 

Euforia, alergia, agitação, lascivo, irritação, desnorteado e caído. Tudo ao mesmo tempo. Tudo isso pelo alfa. Tudo pelo homem que desperta em si tantas coisas novas e diferentes.

 

Por Deus, em que ele está se transformando?!

 

Assim que seus lábios se afastam dos de Louis, o sentimento de vazio e saudade do calor do corpo alheio lhe domina imediatamente. Harry dá alguns passos para trás para se afastar, respirando fundo e engolindo em seco diversas vezes para se recuperar. Ele abre os olhos lentamente quando se sente um pouco menos desnorteado. Encontrando um Louis com a respiração ofegante e olhos brilhantes, muito brilhantes.

 

Longos segundos se passam com os olhos deles fixos um no outro. Harry precisa de respostas para seus tormentos, a boca dele abre e fecha diversas vezes tentando buscar as palavras antes dele enfim conseguir pronunciá-las:

 

— Por que você não me deixou tocá-lo naquela noite? - Ele precisa de uma resposta, se não enlouqueceria completamente — Você.. Você não gostou do meu corpo? Você fugiu assim que eu cheguei em meu clímax.

 

Uma insegurança repentina surge. Se mostrando vulnerável para alguém pela primeira vez em muito, muito tempo. Se amaldiçoando por deixar isso acontecer.

 

O alfa tem vontade de sorrir pelo jeitinho encabulado, mas apenas se limita a aproximar seu corpo do dele e segurar seu rosto delicadamente, seus rostos muito próximos outra vez. 

 

— Você não tem ideia do que causa em mim, não é? - Pergunta em um sussurro — Você não faz ideia de quantas vezes eu me masturbei pensando em você, no seu corpo, na sua voz, e nos seus gemidos manhosos depois daquela noite.. de quantas vezes eu gozei sussurrando seu nome, Harry.

 

A voz rouca dele deixa o corpo de Harry fraco com um formigamento e necessidade em tê-lo novamente. Outras e outras vezes. Uma noite não foi suficiente para apagar seu desejo. Ele engole um gemido que tenta escapar de seus lábios pela forma que é encarado. Louis lhe deixa tão bagunçado. A ambiguidade do alfa não ajuda em nada a compreender seus sentimentos tão confusos.

 

No entanto, a forma dele lhe olhar agora.. suas palavras, o beijo tão doce e intenso, isso tudo aparenta ser tão verdadeiro. Como nenhuma relação sua foi antes. Harry nunca foi olhado com tanto carinho, desejo, admiração e até mesmo fascínio, ele ousa pensar. Não.. pensar não. Tudo está estampado na face do alfa. Os olhos azuis são tão transparentes, limpos e sinceros.

 

Mas… mas ele ainda não entende.

 

— E-Então por que você fugiu? - O ômega consegue perguntar depois de longos segundos em silêncio, o que pareceu uma eternidade — E-Eu estava lá! Eu era seu.

 

Louis nega com a cabeça olhando-o, segurando o rosto alheio com um pouco mais de firmeza, mantendo seu olhar obstinado.

 

— Não, você não era meu! Você estava muito focado em seu objetivo em conseguir apenas sexo. E Harry… - Ele sorri de lado olhando os lábios cheinhos entreabertos. De repente se torna sério olhando-o intensamente — Eu não quero apenas seu corpo.

 

O que? Harry não diz nada por vários e vários segundos, apenas absorve as palavras dele, digerindo tudo. Atônito a tudo ao seu redor. 

 

Ele não pode deixar alguém entrar. Ele não quer isso. Não pode se deixar mostrar-se vulnerável a alguém. Suas barreiras não podem ser quebradas. Principalmente por um alfa.. um servo. O homem pelo qual Harry jurou que não deixaria lhe ferir novamente. O seu orgulho consegue ser maior do que o de Louis. O orgulho é obviamente um sentimento autodestrutivo, e o pior inimigo do ômega. Ele não lhe deixa se abrir, se fechando em seu próprio mundinho fútil e material. Ele não lhe deixa enxergar as coisas com clareza, pensando sempre que o amor irá lhe deixar fraco e lhe humilhará. O seu orgulho não lhe permite ser livre!

 

Vestindo uma máscara de frieza que é capaz de machucar quem olhasse, ele retira as mãos de Louis de seu rosto e se afasta dando alguns passos para longe. E tenta não demonstrar seus confusos sentimentos ao respondê-lo:

 

— Tem razão! - Diz indiferente, sorrindo debochado o máximo que conseguia — Era só sexo que queria! E agora que eu consegui, não preciso mais de você e nem aturar seu comportamento ultrajante.

 

Louis engole em seco e fecha suas mãos em punhos ao lado de seu corpo. Olhando os olhos verdes e frios, ele trava o maxilar. Nada. Ele não diz nada. E o sorriso do ômega vacila.

 

Não dizendo mais nenhuma palavra Louis sai rapidamente de perto dele.

 

Harry pisca assustado quando a porta é fechada com força. Ele solta o ar que nem sabia que estava prendendo. E puxa seus cabelos para trás com uma certa força, piscando rápido para dissipar as lágrimas que querem brotar em seus olhos.

 

Algo estranho se formando dentro de si.

 

Franzindo o cenho ao sentir um aperto no peito, ele não entende o que está acontecendo. O que ele estava sentindo? Por que dizer aquelas palavras para o belo alfa doeu tanto em si? 

 

De repente, ele não deseja mais humilhar Louis.

 

~••~

 

As semanas vão se passando lentamente. Na primeira semana, Louis nem olha no rosto de Harry, mudando seu caminho todas as vezes que o encontrava em algum corredor. Se afastando ou ignorando ele. Nos dias seguintes não se importando se Harry é o príncipe quando faz questão de não estar no mesmo ambiente que ele está.

 

No entanto, ele não pode fazer isso para sempre senão o rei desconfiaria de algo. Os dias se arrastam tão devagar…

 

E para o estranhamento de Louis, o comportamento de Harry está diferente. Em momento nenhum o ômega se desculpou ou teve uma conversa verdadeira com o alfa depois da última conversa deles, mas…

 

Mas Harry está diferente. Mais calmo e atencioso, ele é gentil com Louis. Usando qualquer desculpa idiota para mantê-lo por perto, indo atrás dele para conversar amenidades. 

 

Como em um dia desses, Harry quis conferir todo o trabalho de Louis com os cavalos, é claro que era para se certificar se ele faz seu trabalho corretamente, obviamente. Louis certamente acreditou. Mesmo Harry não entendendo nada disso. Ao lado do alfa o tempo todo e perguntando-lhe como ele fazia esse trabalho, se ele realmente gostava disso ou como ele dava conta de tudo sozinho, se não precisava de ajuda. Cada vez mais curioso para saber mais sobre ele. Cada vez mais querendo escutar a voz e ver o alfa, a todo instante. Ou como em outro dia, ele pediu a ajuda de Louis para consertar a porta de seu quarto. Novamente, Louis achou estranho ao ver que a maçaneta parecia ter sido quebrada. Mas isso era apenas um detalhe. Harry tentou comentar sobre o clima londrino mudando, mas isso não rendeu nada ao que Louis só murmurava pequenas palavras. Então ele muda sua tática rapidamente, e eles tiveram a seguinte conversa:

 

— Você.. Você é nascido em Londres mesmo? - Harry indaga apertando suas mãos uma na outra ao que um nervosismo repentino aparece. Ele observa, em pé, o alfa a poucos centímetros de distância sua consertando sua porta — Como veio parar aqui no castelo? Lembro-me que havia outro alfa fazendo o seu trabalho antes de viajar para a França.

 

Ele está curioso. Cada vez mais. Necessitava saber mais sobre o alfa.

 

— Eu achei que você não queria mais aturar meu comportamento - Ainda podia perceber uma mágoa na voz de Louis, seus bonitos olhos azuis encaram os verdes com ressentimento. 

 

Harry solta o ar lamentavelmente, seu olhar lhe suplica muitas coisas. Muitas coisas não ditas, que ele gostaria de dizer, mas não tinha coragem. Seus olhos verdes falavam bem mais que suas atitudes e palavras não faladas.

 

Louis suspira derrotado, não aguentando vê-lo assim, tão pequeno.. delicado e indefeso. Ele enfim responde:

 

— Na verdade eu nasci em um pequeno vilarejo perto daqui. Eu quis sair daquele lugar para ter mais chances na vida.

 

— Conte-me mais.. por favor - Pede baixinho, sorrindo. 

 

Aquele maldito sorriso.

 

Tendo esperança pela primeira vez em semanas. Esperança de que? Nem Harry sabe direito a resposta. Apenas não desejava mais que os olhos azuis lhe olhassem com mágoa e rancor. 

 

— Eu… eu.. - Louis suspira pesado outra vez, abaixando seus ombros e analisando Harry. Mas.. mas ele não entende o príncipe — Eu venho de uma família muito, muito pobre, Alteza! Tenho cinco irmãs mais novas e um irmãozinho. Meu pai faleceu quando tinha apenas quinze anos e tive que me tornar responsável por todas elas, todas ômegas que necessitavam e precisavam urgentemente que alguém tomasse conta delas. Minha mãe era criada de uma família rica, mas aquilo não era suficiente. Então.. então eu comecei a trabalhar em qualquer lugar que desse para ajudá-la.

 

Ele faz uma pausa por um momento, decidindo se continuava ou não com isso. Harry dá um pequeno passo em sua direção e segura sua mão delicadamente olhando-o nos olhos e pedindo para que continuasse. Então ele prossegue:

 

— Nós conseguimos sobreviver com o pouco que tínhamos, mas de repente isso não passou a ser suficiente, meu irmãozinho tem a saúde frágil e precisa de tratamento especial. Então eu tinha que arrumar mais dinheiro, um trabalho fixo.. e… - Ele suspira, apertando sua mão na de Harry — Há quase quatro anos eu vim para cá tentar a sorte! E quando eu consegui um emprego aqui eu fiquei muito, muito feliz. Porque assim eu poderia mandar a maior parte do meu salário para a minha família que infelizmente ainda continua no vilarejo. Alaska foi o último presente dado a mim por minha mãe antes de sair de lá. A pequena é a única coisa que me liga a eles quando a saudade aparece.

 

O príncipe tem vontade de abraçá-lo fortemente quando vê os olhos azuis cheios de lágrimas. Mas apenas se limita a entrelaçar seus dedos com mais firmeza, e respondê-lo suavemente:

 

— Eu lamento muitíssimo, Louis. Verdadeiramente - Seus olhos não mentem, ele é sincero e Louis sabe disso — Eu sou mais próximo a minha mãe, desde pequeno, então ficar longe dela nesses últimos anos foi difícil. E se eu puder ajudá-lo de qualquer forma.. eu ficarei feliz.

 

O alfa sente algo estranho em seu peito. Sua respiração vacila por um pequeno momento. Mesmo sentindo seu coração acelerado, ele tenta ignorar isso ao se afastar do ômega, e finalizar:

 

— Sua porta está pronta. Com sua licença, Vossa Alteza!

 

Ele o reverência antes de sair porta a fora.

 

O jeito meio frio e distância dele sufoca Harry por inteiro. Harry tem vontade de pedi-lo para ficar, mas ele já havia saído.

 

E quando Harry continuou a procurá-lo a toda hora, Louis enfim percebeu que não era só arrependimento que ele sentia. Que havia mais motivos pelos seus comportamentos estranhos. Harry não está só pesaroso, ele queria ficar perto de Louis, mas não estava sabendo expressar isso da devida forma.

 

— Ei, espere por mim! - Louis escuta a voz do ômega e seus passos apressados descendo as escadas para chegar no grande salão onde se encontra — O que vamos fazer hoje?

 

Pergunta assim que se aproxima de si.

 

— Com o "vamos", você quer dizer comigo trabalhando e você, Vossa Alteza, olhando sem fazer nada sentado em um banco com sombra e água fresca? - Louis questiona irônico, levantando uma sobrancelha.

 

— Exatamente! - Harry sorri alegremente.

 

— Eu sinto lhe informar.. - Não, ele não sente — Mas eu já fiz a maior parte do trabalho hoje de manhã.. agora tenho algumas horas livres até a noite. A alteza vai ter que arrumar outra coisa para fazer.

 

— Eu.. eu.. - Ele tenta pensar em algo.

 

— O que você quer, Harry? - Pergunta o alfa se aproximando, estreitando seus olhos em sua direção, analisando-o — O que você deseja de verdade? Por que ainda está atrás de mim?

 

— E-Eu.. - O cacheado se amaldiçoa por gaguejar e perder o fôlego com tão pouco, uma miséria de atenção que é lhe dada — Eu já lhe disse! Quero fiscalizar seu trabalho. Ver se faz tudo direitinho.

 

Se parabeniza mentalmente por conseguir formular uma frase descente sem parecer um idiota. "Bom trabalho, Harry. Ótima desculpa". Ele sorri feliz.

 

— Não, eu acho que não.. - Responde devagar, dando uma risadinha quando o sorriso de Harry vacila e seu rosto treme à medida que se aproxima de seu corpo cada vez mais — Acho que isso tudo é só uma desculpa esfarrapada e um pretexto para ficar perto de mim. Você me quer. E não é apenas por uma noite - Sorri brilhante — Eu sei!

 

Harry solta uma risada exageradamente falsa.

 

Para Louis, é tão claro que ele mentia. Tão óbvio o que ele tenta insistentemente e desesperadamente esconder. Os sentimentos de Harry são tão claros quanto a luz.

 

— Acho que sua autoestima elevada está afetando seu cérebro... Eu não sinto nada por você! - Ele ergue sua cabeça, com seu nariz empinado. Orgulho demais para admitir qualquer coisa.

 

— Ah, verdade? - O alfa indaga com uma falsa curiosidade, levantando uma sobrancelha — Não sente nada? E nem quando eu faço isso? - Sibila baixinho, apertando suas mãos com força na cintura bonita do príncipe e lhe puxando para si, colando seus peitorais juntos — Nadinha?

 

A respiração de Harry fica pesada, suas pernas ficam fracas, ele está todo mole nos braços alheios. E Louis sorri maior ainda levando seus lábios próximo ao lóbulo da orelha dele, mordendo levemente o local.

 

— Ou isso aqui? - Prossegue ele, sussurrando no ouvido do ômega. Ouvindo ele ofegar quando começa a beijar lentamente seu pescoço, se deliciando na pele macia e cheirosa.

 

Afetado, Harry sente sua pele esquentar. Os pelinhos em sua nuca se arrepiam à medida que os lábios macios de Louis beija sua pele, cada vez com mais necessidade. Ele tem vontade de gemer alto, mas morde seu lábio inferior com força para impedir isso e aperta os braços do outro.

 

Ele não pode se deixar ser vencido.

 

Colocando suas mãos firmemente no peitoral do alfa, ele o empurra para afastá-lo de seu corpo. Arrumando seus cachos com os dedos, ele dá dois passos para trás e respira fundo antes de conseguir respondê-lo com firmeza:

 

— Não! Não sinto nada!

 

A postura dele é firme, e novamente ele fica feliz mentalmente por conseguir esse feito.

 

— Então tá bom! - Louis dá de ombros, dizendo como se não ligasse para nada disso e dá as costas para o outro.

 

— Aonde você vai?! - Pergunta indignado quando vê o alfa se afastando.

 

— Você não sente nada… - Ele se vira novamente, apenas para olhar os olhos verdes levemente arregalados — Então eu vou embora!

 

E ele realmente vai.

 

O que?!

 

Ele não pode fazer isso!

 

Argh!

 

Harry está frustrado! Como nunca antes em sua vida.

 

Sozinho, ele anda de um lado para o outro reclamando em voz alta:

 

— Até parece que vou ficar correndo atrás dele de novo. Eu não vou! Ele pode esperar sentado!... Eu não vou atrás dele. Não vou! Não mesmo!

 

(...)

 

— Oi! - Harry sorri grande assim que Louis abre a porta de seu quartinho.

 

Nem se passou dez minutos da última conversa deles.

 

Mas o olhar sério no rosto alheio faz o sorriso de Harry vacilar por um momento.

 

— O que você quer?

 

Harry desfaz o sorriso rapidamente. "Que diabos estou fazendo aqui?". Ele não pertence a este lugar. Ele tem que tomar o controle novamente.

 

— Você é meu empregado, e eu sou o príncipe afinal. Quero o óbvio! Quero que você me sirva!

 

Louis fecha os olhos com força respirando fundo e apertando a maçaneta da porta entre seus dedos. Ele odeia toda a arrogância do príncipe.

 

A mando do ômega, que afirma estar com fome nesta tardezinha, eles vão a cozinha e Louis começa a preparar um sanduíche. Os olhos verdes fixos em cada movimento dele.

 

— Você está cortando o tomate com o lado errado da faca - Debocha o príncipe, com uma expressão inocente em sua face, mas rindo internamente dele. Sentado à grande mesa que há no local.

 

O servo solta o ar com força virando a faca para o outro lado, e exclama irritado:

 

— Eu deveria enfiar esse tomate no seu-..

 

— Olha os modos! - Interrompe ele, ofendido.

 

— Está aqui, Vossa Alteza! - Louis exclama novamente, jogando o prato na mesa com o sanduíche pronto depois de alguns poucos minutos o fazendo.

 

— Com um sorriso no rosto, por favor. Já disse para ter mais respeito por mim! - Exige, dando um pequeno sorriso na direção do outro.

 

Com os lábios fechados, Louis dá um sorrisinho falso para ele. E Harry não se contenta com isso, queria ver aquele sorriso se abrindo lentamente e as ruguinhas aparecendo no canto de seus olhos que estranhamente faz um frio se formar em sua barriga.

 

No entanto, ele não reclama disso e dá a primeira mordida no lanche. Rapidamente uma careta se forma em sua face quando o gosto chega em seu paladar.

 

— Isso não ficou muito bom! - Se queixa depois de engolir a comida, afastando o prato para longe.

 

E Louis revira os olhos sem paciência.

 

— Eu não sou o cozinheiro! Se queria um banquete pediu a pessoa errada! - O alfa se encaminha para fora do ambiente, mas rapidamente interrompe seus passos quando escuta a voz do príncipe.

 

— Eu não permiti que você saísse! - Assim que seus olhos se encontram novamente, ele prossegue — Você vai me fazer companhia até que eu termine a refeição - Ele olha o sanduíche esquecido na mesa por um momento — Não! Você ficará aqui comigo até o cozinheiro preparar algo decente para mim.

 

Apesar de seu jeito torto de fazer as coisas, de seu modo arrogante e mimado, Harry na verdade só queria que Louis ficasse perto de si. De fato não é a maneira mais correta de fazer isso, mas é a única que ele sabe fazer. A única maneira que ele vê de manter o alfa por perto, sem revelar a bagunça que está sua cabeça. Sem expressar seus sentimentos tão confusos. Sem deixar seu orgulho de lado.

 

~••~

 

Inquieto e atormentado, Harry não consegue dormir encarando o teto de seu quarto. Já faz um pouco mais de um mês que sua noite com Louis aconteceu, e as lembranças de cada detalhe, cada toque, cada olhar, não sai de sua mente por nenhum segundo. Não consegue parar de pensar naquelas mãos firmes em seu corpo lhe satisfazendo como nenhum outro alfa foi capaz.

 

Ele esfrega suas mãos em seu rosto com força, frustrado demais. Respirando fundo, ele empurra as cobertas para o lado sentindo seu corpo esquentar. Ele tentou de tudo para esquecer sua noite com o alfa, tentou ser indiferente com ele no início, tentou se ocupar com qualquer coisa para manter seus pensamentos longe de Louis, tentou até ficar perto dele para conseguir esquecer seu remorso pelas suas palavras hostis. Ele repete isso para si mesmo incontáveis vezes, para ele mesmo acreditar que era só culpa o motivo de suas ações e investidas de se aproximar de Louis, mas… Mas foi tudo em vão. Em nada adiantou suas tentativas. Em nenhuma delas foi capaz de acalmar o turbilhão que está no seu coração.

 

Com sua cabeça deitada sobre o travesseiro e na escuridão da noite é que ele percebe que há muito mais coisas por trás de seus confusos sentimentos. Muito mais sentimentos do que pensava. As lembranças dos lábios macios em contato com seus, a forma em que Louis lhe segurava e beijava deixa Harry desesperado. Seus olhos verdes se enchem de lágrimas, logo elas descem molhando seu rosto e o travesseiro. Um choro angustiado que lhe deixa com falta de ar.

 

— Por que eu não paro de pensar nesse idiota?! - Exclama sozinho, exaltado e até mesmo irritado — Eu preciso fazer alguma coisa!

 

Decidido a acabar com seu tormento, ele se levanta abruptamente da cama e em passos apressados sai do quarto.

 

Ele anda até parar na varanda do castelo. Apoiando suas mãos no corrimão ele olha para o céu escuro cheio de estrelas, suspirando pesadamente. Seu coração bate acelerado e ele quer acabar com essa inquietude.

 

Um barulho de passos se aproximando chama sua atenção, se virando para o lado ele observa um Guarda Real passando pelo local. Uma ideia rapidamente chega a sua mente.

 

Ele impede o alfa de seguir seu caminho. A decisão está tomada, esse homem seria o próximo a entrar para sua lista de conquistas. Ele então começa a conversar bobagens com alfa de cabelos curtos e castanho claro, quase loiro. O rosto quadrado e olhos cor de mel dele não chamam tanto sua atenção, mas ele tinha que servir nesse momento de desespero.

 

A conversa deles dura até que o príncipe consegue roubar um beijo do homem. Os lábios esmagados um no outro de um jeito duro.

 

A boca fria do guarda e a forma rude pela qual lhe beija, incomoda Harry. Incomoda muito. Uma tentativa falha de esquecer Louis. O homem que está junto é o primeiro alfa que ele beija desde que voltou para Inglaterra, desde que pregou seus olhos em Louis. Mas tem algo de errado nisso. Muito errado. Esse beijo é um erro, um enorme e grave erro. Seus pensamentos estão todos voltados para Louis, e em como ele lhe faz tão bem. Tanto sua presença, companhia, toque e, principalmente, o beijo. Ele não deve beijar outro sentindo tudo isso, enquanto apenas um alfa ocupar sua mente.

 

Isso não pode continuar!

 

Harry se afasta quebrando o beijo e sussurrando para o guarda parar, mas o homem insiste tocando sua cintura e tentando beijá-lo outra vez.

 

— Eu disse não! Se afasta! - Exige em tom alto, olhando duramente para ele.

 

Para o seu alívio, o guarda se afasta e sai do local sem falar nenhuma palavra. Ele não será um problema. Nunca foi antes e não será agora. Seus pais nunca descobriram seu outro lado.

 

Longos minutos se passam depois disso, com os olhos verdes fixos na parede à frente. Harry precisa piscar rápido para dissipar as lágrimas que querem brotar em seus olhos. Ele nunca chorou tanto em sua vida antes, e ele está cansado disso.

 

Andando pelo corredor para entrar novamente ao castelo, ele franze o cenho ao ver uma rosa vermelha do jardim caída no chão. Ele acha isso estranho. Como ela foi parar lá?

 

Mas só uma coisa está fixa em sua mente. Ele precisa procurar Louis para conversar com ele e entender seus sentimentos. 

 

Alguns minutos antes…

 

Louis está no jardim olhando as estrelas, pensando. Sua paz foi roubada desde o momento em que colocou seus olhos no príncipe.

 

Ele tinha uma vida confortável antes, apenas fazendo seu trabalho e vivendo sua vida como qualquer outro funcionário. No entanto, para o seu desespero pessoal, tudo chegou ao fim quando Harry apareceu. Harry e sua arrogância, insolência e presunção. Louis não entende o motivo dele ter sido tão persistente consigo. Mesmo quando o rejeitou, disse palavras tão rudes (mesmo acreditando verdadeiramente nelas, que Harry só tinha futilidades em sua mente) e lhe tratou de um modo que certamente nenhum príncipe é tratado, Harry não desistiu.

 

Todos seus encontros com ele acabavam em brigas ou discussões, todos eles foram desastrosos. Todos eles acabavam com sua paciência. O alfa nunca gostou que lhe dessem ordens com hostilidade e superioridade. Desde o início, Harry se mostrou assim, o seu pior lado era constantemente exposto. Há algo em tudo isso que irritava profundamente Louis. Ele não é e nunca vai ser um brinquedinho, um corpo para ser usado e jogado fora por qualquer um. Muito menos um príncipe mimado que não enxerga as pessoas como elas são. Um príncipe tão fútil que se importa apenas com valores materiais.

 

Mas… mas algo mudou durante todo esse tempo de convivência forçada.

 

Sentir a pele alva e macia em seus dedos foi como tocar o céu. Sentir os lábios tão macios, doces e vermelhos foi o estopim para o seu martírio.

 

O doce cheiro do ômega, os lindos olhos verdes brilhantes, o sorriso grande com os dentes de coelhinho juntamente as adoráveis covinhas nas bochechas e como Harry se derretia em seus braços ao mínimo toque seu, deixa Louis louco. 

 

Até a forma mimada e o jeito fresco em querer sempre estar com a aparência perfeita é até adorável em seu ponto de vista. Bem lá fundo, por trás de um coração frio e arrogante, há um Harry doce que apenas deseja ser livre, há um Harry cativante, há um Harry perdido no mundo que por mais que acha que sabe algo, ele não sabe de absolutamente nada. E apenas Louis foi capaz de enxergar isso, enxergá-lo por trás de todas as suas máscaras e camadas de futilidades, orgulho e soberba.

 

Não há motivos para isso, ele nem ao menos sabe explicar o porquê disso, mas Harry não sai de seus pensamentos em momento algum.

 

Harry, Harry, Harry…

 

Há apenas ele em sua mente. Louis está enlouquecendo certamente.

 

A brisa noturna bagunça seus cabelos e leva o aroma das rosas vermelhas do jardim até seu rosto, Louis olha para elas por um momento, se aproximando então.

 

Roubando uma rosa entre tantas, ao pegá-la um espinho lhe espeta e instantaneamente se lembra de Harry outra vez. O príncipe é como uma rosa, é preciso olhar além dos espinhos para ver toda sua beleza.

 

A quem diga que entregar uma rosa a uma pessoa é um gesto muito romântico e simples, que significa “amor à primeira vista”. Mas o alfa não vê assim. Até porque se tratando deles foi mais para "ódio ao primeiro contato". 

 

No entanto, ele está disposto a mudar isso.

 

Ele decide ir atrás de Harry e confessar que não consegue esquecê-lo. Deixar seu orgulho de lado e admitir seus sentimentos. Ele quer Harry por perto, não apenas seu corpo como ele havia confessado, ele deseja conhecê-lo mais profundamente, deseja descobrir cada detalhe que insistentemente ele tenta esconder. Louis deseja algo a mais com ele, como acredita que Harry também deseja, mas Harry também é muito orgulhoso para admitir.

 

Com um sorriso no rosto ele anda em direção ao castelo, cheirando a rosa ele espera que Harry goste da pequena surpresa. Mesmo o ômega se fazendo de frio, ele sabia que havia um lado romântico no fundo daquele coração.

 

Contudo ao chegar na varanda tudo ao seu redor parece passar em câmera lenta. Lentamente seu sorriso se desfaz com que vê à sua frente. Seu coração se aperta em seu peito e a rosa em seus dedos cai em um baque silencioso no chão. Harry está beijando outro, um guarda do castelo.

 

Com a respiração presa na garganta e não conseguindo mais ver a cena péssima que está diante de seus olhos, tudo ao seu redor gira quando se apressa para sair do local o mais rápido que conseguisse.

 

Em instantes, Louis chega em seu quartinho, fechando a porta com força ao entrar nele.

 

Ele sente um formigamento na pontinha de seu nariz e suas mãos trêmulas quando sua visão fica embaçada. Uma intensa dor se aloja em seu peito e sua respiração fica curta.

 

— Idiota, idiota! Você é um idiota, Louis! - Se xinga, as lágrimas começam a brotar em seus olhos — Achou o que? Que aquele mimadinho iria ficar com você?!

 

Ele anda de um lado para o outro sentido seu coração se apertar cada vez mais. Ele tem a sensação de que levou um soco no estômago, ao mesmo tempo que a angústia lhe domina, ele se sente um idiota por estar se importando com isso. Harry não merecia seu sofrimento, Louis já devia saber que isso aconteceria, afinal o príncipe sempre foi claro em relação aos seus desejos e o que queria consigo. Mas mesmo sabendo disso tudo, não lhe impediu de se cativar pelo príncipe, não lhe impediu de ter esperanças em relação a ele, e não está lhe impedindo de sentir uma dor que nunca imaginou que poderia sentir.

 

De um lado, Louis se encontra quebrado. Do outro, Harry está perdido.

 

Longos minutos se passam com eles assim.

 

Príncipe Harry finalmente se encaminha para os quartos dos funcionários, parando em frente ao do servo Louis.

 

Ele bate na porta levemente três vezes, e seu coração acelera em expectativa quando a porta é aberta um momento depois. Mas algo faz seu peito ser tomado por uma angústia.

 

Seu coração dói ao ver os olhos azuis vermelhos, como se ele tivesse chorado por muito tempo. Novamente uma forte vontade de abraçá-lo aparece, no entanto ele se mantém parado com seus pés firmes no chão, se controlando o máximo para não se jogar nos braços alheios.

 

— O-Oi, Louis.. eu.. eu… - Ele respira fundo tomando coragem — Eu queria conversar com você.. 

 

Harry se vê impedido de continuar ao ver a maneira como Louis lhe encara. A expressão em seu rosto não era nada boa, além da visível dor nos olhos azuis. É óbvio para ele que aconteceu algo, mas o que? O alfa está tão abatido, parecia que algo havia se partido dentro dele.

 

— Nós não temos nada para conversar! - Responde seriamente, tão sério que Harry fica assustado — Você já conseguiu o que queria de mim. Agora você pode continuar a ficar com quantos outros alfas que quiser. É sua vida, não é!? Eu não posso me intrometer nas escolhas horríveis que você decidir! - Ele faz uma pequena pausa, tomando fôlego, olhando fixamente para os olhos verdes — Mas só quero lhe pedir uma coisa. Nunca mais se aproxime de mim!

 

Dito isso, exigindo firmemente na verdade, ele fecha a porta na cara do ômega.

 

E Harry não entende nada. Se sentindo perdido em meios os seus pensamentos e sentimentos. Por que de uma hora para outra foi tratado assim? Ele admite que não agiu de maneira correta nesses últimos dias, seu lado arrogante sempre falava mais alto, mas.. mas eles se provocavam na maioria das vezes. Louis nunca foi tão.. tão..

 

Harry nem ao menos sabe explicar. "Nunca mais se aproxime de mim!". Isso é tão definitivo, ele falava tão sério e verdadeiro que faz o ômega se desesperar.

 

Harry não deseja mais ficar com outros alfas.

 

Ele…

 

Ele quer Louis.

 

Dias se passam e Harry faz de tudo para conversar com Louis, o qual lhe afasta todas as vezes.

 

Um incômodo muito grande se apossa do corpo de Louis todas as vezes que via Harry tentando se aproximar de si, então todas essas vezes o alfa fazia questão de mudar seu caminho para o oposto que o ômega anda. Louis fazia de tudo para se manter longe, trabalhando o mais longe do castelo e de todos que moram nele ou se escondendo em algum lugar até que o cacheado desistisse de procurá-lo. Isso tudo é tão patético para Louis, mas ele não poderia reclamar disso com alguém, se não colocaria Harry em apuros.

 

Depois de um dia cansativo de trabalho Louis só deseja deitar em sua cama, então ao ver Harry se aproximando de si enquanto se encaminha para o palácio, seu sangue ferve em irritação.

 

— Você já conseguiu o que queria, agora me deixe em paz! - Afirma em tom alto, e o ômega se coloca à sua frente impedindo-o de se afastar.

 

— Ma- M-Mas… - Ele tenta falar, mas não consegue. Suas palavras estão presas na garganta. Por que isso é tão difícil? Tão difícil admitir a confusão que está em sua cabeça e coração.

 

— Eu vi você beijando outro! - Louis explode, esbravejando ao vento. Sua respiração pesada, as veias do pescoço visíveis e sua mandíbula está travada.

 

O silêncio que fica entre eles depois disso é ensurdecedor. 

 

Os olhos verdes se enchem de lágrimas, há tanta dor em seu rosto que deixa o alfa confuso. Louis não entende o porquê ele, logo ele, estar assim.

 

— Eu queria lhe encontrar novamente - Louis admite mais calmo agora — Não para sexo! Eu só queria sua companhia, mas... mas aí eu vi você com outro. Aquilo acabou comigo… - Ele respira fundo, olhando no fundo dos olhos verdes, encarando-o seriamente outra vez ao tentar esconder como ficou abalado com o ocorrido — E eu não quero mais olhar na sua cara!

 

Ele dá as costas para Harry com a intenção de se afastar dele, mas é impedido novamente sentindo mãos macias em seu braço lhe segurando com delicadeza.

 

O ômega olha profundamente para os olhos azuis do alfa, agora é sua vez de falar, ele tem o direito de se explicar finalmente, e o outro tinha que lhe escutar. Louis tem que lhe ouvir, Harry necessita disso.

 

— Aquele beijo acabou assim que percebi que eu não conseguiria te esquecer - Confessa Harry, talvez foi a coisa mais difícil que já fez em sua vida. Admitir seus sentimentos.

 

Louis estreita seus olhos na direção dele. Sua mágoa ainda está tão forte em seu peito que essas palavras saídas da boca bonita do outro pareciam tão poucas agora. Harry passou tempo demais falando que não sentia nada, e Louis se cansou disso completamente. Os olhos verdes lhe diziam algo, enquanto sua boca lhe dizia o oposto.

 

— E o que você quer que eu faça com essa informação? - Questiona tentando verdadeiramente entendê-lo, compreender o que se passa na mente dele.

 

Harry fica paralisado.

 

— Eu… - Ele respira fundo — Eu não sei - Sussurra, totalmente perdido — Eu não sei, Louis.

 

— Então procure saber, Alteza. Porque eu estou cansado disso tudo.

 

Dito isso, Louis deixa Harry sozinho em meio aos seus conflituosos pensamentos e sentimentos.

 

~••~

 

Entre desejos e sentimentos, Harry se viu cada vez mais amarrado nas teias que entrelaça a si com o alfa. Não foi planejado, nem premeditado. Tudo começou com apenas desejo, carnal e lascivo. Querendo apenas usar o corpo alheio para o seu próprio prazer. Mas.. quando é que tudo mudou? O toque quente do alfa lhe causou um turbilhão de sensações novas e deliciosas, entretanto não é apenas isso. Cada novo olhar, elogio, toque suave sem segundas intenções que Louis lhe dava era como descobrir o paraíso, sentimentos que ele nunca tinha sentido, tudo tão bom, confortável e encantador. A cada dia que passava ele apreciava mais Louis, querendo ficar por perto, gostando de sua companhia. Ele não entende o que é isso tudo, não compreende seus sentimentos tão novos e enigmáticos.

 

Após sua última conversa com o príncipe, Louis ficou quietinho em seu próprio mundo apenas absorvendo e assimilando tudo, toda a confissão que Harry lhe revelou. A sua irritação e grande incômodo não estão mais presentes como no início. Agora que sabe que aquele beijo não significou nada para Harry tudo mudou. Agora apenas teria que esperar uma resposta dele, esperar com todo o seu desejo e esperança que ele correspondesse seus sentimentos também. Então quando recebeu um bilhete escrito pelo ômega pedindo para que eles se encontrassem no entardecer em meio ao jardim onde as rosas vermelhas são cultivadas, ele aceitou. Louis restaura sua esperança, a qual ele nunca se permitiu antes.

 

No jardim, a leve brisa acaricia o rosto de Harry, seus cachos soltos voando ao vento. Seu coração acelera quando vê Louis andando lentamente em sua direção, a luz do crepúsculo no horizonte forma uma paisagem bonita atrás dele.

 

Os olhos azuis fixos nos dele enquanto caminha em passos lentos, a camisa branca com os primeiros botões abertos e a pele bronzeada brilhando a luz do sol faz o príncipe perder o fôlego.

 

O que parece uma eternidade depois, Louis para em frente a Harry. Seus olhos fixos um no outro. Os olhos verdes se fecham em deleite quando sente os dedos do alfa lhe acariciando a face, um toque tão macio e quente. Suspirando levemente, ele abre seus olhos quando Louis afasta sua mão depois de um longo momento. Um forte silêncio se instala entre eles antes de Harry iniciar:

 

— Eu.. eu ainda não tenho uma resposta para sua indagação, no entanto eu preciso falar com você.

 

Harry faz uma pausa, recuperando o fôlego e tentando acalmar a bagunça dentro de si. Louis tem vontade de sorrir vendo ele tão doce e atrapalhado, agora mais calmo depois de dias processando tudo o que aconteceu e a confissão do príncipe.

 

— Eu só quero entender o que está acontecendo comigo - Há lágrimas em seus bonitos olhos.

 

— O que você está falando? - Pergunta o alfa, não escondendo sua preocupação ao vê-lo tão frágil e vulnerável.

 

— Eu não consigo parar de pensar em você! - Admite em tom alto, as primeiras lágrimas já escorrendo e molhando por suas bochechas avermelhadas — Não consigo entender porque eu tô sentindo isso. Argh! Estou com raiva de você! De… D-De.. De gostar de você, Louis!

 

A surpresa nos olhos azuis é visível, algo se remexe de maneira boa dentro de Louis. Ele não consegue evitar o sorriso olhando para o príncipe.

 

— Não! N-Não sorri para mim.. eu não quero sentir isso! Você não entende, você não é nada do que eu planejei para mim - Harry soluça e sua voz falha pelo choro, o seu desespero aumenta — Você é irritante, sempre me desafiando e me deixando no limite, nunca fazendo as minhas vontades... além de ser pobre! Por Deus, você é o serviçal da minha família!

 

Louis nega com a cabeça, se aproximando mais dele, seus corpos a poucos centímetros de distância, não se deixando abalar pelas palavras estúpidas dele.

 

— Você acha que vai viver sem precisar de ninguém? Sozinho, se escondendo por trás de toda essa futilidade? Uma hora nós precisamos de algo verdadeiro, uma companhia sincera, de cuidado.. Todos nós precisamos de amor sem julgamentos e interesses, deixar nosso orgulho de lado. Uma hora você vai aprender isso.

 

O ômega toca na nuca do alfa, entrelaçando seus dedos ao puxar ele para si, juntando suas testas.

 

— Já estou aprendendo.. - Ele sussurra como um segredo. Em instantes, pressiona levemente a boca na de Louis, lhe beijando calmamente ao contrário de tudo que sente em seu peito.

 

O doce beijo dura pouco tempo, apenas para ele matar a saudade sentida durante todas essas semanas.

 

O ômega se afasta lentamente, pouquíssimos centímetros, seus rostos ainda muito, muito próximos. Ainda com os olhos fechados, em meio ao seu desespero murmura mais para si mesmo:

 

— Por que isso tudo é tão bom?! - Em seguida, ele se afasta de Louis por completo, seus olhos se encontram novamente. Olhando os olhos azuis brilhando, como nunca haviam brilhado antes, parece que ele está mais vívido, que suas energias foram recarregadas.

 

— Isso é normal, Harry... está tudo bem gostar. Porque eu também não consigo parar de pensar em você - Diz com afeto, acariciando o rosto do cacheado e limpando os resquícios de lágrimas — Seu principezinho mimado… - Louis sorri, sua voz é doce e carinhosa — E apesar de seu comportamento fútil e arrogante na maior parte do tempo, você, Harry, com o seu jeito perdido e sorriso adorável, foi me cativando cada vez mais. A verdade é que a minha vida sempre foi monótona demais, e tudo mudou desde que você apareceu nela. Harry, você encheu ela de emoções e eu me vi sorrindo para o nada ao me lembrar de você.

 

O príncipe respira fundo, seu coração se enchendo de algo bom e calmo. Ele mantém seu olhar firme ao de Louis, decidindo abrir seu coração finalmente. Harry olha para Louis com intensidade, como se ele fosse seu mundo.

 

— Por mais que uma parte de mim ainda odeia admitir isso… Eu só queria dizer que estava certo sobre mim, sobre tudo. Eu não queria ouvir, não de você, principalmente. Eu planejei a minha vida toda, queria alguém rico, do mesmo nível social que o meu. E então você apareceu e tudo mudou! Nunca me imaginei sentindo algo tão forte por um alfa… Mas a verdade é que brigar com você me fez perceber coisas novas, me fez enxergar um mundo diferente do qual eu sempre enxerguei.. brigar com você foi a melhor coisa que me aconteceu! E eu acho que existe uma boa chance de estar me apaixonando por você.

 

Louis é tomado por uma felicidade enorme, coração acelerado e pernas bambas. Ele entrelaça sua mão com a do cacheado. Seu sorriso crescendo aos poucos, as ruguinhas no canto dos olhos aparecendo. O sorriso que faz borboletas voarem na barriga de Harry.

 

— Fico feliz que você tenha percebido isso - Sibila, seus olhos azuis brilhantes como nunca, tanto que poderia iluminar uma cidade inteira — Porque talvez eu esteja me apaixonando por você também.

 

O sorriso se abre nos lábios de Harry, igual ao do alfa. Eles se encaram, olhos brilhando e corpo e alma entorpecidos. Se aproximando um do outro, eles juntam suas testas outra vez. A luz do pôr do sol iluminando por entre seus rostos. O ambiente calmo com o som baixo dos passarinhos no fundo complementando a serenidade no peito de ambos.

 

Com a mão livre, Louis desliza seus dedos entres os cachos de Harry lhe puxando para si, até que seus lábios estivessem juntos em um beijo calmo. O doce gosto em seus lábios é um deleite para ambos, o beijo se torna mais profundo com a necessidade deles ávidos por mais contato. Um beijo que transmite toda a paixão sentida por eles.

 

Um beijo cheio de promessas e juras, que eles anseiam não se separarem mais a partir de agora.

 


Notas Finais


⊹ Fim ⊹






•E aí, o que acharam?

•Tenho outras fanfics no perfil, vão lá dar uma olhadinha, por favor :)

Espero que tenham gostado.
Até a próxima.
Xoxo, Ju.


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