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História Between Love And Hate - Capítulo Único


Escrita por: TatyNamikaze

Notas do Autor


Oi, gente! Voltei com mais uma oneshot e essa é voltada para Naruto Clássico.
Espero que gostem.

Fanfic feita para o desafio de Oneshots feito pelo grupo do Facebook "Desafios SasuSaku".

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Between Love And Hate - Capítulo Único

Between Love And Hate

Capítulo Único



Quantas vezes já escutamos que amor e ódio andam juntos e que os opostos se atraem? Realmente, foram muitas, não é? Mas, será que isso é, realmente, verdade? 

Bom, para Sakura e Sasuke, rivais eternos, essa frase não passava de uma bobagem. Afinal, como pessoas tão diferentes e que, aparentemente, se odeiam podem se amar? É, simplesmente, impossível — segundo eles. 


Mas, e se algo fizessem-lhes mudar as suas opiniões? 


Era segunda-feira, mais um dia de aula na Konoha Academy e lá estavam eles, os alunos da turma sete do oitavo ano do ensino fundamental, sentados em suas respectivas cadeiras e com as mochilas sobre as mesas, prontos para irem acampar na Yakushima, uma ilha japonesa localizada ao sul de Kyushu e integrada à província de Kagoshima.

— Animados para acampar? — Gai Maito, professor de educação física da Konoha Academy, perguntou, animado.

— Muito. — Sakura respondeu, com uma ironia enorme.

Atitude essa que não passou despercebida por Sasuke, que apenas sorriu, debochado.

— Só quero ver como ela vai se virar no meio da mata. — Sasuke comentou com Naruto e soltou uma risada baixa. — Fresca do jeito que ela é...

— Eu escutei, Uchiha! — Sakura disse, o semblante estava sério e, em seguida, ela ajeitou os óculos de grau no rosto.

— E daí? — Ele provocou, deixando que um pequeno sorriso de canto surgisse em seus lábios.

Ele adorava provocá-la. A sua vida não seria a mesma sem as brigas matinais com Sakura.

— Idiota! — ela berrou, raivosa, o que só serviu para os professores suspirarem cansados pelas brigas idiotas e, infelizmente, muito frequentes dos alunos.

— Sasuke e Sakura, parem! – Asuma Sarutobi, professor de geografia, mandou, e os dois se calaram na mesma hora. — Se vocês brigarem na ilha Yakushima, além de tirar pontos de vocês, irei deixar-lhes de castigo por uma semana, entendido? 

— Sim. — Eles responderam baixo e com os semblantes sérios.

Assuma os encarou.

— Eu não ouvi.

— Sim, professor. — Os dois responderam em uníssono.

— Acho bom mesmo. — Asuma disse, cruzando os braços. — Bom, agora, vamos para fora da escola, o ônibus já está nos esperando por lá.

Todos os alunos se levantaram da mesa imediatamente e seguiram para o lado de fora da escola com suas mochilas nas costas. O ônibus da Konoha Academy já os esperava no estacionamento.

Os alunos começaram a entrar no ônibus em fila, e Sakura, Sasuke e Ino ficaram sendo os últimos dela. O Uchiha seguiu na frente e, em vez de ocupar o lugar vazio ao lado de Naruto, ele sentou-se, de propósito, em outra dupla de bancos, onde antes havia os dois lugares vagos.

— A gente ia sentar aí! — Sakura disse, irritada.

Estava parada no corredor do ônibus, de frente para o Uchiha e com os braços cruzados.

— E daí? — O moreno retrucou, dando de ombros.

Irritá-la era uma diversão para ele, só pode.

— Esse lugar é nosso, por que não se senta com o Naruto? — A garota de cabelos rosados perguntou, apontando para o loiro dois bancos atrás.

Sasuke sorriu, ajeitando-se mais despojadamente no assento.

— Primeiro, eu não quero me sentar com o Naruto e, segundo, eu não vi nome nenhum aqui. — retrucou debochadamente.

Sakura franziu o cenho por tamanha irritação e respirou fundo enquanto fechava e abria as mãos em punhos.

— Idiota!

— Irritante! 

Ino respirou fundo, cansada daquela discussão. Todo dia, era a mesma coisa.

— Deixe-o, Sakura! Sente-se com o Naruto, e eu fico aqui. — Ino disse e não esperou a confirmação da rosada para ocupar o lugar vazio ao lado do Uchiha.

— Tudo bem. — Sakura deu uma última olhada para Sasuke, fazendo uma careta em seguida e foi até Naruto, ocupando o lugar ao lado dele.

Os minutos foram se passando, e logo eles chegaram à cidade de Kagoshima para pegar a balsa que os levaria para a ilha. 

Eles entraram na balsa, em uma viagem que duraria quatro horas. Quatro longas horas ouvindo Sasuke e Sakura brigando feito cão e gato. Eles não podiam ficar um minuto sequer ao lado um do outro sem brigarem.

Nem cinquenta crianças juntas conseguiam dar tanto trabalho como os dois, mesmo eles tendo treze anos de idade.

Ao chegarem em terra firme, seus amigos levantaram as mãos para o alto e agradeceram à Kami por terem chegado, ninguém mais aguentava as discussões idiotas do Uchiha e da Haruno.

— Vamos manter vocês bem longe um do outro agora. — Ino disse, apontando para Sasuke e Sakura. — Chega de briga!

— E quem disse que eu quero ficar perto dela? — Sasuke perguntou, provocando a garota de novo.

Os olhares dos dois se encontraram em um misto de deboche e raiva.

— E eu digo o mesmo! — Ela retrucou, cruzando os braços.

Os dois se encararam mais, fazendo os amigos revirarem os olhos.

— Vocês se amam, só pode! — Neji comentou, e, na mesma hora, o moreno e a rosada viraram-se para ele, incrédulos.

— Ficou louco? — Os dois perguntaram em uníssono.

Risadas ecoaram no porto, as quais os deixaram ainda mais irritados com essa insinuação absurda. Como eles podiam se amar se não se suportavam?

Se os dois se odiavam? 

— Você só pode estar ficando louco, Neji. — Sakura disse, indignada. — Eu nunca iria gostar desse idiota.

— E nem eu, dessa irritante. — Sasuke retrucou, cruzando os braços. — Eu quero é distância dessa chata.

— E eu, de você, imbecil. — Ela praticamente gritou, encarando-o com ódio. — É melhor ficar muito longe de mim nesses dois dias, Uchiha! — exigiu, apontando o dedo na direção do rosto do garoto, que apenas deu de ombros.

— Vai ser um prazer. — Ele retrucou e sorriu de canto antes de se afastar dela.

— Idiota. — Sakura sussurrou, bufando irritada ao vê-lo cada vez mais longe.


. . .


— Esses mosquitos estão acabando comigo. — Sakura reclamou ao bater em seu braço para espantar mais um mosquito irritante.

Todos os amigos estavam em volta de uma fogueira, muito afastados do resto da turma e dos professores.

— Mas, como ela é fresca. — Sasuke revirou os olhos.

— Eu não estou falando com você, Uchiha.

Eles se encararam de novo, ambos irritados, como estavam há dez minutos, quarenta minutos e duas horas atrás.

Isso para não falar no decorrer da tarde e do anoitecer.

— Vocês estão chatos demais! — Naruto disse e se levantou, já cansado de toda a discussão entre os dois a todo momento, afastando-se aos poucos e sumindo entre as árvores. Provavelmente, indo para o local onde as barracas se encontravam.

— Também concordo com o Naruto. Insuportáveis. — Ino falou e também se levantou, seguindo o mesmo trajeto do loiro.

Logo, de um a um, todos fizeram a mesma coisa, deixando apenas Sasuke e Sakura ao redor da fogueira.

— Olha o que você fez. — Sakura falou, seus olhos brilhavam de raiva.

— A culpa foi sua, quem mandou ser irritante? — Sasuke retrucou, e os dois voltaram a se encarar.

— Chato! Eu te ode...

Mas, quando ela ia terminar a frase, um barulho estranho, um rosnado, fora ouvido e vinha do meio da mata.

— O que é...? — Ela começou a perguntar, porém, imediatamente, dois olhos brilhantes surgiram no meio da escuridão, afastados e um rosnado mais claro pôde ser ouvido.

Ela se levantou rápido, e Sasuke fez o mesmo, parando ao lado dela. Os dois encararam o arbusto entre as árvores, até que um animal surgiu do meio dele. 

Uma onça.

— Isso não é bom. — Sasuke disse e, sem perceber, segurou firme a mão de Sakura.

— O que a gente vai fazer? — A garota sussurrou com a voz trêmula, e Sasuke pôde sentir, apenas segurando sua mão, que não era somente a voz que tremia.

Os dois encaravam a figura do animal bons metros distante, que parecia também hesitar onde estava. Não havia mais ninguém naquela parte da floresta, estavam sozinhos.

— Se a gente correr, ela vai atrás, se ficarmos, ela ataca...

Sasuke tentou pensar no que fazer, considerando que Sakura estava paralisada, entretanto, ele não fazia ideia de como agir.

Mas era preciso saber!

— Vamos correr. — ele disse, não possuía tempo para pensar, o animal rosnava a sua frente.

— Mas, Sasuke... — Ela tentou argumentar, porém a onça começou a movimentar as patas sorrateiramente em direção a eles, com a baba pingando da boca, forçando-os a dar alguns passos para trás.

— Vamos! — Ele a puxou, e logo começaram a correr para qualquer direção.

Eles mal olharam para frente ou procuraram a direção das barracas, mesmo se pudessem, a escuridão não os deixava ver mais do que um metro adiante, então apenas seguiram por entre as árvores mais rápido que de costume, em qualquer direção que podiam, escutando o animal rosnar atrás deles e dar passos rápidos sobre o solo.

Sasuke e Sakura continuaram a correr, porém, como era impossível ver o que estava à frente, ele acabou pisando onde não devia, um monte de terra solta que dava em uma ladeira. Seu corpo foi atraído para baixo e seu peso puxou o corpo dela também, resultando em ambos indo ao chão.

Eles desciam o terreno um pouco íngreme rolando pelo solo arenoso desnivelado, o que causou alguns arranhões na pele ao chocarem-se contra pedras e galhos, e só pararam quando caíram no rio lá embaixo.

Sakura, a todo tempo, tentava proteger e segurar os seus óculos, pois, sem ele, não enxergava nada e manter a mão firmemente presa a de Sasuke para não se separarem.

Mas, em um momento, ela não mais sentiu o aperto do colega de classe, vulgo rival eterno.

— Socorro! — Sakura gritou de forma desesperada, seu corpo todo doía e, por causa da correnteza forte, ela não conseguia se manter na superfície da água, pelo contrário, afundava a cada instante. — Sasuke! — Ela afundou outra vez, ingerindo uma boa quantidade de água e retornou novamente. — S-Sasuke!

— Sakura! — Ele agarrou a mão dela, puxando-a para a superfície da água e mantendo-a junto a si. — Vamos sair daqui.

Sasuke, mesmo com dor, tentou tirá-los da água movimentando os braços e pernas, entretanto, a correnteza estava muito forte e os levava para cada vez mais longe.

Não havia como nadar, tinha que arrumar outra alternativa.

Em uma curva, muitos metros rio abaixo, Sasuke viu a oportunidade perfeita para saírem da água. Uma árvore caída na beira do rio.

Decidido, ele segurou, mais firmemente, a mão de Sakura e puxou-a até a árvore com muita dificuldade.

— Sobe! — mandou. Ela entendeu imediatamente e fez força para subir. Sentiu as mãos de Sasuke em sua cintura, lhe auxiliando, até que ela ficou sobre o tronco.

— Venha — Sakura puxou a mão dele, ajudando-o a subir também.

Os dois estavam ofegantes e doloridos, no entanto, não podiam permanecer ali, não era seguro, então, com dificuldade, seguiram até o gramado mais distante das margens cheias de pedrinhas do rio.

Os dois jogaram-se sentados na grama macia e gélida, exaustos e, em seguida, conferiram o estado em que se encontravam.

Deploráveis, de fato.

— Meus óculos estão arranhados. — Sakura reclamou, atraindo a atenção de Sasuke para si, incrédulo.

— É sério isso? Olhe ao redor! Não fazemos ideia de onde fomos parar, estamos com o corpo cheio de dor por causa de ter rolado morro abaixo e ensopados por ter caído no rio em que quase nos afogamos por causa da correnteza, e você vem reclamar dos seus óculos terem arranhado? Faça-me o favor. — Sasuke revirou os olhos.

Essa menina era maluca, só pode.

— Você fala isso porque não é você que não enxerga nada sem ele. — Sakura retrucou, irritada.

— Fala sério! O que eu fiz para merecer isso? — Ele reclamou, fechando os olhos e colocando as mãos sobre o rosto. — Além de estar perdido no meio de uma ilha e não ter nada junto comigo, essa louca ainda tinha que estar aqui.

— Você fala isso, mas eu não pedi para estar aqui e, muito menos, para você me salvar. — Sakura o encarava.

— Para de ser mal agradecida, se não fosse eu, você não teria sobrevivido. 

— Para de ser convencido, eu sei me virar muito bem sozinha.

— Então está bem. — Ele levantou-se, deu as costas para ela e começou a andar, deixando-a para trás.

Sakura o viu afastar-se e tentou convencer-se de que não precisava da ajuda do Uchiha, porém logo bufou, irritada. Ela precisava. Odiava admitir, mas precisava.

— Espera! — pediu, levantando-se da grama e olhando-o. — Se formos juntos, talvez, podemos encontrar os outros mais rápido.

Ele sorriu de canto com a fala dela e virou-se para a garota toda molhada, suja e com os cabelos desgrenhados.

— Admita que está com medo, Haruno. — provocou, sorrindo estupidamente de canto como sempre fazia quando a irritava.

Atitude que, à propósito, ela detestava com todas as forças.

— Até parece!

Bufou, irritada.

— Quer saber? Eu vou sozinha mesmo. Antes só que mal acompanhada. — a rosada falou, decidida e deu as costas enquanto seguia para o lado contrário dele.

Sasuke deu uma risada debochada da face raivosa da garota e caminhou na mesma direção que ela, passando na frente.

— Vamos lá. — Ele disse, indo em direção à mata, e ela, sem hesitar, o seguiu.

Os olhos verdes percorrendo a silhueta desgrenhada do jovem e exibido Uchiha em sua frente.

— Você está machucado. — Ela observou um grande corte no braço dele, que gotejava sangue.

— Grande novidade. Seria um milagre se não estivéssemos machucados. — Ele falou normalmente, nem dando atenção ao seu ferimento.

Ela analisou os arranhões que tinha em seu corpo e no dele. Sim, ela também estava machucada, porém o corte no braço dele era mais profundo e grave.

Não era um ferimento bobo como os outros e precisava de cuidados.

— Eu sei disso, seu grosso! Mas, se você não percebeu, tem um corte horrível em seu braço.

Sasuke, que, até então, não havia percebido esse detalhe, já que todo seu corpo doía, dirigiu seus olhos para o seu braço e, finalmente, entendeu. A situação estava bem feia.

Realmente, era um ferimento grave.

— Está tudo bem. — Ele falou e deu de ombros, mas, antes de voltar a andar, Sakura seguiu até ele e, sem pedir permissão, levou as mãos à barra da camisa dele e rasgou um pedaço do tecido desgastado e molhado. — Você ficou maluca? É a minha camisa.

Ele parecia bravo ao ver que a barra da sua camisa foi rasgada, o que fez Sakura revirar os olhos, indignada e debochada.

— É sério isso? Estamos perdidos no meio do nada, quase morremos por causa daquela onça, da queda e da correnteza, e você vem reclamar da sua camisa rasgada? Faça-me o favor. — Ela repetiu, praticamente, as mesmas palavras dele, fazendo-o sorrir de canto com o comentário.

— Tudo bem, você venceu dessa vez, Haruno. — Ela sorriu de leve ao ouvir isso e amarrou o pedaço de pano sobre o ferimento dele, fazendo uma pequena pressão para parar o sangramento.

— O que vamos fazer agora? — ela perguntou quando finalizou o processo.

— Vamos procurar um lugar para passar a noite. — Ele disse enquanto olhava ao redor e, em seguida, caminhou em direção ao meio da mata. Ela foi atrás dele, olhando cada canto, com medo de encontrar outro animal selvagem, até pararem em uma pequena e escura clareira. — Acho melhor fazermos uma fogueira, precisamos nos aquecer.

Sakura assentiu com um movimento de cabeça, afinal, estava morrendo de frio, já que as roupas encontravam-se ensopadas. Ela se sentou no chão no escuro mesmo, pois sentia as pernas bambas de cansaço e observou Sasuke pegar uns gravetos no solo, um pouco de mato seco e um pedaço de tronco velho.

Ela arqueou as sobrancelhas.

— O que vai fazer?

 — O que mais seria? Uma fogueira. 

Ele colocou o pedaço de tronco no chão e tirou um canivete do bolso. Sakura estranhou, no mesmo instante, ele ainda possuir o objeto cortante.

— Como você ainda tem o canivete? Eu precisei segurar os meus óculos para não perdê-los. — disse, confusa.

Ele sorriu para ela no fim da fala. Sorriso esse que não parecia tão irritante agora.

— Meu bolso tem zíper. Eu sempre coloco o canivete em um bolso assim quando vou acampar para justamente evitar perdê-lo.

— Isso explica muita coisa…

Sasuke riu baixo da expressão dela antes de sentar-se no chão e começar a fazer um buraco raso na madeira. Em seguida, ele pegou um graveto e começou a girá-lo, sobre a madeira, com as mãos.

Assim como os humanos pré-históricos faziam.

Sakura riu debochadamente.

— É sério isso? Vai demorar uma eternidade para acender a fogueira. — reclamou, atraindo os olhos ônix cheios de indignação para si.

— Tem alguma ideia melhor? — perguntou, seu semblante era sério enquanto a observava, e ela negou com um movimento discreto com a cabeça. — Então fique em silêncio e deixe eu me concentrar.

Sakura bufou pela resposta mal-educada.

— Chato! 

— Irritante! — Sasuke retrucou e voltou a dar atenção ao que fazia.

Os minutos foram se passando e, depois de muito esfregar o graveto na superfície de madeira, já sentindo as mãos arderem pelo atrito com o objeto, uma fumaça começou a subir, sinal de que estava dando certo.

— Monte a fogueira, por favor. — Sasuke pediu sem tirar os olhos do graveto, e Sakura assentiu, começando logo a juntar o mato e gravetos secos em um montinho.

Ele pegou um pouco do mato seco e colocou perto do graveto e da superfície do tronco, transferindo a pequena chama para o montinho.

— Isso... — Ele comemorou brevemente e levou, com todo o cuidado, o montinho com a pequena chama até a fogueira montada pela rosada, soprando em seguida para o fogo se espalhar.

E não é que se espalhou mesmo?

Ele sorriu com o feito.

— E então? — Ele a olhou, se achando o cara.

— Menos, Uchiha. É só uma fogueira. — Ela revirou os olhos ao se aconchegar no gramado perto da chama.

Exibido como sempre.

Sasuke deu de ombros com o descaso dela, já estava acostumado com a personalidade irritante da menina.

— Pode dormir, daqui a pouco, eu vou. — Ele disse instantes depois.

— Tudo bem.

Fechou os olhos verdes.

Nenhum deles admitia, mas ambos estavam morrendo de medo, desesperados, afinal, estavam perdidos, mas não iam dar uma de maluco na frente um do outro, eram orgulhosos demais para deixar o rival saber como se sentiam.

Por que eram assim? Orgulhosos até nos momentos mais complicados?

Eles não faziam ideia, só sabiam que não gostavam de demonstrar fraquezas na frente um do outro.

— Você acha que vão nos encontrar logo? — do nada, Sakura perguntou, atraindo a atenção de Sasuke.

— Por quê? Está com medo de ficar perdida muitos dias? — Ele perguntou, sorrindo de canto.

— Claro que não, idiota. Só não quero ficar muito tempo por aqui com alguém tão chato como você. — Sakura disse, revirando os olhos. — Quer saber? Eu vou dormir.

A garota de cabelos rosados virou-se de lado e fechou os olhos, porém não caiu rápido no sono, pois estava preocupada. Por mais que Sasuke parecesse saber lidar com essa situação e que tinha experiência com acampamentos, ela não conseguia ficar calma, pois estavam perdidos no meio da ilha Yakushima e, como aquela onça apareceu momentos antes, poderia aparecer outro animal a qualquer momento.

Ela não queria nem pensar nisso. Era melhor dormir logo para que o dia amanhecesse depressa.

Enquanto Sakura parecia dormir profundamente, Sasuke permanecia olhando para ela. Era incrível como a rosada continuava com sua pose de metida e orgulhosa mesmo nessa situação.

E bonita mesmo desgrenhada...

Ele sorriu de canto, era engraçado o que estava acontecendo, parecia até destino. 

Com tantos alunos na sua turma, ele precisava se perder logo com a pessoa que ele menos se dava bem? Só podia ser uma brincadeira do destino.

A noite foi passando devagar, e Sasuke decidiu dormir também, mas, mesmo perto da fogueira, os dois ainda estavam com frio devido às roupas molhadas. Entretanto, quando o sono tornou-se mais pesado, as horas passaram voando.

Quando o dia amanheceu, eles levantaram e perceberam que a fogueira se apagou. Sasuke suspirou cansado.

— Droga! — reclamou ao ver que não havia mais fogo nela.

— O que foi?

— Eu ia manter a fogueira acesa o tempo todo, já que foi difícil fazer fogo, só que agora é tarde demais. — respondeu, frustrado. — Prevejo mais trabalho tentando acendê-la de novo.

Sakura sorriu de canto, tendo uma ideia.

— Então veja. — ela pegou mais gravetos e mato seco e colocou junto à fogueira apagada.

— O que vai fazer?

— Acender a fogueira. O que mais seria? — sorriu ao repetir as palavras dele no dia anterior.

Sasuke estreitou os olhos com a fala dela.

— Essa eu quero ver. — ele encostou em uma árvore e ficou observando a menina agir.

A garota de cabelos cor-de-rosa retirou os óculos do rosto e colocou na direção do sol. A luz foi refletida, através da lente, direto no mato seco perto dos gravetos e, pouco tempo depois, um pouco de fumaça já pôde ser vista e logo uma chama entrou no campo de visão dele.

Sakura colocou os óculos no rosto de novo e virou-se para trás, sorrindo de canto para ele.

— Mais rápida que você.

Ele estalou a língua, bufando.

— Irritante.

Sasuke sumiu no meio da floresta e voltou, minutos depois, com algumas frutas na mão.

— Toma. — Ela pegou, desconfiada, afinal, não conhecia a fruta que ele trouxe e também Sasuke nunca a ajudou, pelo contrário, tudo que fizeram até hoje foi só brigar. — Por que está me olhando com essa cara?

— Isso não é venenoso, não é?

— Claro que não. — Ele respondeu, incrédulo. — Por que está perguntando isso? 

— Não confio em você.

— Fala sério, Haruno. — Sasuke riu e, depois, o silêncio se estabeleceu no local.

E aquilo incomodava os dois. Era estranho ficarem ao lado um do outro calados.

— Será que vão encontrar a gente? — Ela perguntou enquanto comia a fruta, querendo dar fim ao silêncio insuportável.

O que ela nunca pensou que faria ao lado de Sasuke sem uma briga como motivo.

— Acredito que sim, mas, talvez, fosse melhor procurarmos o pessoal. — Sasuke sugeriu.

— Não sei, será? E se encontrarmos aquela onça de novo? 

— E se eles não nos encontrarem aqui? — Ele retrucou com outra pergunta.

Pergunta essa que a assustou.

— Talvez, você esteja certo. — Sakura disse, pensativa.

— Concordando comigo agora? Quem é você e o que fez com a Haruno? — Sasuke brincou, e Sakura olhou para ele, levemente irritada.

— Não enche, Uchiha! — falou, revirando os olhos. — Mas acho melhor ficarmos por aqui hoje. Esperar para ver se alguém nos encontra e também tem água aqui perto.

— Tudo bem, mas, se ninguém encontrar a gente, vamos tentar procurá-los. 

— Certo. — Ela concordou. — Eu estou com sede, acho que vou no rio pegar um pouco de água.

— Também vou. — Sasuke disse, seguindo-a calmamente.

Os dois andaram até a beirada do rio e lavaram as mãos para logo encherem de água e levarem à boca. Em seguida, lavaram o rosto.

Sasuke deixou Sakura lá e começou a pegar mais gravetos e mato seco por perto, fazendo-a arquear as sobrancelhas, confusa por tal ação.

Ele colocou cada montinho de gravetos e mato seco em um ponto e, quando Sakura observou melhor, viu que as três fogueiras que ele montou formavam um triângulo perto das margens arenosas do rio.

— Para que isso? — Sakura perguntou, curiosa.

— Para alertar, para quem passar por aqui, que estamos perdidos. Você pode fazer o que fez antes? Com os óculos, sabe?

Sakura assentiu e chegou perto de uma das três fogueiras, posicionando os óculos na direção do sol para acendê-la. Depois que o fogo surgiu, ele pegou um pouco do mato com a pequena chama e espalhou para as outras duas fogueiras, acendendo-as.

— Como sabia que isso daria certo? — Sasuke perguntou assim que as três fogueiras já estavam acesas. Desde mais cedo, ele queria saber isso.

— Eu não sabia, só tentei. Se com a lupa dá certo, por que não com as lentes dos óculos, não é? — Ela falou, sorrindo, e ele apenas sentou-se no chão, olhando para a água corrente. — Você parece saber muito de acampamento. 

Sakura sentou-se de frente para ele, mas um pouco distante e o observava mexer com as pedrinhas do chão.

— É que eu costumava acampar muito com meus pais e meu irmão quando eu era menor. A gente saía todo o final de semana para alguma mata e ficava três dias por lá sem levar nada além de um canivete. Eu aprendi a me virar sozinho nesses lugares.

— Ah... — Ela encarou o semblante triste dele, com as sobrancelhas arqueadas. — Agora, não vão mais acampar? 

Ele ergueu o olhar e encarou os orbes verdes brilhantes a sua frente e, pela primeira vez, Sakura não viu a expressão que ele sempre fazia quando agia com indiferença ou implicava com ela e sim um pouco de tristeza e dor estampada em sua face.

— Poderíamos se eles não tivessem morrido há dois anos. 

Os olhos de Sakura se arregalaram de surpresa, ela não sabia desse importante — e doloroso — detalhe.

— Oh... Eu... — Ela se atrapalhou toda na hora de falar. — Eu sinto muito, não sabia...

— Isso já faz tempo, não se preocupe. — Ele sorriu, levemente, de canto, entretanto, ela ainda via tristeza, coisa que nunca viu antes, no olhar dele.

— Mas, você mora com quem então? — perguntou.

Em seguida, pensou estar sendo intrometida, mas já havia falado, portanto, não tinha como voltar atrás.

— Com meu primo Shisui, mas ele não para muito em casa, então, na maior parte do tempo, eu fico sozinho.

— Você tem treze anos, ele não devia te deixar sozinho.

— Diz isso para ele. — Sasuke olhou para Sakura e, do nada, os dois começaram a rir.

Era estranho, mas… Toda aquela situação já estava estranha desde o dia anterior.

— Até que você não é tão irritante como eu pensava. — sorriu.

Ao ouvir isso, Sakura olhou-o com os olhos arregalados. Aquilo, vindo dele, era praticamente um elogio. Ele estava realmente admitindo? 

— E você não é tão chato assim. — Sakura disse, os olhos verdes fitavam as águas correntes do rio enquanto as suas bochechas assumiam uma coloração avermelhada.

E ele sorriu em resposta.

O silêncio se estabeleceu no local, um silêncio um pouco desconfortável como antes. Eles nem sequer se olhavam nos olhos depois de admitir que não eram tão ruins assim, o que era estranho para aqueles dois.

Sasuke olhou para o rio também, que, agora, estava mais calmo que na noite anterior e teve uma ideia.

— Venha comigo. — Ele pediu ao se levantar, e Sakura arqueou as sobrancelhas, confusa.

— Onde? 

— Só venha.

Sasuke pegou a mão dela e puxou-a, forçando Sakura a se levantar do chão e logo começou a correr até o rio, arrastando-a consigo.

— O que está fazendo? — a rosada perguntou quando ele chegou bem perto da margem, mas Sasuke não respondeu nada, apenas continuou a puxá-la para dentro da água. — Ei! Eu não sei nadar.

A água já cobria até sua cintura quando ela falou isso, o que já a deixava assustada apesar da calmaria em que o rio encontrava-se naquele instante.

— Relaxa, eu te seguro. — Sasuke falou de forma calma e segurou sua cintura com as duas mãos, mantendo-a perto de si em um aperto firme.

Eles, como eram praticamente crianças, começaram a brincar no rio, que nem parecia o mesmo da noite anterior de tão tranquilo. Com o passar dos minutos, Sakura acabou perdendo o medo e arriscou nadar sozinha, pois sabia que ele estava ali para ajudá-la caso precisasse. Eles sorriam muito um para o outro conforme realizavam uma guerrinha dentro da água, quem visse de longe nem imaginava que os dois se odiavam, pelo contrário, podiam pensar que eram amigos de longa data ou até um casal de jovens namoradinhos.

Sakura tentou pegar Sasuke, mas ele mergulhou no mesmo instante, afastando-se e fazendo-a cruzar os braços em frustração. Pique-pega ali na água, com alguém que sabia deslocar-se bem, não seria fácil.

A menina bufou, emburrada.

— Aproveita só porque eu não sei nadar. — Ela falou quando perdeu Sasuke de vista, mas logo ele apareceu novamente, enlaçando sua cintura por trás. — Que susto! 

Ela virou-se de frente para ele, e os olhares se encontraram. Pela primeira vez, ela pôde observar melhor as íris dele e de perto, resultando em uma surpresa ao se perder, por alguns instantes, naqueles ônix maravilhosos. E o mesmo aconteceu com ele, naquela imensidão verde e que, agora, conseguiu perceber o quão brilhante e magnífico era.

Era como se um imã prendesse-os um ao outro, como se os puxasse para cada vez mais perto.

E mais perto...

E mais perto…

Até não haver mais distância entre eles, fazendo-os selarem os lábios em um beijo delicado, suave e um tanto quanto desajeitado, afinal, nenhum dos dois tinha experiência nisso, era o primeiro beijo de ambos, mas, ainda assim, a sensação era maravilhosa, embora as borboletas no estômago devido ao nervosismo se fizessem presente durante toda a duração.

Os lábios se separaram alguns segundos depois, ambos formigando pela sensação ainda vívida do contato do outro, e os olhos se encontraram outra vez, tão perto…

Só que, agora, tanto ela quanto ele encontravam-se com as bochechas coradas pela situação.

— Eu... É... Acho melhor eu sair da água... Estou com um pouco de frio. — Ela deu as costas para o garoto e voltou para a margem, sentindo algo dentro dela mudar.

Ela havia beijado o Sasuke. Havia dado seu primeiro beijo. Sakura não conseguia acreditar.

Mas, não era só isso.

Ela havia beijado seu pior inimigo. O garoto que mais odiava, então por que estava tão feliz e sorridente à medida que caminhava para longe do garoto? 

Sasuke, por sua vez, continuou no rio, os olhos fixos na garota de costas para ele.

O Uchiha havia dado seu primeiro beijo e logo nela? 

Sasuke tentava se arrepender de ter feito isso, argumentando cada fato que odiava em Sakura, entretanto, algo dentro dele não permitia. Algo dentro de seu coração dizia-lhe que foi bom.

Mas, tinha que ser logo com ela?

Sua mente se enchia de perguntas como essa, apontando os pontos negativos dessa ação, mas a quem ele queria enganar? Havia realmente gostado do beijo e não imaginava fazê-lo com nenhuma outra garota além de Sakura.

E, talvez, fosse esse o motivo de nunca ter beijado anteriormente.


Mas, o que estava acontecendo?


Os dois encontravam-se confusos, não sabiam o que estava acontecendo dentro de si mesmos e, muito menos, o que fazer agora, porém não podiam negar que, em algum momento, o ódio que sentiam um pelo outro deu lugar a outro sentimento. 

Talvez, a companhia um do outro não fosse tão ruim como pensavam antes, eles só precisavam se conhecer melhor e, lá no fundo, talvez, sempre soubessem a importância que um tinha para o outro.

Possivelmente, se detestavam por não saberem o porquê dessa importância, a qual, agora, eles, mesmo não querendo admitir, sabiam bem o que era.


Amor.


Sasuke voltou para a terra firme ainda meio desconcertado e decidiu procurar por mais alimentos.

O clima estava desconfortável, ambos não sabiam como agir e só falavam o necessário no decorrer das horas.

A noite começou a cair, e tudo que iluminava aquela floresta escura eram as fogueiras acesas em formato de triângulo e a lua cheia no céu.

— Acho que vou dormir. — Sakura falou e se levantou, seguindo para o meio da floresta onde a primeira fogueira estava ainda acesa. 

Ali era o melhor lugar para dormir, já que era mais quente e não tão à vista.

Já Sasuke permaneceu sentado, olhando para o céu enquanto sentia a confusão em seu interior. 

Aquele beijo ainda mexia com sua mente.

Ele, então, escutou um barulho vindo do meio da floresta, do outro lado do rio e se levantou, preocupado. Mas, logo sua preocupação foi embora quando Gai, Asuma, um guia da ilha Yakushima e toda a sua turma apareceram na outra margem.

Um sorriso se formou nos lábios do Uchiha.

Eles estavam salvos. Finalmente, podiam voltar para casa.

— Sasuke! Graças à Kami! — Asuma falou todo preocupado ao atravessar o rio correndo, seguido por todo o pessoal.

— Você está bem? — Gai perguntou ao analisar o corpo do garoto, que ainda apresentava alguns arranhões da noite anterior e uma faixa improvisada manchada de sangue no braço.

— Estou.

— Ainda bem que te encontramos. — O guia disse, aliviado. — Sorte que deu para ver as fogueiras acesas do alto do morro. Foi inteligente usar esse sinal.

Sasuke sorriu ao ouvir isso.

— Onde está a Sakura? — Ino perguntou, desesperada. — Você não está com ela? 

— Calma. — Sasuke pediu, tranquilo. — Ela está aqui, vou chamá-la.

Sasuke sumiu da vista deles ao entrar na floresta e encontrou Sakura já dormindo perto da fogueira. Ele sorriu, inconscientemente, ao olhar como ela dormia feito um anjo, mas logo se aproximou para acordá-la.

— Sakura — chamou ao sacudi-la, fazendo-a abrir os olhos.

— O que foi, Sasuke? — Ela perguntou ainda meio sonolenta. 

— Encontraram-nos.

No mesmo instante, o sono abandonou seu corpo, e ela levantou-se em um pulo.

— É sério? — perguntou, surpresa, e Sasuke assentiu com um movimento de cabeça. — Onde eles estão?

— Perto do rio.

Ela saiu correndo em direção ao rio, deixando Sasuke para trás, sorrindo, porém ele logo começou a segui-la, só que devagar.

— Sakura! — Ino gritou andando até a amiga e a abraçou.

— Não me aperte, Ino.

A loira a soltou com os olhos um pouco lacrimejantes e olhou a amiga de cima à baixo.

— Nossa, você está horrível! — Ino falou ao analisar o estado em que a amiga se encontrava.

Os cabelos esgadanhados, roupa suja e cheia de arranhões nos braços.

— Fala uma coisa que eu não sei. — Sakura revirou os olhos. — Que bom que vocês nos encontraram, eu não aguentava mais ficar aqui. 

Virou-se para todo o pessoal.

— Imagino, ainda mais com o Uchiha. — Ino apontou para o moreno, que a encarou na hora.

Sasuke revirou os olhos em seguida.

— Se não fosse eu, ela não estaria viva.

— Nem um pouco convencido. — Sakura retrucou, também revirando os olhos.

Sasuke franziu o cenho e cruzou os braços, encarando os olhos verdes brilhantes dela.

— Vai falar que é mentira agora?

— Vai começar… — Naruto suspirou, fechando os olhos e pondo uma mão na cabeça.

— Nem nesse momento, eles conseguem ficar em paz. — Neji comentou, cansado.

Enquanto Sasuke e Sakura continuavam a discutir, todos permaneciam calados, ou melhor, fingindo que nem escutavam. Por fim, eles decidiram voltar para o porto de uma vez e pegar a balsa de volta para Kagoshima. Os colegas entregaram as mochilas dos dois e, após a enfermeira da balsa cuidar dos ferimentos de todos, eles mantiveram Sasuke e Sakura bem longe um do outro, porque ninguém aguentava mais a discussão dos dois.

Chegaram, antes de amanhecer, na cidade de Kagoshima e lá pegaram, novamente, o ônibus de volta para a escola e, durante todo o trajeto, Sasuke e Sakura não trocaram uma palavra sequer, nem entre eles, nem com os colegas.

Ao chegarem na escola, cada um foi para um lado, e Sakura e Ino seguiram juntas, pois moravam perto uma da outra.

— Ficamos preocupados. — A loira falou enquanto andavam pelas calçadas das movimentadas ruas da cidade.

— Imagino. — Sakura respondeu e continuou olhando para o chão, pensativa.

Sua mente não conseguia esquecer da cena do beijo no rio. O seu primeiro beijo.

— Você está estranha. — Ino comentou, analisando o semblante distante da rosada. — O que houve? O Sasuke fez algo ruim com você na ilha?

Sakura a olhou, confusa.

— Se for, pode me falar que eu dou um jeito nesse Uchiha metido.

Sakura tratou de negar com a cabeça no mesmo instante em que pensava no que falar.

— Não, ele não fez nada de ruim. Ele só...

— Ele só o quê? — Ino perguntou, curiosa e apreensiva quanto ao que podia ter ocorrido. — Fala, Sakura! 

— Ele... — As bochechas de Sakura coraram um pouco enquanto tentava dizer. As palavras mal saíam, estava envergonhada.

Mas Ino era sua melhor amiga, não podia esconder algo tão importante dela.

— Ele me beijou.

Os olhos azuis de Ino quase saíram do rosto de tanta surpresa.

— Ele o quê? 

— Ele me beijou. — Sakura repetiu, a voz saiu um pouco mais firme nesse instante.

— Ah, meu Kami! Sakura, ele te beijou?! Seu primeiro beijo? — Ino estava simultaneamente animada e surpresa. — E foi bom? 

— Foi. — Sakura admitiu, e um pequeno sorriso se formou em seus lábios.

— Quem diria, você e o Uchiha. — Ino sorriu de canto, maliciosa. — E agora, como vocês estão?

— Como assim? 

— Estão ficando? Namorando? — A loira perguntou, curiosa.

Fato que deixou Sakura ainda mais confusa.

— Não, nem conversamos a respeito e foi só um beijo, Ino. — comentou, olhando para o nada. — E temos treze anos, não sei se quero namorar agora. 

— Você que sabe. — Ino falou ao olhar para frente e dar de ombros. — Mas, se bem que eu já desconfiava que esse ódio todo um pelo outro, no fundo, era amor.

Sakura a olhou, incrédula por tal conclusão.

— Ficou louca? Eu não amo Sasuke Uchiha. 

— Será mesmo? — A loira perguntou com um sorriso de canto, a expressão meio abobalhada da amiga entregava tudo. — Até amanhã, Sakura.

Só então a rosada percebeu que já estava em frente a sua casa. Estava tão distraída que nem havia notado.

Ela continuou olhando, por alguns segundos, a sua residência. Era bom, finalmente, estar em casa.

Sakura começou a caminhar pelo gramado verde, mas parou subitamente ao ouvir seu nome ser chamado por uma voz familiar.

Seu coração disparou.

Sasuke correu até ela, a qual estava estática ao vê-lo aproximar-se ofegante. Ela não esperava vê-lo tão cedo.

— Precisamos conversar.

Parou na frente dela.

— O que houve? — Sakura perguntou, aparentemente, calma, porém, por dentro, estava nervosa, pois já imaginava sobre o que ele falaria.

E Sasuke encontrava-se da mesma forma, ele mal sabia como começar a se pronunciar.

Nunca havia se sentido de tal forma.

— Sobre o beijo, eu...

— Tudo bem, Sasuke. — Ela interrompeu, imaginando que ele fosse pedir para manter segredo, entretanto, isso fez algo dentro dela doer.

Saber que o beijo não significou nada para ele, estranhamente, doía.

— Ninguém precisa saber e não se preocupe, não vou ficar no seu pé como metade das garotas da escola.

Ela sorriu de canto, mas algo dentro dele disse-lhe que Sakura estava chateada.

Será que ela também…?

— Não é isso. Deixe-me terminar de falar, irritante.

Ele respirou fundo sob o olhar sério de Sakura. Ok, ele não sabia o que dizer, porém precisava fazê-lo.

Ele precisava muito.

— Eu... — abaixou o rosto, levemente, corado. — Eu meio que... Gostei do beijo.

E o tempo pareceu parar naquele instante enquanto a menina processava a informação com os olhos um pouco arregalados por tamanha surpresa.

Ela ouviu, realmente, aquilo? Sasuke gostou do beijo? 

— Esse foi o meu... O meu primeiro beijo também. 

Ao ouvir isso, Sakura ficou ainda mais surpresa. Ela só não sabia se era pela confissão dele nunca ter beijado antes ou por ele saber que foi o primeiro beijo dela também.

E ele percebeu um dos motivos dessa reação.

— Eu escutei uma conversa sua e da Ino uns tempos atrás, bom, vocês falavam do garoto que a Yamanaka beijou e, depois, que você nunca... Você sabe.

Sakura abaixou a cabeça, envergonhada. Não era para ele saber desse detalhe.

Se bem que… Ele nunca havia beijado também.

Mesmo com quase todas as garotas da escola no pé dele, Sasuke não havia ficado com ninguém? 

Era surpreendente, de fato.

— Eu, bom… Queria te pedir desculpas. — Ele disse ao colocar as mãos nos bolsos. — Desculpe-me por ter te beijado, eu sei que não queria ter tido o seu primeiro beijo comigo, mas eu não consegui evitar. — Sasuke confessou, olhando para baixo. Não conseguia olhá-la nos olhos de forma alguma. — Desculpa mesmo.

Ele começou a andar, deixando Sakura, completamente, confusa para trás.

Ele havia se desculpado por beijá-la? Era isso? Impressão dela ou ele havia, praticamente, declarado que sentia algo por ela?

Quando Sakura acordou do transe em que se encontrava, Sasuke já estava longe, quase virando a esquina, e ela sentiu uma inexplicável necessidade de não deixá-lo ir pensando que ela não havia gostado. Sem mais hesitar, a menina foi correndo até ele.

Ela precisava dizer o que ficou atormentando sua mente a viagem inteira de volta.

— Sasuke! — gritou antes de se aproximar dele, chamando a atenção do garoto, que parou na hora e virou-se para trás sem entender nada. 

 Mas, quando ele ia perguntar o que ela queria, sentiu os braços de Sakura envolver o seu corpo em um abraço firme, e os lábios dela tocarem os seus levemente.

 Foi um choque para ele primeiramente, entretanto, assim que voltou à realidade, Sasuke começou a corresponder devagar e desajeitadamente o beijo enquanto segurava a cintura dela.

Ato que durou mais tempo que o primeiro e fora ainda melhor.

Ao separarem os lábios, eles olharam nos olhos um do outro, ambos com as bochechas coradas de vergonha.

— Eu gostei do beijo também. — Sakura admitiu em um sussurro, ainda abraçada a ele e sorriu. — E ainda mais por ter sido com você.

Ele sorriu de canto com a confissão dela e soltou sua cintura devagar.

— Pensei que me odiasse.

— E odeio. — Ela respondeu, sorrindo, fazendo-o arquear as sobrancelhas. — Mas, também acho que gosto de você.

E Sakura, sem esperar que ele dissesse algo, selou seus lábios em um selinho rápido, fazendo-o sorrir.

— Agora, entendi o sentido da frase “amor e ódio andam juntos”. — Sasuke disse, divertido.

E os dois sorriram um para o outro em seguida, os sorrisos mais bonitos que já deram em toda a vida deles antes de beijarem-se novamente.

 


“O amor está mais perto do ódio do que a gente, geralmente, supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença...”

Érico Veríssimo.


Notas Finais


E então? Gostaram?

Bjos.


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