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História Between Love and Zombies - My Hero


Escrita por: MrsCheshire

Notas do Autor


Hii Bae's! Bem?♥
Espero que sim.
100 ANOS PRA POSTAR
QUE BONITO HEIM?
QUERO ME DESCULPAR DE CORAÇÃO
PRA COMEÇO DE CONVERSA, TIVE PROBLEMAS PARA ACESSAR MINHA CONTA, POR ISSO DEMOREI PARA RESPONDER OS COMENTÁRIOS
SEM FALAR QUE ESTOU COM ALGUNS PROBLEMAS DE SAÚDE QUE ESPERO RESOLVER O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL
VOU DAR UM LITTLE SPOILER ANTES DE LEREM
É O MEU PRIMEIRO POV DA ALEXIA
EU GOSTARIA DE TER MUDADO, ACRESCENTADO MAIS COISAS PRA VOCÊS CAPTAREM A ESSÊNCIA DELA E TUDO MAIS, PORÉM, MINHA CRIATIVIDADE NÃO ESTÁ COLABORATIVA
E O CAPÍTULO NÃO ESTÁ MUITO BOM
QUERO AGRADECER AOS FAVORITOS. MUITO OBRIAGADA A TODAS, DE CORAÇÃO!
BOM, VOU VAZANDO AQUI JÁ
UAHSUAUUSJAUA
BYE BAE
Sweet Reading!❤
🔫Gif representando um dos flashback da Alexia (≧∇≦)

Capítulo 64 - My Hero


Fanfic / Fanfiction Between Love and Zombies - My Hero

POV Alexia

Ela não pode ficar lá, ela não pode ficar lá.

Repeti para mim mesma pela milionésima vez, batucando meus dedos contra o batente da janela e direcionando meu olhar para o horizonte, no fim da rua até onde meu campo de visão alcança.

A noite do terceiro dia havia chegado inesperadamente. Uma lufada intensa se choca contra as árvores por onde percorro com meus olhos e as folhas verdes oscilam. Algumas parecem agarrar-se aos galhos, outras parecem ceder se soltando e deixando que o vento as leve para algum lugar.

Eu costumava enxergar Ariana como uma árvore. O tronco seria nada mais nada menos que seu corpo, e as folhas cada uma de suas essências. Essências que com o tempo foram destruídas restando algumas resistentes em que ela se agarrava para não desistir de tudo.

Ela sempre me pareceu dividida como uma folha. Agarrar-se a uma esperança ou simplesmente deixar que o vento a levasse. Esse era um dos pontos interessantes dela.

No intervalo de tempo que eu me perdi em pensamentos, uma figura negrume surgiu no começo da rua até onde meus olhos alcançam. Apertei meus olhos ansiosa conforme ela se aproximava.

Atravesso minha cabeça por baixo da faixa atada a arma e estico meu corpo para frente, endireitando-a contra meus dedos e olhando através da mira. Bufei frustrada ao perceber que era apenas mais um dos mortos, abaixei minha arma e suspirei derrotada.

— É meu turno.

Giro sobre meus calcanhares e espio por cima de meu ombro, vendo padre Gabriel atrás de mim. Suas roupas escuras junto com a noite fazem com que eu mal o enxergue.

— O que disse?

— É meu turno. — Repetiu. — Está na hora de trocarmos.

— Pode ficar com o próximo. — Suspirei. — Posso ficar mais um pouco.

— Você já está aqui a três dias, você tem dormido?

— O que você acha? — Pergunto debochada. — Como posso dormir se quando fecho meus olhos eu vejo cabeças esmagadas? E como posso descansar se minha salvadora está na mão deles? — Ele abriu a boca para protestar, mas eu o interrompi fechando meus olhos. — Não me venha com sermões religiosos, não estou nem um pouco a fim de ouvir sobre Deus.

Gabriel suspirou encarando seus sapatos. Me virei para ele e sua mão tocou meu ombro.

— Eu sei que está sendo difícil e eu sei que você está esperando por ela. Não se preocupe, se ela aparecer você será a primeira que irei chamar.

Ele estendeu a mão em minha direção e eu suspirei. Puxei a faixa e empurrei a arma em direção a Gabriel que me lançou um terno sorriso a envolvendo com os dedos. Esgueirei-me até a ponta e agarrei o primeiro degrau da escada com os dedos, jogando meu corpo para o outro lado.

— Ei. — Olhei para Gabriel, parado olhando em minha direção com os grandes olhos e os lábios comprimidos em uma fina linha. — Eu sinto muito.

Ela não está morta. — Disse em voz alta, percebendo que ele se referia a Ariana.

Ignorei qualquer resposta que ele possa ter dado e desci os vãos da escada enferrujada que rangia a cada pino de aço na qual eu encaixa meus pés.

Deixei que meus pés me guiassem pelas ruas conforme eu esfregava minhas mãos com os pensamentos longes. Quando percebi, eu estava estática na frente da casa onde morava Maggie. Glenn e Ariana.

A porta estava fechada como sempre, mas dessa vez eu não estava convencida de que ela pudesse voltar a ser aberta. As luzes internas todas apagadas sem um vestígio de vida lá dentro.

Direcionei meu olhar para a janela ao lado da porta mascarado pelas cortinas internas, manchadas porém oscilantes. Esperei viver a mesma rotina de antes. Glenn sentado no sofá com o braço sobre os ombros de Maggie, os dois sorrindo e conversando sem preocupações alheias.

Esperei Glenn acenar pra mim da janela enquanto eu transitava pelas ruas e os observava. Com aquela lembrança em mente, abri um sorriso amigável e acenei em direção a janela, não obtendo resposta.

Direcionei meu olhar para cima, esperando ver a cintilância atravessar as persianas na janela do quarto de Ariana, mas prossegue debilmente escuro.

Então mais uma vez obtive esperança. Esperei Ariana aparecer na janela do quarto escuro com as madeixas vermelhas querendo escaparem com as lufadas álgidas que a obrigavam a apertar o mesmo moletom no corpo magro com persistência. O All-Star encardido contra o batente da janela conforme seus olhos escuros e curiosos percorriam por Alexandria. O sorriso sapeca que surgia nos lábios quando me via e o dedo do meio ser jogado na minha direção.

Caminhei até chegar em casa, onde eu hábito sozinha desde que Carol sumiu. Me atiro no sofá e encaro o teto.

A três dias eu espero Ariana retornar naquela janela.

A três dias eu espero aquela família retornar para o lar.

A três dias essa família foi destruída.

Já faz uma eternidade que me dei conta que aquela casa nunca mais teria uma vida.

Estou enganada, só faz três dias.

Este é o prazo de Ariana. Três dias. Ela está no limite e isso me preocupa. Não dois dias, não quatro dias. Três dias.

O quarto dia está para suceder. Não está certo, ela deve estar lá fora em algum lugar tentando retornar. Ela vai conseguir escapar, ela deve estar perambulando lá fora tentando encontrar o caminho para Alexandria.

Levantei e me esgueirei até meu quarto. Agarrei uma mochila e joguei algumas armas para defesa, deixando uma delas presa a minha calça. Fui até a cozinha e despejei dois enlatados e uma garrafa de água dentro.

Bati a porta e corri pela rua jogando a mochila em meu ombro, olhei em volta e suspirei aliviada ao perceber que não havia ninguém perambulando por ali naquele momento.

Ajeitei as alças da mochila em meus ombros e arregacei as mangas de minha blusa. Sustentei meu corpo entre o vão da janela e puxei meu corpo para cima.

Encostei minha testa no vidro e observei dentro do quarto, vendo o corpo emaranhado em um cobertor. Fiquei furiosa com sua atitude e soquei o vidro.

A princípio ele não se mexeu e eu tornei a socar o vidro. O mesmo se virou e olhou para a janela. Ele se levantou enquanto caminhava em direção a janela.

Como ele conseguia dormir depois de tudo o que aconteceu? Como ele consegue dormir sendo que ela está lá fora sendo torturada por aqueles sádicos?

Parei de chingá-lo mentalmente ao analisar sua expressão. Ele estava abatido, cansado com o olhar triste. Atrás dele, Lilika estava deitada na cama completamente sem ânimo algum.

Me dei conta de que eu não era a única a estar sofrendo.

— O que você quer? — Carl perguntou ao puxar a janela para cima. O tom de voz fraco e rouco indicava a dor que ele estava sentindo.

— Quantos dias ela demorou para ir embora? — Suas sobrancelhas franziram-se e ele aparentava estar impaciente.

— O quê? — Bufei e empurrei minhas pernas da janela para dentro do quarto.

— Vocês se conheceram em uma prisão, certo? — Uma pontada de dor e súplica brilhou em seu olho, mas o ignorei. — Não importa o quão bom o lugar seja, preciso que me responda. Quanto tempo ela demorou para ir embora?

— Não sei do que você está falando. — Esfreguei meu rosto.

— Carl, apenas me responda! — Pedi impaciente. Ele esfregou o olho e se sentou na beirada da cama.

— Não sei… Seis dias, eu acho.

— Seis dias? — Perguntei confusa. — Não, não, não. Sua conta está errada.

— Do que diabos você está falando? — Carl esfregou o rosto impaciente e caiu para trás na cama.

— O que aconteceu? Desde o começo?

— Não quero falar sobre isso. — Murmurou vacilante, como se as palavras cortassem sua garganta ao dizê-las.

— Por favor, eu preciso saber. — Implorei.

— A primeira vez que nos vimos foi em uma casa velha, ela tentou matar a gente. — Ele sorriu bobo com o pensamento.

— Como conseguiu convencer ela de ir com vocês? — Perguntei, querendo saber mais.

— Nós não convencemos. — Ele engole a seco. — Atirei nela.

Carl parou de falar ao notar minha expressão chocada e assustada. Ele suspirou, e tocou a têmpora com os dedos.

— Eu sabia que tinha feito merda, mas eu não me importei. A princípio meu pai gritou comigo, depois pegou ela e a levou junto conosco para a prisão. Tínhamos um médico, Hershel era o nome dele, o pai da Maggie e ele a salvou.

— Não me admira que Ariana te odeie. — Resmunguei. Chacoalhei minha cabeça. — Continue.

— Ela ficou desacordada por alguns dias. — Continuou, mas o interrompi.

— Quantos dias? — Perguntei, e suas sobrancelhas se juntaram.

— Porque isso importa? — Murmurou dolorido.

— Quantos dias? — Tornei a perguntar, e ele suspirou pesadamente.

— Não sei, três dias eu acho.

— E depois de três dias que ela acordou, ela tentou fugir certo?

— Sim. — Respondeu meio incerto.

— O que a impediu?

— Meu pai e Daryl, eles a deixaram algemada na cama por dois dias pois desconfiavam que ela podia ser do grupo inimigo.

— Minha conta está certa! — Murmurei, ignorando o que Carl disse e agarrando meus cabelos.

— O que deu em você? — Perguntou confuso e um pouco assustado.

— Três dias é o máximo que Ariana usa toda sua força para fugir!

— O quê?! — Carl continuava com a mesma expressão.

— Obrigada Carl!

Atirei-me de volta pela janela e escorreguei pelo telhado, aterrissando meus pés no chão e correndo a todo vapor.

Alcancei o portão antes do esperado, e com todos fragilizados devido ao ataque de Negan, não havia um responsável pelo portão além de Gabriel na parte de cima vigiando tudo.

Aproveitei o pequeno intervalo de tempo em que ele estava distraído dando uma boa olhada em sua Bíblia Sagrada. Empurrei um pouco dos dois lados do portão, o suficiente para que eu passasse sem ele perceber.

Assim que eu estava fora, fechei vagarosamente o espaço vago entre os portões e o canto do muro. Olhei para onde Gabriel estava, dando passos lentos para trás. Quando notei que ele estava bem distraído, dei as costas a Alexandria e corri em direção a mata.

O som das folhas secas sendo partidas junto ao galhos fizeram presença no mesmo instante, e eu comecei a correr para me afastar dali.

Segui a ordem que os troncos das árvores estavam. Tomei todo o cuidado para não tropeçar ou fazer muito barulho, está muito escuro e não tenho muitas vantagens.

Deixei minha faca próxima a mim, caso ocorra um imprevisto conseguirei me defender com facilidade.

Não demorou muito para que eu chegasse nos trilhos, andei em linha reta por perto e de olho em qualquer movimento suspeito. O fato de as árvores oscilarem para a direção em que eu caminhava contribui para que eu ficasse mais determinada, mesmo aquilo sendo apenas algo nativo da natureza.

Lembrei-me dos velhos tempos.

Ariana agarrada as alças de sua mochila, com o mesmo tênis encardido que outrora foi limpo. As solas descoladas deixavam claras que algum dia elas ficaram para trás na jornada de Ariana, mas foram apenas ameaças fúteis.

Os cabelos curtos pinicando sua nuca lisa conforme ela caminhava alguns pés a minha frente me deixando para trás sem ao menos espiar sobre os ombros para verificar se eu ainda a seguia.

Me peguei imaginando quando ela desacelerava o passo e levantava a cabeça olhando ao redor, se ela fazia aquilo de propósito para que eu a alcançasse e usava a atenção como desculpa, ou simplesmente fazia por extinto e não estava dando a mínima para mim.

Eu apenas fingia ser algo da minha cabeça e que ela estava esperando que eu cobrisse seus passos para andar ao seu lado, ou eu não teria motivos para segui-la mais.

Ou talvez, eu não estivesse nessa situação agora.

Cansada de olhar para os trilhos, mudei meu rumo para a mata, tocando cada tronco espesso com a ponta dos dedos e sorrindo por estar viva, agradecendo cada minuto que pude desfrutar de minha vida e de Ariana ter aparecido para me salvar.

Um anjo sem asas.

Um anjo sem cor.

Um anjo antagônico.

Ela referia a si mesma como um demônio, eu até concordei quando realmente a conheci.

Ela atirava zumbis para cima de mim, sorrindo e dizendo que eu deveria matá-los. Não movia um dedo para me ajudar ou deixava de sorrir enquanto eu gritava e pedia ajuda.

Me mandava sozinha a estabelecimentos sem treinamento algum para encontrar suprimentos. Quando eu me machucava, ela dizia para que eu me virasse sozinha.

Não estarei aqui a vida toda Alexia. seja mulher e se cuide sozinha, pare de ser uma covarde.

Eu a detestava pelo seu comportamento, por esconder segredos e por sempre ser tão má e sem coração.

De todas a vezes que eu decidia ir embora e não conseguia dormir pensando na decisão, eu abria meu olhos e a encarava, sentada sobre sua mochila com uma arma em mãos e olhando ao redor, vigiando.

Seus olhos vagavam para o céu e ela passava horas obsevando a lua. Era nesse momento, que eu podia ver a bondade nela.

Ela se tornava frágil, vulnerável com os pensamentos carregados e longes. Eu poderia jurar, que ela saia de seu próprio corpo apenas para vagar em seus pensamentos. Mas aí aparecia um dos mortos e toda sua ir retornava.

Eu a julguei errado. Sem ela, eu não teria me tornado o que sou hoje.

Deixei que algumas lágrimas solitárias e silenciosas escorressem livremente. Todo o peso das emoções estão sobre minhas costas. O modo como Glenn e Abraham morreram brutalmente. O fato de Ariana ter sido levada por eles, sendo torturada ou coisa pior.

Recordei-me de como chamávamos atenção uma da outra quando precisávamos. Lembrando disso, saquei minha arma e utilizei minha faca para raspar a pequena roleta preenchida com munições, com o som metálico estalado reverberando.

Repeti o processo três vezes conforme caminhava, fazendo várias vezes aquele som que tantas vezes fizemos uma para a outra. Reparei em qualquer som e me virei às pressas ao ouvir som de passos.

A sombra esguia do morto que gemia jogando seus braços em minha direção se aproximou aos poucos, guardei minha arma e ajeitei em meus dedos, segurando o pescoço comprido do morto e atingi sua têmpora. Larguei o corpo de imediato ao ouvir o sinal, o som metálico da roleta sendo girada.

— Ariana!

Comecei a correr em direção ao som que ficava cada vez mais alto. O ruído se tornou mais alto e o som persistiu, conforme eu corria ainda mais rápido e ansiosa. Atirei minha mochila com minhas coisas no chão para ganhar velocidade, conforme eu chegava cada vez mais rápido.

Paralisei ao ver a figura coberta por um capuz ajoelhada ao chão e de costas para mim, ainda emitindo o som com sua arma. Engoli a seco e me aproximei, tocando cautelosamente seu ombro.

— Ariana?

Me afastei assustada quando a silhueta se ergueu e eu constatei que era o dobro do tamanho de Ariana para ser ela. Ofeguei alto quando a mão se levou para trás da cabeça e puxou o capuz, revelando o semblante inexpressivo e os olhos fundos com um sorriso presunçoso.

— Você não é a única que sabe fazer isso. — Diz com sua voz rouca, revelando a arma e o pequeno canivete em mãos.

— Quem é você? — Questionei assustada, andando de costas atenta.

— Eu sou Negan. — Responde.

— Você é um deles.

— É mais esperta do que eu pensava. — Diz sorrindo.

— Como eu iria esquecer, vocês mataram meus amigos.

— Eles mereceram, nenhum de vocês deveriam ter nos enfrentado. — Respondeu convicto.

— Está errado. — Neguei, tocando a ponta de minha arma com os dedos devagar sem ele perceber. — Eram pessoas com boas intenções e de caráter, coisa que você não possui. — Soltei as palavras suspirando, percebendo o tamanho da coragem que eu tomei para dizer aquilo.

— Garotinha, não tem medo de se machucar? O que faz sozinha a noite na floresta? — Ofeguei.

— Estou procurando alguém. —  Respondi.

— Está armando algo por baixo dos panos? Negan não gostará de saber disso.

— E-Eu não estava… — Nego.

— Não? Você é do grupo dos encrenqueiros, certo? — Engoli a seco. — Preciso avisar isso a Negan.

Puxei o ar para meus pulmões quando ele puxou o rádio do bolso o aproximando de sua boca. Dei alguns passos a frente e segurei seu pulso, sendo alvo de seu olhar confuso.

— Por favor, não conte nada a Negan, eu faço o que você quiser.

Havia uma coisa que eu aprendi naquele inferno com aqueles homens. Eles eram apenas homens, homens bobos que não poderiam ver uma mulher sem cair matando.

Eu aprendi que para eu conseguir o que eu quisesse eu poderia usar meu corpo a meu favor e eu estaria tranquila para alcançar meus objetivos.

Eu faria aquilo por Ariana.

A princípio, abri o zíper de minha jaqueta e deixei que ela escorregasse por meus braços até tocarem o chão. O homem pareceu surpreso com minha atitude, com os lábios entreabertos e deixou que o rádio deslizasse por seus dedos e tocasse o chão.

O detalhado rosto de Ariana apareceu em minha mente. O que ela faria?

Ela sorriria. E foi o que eu fiz. Um sorriso falso, e presunçoso, era o que eu precisava para colocar meu plano em prática.

— Eles não precisam saber de nada. — Murmurei comprimindo meus lábios.

O empurrei propositalmente e com cautela para trás pelos ombros até que suas coisas estivessem de nosso alcance. Colocando meu plano em prática e aproveitando aquele momento vulnerável dele, toquei a barra de minha camiseta a fim de tirá-la.

— Você está acompanhado? Eu vi alguém. — Murmurei, direcionando meu olhar por cima de seu ombro.

No momento em que seguiu meu olhar, toquei seus ombros e os impulsionei para trás, fazendo o homem despencar e sua coxa atravessar uma tora de madeira presa ao chão.

Ele gritou e eu suspirei. Alcancei um pequeno punhal nas suas coisas e me abaixei ao lado do homem, que segurava a coxa querendo se livrar da dor e se debatendo.

— Sua vadia! — Gritou.

— Onde ela está? — Perguntei firme, com meus dedos firmes no cabo do punhal.

— Desgraça! — Grunhiu.

Atingi sua bochecha e rasguei o contorno de seu maxilar até o lábio inferior. Ele gritou e eu o segurei pelas bochechas, pressionando o corte recente.

— Onde ela está? — Tornei a repetir.

— Vocês estão mortos. — Resmunguei.

— Não gostei da sua resposta.

Fiz o mesmo processo porém no outro lado do rosto. Tortura era a única coisa que eu não gostava, mas aquele cara estava pedindo.

— Fala logo! Onde está a Ariana?! — Gritei, atingindo um tapa estalado em seu novo corte.

Subitamente, seu punho acertou em cheio meu nariz e eu caí para trás, completamente zonza. Tossi ao sentir o gosto de sangue escorrrer até meus labios, gemi de dor e me virei, me arrastando até a árvore mais próxima.

Senti um pisão em meu tornozelo e eu gritei ao sentir o mesmo latejar. Meus cabelos foram puxados e minha cabeça se impactou contra o chão com força. Tossi o sangue do recente machucado em meus lábios e arfei quando eu fui virada para cima.

Com a visão turva, percebi que o homem começou a mexer na calça e torcendo o nariz pelos machucados. Eu sabia o que ele iria fazer, comecei a me debater quando suas enormes mãos rodearam meu pescoço e se apertaram tirando todo meu ar. Dei soco em suas mãos e me debati quando ele tocou o cós de minha calça.

O que Ariana faria.

Parei de movimentar-me quando um morto caminhou até nós e eu fiz barulho para que seus grunhidos não pudessem ser ouvidos pelo homem.

Com um movimento rápido, o morto atacou seu pescoço puxando um pedaço. Me arrastei para trás e chutei o rosto do homem, que caiu para trás e começou a ser devorado.

Me levantei e limpei as gotas frescas de sangue que resvalam as laterais de meu rosto. Assisti o homem ser devorado enquanto gritava, chateada por não ter obtido as respostas necessárias.

Não haviam notícias, não haviam pistas. Eu não sabia nada sobre Ariana.

Arrastei as coisas do homem comigo conforme arrastava minha perna machucada e limpava meu rosto. Havia chegado a hora. A hora que Ariana tanto falou.

A noite em que eu me escondi embaixo da cama quando a casa em que estávamos foi invadida e Ariana decidiu lutar contra aqueles homens, sem se importar com sua vida.

Ela aparentava estar cansada, e no decorrer do dia não se limitou a arriscar sua vida, e eu cheguei a conclusão que ela estava desistindo aos poucos com os pensamentos longes, mas eu nunca saberia o motivo.

Com o topo da cabeça encostada em uma das madeiras que seguram o colchão por baixo da cama, observei o All-Star encardido de Ariana caminhar em direção a porta arrastando um machado no chão, com poças de sangue salpicadas para todo lado e pedaços do corpo daqueles homens.

Está na hora de sair debaixo da cama, Alexia.

Está na hora de tirar sua salvadora do fundo do poço.

Está na hora de salvar a si mesma.

Os gritos do homem cessaram com muito custo conforme eu me afastava ainda mais, encontrei a mochila que larguei para trás e a joguei sobre meu ombro esquerdo.

Segui pelo lugar que eu vim sabendo que eu não veria Ariana aquela noite, mas com uma pontada de esperança.

Eu estava chegando em Alexandria,  sem ela. Meu rosto inteiro latejava pelas pancadas e eu sentia meus olhos incharem progressivamente.

Eu fui fraca e não consegui lutar como Ariana, se aquele morto não tivesse aparecido eu poderia estar morta agora. Ariana estaria decepcionada comigo.

Bati em minha testa ao constar minha fraqueza e vulnerabilidade com meus olhos lacrimejando, deixei que as lágrimas escapassem e lavassem meu rosto.

Solucei baixinho ainda caminhando, visto que os muros altos de Alexandria estavam ao meu alcance. Agarrei as alças das duas mochilas e continuei me espreitando pelas árvores, evitando fazer barulho como Ariana havia me ensinado.

Um galho sendo partido a minha esquerda chamou minha atenção, saquei minha arma e apontei para a direção do barulho no escuro.

— Quem está aí? Saia antes que eu atire.

A sombra escura saiu de trás da árvore e deu alguns passos para frente para que eu reconhecesse seu rosto, mas o chapéu no topo da cabeça o entregou antes de sua aparência.

— O que faz aqui, Carl? — Perguntei, guardando minha arma.

— Saiu apressada do meu quarto, estava com cara de quem ia aprontar alguma coisa. — Se esclarece e eu torno a andar, com ele me seguindo.

— Fique tranquilo, não aprontei nada.

— Suspirei.

— O que houve com seu rosto? — Perguntou curioso.

— Nada para se preocupar, tive alguns problemas. — Comprimi meus lábios. — E também não a encontrei.

Ele não disse nada, continuou caminhando como se estivesse ignorando o fato de que minhas palavras o machucassem.

Eu poderia confiar nele.

Era o que Ariana faria.

— Eu preciso da sua ajuda. — Esclareço, tirando a mochila do homem de meu ombro. — Preciso que me ajude esconder essa mochila.

— O quê? Onde conseguiu isso? — Carl abaixou o tom de voz.

— Não importa, apenas me ajude a escondê-la dos Salvadores.

— Matou um deles? — Perguntou sério.

— Carl, apenas me ajude a esconder.

— Não posso fazer isso, não quero que ninguém mais morra.

— Todos irão morrer se não lutarmos! — Gritei e ele continuou parado.

— Matou um deles? — Ele tornou a perguntar, suspirei.

— Não, eu encontrei a mochila e quero escondê-la, pode ter algo útil aqui dentro.

Carl franziu as sobrancelhas e continuou parado, o ignorei e andei, mas ele puxou uma alça da mochila e eu me virei.

— Eu te ajudo a esconder. — Entrego a mochila a ele. — Você não está escondendo nada de mim, está?

Abaixei meu olhar e resvalei minha língua por meus lábios. Carl puxou meu braço pra que eu olhasse para ele.

— Está? — Repetiu. — Se você estiver escondendo Ariana por ela ter fugido dos Salvadores, você vai me contar, certo?

Eu hesito e suspiro.

— Claro, Carl. Serei honesta com você.

Ele parece querer convencer a si mesmo de minhas palavras. Ele agarra a mochila joga nos ombros e caminha a frente. Eu olho para trás, convicta que Carl não precise saber exatamente de tudo.

Não se preocupe, Carl. Ele foi apenas o primeiro caso Ariana não retorne.

Continua...


Notas Finais


FUI #FuckKisses


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