História Between The Living Deads - Capitulo 1

A barraca era o único espaço “pessoal” que eu tinha ao meu dispor, além, claro, da floresta. O lugar era apertado, mas parecia estranhamente vazio sem a companhia de Daryl, eu tinha plena consciência do que as pessoas do grupo pensavam quando eu vinha para cá todas as noites acompanhada dele, mesmo nunca havendo um simples toque a mais do que o necessário nem eu nem ele nos importávamos em negar. Minha mochila estava jogada no canto mais distante, geralmente eu a usava como travesseiro, porem agora minha cabeça estava apoiada no saco de dormir enquanto eu encarava o teto perdida nos pensamentos.

As vozes do lado de fora soaram mais alto do que o normal, abri o zíper e sai, meus cabelos atrapalharam um pouco a visão, mas tive certeza que não conhecia o homem de cabelos castanhos e olhos azuis que chegara com Glenn e o restante do pessoal.

— Pai! - Carl correu para os braços do estranho.

Minha apreensão passou quase que instantaneamente, nos atuais dias sempre mantinha um pé atrás quanto a novas pessoas. Mirei o grupo a procura de Merle e meus músculos tencionaram.

- Onde está o Dixon? – cruzei os braços e encarei Glenn.

— Bem Vic.. ele teve um surto e.. Rick o algemou no telhado e nós o deixamos lá. – o coreano coçou a nuca de maneira nervosa.

— Wow, o que?!

— Ele começou a surtar! - tentou se explicar.

— Meu deus, vocês não tem a mínima noção de como Daryl vai reagir a isso! Ele vai matar vocês!

— Ele não ta aqui? - T-dog questionou.

— Não, saiu pra caçar a alguns dias, mas que droga! Vocês tinham mesmo que ter deixado ele lá?

— Mas o que..

— Cala a boca! - exclamei irritada - Espero que pro bem de vocês ele continue vivo, porque eu não vou segurar o caipira por muito tempo.

Voltei bufando para meu saco de dormir, eu não era especialista nos Dixons, mas com certeza era a ponte entre o grupo e eles. Sem fome e paciência ignorei a fogueira que foi feita a noite e não sai mais da barraca até a manha seguinte;

A rotina de acordar cedo não era minha praia, pisquei lentamente enquanto tomava um gole de agua. Escorada no trailer observei o “xerife”, meus lábios se retorceram em um pequeno sorriso maldoso quando vi a maneira que Shane o encarava, um tipo de vingança pessoal por ele ter algemado Merle. Cedo ou tarde a bomba ia estourar e Shane e Lori iam estar na linha de frente dos escombros.

— MÃE, MÃE, MÃE! - a voz desesperada de Carl interrompeu minha linha de pensamentos.

Foi como ligar o piloto automático, minhas pernas se mexiam sozinhas, passei por Lori e adentrei a floresta.

— CARL? CARL? ONDE VOCÊ T.. - o garoto surgiu na minha frente e se abraçou em minhas pernas. - O que houve? Você foi mordido? Carl! - o sacudi pelos ombros, porem Lori o tirou de perto de mim.

Preocupada, caminhei mais adiante, para o lugar de onde Carl tinha vindo. Um walker estava ajoelhado no chão sobre a carcaça de um cervo, logo, um circulo de pessoas se formou ao seu redor. Alguns pareciam enojados, as mulheres aparentavam choque, revirei os olhos, definitivamente eu não sentia nenhuma das duas coisas.

Shane e Rick se encaravam sem saber que atitude tomar, então, parecendo tomar ciência de que estávamos ali, o zumbi de pele acinzentada e cheiro podre virou sua cabeça em nossa direção; Assustados, tanto o policial quanto o xerife, começaram a bater no corpo do morto-vivo imundo.

— Hey, hey, parem com essa algazarra! - coloquei as mãos na frente para que parassem.

— É um deles! Temos que mata-lo! - Rick esbravejou.

— Eu sei. - observei o zumbi deitado no chão, peguei a faca que estava no meu tornozelo e cravei em seu crânio. - Pronto.. viu - puxei a faca com um pouco de dificuldade e a guardei - simples!

Rick abriu a boca falar algo, mas um barulho no meio do mato chamou a atenção de todos. Com armas apontadas esperamos. As folhagens começaram a se mexer.

— Desgraçado! - Era Daryl.