História Between Two Lines - Who?

A semana estava voando, faltava quase uma semana para acabar as aulas, quase duas semanas para o baile de final do ano. Baile do pessoal do terceiro ano, mas os alunos do primeiro e do segundo ano podiam ir. E logo depois viria o Natal e o Ano novo.

 

Cheguei no colégio e logo encontrei com a Lauren. Ela estava tão bonita, com um vestidinho soltinho, um batom vermelho que realçava os seus lábios. Me aproximei e dei dois beijinhos no rosto dela.
 

- Como você tá? - Lauren sorria.

- Melhorando, mas é difícil, sabe? A gente tinha uma história bonita - Falei um pouco triste.

- Eu entendo - Lauren forçou um sorriso.

- E você? - Olhei para ela séria.

- Tô bem - Lauren parecia incomodada, como se estivesse escondendo algo.

- Camila, a gente pode conversar? - Gregg chegou nos interrompendo.

- Gregg, a gente não tem nada pra conversar. Já te falei isso - Virei para sair, mas Gregg me segurou pelo braço.

- Camila, por favor. Só conversar! - Gregg tinha um olhar triste.

- Te vejo no intervalo? - Olhei para Lauren.

- Tudo bem! Qualquer coisa me manda uma mensagem - Lauren encarou Gregg.
 

Verônica chegou percebendo o clima, me cumprimentou, depois a Gregg e Lauren. Verônica abraçou Lauren e as duas saíram. Gregg segurou na minha mão e começou a caminhar. Tentei parar, mas ele não ligou, então falei enquanto caminhávamos mesmo.
 

- Gregg? Pára! Fala logo o que você quer - Falei ainda tentando parar, mas não adiantava.

- Aqui não dá, Mila! Tem muita gente - Gregg ia um pouco a frente, mas sem soltar a minha mão.

- Para onde a gente tá indo?
 

Gregg ignorou a minha pergunta e continuou andando. Entramos no prédio do colégio, caminhamos até os fundos, onde ficava o enorme campo, o campo de futebol e o ginásio. Entramos no ginásio. Ele estava todo escuro e permaneceu assim, pois nem eu, nem ele acendemos as luzes. Ficamos em silêncio. Gregg estava na minha frente de cabeça baixa. Gregg deu um suspiro.
 

- Gregg, fala logo. Eu tenho aula agora - O sinal já tinha batido, enquanto nós caminhávamos para lá.

- Mila... - Gregg tentou começar, mas parecia não conseguir. Continuei o olhando, ele levantou a cabeça - Eu não sei o que aconteceu comigo, eu tava nervoso com tudo o que tava acontecendo. Você me deu a notícia de que viria pra cá, de que a gente iria se afastar - Gregg olhou para o lado e seus olhos já estavam cheios de lágrimas, aquilo de certa forma estava me incomodando - Eu precisava ficar perto de você, mas eu não tinha dinheiro, então...

- Então resolveu vender maconha? - Ri e Gregg me olhou.

- Eu sei que eu errei, mas eu não conseguiria ficar longe de você.

- Mas isso não justifica. Você podia ter falado comigo, com meu pai. Sei la!

- Pra você é fácil falar, Camila! Você sempre teve tudo.

- Gregg, é melhor eu ir. Alguém pode chegar e ver a gente matando aula - Virei de costa para sair, mas sentia a mão dele tocar o meu ombro, sem me segurar, ele apenas tocou.

- Eu errei. Infelizmente só percebi quando te perdi. Eu te machuquei, eu tava cego de amor, tava cego por causa do ciume - Continue de costas apenas escutando ele falar - Quando vi você se afastar, por minha culpa, perdi o chão - Uma única lágrima caiu dos meus olhos quando escutei a última frase.

- Gregg, é melhor eu ir, antes que alguém nos veja - Tentei ignorar tudo que ele falava, mas dessa vez virei para falar.

- Camila, pára! Você sabe que ninguém vai aparecer aqui! A gente tá no final do ano, não tem mais treino, ninguém vai vir aqui!

- Verdade - Concordei, mas falei baixo, mais para mim do que para ele.

- Camila, me desculpa?

- Gregg, esquece isso!

- Isso quer dizer que tá tudo bem? Que a gente... - Gregg apontou para ele e para mim.

- Isso quer dizer que eu vou tentar esquecer esse Gregg que eu não conheço. Mas que não existe mais a gente. Não dá mais - Respirei fundo e virei para sair.
 

Foi difícil falar isso para ele. As pessoas podem não entender, mas eu e Gregg tínhamos uma história, sabe? Não nos conhecíamos a pouco tempo, nos conhecíamos desde de quando nascemos. Estudamos juntos desde o pré. Gregg foi meu primeiro namorado e eu fui a primeira namorada dele. Tínhamos plano de nos casar, ter uma casa, uma família. Mas aquele não era o Gregg que eu conhecia, eu precisava que ele provasse para mim que tinha mudado. E eu também tinha uma outra questão. Lauren Jauregui. Eu não sabia o que ela significava, mas ela mexia comigo. Acho que foi a primeira vez que eu assumi isso.
 

Quando eu estava prestes a sair, senti meu braço sendo puxado com força e automaticamente meu corpo se virou. Foi algo sem explicação. Virei de uma forma rápida, fazendo meu corpo bater com o de Gregg. Meu coração acelerou, minha respiração falhava, era uma mistura de nervoso e medo. Gregg me olhava com raiva. Aquele Gregg fofinho, bebê, tinha sumido.
 

- Gregg, você tá me machucando - Meus olhos se encheram de lágrimas, olhei para o meu braço e ele puxou o meu rosto.

- Camila, eu juro que eu tentei! - Gregg falava firme, com muita raiva, seus olhos pareciam que iam pegar fogo - Mas você não me deixou outra escolha. Se você não quer ficar comigo, você não vai ficar com ela. Se eu te ver perto dela eu juro que...

- Você vai fazer o que? - Tentei ser forte, mesmo estando morrendo de medo, eu precisava encará-lo.

- Eu vou acabar com a Lauren! - Gregg apertou meu braço um pouco mais e com a mesma força ele apertava o meu rosto.  Gregg soltou os dois, me encarou mais um pouco e saiu do ginásio, mas antes esbarrou em mim.
 

Eu podia chorar, eu podia grita, mas não consegui fazer nada disso. Fiquei no meio da quadra parada, no escuro, com uma única frase ecoando na minha cabeça. "Eu vou acabar com a Lauren!" Uma angústia bateu no meu coração. Uma mistura de preocupação com medo. O Sinal tocou, mas eu não consegui me desconectar. Caminhei até o pátio, mas sabe quando você caminha com o pensamento em outro lugar? Como se você não estivesse ali, de alma? Apenas o seu corpo fazendo o que você geralmente faz. Sentei em qualquer banco. Pelo menos eu achava. De repente os meninos chegaram e as meninas também. Exceto Gregg. Quando percebi eu estava na mesma mesa de sempre. Meu corpo tinha me levado até lá sem eu perceber.
 

- Camila? - Verônica me chamou, mas não a olhei - Camila? A gente tá falando com você! - Verônica me catucou dessa vez.

- Desculpa! O que foi? - Perguntei ainda com o pensamento longe.

- Tá tudo bem? - Agora foi Lauren quem perguntou.

- Tá sim, e você? - Perguntei a olhando, dessa vez eu voltei ao normal.

- Tô bem - Lauren riu.

- Quando vamos comprar a roupa pro baile? - Alexa perguntou.

- Acho que podemos ir no fim de semana. Você vem com a gente, Mila? - Verônica me olhou.

- Não vai dar! Tenho que estudar, tô atrasada ainda, né? - Falei qualquer coisa, porque não estava com cabeça para isso.

- Você vai, né? - Verônica agora olhou para Lauren que me olhou de relance.

- Vou sim.

- Tô com fome, vamos lanchar? - Verônica pediu.

- Opa! Falou em comida, falou comigo! - Cody abraçou Verônica de lado.

- Compra pra mim, Keegan? - Lauren pediu.

- O mesmo de sempre? HotDog? - Keegan olhou para ela.
 

Lauren apenas assentiu com a cabeça. Cody e Verô foram abraçados, pude ver Austin cochichar algo com Alexa, mas Keegan logo alcançou eles, fazendo-os se afastarem. Permaneci sentada, Lauren sentou do meu lado.
 

- Agora me conta o que aconteceu! - Lauren estava virada para mim.

- Nada - Forcei um sorriso - Posso te abraçar? - Lauren de um sorriso.

- Claro - Lauren abriu os braços e ela mesma me abraçou. Lauren fez carinho no meu cabelo - Tem certeza que tá tudo bem? - Lauren perguntou ainda no abraço.

- Tenho - Encaixei meu queixo no ombro dela - Só tô precisando de carinho.
 

Quando falei exatamente a palavra "carinho", meus olhos encontraram o de Gregg. Ele estava encostado em uma pilastra, a alguns metros da gente, de braços cruzados. Gregg tinha um sorriso malicioso no rosto, quando percebeu que eu o olhava, ele sorriu mais ainda. Minha respiração volto a falhar. Senti uma pontada no meu coração. Tinha acabado de fazer a maior merda da minha vida. Me afastei dela. Olhei para o lado e logo o pessoal chegou. Voltei a olhar para onde Gregg estava, mas ele já tinha saído.

 

Fui para a aula, mas não lembro nenhuma palavra que foi falada naquela sala. Eu precisava me afastar da Lauren, mas eu não sabia como. Na verdade eu não queria. Meu coração estava doendo, meus olhos as vezes se enchiam de lágrimas, as vezes uma lágrima cai sem eu se quer perceber. O sinal bateu. Arrumei minhas coisas e sai da sala. Nem me despedi de Verô, não estava agindo normal, estava naquele transe. Passei pela porta do prédio do colégio e quando olhei para o portão vi Lauren e Melanie discutindo, elas estavam em um canto, entre duas árvores. Melanie saiu deixando Lauren falar sozinha. Lauren estava brava. Olhei em volta e não vi Gregg. Resolvi me aproximar. Eu estava preocupada com ela. Fui até Lauren que ainda estava parada no mesmo lugar.
 

- Tá tudo bem? - Toquei no braço dela.

- Tá - Lauren respondeu sem me olhar, ainda olhando para onde Melanie tinha ido.

- Você tá tremendo - Falei ainda segurando o seu braço.

- Eu já falei que tô bem - Lauren se soltou do meu braço e saiu andando.
 

Isso precisava acontecer. Podia ser uma desculpa para eu finalmente me afastar dela. Se eu estava procurando uma desculpa, ali estava. Mesmo preocupada, resolvi não ir atrás. Fui andando para casa pensando em tudo o que tinha acontecido.

 

Estava de tarde. Lauren tinha me ligado umas duas vezes, mas resolvi não atender. Estava deitada no meu quarto pensando em tudo que estava acontecendo, aquela frase voltou a ecoar na minha cabeça. "Eu vou acabar com a Lauren!" Sentei na cama. Abri a gaveta do criado-mudo que ficava do lado da cama e peguei uma caixa de bombom. Abri o primeiro bombom e comecei a comê-lo, enquanto lembrava da raiva no rosto de Gregg. Comi outro e lembrei de Gregg olhando para Lauren e para mim, quando estávamos abraçadas no pátio. Fui me perdendo nos meus pensamentos e quando percebi tinha comido todos os bombons da caixa. Minha cama estava cheia de embalagens de chocolate vazias. Alguém bateu na porta e rapidamente escondi todos os papeis em baixo do travesseiro.
 

- Pode entrar - Gritei enquanto limpava a minha boca.

- Filha, vou levar a Sofia no parquinho. Quer ir com a gente? - Minha mãe estava parada na frente da porta.

- Não, mãe! Tenho que estudar - Fiz uma careta.

- Tudo bem! A Bel tá dando faxina lá em baixo, se precisar de alguma coisa só chamá-la.

- Tá bom - Forcei um sorriso. Mamãe fechou a porta.
 

Bel era um amor, ela sempre cuidou de mim, quando eu era pequena meus pais sempre trabalhavam, então a Bel vivia com a gente, mas depois que minha mãe se aposentou a Bel só ia lá em casa três vezes na semana para ajudar a minha mãe.
 

Peguei todas aquelas embalagens e joguei no lixo do banheiro. Deitei na cama e comecei a pensar em tudo de novo, mas logo veio a imagem daqueles bombons, eu não estava acreditando que tinha comido aquilo tudo. Uma magoa tomou conta de mim. Fui até o banheiro e me olhei pelo espelho. Via uma imagem distorcida. Desci o olhar até a minha barriga, levantei lentamente a minha camiseta e vi uma barriga estranha. Aquela imagem fez minha cabeça "girar". Eu não me via enorme de gorda, mas eu me sentia mal, era uma imagem distorcida, uma imagem que eu não sabia como descrever. A culpa de ter comido todos aqueles chocolates tomava conta da minha cabeça. Olhei para a pia e vi uma escova de dente. Hesitei, mas não consegui tirar aquela ideia da cabeça, eu precisava daquilo. Peguei a escova de dente, me agachei perto do vaso sanitário, coloquei o cabo da escova de dente na minha garganta e finalmente vomite. Comecei a me sentir mole e acabei soltando a escova. Meus olhos quase se fecharam quando alguém me segurou pelos braços. Quase um abraço atrás de mim.
 

- Camila? O que você tá fazendo? - Lauren me ajudou a levantar. Passei a mão no meu rosto. Ela me segurava pela cintura - Você tá bem?
 

Não consegui dizer nada. Lauren lavou o meu rosto, passou a mão sobre todo o meu rosto cuidadosamente, peguei um pouco de água e lavei a minha boca. Lauren ainda me segurava pela cintura e eu a abracei de lado. Lauren me levou até a cama. Sentei na cama e esfreguei meus olhos. Lauren sentou do meu lado.
 

- Você tá bem? - Lauren colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Tô sim. Agora eu tô - Sorri para ela. Realmente eu já estava um pouco melhor.

- É melhor te levar ao médico - Lauren ia se levantar, mas eu coloquei uma mão na coxa dela a impedindo.

- Não foi nada! É sério! Só estava enjoada, mas já passou. Obrigada - Sorri novamente.

- Tem certeza? - Lauren me olhava séria. Apenas assenti com a cabeça - Vou lavar meu rosto que agora quem ficou nervosa fui eu - Lauren riu indo até o banheiro.

- Como você entrou? - Perguntei.

- A moça abriu pra mim e disse que você tava aqui em cima - Lauren falava do banheiro, pude escutar o barulho da água caindo - Ai, bati na porta, mas você não respondeu, então entrei. Vim te pedir desculpa por hoje cedo - Ainda escutava o barulho da água.

- Ah, sim! - Ainda estava sentada na cama, ficamos em silêncio durante quase um minutos - Lauren? - A chamei, porque ela não voltava.

- Camila, - Lauren saía do banheiro com a lixeira em uma mão e com a escova de dente na outra - O que é isso?
 

Pronto! Meu corpo congelou! O que Lauren estava fazendo? Quem era ela para mexer nas minhas coisas? Odiava quando alguém se metia! Lauren não tinha o direito de entrar no meu banheiro e fuxicar as minhas coisas. Olhei séria para ela.
 

- Minha escova de dente e a minha lixeira - Falei olhando para o lado.

- Camila, eu não sou idiota. Eu sei bem o que é isso - Lauren estava parada na porta do banheiro, me olhando séria.

- Então por que perguntou? - A encarei.

- Não é disso que eu tô falando. Eu sei muito bem o que é isso - Lauren deu alguns passo para frente - Você se enche de chocolates, depois vem a culpa, pega uma droga de uma escova de dente, enfia na garganta e vomita - Lauren balançava a lixeira me mostrando as embalagens dos chocolates.

- É sério isso? - Me levantei falando de forma irônica. Me afastei dela dando as costas - Lauren eu não fiz isso, não tem porque eu fazer isso.

- Camila, isso é sério. Isso é uma doença - Virei para ela que já não segurava mais nem a lixeira nem a escova. A lixeira estava no chão e a escova na cama.

- Eu acho melhor você ir embora - Fui até a porta, mas ela me puxou pelo braço.

- Eu não vou embora sozinha. Eu vou te levar ao médico - Lauren me olhava séria.

- Lauren, - Me soltei do braço dela - eu não tô doente, cacete! - Elevei a voz - E também não tô pedindo, eu tô mandando você sair do meu quarto.

- Mas Camila... - Lembrei da frase que Gregg me disse e a interrompi.

- Ah, Lauren! Pára de encher o meu saco! Você não é nada minha. Você não sabe nada da minha vida - Dei uma respirada rápida, porque falei tudo em duas únicas respirações e continue falando - Na verdade você só entrou na minha vida para ferrá-la, cada vez mais! Tô ficando de saco cheio de você! Na boa garota, some daqui.

- Por que isso agora? - Lauren me olhava assustada.

- Porque você não consegue ver. Você não consegue ver que você só tá me atrapalhando. Que você conseguiu me afastar do cara que eu gosto. Você só tá acabando com a minha vida - Ficamos em silêncio, os olhos dela se encheram de lágrimas - Sai da minha casa, Lauren - Essa foi a minha última frase, Lauren balançou a cabeça negativamente e saiu.

 

Eu precisava. Eu precisava fazer aquilo, mas eu não podia controlar o meu sentimento. Meus olhos se encheram de lágrimas, deitei na cama, abracei o travesseiro e comecei a chorar. Eu tinha perdido, antes mesmo de ter, a pessoa que mais me protegeu naqueles meses, a pessoa que mais me deu carinho. Eu tinha magoado ela. Estava me sentindo o ser mais estúpido do mundo, mas se ela continuasse ao meu lado, algo pior podia acontecer. Ai, sim! Eu nunca iria me perdoar. Mas não dava para dizer que eu estava feliz, meu coração estava quebrado em pedacinhos e eu não sabia como juntá-los. Senti uma dor que eu jamais tinha sentido. Acabei pegando no sono.

 

Escutei um barulho intenso. Achei que era do sonho, mas quando olhei para o criado-mudo percebi que meu celular vibrava em cima dele. Já estava de noite. Cocei os meus olhos, peguei o celular, olhei para a tela do celular e era o Keegan. Estranhei. Keegan? Naquela hora? Resolvi atender.
 

- Alô? - Bocejei.

- Camila, desculpa tá te ligando, mas é que a Laur sofreu um acidente. E achei melhor te ligar - Keegan falou e eu apenas fiquei em silêncio - Camila?

- Ela tá bem?

- Tá, foi só alguns arranhões, mas ela gosta tanto de você que achei melhor te ligar.

- Eu tô indo prai, me manda o endereço por mensagem - Parecia que eu tinha saído do choque.
 

Não deixei nem Keegan me responder. Desliguei rapidamente o celular. Peguei um casaco, guardei meu celular no bolso, sai do quarto e desci as escadas rapidamente. Bati de cara com minha mãe e Sofi que estavam saindo da copa. Não dei nem ideia e fui em direção a porta.
 

- Camila? - Mamãe me chamou, mas não respondi - Camila, você vai onde? - Ela me segurou me impedindo de abrir a porta.

- Pro hospital! - Respondi a olhando, eu estava em choque.

- Você tá bem? O que aconteceu? - Minha mãe estava preocupada, tocava no meu rosto. Tirei a mão dela.

- A Lauren sofreu um acidente e eu preciso ir - Peguei a chave do carro em cima da mesinha. Mamãe pegou a chave da minha mão.

- Você não vai dirigir assim. Eu te levo - Nem contestei - Sofi? - Mamãe chamou Sofia.
 

Papai não estava em casa, então mamãe pegou um casaco e colocou na Sofia. Logo saimos de casa. Mamãe dirigia o mais rápido que ela podia, eu não disse uma palavra durante o caminho, estava nervosa, preocupada. Tudo podia ser minha culpa, eu tinha falando varias bobeiras para ela. Chegamos no hospital e eu fui andando na frente, mamãe veio correndo logo atrás de mim, com Sofia. Olhei em volta, mas não vi ninguém conhecido. Fui até a recepção.
 

- Lauren Jauregui? Onde ela tá? - Perguntei para a recepcionista.

- Quarto 401, no final do corredor.
 

Nem respondi nada. Sai correndo dali. Pude escutar minha mãe agradecendo. Caminháva rapidamente quando vi Keegan e senhor Jauregui no fundo do corredor. Caminhei até eles.
 

- Cadê ela? Como ela tá?

- Ela tá o quarto, dormindo - Keegan respondeu. Coloquei a mão na maçaneta da porta.

- Camila - Minha mãe me repreendeu.

- Desculpa - Olhei para o senhor Michael - Posso vê-la?

- Pode sim, querida. Vai la! - O senhor Michael sorriu e pude escutar minha mãe falando com ele.
 

Entrei no quarto e ela realmente estava dormindo. Estava com um arranhão no rosto. Seu braço estava enfaxado. Olhá-la ali, tão desprotegida, machucada, sabendo que eu não poderia fazer nada, me deu uma dor. Uma angústia tomou conta do meu coração. A porta abriu. Era Keegan.
 

- O que aconteceu com ela? - Perguntei baixinho.

- Parece que uma moto a atropelou - Keegan respondeu no mesmo volume - Eu estava passando no local e vi uma confusão, me aproximei e era ela.

- Sabem quem foi? - O olhei.

- Não - Keegan me abraçou de lado.
 

Fiz carinho no rosto dela. Keegan me soltou e foi para o outro lado da cama. Fiquei a olhando enquanto acariciava o seu rosto. Me perdi nos meus pensamentos e veio a frase do Gregg novamente na minha cabeça. "Eu vou acabar com a Lauren!" Suspirei fundo e a porta do quarto abriu.
 

- Eu quero ver a Laur, mamãe - Escutei Sofi do lado de fora.

- É melhor vocês irem embora. O horário de visita acabou - A senhora Clara entrava no quarto

- Eu acabei de chegar... - Tentei questionar, mas ela me interrompeu.

- Mas tá na hora de você ir, queridinha - A senhora Clara falava ironicamente.
 

Olhei para ela. Balancei a cabeça negativamente. Era só o que me faltava, a mãe da Lauren pegando no meu pé. Me aproximei da Lauren, dei um beijo na testa dela, fiz um pouco de carinho no seu rosto e sussurrei para ela.

 

- Fica bem, Lolo! 

 

Voltei a olhar para a porta e a senhora Clara me encarava. Passei por ela, puta da vida. Vi minha mãe com Sofi no colo, Sofi tinha uma carinha triste. Baguncei o cabelo dela.
 

- Depois você vê a Laur, meu anjo.
 

Olhei em volta e vi a Taylor abraçada com o pai e o Christopher sentado comendo alguma coisa. Verô estava do lado dele e me deu um sorriso. Dei um suspiro e caminhei em direção a saída. Entrei no carro, mamãe e Sofi entraram em seguida.
 

- Mãe preciso ir no Gregg. Pode me deixar lá? - Pedi e ela assentiu.

 

Continue com o meu silêncio. Mamãe também não tentou uma conversa, ela sabia que quando eu ficava chateada, eu simplesmente gostava de ficar na minha. Chegamos na casa do Gregg, me despedi de mamãe e caminhei. Toquei a campainha. Gregg atendeu, mas eu não quis entrar. Olhei para atrás e mamãe já tinha ido.
 

- Entra, Mila - Gregg abriu mais a porta.

- Não! Eu só vim falar que você conseguiu.

- Do que você tá falando? - Gregg fez uma cara de confuso.

- Eu sei que foi você quem atropelou a Lauren. Eu vou me afastar dela, mas eu vou provar que foi você. Você vai ver.
 

Virei de costa e ele me puxou pelo braço, mas não deixei, me soltei e voltei a caminhar.