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História Between Two Worlds (Imagine Rosé) - She's the blame


Escrita por: badgirldown

Notas do Autor


olá meus anjossssss, como vcs estão?


semana passada não teve cap e eu peço perdão por isso, procrastinei um pouco nesse capítulo aksaksaks mas é pq a fic ta chegando no final e eu não quero que ela acabe...


enfim, boa leitura 💓

Capítulo 23 - She's the blame


Fanfic / Fanfiction Between Two Worlds (Imagine Rosé) - She's the blame

 Meu corpo ainda sentia o calor da estrela deitada contra o meu peito antes de eu cair no sono. Os seus fios louros se espalhando pela região do meu torso, sua mão direita apoiada em meu abdômen e meu braço a rodeando e a mantendo próxima a mim. Pois tudo o que eu queria era mantê-la próxima a mim. Após deixarmos que nossos corpos se deliciassem um com o outro mais uma vez, nós caímos exaustas na cama, não deixando que a situação na qual nos encontrávamos separasse a nossa pele uma da outra. Não trocamos palavras, apenas afaguei o seu cabelo por um bom tempo e ela desenhou círculos infinitos com seus dedos em minha barriga. Durante esse momento, eu briguei comigo mesma, tentei fazer de tudo para me manter acordada, porque eu sabia que se eu dormisse, aquele pequeno instante com Chaeyoung sumiria para sempre. Mas como todas as outras vezes, isso foi mais um ato que pareceu fora do meu alcance, distante da minha capacidade, o universo também jogou suas cartas e fez questão que eu fechasse os olhos sem nem sequer perceber. Assim, eu não tive tempo para me despedir, para me desculpar mais umas trezentas vezes antes de viver com esse arrependimento pelo resto da minha vida. E se eu ficasse lá? E se eu impedisse a mim mesma de voltar para a realidade principal? Será que isso seria possível? Será que eu realmente sumiria da existência? Será que aquela dimensão, a dimensão de Chaeyoung, desapareceria por completo? Talvez sim, pelo o que o homem barbudo, e não barbudo, deu a entender nas duas vezes que eu o visitei, tudo estaria perdido. Então sim, mesmo que não pareça, mesmo que eu não queira aceitar, a decisão correta era retornar para a minha realidade e seguir a minha rotina como se nada tivesse acontecido, esperando que talvez, somente talvez, uma probabilidade em meio de muitas outras, eu ficaria com a garota que amo no final da história.

De qualquer forma, isso não era um conto de fadas, ou uma comédia romântica como eu muito comparei durante toda essa jornada maluca. Isso era a vida real, a minha vida e eu estava prestes a estragar com tudo mais uma vez. Quando o meu cérebro despertou do sono profundo, eu não quis acordar imediatamente, deixei que o meu corpo se remexesse na cama e que os meus lábios soltassem todos os tipos de resmungos possíveis. Eu me sentia cansada e tomada por uma preguiça enorme, quase como se eu tivesse acabado de sair de um sono de uma noite comum, cheia de trabalho e estresse. Porém, no instante em que eu me permiti fugir desse mar de exaustão, a ficha caiu, e uma lâmpada perturbadoramente se acendeu no final da estrada. Eu estava de volta. Abri os olhos com medo da realidade me atingir com força, sentindo automaticamente o meu peito se espremer dentro de mim e as lágrimas que eu havia empurrado para longe, descerem livremente como um riacho. Aquele quarto, eu conhecia bem. A decoração artística e cheio de uma estética cinematográfica, uma bagunça plena num canto do cômodo e uma janela que lhe abraçava com os raios solares da manhã. Senti o meu estômago revirar e um gosto amargo se misturar com o gosto salgado das lágrimas. O corpo ao meu lado se movia também, e ao invés de me causar espanto como das mil e uma outras vezes, ele me causou incômodo. Eu não deveria estar ali.

- Hum... já acordou, linda? - A voz rouca sussurrou, me fazendo encarar o semblante dorminhoco da garota. Por que elas precisavam ser irmãs gêmeas? Por que o universo resolveu brincar comigo dessa forma? Ele realmente queria que eu experienciasse essa enorme quantidade de dor e sofrimento? Mesmo depois de conseguir todas as respostas que eu precisava, eu ainda me via cheia de dúvidas. Ignorei a tentativa da loira em agarrar a minha cintura e me sentei na cama. Eu precisava ir embora.

- Ei.. aonde você vai? Fica mais um pouco - Ela resmungou novamente, seus olhos ainda fechados e o seu corpo sentindo a minha distância pelo os meus movimentos na cama. Apoiei os meus pés descalços no chão e fiquei de costas para a garota, sentindo sua mão subir pela minha pele nua e me acariciar com carinho. Fechei os olhos fortemente, sentindo cada átomo do meu ser se arrepiar com o toque. Por que as coisas tinham de acontecer desse jeito? Por que eu tive que escolher deixar Chaeyoung para trás e não.. e não ela?.

- E-eu.. eu preciso ir - Gaguejei, um nervosismo súbito se misturando com a indignação que eu estava tentando acalmar. Entretanto, ela crescia a cada segundo. Pois quando aquela voz ecoou pelo quarto novamente, eu trinquei o maxilar e deixei que as lágrimas de raiva continuassem a cair, minha mente presa em todos os momentos que eu compartilhei com a estrela do teatro.

- Qual é.. fica um pouco. É domingo, você vai embora depois.. - Ela insistiu, sua voz se aproximando dos meus ouvidos enquanto eu apertava os olhos novamente. Senti seu corpo se mover no colchão e então suas mãos encontrarem os meus ombros. E foi aí, que eu perdi o controle. Como eu poderia deixa-la me tocar dessa maneira quando ela é a culpada de tudo isso? Quando ela é a responsável por eu ter viajado para a outra realidade e vivido por um tempo uma experiência que eu não estava suposta a viver agora? Como eu poderia sentir suas mãos em minha pele e não pensar no fato de que, talvez, eu nunca mais sinta Chaeyoung me tocar dessa forma?.

- Que droga, Rosé, eu vou embora! - Gritei de imediato, não percebendo como eu havia aumentado o meu tom de voz até sentir minha garganta formigar por conta do grito e do nó que se adequava ali. Senti mais uma vez a movimentação da garota, suas mãos se afastando dos meus ombros, mas voltando brevemente para me virar para ela.

- Ei. Qual o problema? - Ela questionou, um olhar confuso e preocupado me encarando. Os seus traços familiares e o seu corpo desnudo apenas fez com que a sensação de incômodo e desconforto crescesse mais dentro de mim.

- Você. Você é o meu problema. Você me destruiu - Murmurei entredentes, as lágrimas molhando o meu rosto completamente e pingando sobre o meu busto exposto. Eu poderia estar dizendo bobagens, atacando uma pessoa que, assim como eu, não possui controle algum sobre este acontecimento estranho, porém, parecia mais fácil apontar o dedo para alguém que me lembraria do que eu deixei para trás, do que aceitar que essa foi a decisão que eu tomei. O cenho de Rosé franziu com as minhas palavras, se curvando numa confusão inesperada.

- O que? Do que você está falando? - Ela questionou, rindo fracamente da situação, provavelmente tentando apaziguar o ar tenso e obscuro que me cercava enquanto sua mão alcançava a minha na cama. Ver a garota agir com bom humor fez com que eu me sentisse enojada com a minha atitude, mas não me fez conseguir impedir que eu continuasse a ataca-la.

- Por que você me ofereceu uma bebida naquela noite? Você disse que iria encontrar com a sua irmã. Era isso que você estava fazendo quando nos esbarramos? - Perguntei, levando minhas mãos até meu rosto encharcado e limpando os rastros daquelas lágrimas cheias de dor e arrependimento. Pensar na possibilidade de que Chaeyoung era quem eu deveria ter conhecido naquela noite me assombrava mais do que qualquer outra coisa, pois isso significaria que eu não teria que experienciar todos esses acontecimentos dolorosos, eu simplesmente conheceria o amor da minha vida e então viveria com ela feliz para sempre. Ou talvez não, como eu disse, isso não é um conto de fadas, e o próprio senhor Kim me avisara de que eu estava suposta a passar por tudo isso para que eu não me desviasse do meu destino. E se eu realmente conhecesse Chaeyoung naquela noite? Será que ficaríamos juntas? A probabilidade pendia mais para uma resposta negativa. Talvez eu devesse agradecer Rosé por ter iniciado tudo isso. A loira me encarou, ainda confusa com o que eu dizia, e espantou qualquer vestígio de uma reação brincalhona de seu rosto. Agora as coisas iriam desandar.

- Como? Por que você está me perguntando isso? - Ela retrucou, seu tom transparecendo um pouco de sua irritação e incômodo, e suas mãos puxando o lençol para cobrir o seu corpo desnudo.

- Porque eu quero saber. Que droga, me responde logo! - Me exaltei novamente, ignorando os pensamentos que corriam pela minha cabeça naquele instante. Eu deveria agradecê-la por ter me aproximado de Chaeyoung. A garota arregalou os olhos com a elevação de minha voz e então respirou fundo, mantendo o controle de suas ações, o que a difere de mim naquele momento.

- Ei, ei, pode abaixar a sua voz. Eu não tenho que te dizer nada sobre isso. Por que esse interesse todo sobre a minha irmã? - Ela questionou, seu semblante sério e um tanto desconfiado. Analisei seus traços familiares por mais um segundo enquanto diversas respostas transitavam pela minha mente. Existia a opção de eu lhe dizer a verdade, lhe contar tudo o que aconteceu comigo, mas a questão era que eu não tinha mais força para isso. Não existia mais energia dentro de mim para passar por esse processo de tentar provar que eu não era uma maluca inventando um mundo inexistente. Eu poderia dizer qualquer coisa que batesse com aquela realidade como um "eu me interesso pela sua irmã gêmea, é isso". Entretanto, eu não me importava o suficiente para concertar aquele estrago que eu já estava fazendo. Se me afastar de Rosé era o único caminho para que as viagens não acontecessem mais, e eu pudesse seguir a minha vida sem me preocupar se o universo vai implodir a qualquer minuto, então que assim seja. Eu já havia perdido a garota que eu amo mesmo.

- Eu não deveria ter ficado com você. Esse foi o maior erro da minha vida - Murmurei com a cabeça baixa, fechando minhas mãos em um punho enquanto eu tentava segurar mais uma vez aquelas lágrimas malditas. Eu estava novamente magoando aquele rosto delicado. Rosé bufou desacreditada com a minha fala e eu engoli em seco.

- Quer saber? Vai embora. E eu realmente espero que você não apareça mais. Vai! - Ela exclamou, seu braço direito apontando na direção da porta. Levantei o meu olhar mas evitei admirar qualquer traço da garota na minha frente, recolhi as minhas roupas do chão e comecei a vesti-las. Quando eu finalmente estava pronta, me guiei para a saída do quarto, repetindo para mim mesma que os danos que eu havia causado naquelas últimas horas foram necessárias para o mundo não entrar em colapso. Mas a verdade era, que eu poderia ter lidado com tudo isso de uma forma diferente.

[…]

Durante a minha caminhada lenta e desanimadora pelas calçadas da grande Nova Iorque, eu me debati com o desejo de entrar em qualquer bar, em plena dez horas da manhã, e ingerir qualquer tipo de líquido que possuísse um enorme teor alcoólico. Eu olhava para a entrada convidativa daqueles estabelecimentos que exalavam exatamente a energia que eu estava procurando e então pensava duas, três vezes antes de respirar fundo e continuar caminhando. Beber como alguém que acabara de passar pela experiência mais insana que existe não resolveria os resquícios das consequências daquelas viagens paralelas, apenas me deixaria bêbada e mais insuportável, se é que isso era possível. Então, eu simplesmente rumei até o único local de conforto e descanso que eu ainda possuía após esses acontecimentos drásticos: o meu apartamento. Uma sensação de nostalgia e melancolia percorreu minhas veias como uma corrente elétrica quando eu cheguei no bairro em que eu morava. Os meus olhos inchados encarando aquele prédio e então lembrando vagamente de como eu vivi numa cópia daquele lugar sem sequer saber, por um tempo, que ele não era o meu verdadeiro lar. Inalei uma quantidade enorme de oxigênio e segui para o interior do estabelecimento, embarcando no elevador que estava prestes a se fechar. Menos de cinco minutos depois e eu me encontrava encaixando a chave na fechadura, abrindo a porta e finalmente respirando com mais facilidade. Eu estava em casa. Olhei ao redor de forma curiosa, como se eu nunca tivesse pisado naquele lugar antes e acabei encontrando uma garota esparramada no sofá, sua cabeça apoiada no braço do estofado e suas mãos segurando o celular muito próximo de seu rosto, ela estava distraída e curiosamente animada.

- Jisoo.. - Sussurrei aos prantos, sentindo minha garganta fechar de vez e as lágrimas voltarem a cair com força, uma cachoeira de sentimentos ruins. A garota citada olhou na direção de minha voz chorosa e pulou do estofado imediatamente, suas expressões caindo de felicidade para preocupação em questão de segundos.

- S/N? O que houve? - Ela disse aflita enquanto eu me jogava em seus braços e afundava o meu rosto na curvatura de seu pescoço. A mais velha me abraçou de forma receosa, provavelmente confusa sobre o que poderia estar acontecendo. Afinal, para ela, havia se passado apenas uma noite e no dia anterior eu não me encontrava desamparada como eu estava naquele instante. Meus braços apertaram o corpo pequeno de minha melhor amiga, procurando aquele refúgio que eu não tive durante todo o tempo que eu passei na outra realidade. Era exatamente isso o que eu estava precisando.

- Espera, não me diga que… você estava na outra dimensão? - Ela supôs, seu tom ainda confuso com a situação e suas mãos acariciando as minhas costas. Me afastei da morena, percebendo como eu havia molhado a região de seu ombro com o meu choro exagerado e lhe encarei com a visão embaçada.

- S-sim - Respondi com dificuldade, fungando em seguida. Jisoo sorriu fracamente para mim e posicionou uma de suas mãos em meu rosto, limpando as lágrimas com o seu dedão.

- E o que aconteceu? - Ela questionou, trazendo automaticamente aquele conhecido aperto no meu peito. Seus olhos me olhavam com cuidado, analisando o meu estado deplorável com atenção para não permitir que as palavras erradas caíssem de seus lábios. Suspirei e tentei recompor minha imagem, esfregando minhas mãos pelo o meu rosto e me livrando da umidade que estava ali, encarando a mais velha com desesperança.

- Tudo o que eu não queria, Soo... alguma coisa estranha aconteceu e mudou o tempo lá, fazendo com que eu ficasse sumida por uma semana - Expliquei rapidamente, não percebendo a velocidade que as letras iam se formando em frases e então escapando de minha boca. Eu estava desconcertada. A garota me observou com o cenho franzido e depois olhou para algum ponto aleatório no chão, clareza tomando conta de sua mente.

- Foi o que aconteceu por aqui também da última vez - Ela comentou para os ares, e eu apenas assenti ao fungar novamente sem perceber.

- E isso... isso arruinou as coisas entre mim e Chaeyoung - Continuei a explicar, caminhando para o sofá quando senti minhas pernas fraquejarem. Na verdade, todo o meu corpo parecia mole e sem disposição alguma.

- O que? Mas vocês se acertaram? - Kim perguntou, fechando a porta do apartamento e seguindo em minha direção, sentando no espaço ao meu lado, de frente para mim. Olhei para a confusão em sua testa e agarrei suas mãos, tentando acalmar a tremedeira na qual as minhas se encontravam.

- E-eu conversei com o barbudo na outra dimensão… e-e ele me disse que a única forma de eu concertar tudo isso, de eu não perder essa vida, seria voltando para cá - Falei, relembrando brevemente da fisionomia do senhor Kim que a morena conhecia, minha fala ainda saindo junto do nervosismo.

- Você está aqui… então, está tudo resolvido? - Ela disse confusa, parecendo perguntar mais para si mesma do que para mim enquanto apertava as minhas mãos levemente entre as dela.

- Sim.. mas.. eu tive que deixar Chaeyoung para trás. E Soo… ele me disse que tudo isso aconteceu porque eu tenho que ficar com ela - Declarei, sentindo o choro fazer seu caminho de volta pela a minha garganta, banhando o meu tom de voz com insegurança. A mais velha arregalou os olhos e balançou a cabeça em negação.

- Eu não entendo… como isso é possível se você teve que deixar ela lá? - Ela trouxe a questão mais importante, me fazendo engolir o gosto amargo da minha boca.

- A Chaeyoung dessa realidade, ela namora. E você é mais próxima da Rosé. Não é? Eu não estou entendendo esse jogo - Jisoo continuou, parecendo estar fazendo um mapa mental de como as coisas funcionavam naquela dimensão. Entretanto, quanto mais ela falava mais sem fé eu me tornava. Se o meu destino realmente era ficar com Chaeyoung nessa realidade, então, por que o universo deixou que eu me aproximasse de Rosé? Foi apenas um erro matemático? Uma intrusão como o senhor Kim disse que fora? Se não era pra ser, por que me permitiram conhecer a universitária primeiro? Simplesmente para saber como seria perder aquela que eu amo?. Me senti tonta com as dúvidas, eu não queria mais tentar entender.

- Eu tenho que me afastar de Rosé também. E depois do jeito que eu falei com ela hoje, não acho que ela vai querer se aproximar de mim, de qualquer forma - Confessei, soltando as mãos da mais velha e deixando que os meus dedos se escondessem nos fios da minha cabeça. Eu estava me sentindo enojada pela forma como eu havia falado com a loira. Ela, certamente, não merecia todo o meu ódio e frustração. Espero que ela seja capaz de me perdoar, pelo menos ela.

- Isso não faz sentido, S/A. Você tem certeza de que foi isso o que ele disse? - A morena insistiu e eu apenas assenti com pesar, encarando o carpete embaixo da mesinha de centro.

- Sim.. ele disse que o universo iria dar um jeito de me juntar com a Chaeyoung, já que isso é algo que tem que acontecer. Mas… ela sequer me vê dessa forma, Soo. Como isso será possível? - Questionei, virando o meu rosto inchado para a minha melhor amiga, esta que me olhou com dor em seu semblante acolhedor.

- Eu não sei… talvez a gente deva esperar e deixar que as coisas sigam o seu caminho - Ela falou, depositando uma mão em minha perna e acariciando o local tranquilamente, na tentativa de me confortar.

- Eu não consigo.. eu.. eu amava ela, Soo. E-eu.. eu amo ela - Falei, desmoronando novamente em lágrimas. E o que me preocupava era que as lágrimas quase não caíam mais, era somente o arrependimento e o coração quebrado batendo na porta. Será que teria como ficar pior do que isso?.

- Eu sei. Mas se você tivesse ficado lá, nós nunca mais iríamos nos ver. E eu duvido muito que a Jisoo dessa outra dimensão seja melhor do que eu - A mais velha comentou, sua voz beirando a um tom divertido. Sorri fracamente e olhei para a morena.

- Ela não era. Na verdade, ela… eu contei a verdade para ela e ela achou que eu estava louca. Ela até ligou para a minha mãe - Recordei, recebendo uma reação perplexa da garota.

- O que? Eu fiz isso? - Ela exclamou, seus olhos esbugalhados e suas expressões presas num completo julgamento interno. Se eu não estivesse imersa no meu sofrimento talvez eu estaria rindo do semblante da Kim.

- Você nunca faria, não sem antes ter certeza de que eu estaria pronta. Mas ela fez e foi… eu não espero que isso aconteça tão cedo por aqui - Falei, interrompendo minha própria falar ao lembrar de como eu me senti desamparada por ver minha progenitora depois de tanto tempo. Realmente não me faria bem reviver esse momento nessa realidade também.

- E não vai, ok? As coisas vão melhorar daqui pra frente e você e Chaeyoung ficarão juntas. Está me ouvindo? Afinal, vocês são almas gêmeas - A morena me assegurou, me fazendo sentir a vontade de chorar percorrer o meu corpo mais uma vez. Funguei e dei uma risada esperançosa, decidindo que aquilo poderia ser um sinal do universo, já que a garota usara as mesmas palavras que o barbudo usou para denominar a minha relação com a loira.

- Eu nunca achei que eu fosse gostar de ouvir você falando isso - Murmurei, apenas para ver um leve sorriso se esticando nos lábios da mais velha.

- Viu? Eu sempre soube de tudo. Sou vidente e consigo dar uma espiada no futuro de vez em quando - Ela falou de forma convencida, ajeitando a postura e olhando para algum ponto aleatório na nossa sala de estar. Ri fraco. Jisoo sempre sabe como fazer eu me sentir melhor.

- Se você diz… mas ei, por que você estava toda sorridente mexendo no celular? Você e o Scott se ajeitaram? - Resolvi perguntar, deixando o assunto da tragédia que era a minha jornada amorosa para focar na complexidade dos relacionamentos da própria morena.

- Ugh.. ainda bem que você voltou. Eu não sei o que fazer, S/A - Ela disse de forma dramática, abandonando a sua postura convencida e deixando o seu corpo cair para trás no sofá, completamente desajeitada. Franzi o cenho.

- Como assim? Aconteceu algo entre vocês? De novo… - Questionei, sussurrando a última parte ao lembrar que a relação da minha melhor amiga com o baterista da minha banda era a única coisa que me deixava com dor de cabeça antes da noite no Spotlight. As coisas eram mais fáceis antes desse dia.

- Ai! - Reclamei ao sentir a palma da garota bater contra o meu braço. Olhei para a mais velha com uma expressão indignada e ela apenas deu de ombros.

- Isso é porque você fala demais. E não aconteceu nada, o mesmo de sempre, mas… - Ela explicou de forma vaga, adicionando a impaciência na minha lista enorme de sentimentos que ocupavam o meu interior naquele momento. Ela parecia receosa em me contar sobre o assunto.

- Mas o que, Jisoo? - Falei, deixando que a minha pressa em saber sobre a situação transparecesse na minha voz enquanto eu voltava a limpar as poucas lágrimas que ainda estavam em meu rosto.

- É a Jennie - Ela respondeu de uma vez, me fazendo arquear uma sobrancelha.

- A sua colega da faculdade? - Perguntei confusa, apenas para confirmar.

- Sim... - Ela concluiu a minha dúvida, escondendo o rosto em uma das três almofadas que ficavam no sofá.

- O que tem ela? - Continuei com as perguntas, estranhando o jeito tímido e hesitante da minha melhor amiga. Se tinha uma coisa que Kim Jisoo não possuía, era vergonha. Se ela quisesse dizer algo, ela diria sem empecilho algum. Mas ali, naquele instante, ela parecia estar nervosa e.. apaixonada? Eu poderia estar colocando um tempero a mais, porém, a garota sentada na minha frente tinha os olhos brilhando de um jeito que eu nunca vira antes.

- Ela.. meio que.. se declarou para mim - A mais velha compartilhou lentamente, abaixando a almofada na altura de sua boca para que sua expressão insegura encarasse o meu semblante chocado e sem reação alguma. Como eu reagiria á isso?.

- Uau. Sério? Quando? - Perguntei curiosa, minha mente ainda processando aquela informação. O que isso significava para o relacionamento dela e do Scott então?.

- Ontem. Quando você estava com a Rosé provavelmente. Ou já em outra dimensão, não sei - Ela disse, finalmente abaixando a almofada de vez e me olhando com mais confiança. E foi aí que eu percebi que ela tinha medo que eu a julgasse de alguma forma. Entretanto, não havia nada para ser julgado e aquela conversa não estava acontecendo em um tribunal.

- E o que você disse? - Falei, me ajeitando no sofá, subindo uma perna no estofado e apoiando o meu braço direito nas costas do móvel, meu rosto ainda propagando o sentimento de perplexidade sobre aquela novidade. Eu passo uma semana inteira, em uma outra dimensão, tentando me manter longe da única pessoa que eu quero estar perto e no meio tempo minha melhor amiga recebe uma declaração? Eu gostaria muito de saber quando o universo vai tirar férias.

- Que eu.. me sinto da mesma forma? - Ela continuou, seu tom hesitante voltando enquanto ela me entregava sua resposta. Arregalei os olhos novamente e bati levemente na perna da garota.

- Jisoo! Mas e o Scott? Você vai terminar com ele? - Joguei a questão mais importante daquele momento, observando as expressões da morena mudar para uma mais pensativa.

- É o que eu pretendo fazer hoje a noite. Você lembra que vocês tem show né? - Ela disse, me fazendo balançar a cabeça em descrença. Eu não me lembrava, mas de qualquer forma, depois de tudo o que aconteceu nesses últimos dias na outra realidade, como eu poderia me lembrar? Havia outras coisas perturbando a minha memória.

- Você vai terminar com ele antes de um show?! Tá querendo que eu fique sem baterista? - Exclamei, batendo a almofada fracamente no corpo da mais velha.

- Vai ser depois, e eu não acho que ele vai ficar tão abalado assim, então não se preocupe. As coisas já não estão bem entre a gente, provavelmente ele vai é me agradecer - Jisoo segurou a almofada e cessou com o meu pequeno surto, desabafando brevemente sobre a sua situação com o garoto.

- E está tudo bem pra você que ele reaja assim? Você gostava muito dele, Soo - Falei sinceramente, me preocupando com essa atitude altamente confiante da minha melhor amiga. Quando ela e o Scott começaram a namorar foi como um novo casal entrando em cena numa série adolescente. Eles sempre pareceram muito apaixonados um pelo outro, principalmente Jisoo, por isso eu me encontrava receosa com aquela declaração da garota. E se aquilo afetasse ela mais do que ela imagina?.

- Eu sei mas.. acho que todo essa sua jornada para ficar com o amor da sua vida me fez perceber que eu não era tão feliz assim com ele, então.. por que não tentar com outra pessoa? - Ela declarou, me fazendo assentir enquanto as palavras conscientes caíam de seus lábios. No final, quando sua fala já havia cessado, eu me vi sorrindo de uma forma boba, a vontade de chorar virando a esquina de novo. Eu realmente estava emotiva naquela manhã.

- Eu estou orgulhosa de você - Confessei, agarrando as mãos da mais velha e engolindo o choro. Não era o momento para trazer os meus problemas átona novamente. A morena sorriu e apertou minhas mãos de volta.

- E é claro que eu irei te apoiar nesse novo relacionamento. Quando que eu posso conhecer ela? - Perguntei, pensando finalmente no encontro com a garota que a minha melhor amiga tanto falava nesses últimos meses.

- Talvez hoje a noite, não sei. Eu falei pra ela sobre o show e disse que conversaria com o Scott, então não tenho certeza se ela vai aparecer - Jisoo explicou e eu assenti, faria sentido se a universitária escolhesse dar espaço para que a sua pretendente colocasse as cartas na mesa com o atual namorado.

- Bom, sempre tem outras oportunidades - Comentei, sorrindo fracamente para a mais velha e depois me inclinando para frente para começar a retirar os meus tênis.

- Você se sente melhor? Eu sei que você deve estar muito mal por causa da Chaeyoung mas.. eu queria mudar o assunto pra você se distrair um pouco - Ela disse, me observando me livrar do calçado e subir completamente no sofá, posicionando uma almofada no colo dela e então deitando minha cabeça ali, o meu corpo encolhido como uma criança com medo.

- Eu sei, e obrigada por isso, Soo. Eu fico.. aliviada, de certa forma, por ter voltado. Eu não iria gostar de perder você também - Desabafei, sentindo o meu peito desapertar um pouco ao dizer aquelas palavras. Eu poderia ter escolhido retornar por conta da pequena esperança que ainda existia para mim e Chaeyoung nessa dimensão, mas saber que isso me trouxe de volta um outro alguém que também me amava incondicionalmente me deixou menos aflita. Talvez Jisoo estivesse certa, talvez as coisas melhorem daqui pra frente.

- Ainda bem que você fez a escolha certa então - A mais velha comentou, seus dedos correndo pelo os fios do meu cabelo, me acalmando aos poucos e me trazendo o sentimento de segurança que eu precisava para cair no sono.


Notas Finais


deixa eu surtar um pouco aqui....



ROSÉ TA FINALMENTE VINDO AÍ GENTE AAAAAAAAAAAAA ALGUÉM ME SEGURA QUE EU VOU CAIR


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