História Beyond Blood - Dramione - Desalento;

Uma muralha em queda, caindo junto com todas as colunas que a seguravam, enterrando junto quem estava por perto, deixando apenas poeira e ruína. Esse é o desespero. 

Malfoy se manteve firme, se concentrando na mínima coisa preso naquela escuridão junto a ele, sem sua varinha e sem sua liberdade. As trevas estavam em todos os lugares e não havia saída, mas qual era o real significado de continuar a tentar quando tudo se perdeu ? ele sabia o nome, Hermione Granger, mas agora a luz dela não brilhava nessa ruína e ele estava sozinho. 

O sol brilhava na janela da cozinha da cada Black, Hermione levantou tarde, se encontrava sozinha com o elfo doméstico, ela tomou um café da manhã tranquilo que Monstro preparou, com torradas e geleias de morango, diferente do dia anterior ela estava um pouco mais leve, a dor não havia passado por completo mas estava anestesiada, em algum lugar de seu peito, cravada lá no fundo. Satisfeita da refeição ela se levantou pronta para se arrumar, hoje era o dia de sua entrevista de emprego, ela vestiu sua camisa básica de manga longa em linho da cor branca, uma saia preta colada ao corpo que ia até seus joelhos, e um blazer da mesma cor que a saia, nos pés Hermione calçou um saltinho bem pequeno da cor bege com pedrinhas vermelhas na fitinha. Seus cabelos foram lavados e ficaram soltos com trancinhas nas primeiras mechas uma de cada lado da cabeça, ela se olhou no espelho contente e respirando fundo para acalmar seu nervosismo. 

Sentindo-se pronta, ela saiu de casa e desaparatou. 

A entrevista durou cerca de uma hora e meia, ela havia engolido o ar nas duas primeiras perguntas com se fosse possível perdê-lo a qualquer momento, mas depois de alguns minutos seu coração se acalmou e tudo a sua volta voltou a se acalmar, fazendo com que Hermione falasse com a entrevistadora mais abertamente e com sinceridade. Agora ela teria que esperar uma carta que diria se a garota estava contratada ou não, que chegaria daqui uma semana. 

O ministério estava cheio de pessoas que a reconheciam por todo canto em que ela andasse, muitos paravam para cumprimentar e se mostravam entusiasmados com a entrevista, e também garantindo que o cargo já pertencia a ela sem muito esforço, pelo seu histórico conhecido no mundo bruxo. Hermione ficou orgulhosa de si mesma, e com esperança de conquistar o tão sonhado cargo. Antes de voltar para casa ela procurou por Rony e Harry no setor dos aurores, mas estranha a ausência dos dois amigos todos os companheiros deles disseram não ter visto eles, e que possivelmente nem sequer chegaram. Com um curioso incômodo ela voltou para casa na esperança de os encontrar lá, esperança que foi quebrada rapidamente. 

_ Monstro viu os seus senhores saindo cedo pela manhã. - disse o elfo após ser questionado. _ Mas os senhores estavam vestidos para o trabalho como todos os dias. 

_ Não tinha nada suspeito neles Monstro ? - Hermione insistiu. 

_ Não senhora, Monstro não ouviu nada, eles falavam sobre várias coisas, como… como quadribol, Monstro não achou importante ouvir. 

_ Se eles chegarem me avise, por favor Monstro ?

_ Claro minha senhora, é claro. 

Mas isso não foi preciso, Harry e Rony chegaram no horário de almoço, quando Hermione ajudava Monstro a preparar a refeição. Os garotos chegaram calados, aquilo incomodava Hermione porque ela percebia que tinha algo de errado, mas nada falaram até o final da refeição, o silêncio parecia sufocante e a comida estava deliciosa mas não passava na garganta. Era os segundos antes de explodir a bomba, e fazer o chão tremer, se parecia muito com uma daquelas histórias em que o personagem está amarrado solitário próximo a bomba relógio, que vai chegando nos seus últimos dez segundos antes de explodir tudo e levar ele junto, mas não haveria um resgate clichê, era somente a bomba e a vítima. 

_ Hermione, nós precisamos conversar. - Rony disse, ele foi corajoso o suficiente para iniciar o relato, Harry engoliu em seco olhando para baixo, o garoto não sabia oque dizer ou como explicar tudo. 

_ O que é Rony ?- ela olhou para os dois,  ficando preocupada com o silêncio que insistia em residir. _ Diga de uma vez! 

_ Fomos até a Mansão Malfoy!!- O coração de Hermione bateu freneticamente e seu corpo gelou. 

_ O'Que ?.. - ela foi interrompida por Harry 

_ Deixe ele terminar, Mione, Deixe ele terminar. - Potter disse

_ Fomos ver se Draco Malfoy estava lá, se ele poderia falar conosco. Bom… ele estava, e falou com a gente, estavam todos lá, a família completa, a mãe parecia uma múmia, e ele estava sério com Lucius ao seu lado e aquele sorriso cínico dele. Mas Draco estava de cara fechada, meio duro perguntamos a ele aonde ele havia se metido para não aparecer ou responder você. 

_ Nos disse que estava ocupado demais! - Harry completou, aquilo quebrou o coração de Hermione em milhares de pedaços e ela podia sentir o vazio ali novamente. 

_ Perguntei do que diabos ele estava falando se não custaria nada ele dar notícias, mas Draco apenas respondeu que não era da nossa conta. 

_ Além disso, ele estava muito diferente, não parecia ser o'que realmente era, ele apertou os olhos muito forte duas vezes, e sempre respirava alto, como se estivesse exausto, ou preso. - Disse Harry se lembrando desse detalhe- O'Que quer seja que ele tenha parece ser coisa ruim. 

_ Tem mais uma coisa. - Rony chegou ao ponto que Harry havia evitado, Hermione olhou para o ruivo com os olhos cheios de lágrima. _ Ele pediu, para não o procurar mais, e seguir sua vida longe dele. - Foi aí que a bomba explodiu levando a vítima, e nada parou de desmoronar. 

_ Isso é mentira! - Hermione se negou a acreditar, era uma confusão sem fim, ela não encontrava as peças, nada ali se encaixava, mas agora era tudo escuro e já era o fim sem esperança ou salvação. 

Os garotos nada disseram, Hermione não tinha ao que agarrar para não cair, e não tinha um pilar para segurar seu mundo e evitar que ele desmoronasse, Toda água invadiu seus olhos, e o fogo queimou seu peito, mas era no vazio que reside sua maior dor que não tinha cura. 

_ MONSTRO ! - gritou Harry, o Elfo se aproximou correndo com um pequeno frasco em suas mãos, que continha um líquido amarelo, no rótulo dizia “poção do sono”. 

Hermione desabava nos braços do amigo ruivo, agarrada ao vínculo, despedaçada pela dor, 

 _ Mione tome, vai fazer com que se acalme ao menos um pouco -  a garota balançava a cabeça se negando mas mesmo assim ela deixou que Potter lhe desse a poção, para fugir da dor, do vazio, e do escuro. 

Cinco segundos foram precisos até o efeito, então sua visão estava turva e sua mente se apagava, a última lágrima caiu, sobrando apenas os suspiros e os soluços, Rony a levou em seus braços e a deitou na cama, cobrindo seu pequeno corpo magro e pequeno, do frio ou dos medos. 

O dia passou rapidamente, lá fora caia a chuva fina de verão, Rony e Harry não deixaram a casa, ficaram esperando por Hermione acordar mas a garota ainda estava mergulhada num profundo sono. Eram sete da noite quando ela abriu seus olhos bem devagar, seu corpo estava cansado ela saiu debaixo das cobertas e pegou sua toalha e uma troca de roupa indo para o banheiro bem devagar sem querer deixar os garotos perceberem sua presença. A água fria caiu em seu corpo, e ela ainda tinha a mente nublada, pois tudo era tão infinito mas Hermione não conseguia sentir quase nada no momento, só o cansaço e um pouco da anestesia da dor, era apenas isso em sua visão turbulenta. 

Ela sentiu seu coração bater e lá no fundo, imaginou ao que ele se agarrava para continuar, agora sem Draco tudo havia se perdido, o amor, ela, a investigação, as razões e a felicidade. Todo o seu corpo se esvaziava como um balão, mas Hermione se sentia jogada no chão. Ela secava seus cabelos quando alguém bateu na porta. 

_ Mione, está tudo bem aí ? Sou eu, a Gina. - A garota respirou fundo cansada como se o seu corpo carregasse um peso enorme. 

_ Estou bem Gina. 

_ Monstro fez o jantar, disse que preparou uma deliciosa torta de carne muito especial para você. - Hermione sorriu de lado feliz por Monstro ser um elfo doméstico tão bondoso. 

_ Diga a ele que eu jantarei, e que adoraria um Gin-tônico. Para aumentar os ânimos. 

_ Claro, Mione… eu direi. - Gina disse meio contra sua vontade, já que não gostaria que a amiga bebesse. 

_ Obrigada Gina!

_ De nada Mione! - a ruiva se afastou. 

Hermione se apoiou na pia do banheiro, levou seus olhos ao espelho encarando sua imagem, parecia uma face torturada e solitária, era gritante e desesperadora, o rosto estava inchado e vermelho, com bolsas cansadas de baixo dos olhos, ela puxou o ar que passou entre o vazio quebrado de seu corpo, ardia em seu pulmão, a primeira e a segunda lágrima caíram sufocadas e cheias de dor e saudade, então ela perdeu o ar, sua mão apertou sua boca e o choro desceu descontrolado, como uma tempestade. 

Hermione saiu do banheiro com toalha em seus cabelos e a roupa suja em seus braços, todos estavam na sala quando ela passou pelo corredor, a garota deu um rápido cumprimento para Padma Patil, que era a atual namorada de Rony. Quando já estava em seu quarto, Monstro veio chamá-la para ir jantar, e também usou em excesso vários elogios, Hermione achou que talvez essa era a maneira dele deixar alguém feliz, fazendo sua comida e elogiando todos os detalhes, ela agradeceu ao elfo. 

O jantar havia um certo incômodo, Padma se sentia um pouco enciumada sobre Hermione, mas nada disse a Rony, os outros tentavam manter um diálogo para deixar Hermione mais a vontade, porém a garota mal tocava na comida, mas se esforçava na torta de carne que Monstro fez, para não magoar o elfo. Mas nada ali tinha o velho sabor de sempre, delicioso e macio, na verdade parecia cinza, cinza na cor, no sabor, cinza ao redor e em tudo oque ela via, sem graça e morto. Hermione amava Malfoy, mas nunca imaginou a quantidade, e agora que esse amor se partiu, era como se uma corda a enforcasse. 

Já era setembro o outono havia chegado, Hermione agora estava trabalhando no ministério e ganhava destaque com suas idéias sobre o F.A.L.E, a neve caía fininha e aos poucos cobria o chão, Granger havia mudado nos poucos meses, uma mulher adulta, estava mais séria e solitária, sempre andando por aí com seu olhar feroz e seus cabelos soltos, ela congelou a dor e o amor no lado esquerdo de seu peito quebrado, com dificuldade seguiu em frente, nunca mais viu Zabini, e Nott continuava escondido, houve ataques em casas de famílias com bruxos nascidos trouxas, Harry e Rony investigavam tudo mas pouco descobriram sobre o paradeiro de Cyril Shafiq. Em agosto ela se mudou para um pequeno apartamento trouxa, tinha apenas um quarto, mini cozinha, banheiro e sala, não era muita coisa mas ela se sentiu melhor ao se mudar e sair de vista, pois Padma começou a ir na casa Black todos os dias e Hermione percebeu que ela era um problema, também estava livre em seu próprio lugar, a noite quando chegava ela ouvia música e dançava sozinha enquanto fazia o jantar, adorava vinho suave e de criar suas teses para o trabalho, a pequena varanda era visitada toda noite para que Hermione observasse a cidade brilhar em seus olhos sem cor. 

Era uma manhã de segunda e caía neve lá fora, ela entrou em sua sala pequena, estava eufórica havia acabado com mais uma tese sobre o tratamento aos Elfos Domésticos, Hermione havia se tornado a número um na linha de frente para a luta dos direitos dos elfos. Quando ela terminou sua apresentação cheia de aplausos, foi até a cafeteria, precisava de algo quente e que a fizesse se concentrar, estava colocando o café preto no copinho branco quando alguém tocou seu ombro, ela se assustou derrubando seu café no chão e virando rapidamente, seu coração acelerou quando viu quem era. 

Theodore Nott. Bem a sua frente em carne e osso, mas com um rasgão em seu belo rosto, a ferida pegava parte da maçã do rosto até o meio do nariz. 

_ Nott ? - Ela olhou chocada o garoto, se esquecendo o café do chão. - O que houve com você ? 

_ Cyril Shafiq me achou. Foi mandada atrás de mim, aquela megera! 

_ Aonde estava ? - Ela perguntou preocupada, sem vergonha se aproximou e tocou a ferida, parecia que estava infeccionada. 

_ Albânia, fugi dela mas um feitiço ricocheteou e acabei me ferindo, não sou bom com feitiços de cura. - Nott explicou. 

_ Venha até a minha sala! Irei chamar Harry e Rony, não pode ficar aqui, ou saberão e irão vir atrás de você. 

Ela levou o garoto para sua sala e chamou Harry e Rony imediatamente, os garotos apareceram enquanto ela lançava um feitiço no machucado do Theodore, ela fez algo forte para não ficar a cicatriz, Theo agradeceu a ajuda de Hermione, e depois o garoto explicou tudo para Rony e Harry. 

_ Estava na Albânia, cansado de fugir, eu sabia que ela estava procurando por mim, pois parei em um bar na Sérvia, era um local bruxo, muito escuro mas sempre tinha alguém no fundo me observando, estava preparado pelo ataque, mas ele não veio, deduzi que era por muitas testemunhas e o risco de ser capturada. 

_ Ela deve estar trabalhando a mandato do seu pai Nott. - Harry disse

_ Ou de Lucius Malfoy. - Rony disse, se esquecendo da presença de Hermione.

_ Hermione, oque houve com Draco ? Ele não responde nada que envio para ele. 

_ Ãnh, Nott ? - Harry tentou avisar, mas Hermione o atrapalhou. 

_ Eu também não sei, terminamos em Julho, e não o vi desde o desembarque de Hogwarts, ele simplesmente sumiu, nunca disse nada. - Para Hermione dizer isso dava apenas um aperto pequeno em seu coração. 

_ Sinto muito… Eu não sabia. 

_ Está tudo bem. 

_ Eu acredito que devia parar de enviar cartas para Malfoy, ele… - Harry olhou para Hermione. _ Ele é considerado suspeito na lista do ministério e cúmplice de Shafiq. - Hermione não sabia, mas nada disse. 

_ Não acredito nisso, Draco não voltaria para o campo que quase o destruiu. Ele mudou e acredito nele, algo deve ter ocorrido com Malfoy. - Nott olhou Hermione. _ Acredite, ele é o mais fiel de todos, aposto que algo aconteceu dentro daquela mansão.

_ Fomos lá Malfoy, ele estava como sempre. - Rony disse, mas Nott queria alimentar as esperanças de Hermione. 

_ Eu não sei no que acreditar Nott, me perdi nisso a muito tempo. - Ela disse por fim. 

Quando os garotos saíram deixando Nott e Granger sozinhos, ele esperou alguns minutos e lançou o feitiço abaffiato assustando Hermione. 

_ Escute Granger, eu sei onde está Shafiq, mas achei melhor não dizer aos seus dois amigos. 

_ Como assim Nott ? - Ela arregalou os olhos e prendeu a respiração. 

_ Está na mansão Shafiq, tem um lugar secreto por onde entrar, e um lugar onde ela fica escondida. Escute! - Ele disse antes de ser interrompido por Hermione. _ Cyril é ajudada pelo próprio tio, Murray Shafiq, ele é um velho muito bom com magia principalmente das trevas vimos ele uma ou duas vezes nas reuniões do Lord Voldemort, ele é sinistro, parecia possuído. 

_ E como sabe disso ? - Ela perguntou assustada. 

_ Se lembra que eu estava na Sérvia ? - Hermione balançou a cabeça positivamente. _ Aquela história é mentira, o'que aconteceu realmente é que uma mulher da família chamada Amelie Shafiq me procurava, ela disse para tomar cuidado pois Cyril estava por perto, e que ela queria entregar a prima, pois a mesma nunca esteve fugindo, pelo contrário estava sendo mantida escondida dentro da mansão e a maioria da família não sabia, ela descobriu quando ouviu o pai, Solomon Shafiq,  conversar com Malfoy, e era ele na Mansão Malfoy que sugeriu o feitiço imperius no Draco naquela vez. 

Hermione ouvia tudo chocada, não imaginou que se envolveria novamente na investigação. 

_ Tem outra coisa Granger, aposto que Draco estava sob controle da maldição Imperius. - Nott afirmou. _ Ele é meu amigo a anos, e não mudaria assim de um dia para o outro, principalmente com você. 

_ E o que vamos fazer Nott ? 

_ Temos que ir para a mansão Shafiq, sem notificar o ministério, eles alertariam e acabaríamos perdendo essa oportunidade. 

_ Hoje ? 

_ Sim, de noite, a neve vai cair esta noite, mas grossa que os outros dias, vamos capturar ela, irei chamar Zabini, ele virá ajudar. 

_ Nott, e se não conseguirmos ? E der tudo errado ? Como vão saber ? 

_Provavelmente ela vai mostrar ao mundo que conseguiu essa proeza, a Cyril não perderia essa oportunidade. 

O dia seguiu com Nott e Hermione planejando a invasão na mansão Shafiq, ambos estavam concentrados, ele enviou uma carta para Zabini na esperança do garoto os encontrar no local planejado, deram todas as instruções e informações possíveis, até mesmo sobre Draco. 

O ponto de encontro com Zabini era em um vilarejo próximo a montanha Moel Siabod, eles aparataram as seis horas depois de Hermione deixar um bilhete escondido embaixo de suas pastas, nele dizia: "Estou com Nott e Zabini indo na mansão Shafiq." Era mais para Potter e Weasley que eram os únicos que tinham a chave de sua sala.