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História Beyond the Eyes - I Promisse


Escrita por: CahDaeJae

Notas do Autor


OEEE \O/

NÃO ACREDITO QUE ISSO JÁ TEM MAIS DE 100 FAV, EU TÔ AOS PULOS ❤❤

Obrigada, gente ❤
De verdade ❤
Eu fiquei toda emocionada com os comentários de vocês kjjjkk Obrigada mesmo ❤

Booom, tenho umas coisinhas pra falar antes do capítulo e a primeira é:

Eu fiz umas pesquisas sobre a maioridade na Coréia do Sul e todas elas apontaram que você só é um "adulto" (vamos se dizer assim) quando alcança os 19 anos, MAS, como eu já tinha decidido antes que o nosso poste ficaria adulto com 18, então vai ser 18 mesmo hauahauahuaahauaha


Vou responder os últimos comentários ainda hoje ❤

Acho que isso é tudo ♥

Tenham uma boa leitura e espero que gostem! ♥


Ps: ESSE AQUI É O PENÚLTIMO CAPÍTULO, O ÚLTIMO JÁ ESTÁ EM ANDAMENTO!


*foge pras colinas*

Capítulo 12 - I Promisse


"Você e eu

Nós estamos sob o mesmo céu

 Mas não podemos nos encontrar

Mas acredite em mim, eu vou estar lá por você… "



Algumas semanas depois...



Era madrugada. JunHong estava sentado na beira de sua janela, encolhido, abraçando os próprios joelhos, os olhos esbranquiçados fixos em um ponto qualquer ao lado de fora. O som predominante da chuva caindo lhe fazia estremecer a cada relâmpago novo que ecoava nos céus, causando um grande estrondo em todos os cantos. Era possível ouvir com clareza as gotas que caíam irritadas no vidro bem ao seu lado. O barulho dos trovões era semelhante aos gritos em sua mente, que o torturava a cada segundo que se passava. Sentia-se nostálgico, largado, morto, de modo que preferiria ficar ali do que continuar tentando.

Finalmente completara seus 18 anos, deveria estar feliz, mas o fato de que seus pais sequer se importaram com tal data – e simplesmente saíram naquele mesmo dia à negócios – o fez ficar ali, largado, apenas esperando o tempo passar.

Não havia nada para se comemorar mesmo...

No entanto, este não era o ponto mais relevante de tudo, já que a presença de seus pais havia perdido totalmente a importância. O problema real que tanto lhe intrigava era... Bang YongGuk.

Ele não havia dado notícias o dia inteiro. Não havia telefonado ou qualquer coisa assim. Logo ele, que lhe ligava todos os dias. Praguejava a si mesmo por estar cobrando tanto de Bang, mas era inevitável querer a presença dele ali, mesmo que indiretamente. Não queria presentes caros ou qualquer outra coisa que o dinheiro poderia lhe dar, não queria nada daquilo. Pois aquelas coisas não tinham valor algum para si. Tudo o que queria era sentir-se especial para ele, sentir que no coração quebrado daquele homem ainda havia espaço para si. Ser amado por ele tanto quanto queria amá-lo.


Ergueu a mão em direção à janela e sentiu o vidro da mesma estar molhado pelo vapor de sua respiração que se acumulou ali. Passou a fazer desenhos aleatórios com a ponta de seu dedo indicador, escrevendo de forma desajeitada as siglas “B.Y” em braile. Suspirou de modo inaudível, recuando a mão para o peito e fechando os olhos lentamente. As lágrimas vieram sorrateiras, junto com os soluços engasgados. Já não aguentava mais se sentir vazio daquela forma, os únicos momentos em que não se sentia assim eram nos poucos minutos que conversava com Bang pelo telefone, ouvir a voz daquele homem era como um calmante. Era como mágica, porém com tempo determinado para acabar, já que o ar de nostalgia sempre voltava no momento em que ambos desligavam o telefone.

Ele esquecera de si?

Era a pergunta que mais bombardeava sua cabeça. Esperou o dia inteiro pela ligação dele, mas a madrugada havia caído, era improvável que ele ligaria uma hora daquelas. Com tais pensamentos, escondeu o rosto por entre os joelhos, para que ninguém fosse capaz de ouvir os soluços que seriam abafados ali.


Estava absorto demais em seus próprios pensamentos, com sono, porém não conseguia dormir. Franziu o cenho quando ouvira o som de um vibrar silencioso no fundo de sua mente. Ergueu a cabeça, pensando estar ouvindo errado, no entanto, ao aguçar sua audição, percebera que o som incessante realmente estava vindo da cômoda ao lado de sua cama. Esperou certos segundos para se certificar de que não era uma ilusão de sua cabeça. Desceu da janela de supetão, tão abruptamente que tropeçara em seus próprios pés enquanto tentava o mais rápido possível alcançar o aparelho celular. Ao chegar perto da cômoda, atendeu o objeto inquieto em suas mãos.


- Bang YongGuk!

- Eu sei, eu sei. Me atrasei um pouco... – Seu tom soava descontraído.

- Só “um pouco”? – JunHong não reprimiu o cenho franzido, muito menos o pequeno bico que se formara em seus lábios. No entanto, não podia deixar de se sentir incrivelmente feliz por ouvir a voz daquele homem.

- Tudo bem. Talvez algumas horas atrasado... mas juro que não foi proposital.

- Por onde andou? – Inquiriu baixo, irritadiço.

- Desculpe, Jun... eu fiquei o dia todo ocupado, depois que cheguei do serviço tive que fazer umas coisas por aqui e acabei não conseguindo arranjar tempo para te ligar...

- Entendo... – Murmurou, um tanto consolado.

- Jun, me perdoa... – Seu tom soou puro em arrependimento.

- Eu... senti sua falta. – Fora o que conseguiu dizer. – Muita, na verdade.

- Também senti, amor, você não faz ideia de o quanto. – Suspirou, aparentando um eminente cansaço. – Feliz aniversário atrasado. – Riu de soprado. – Desculpe.

- Tudo bem... – Sorriu fraco. – Eu estava pensando em boas formas de lhe matar, mas agora que ligou, vou deixar essa ideia de lado.

- Não faria isso. – Afirmou em tom divertido. – Você não mata nem mosca, JunHong. – Zombou.

- Eu ainda estou bravo, YongGuk. Não fique mudando de assunto. – Sorriu.

- O que eu posso fazer pra você me perdoar? – Resmungou.  

- Um abraço.

- Só isso? – Riu baixo.

- É... sinto falta de te abraçar... – Sentiu cada nervo de seu rosto começar a formigar, logo fazendo suas bochechas esquentarem.

- Hm... quando nos encontrarmos vou te dar muito mais do que apenas um abraço. – Fora possível notar um leve duplo sentido na frase.

- Pare com isso. Eu só quero um abraço, seu pervertido... – Franziu o cenho, fazendo um pequeno bico e jogando o corpo sobre a cama, sentindo os pelos de sua barriga descoberta se arrepiarem.

- Eu não disse nada. – Ele riu, forçando uma falsa inocência. – Sua mente está fluindo demais, JunHong.

- S-sei... – Suas bochechas esquentaram.

- Aham. – Bocejou do outro lado, indiferente. – Enfim. Agora que você é de maior, quero que me passe o endereço da sua casa.

- Por que você...

- Apenas me passe. – O cortou, sério.

JunHong ficou curioso, entretanto, apenas ditou o endereço com certo receio. Não por medo de Bang, claro, mas hesitava um tanto em o que ele iria fazer com aquela informação.

- Guk... o que está planejando? – Indagou baixo.

- Eu vou cuidar de tudo a partir de agora. Não se preocupe com mais nada. Isso vai acabar logo, eu prometo.

Um sorriso tímido brotou nos lábios do rapaz, juntamente com um calor ao lado esquerdo de seu peito.

- Vai mesmo enfrentar eles? – Sorriu fraco, radiante, esperançoso.

- Fala como se eu tivesse medo deles. – Resmungou com certo desdém. – Cada dia que passa eu me odeio mais por te deixar aí, sozinho, sofrendo, trancado. Me odeio por saber que chora todos os dias antes de dormir. Eu não consigo mais suportar isso. Sei que é egoísmo meu, mas se fosse qualquer outra pessoa na Terra, eu não me importaria. Mas é você e... pessoas como você não devem chorar.

O rapaz piscou algumas vezes, desnorteado, encolhendo-se em sua cama, completamente perdido em seus próprios pensamentos.

- G-Guk... – Não conseguira formular uma frase certa para responder ele.

- Acorde cedo amanhã. Eu vou te buscar. Vou te tirar daí.

JunHong sorriu de orelha a orelha.

- Está falando sério?

- O que você acha? – O tom de Bang soou divertido.

- E-eu não sei... sinto tanto a falta de sair que eu cogito a possibilidade de estar sonhando agora neste exato momento.

- Sobre isso... – O homem riu fraco. – Vou te levar no parque no final da semana. Acredito que esteja sentindo falta de ir pra lá.

- Ah, Bang... – Suspirou, fracassado. – Não estou aguentando mais ficar preso aqui dentro...


- Isso vai acabar. Eu prometo. – Garantiu.

- Guk... – Antes de conseguir terminar a frase, JunHong ouviu passos se aproximarem de sua porta, logo a tranca da mesma fora remexida, fazendo o rapaz se levantar abruptamente. – Bang, preciso desligar! – Sussurrou de modo quase inaudível, não esperando uma resposta para desligar o aparelho e o esconder sob seu travesseiro. A porta fora destrancada; ouviu os passos silenciosos de alguém se aproximando, sabendo de certo quem era. Torceu para que aquela mulher não tivesse percebido nada suspeito, caso contrário, sua única fonte de contato com YongGuk seria descoberta.

- Com quem estava conversando? – A pergunta veio com tamanha desconfiança.

- Não faço ideia de o que esteja falando. – JunHong mordeu o lábio inferior, nervoso.

- Me pergunto até quando você vai continuar sendo irritante assim. – Ela retrucou, rabugenta, se aproximando rapidamente do rapaz, que recuou para trás, arrastando o travesseiro consigo. Aquilo não passou despercebido pela velha, que franziu o cenho, olhando fixamente para o rapaz. – O que está escondendo aí?

- Nada.

Ela rolou os olhos e puxou o travesseiro, logo avistando o aparelho, pegando-o.

- Um celular? – Ela riu. – Desde quando você sabe usar isto?

- Devolva! – JunHong tentou tomá-lo para si novamente, mas ela já estava longe, no meio do quarto.

- Quantos meses a mais acha que ela irá adicionar? Uns... dois? Três? – A velha sorriu, mostrando os dentes levemente amarelados. Logo atravessou a porta, trancando a mesma calmamente.

Ouviu os passos dela se afastando e tombou o corpo contra a cama, franzindo o cenho. Pegou seu travesseiro e cobriu seu rosto com o mesmo.

- Droga! – Resmungou, abafando sua fala no tecido do travesseiro. Sentia-se extremamente irritado, ao mesmo tempo em que se sentia idiota e burro por ter sido descoberto daquela forma. Era óbvio que hora ou outra alguém iria ouvir sua voz no meio da madrugada e desconfiar de algo.

Era tão óbvio...

E agora? Como iria falar com Bang sem o celular?

- Droga! Droga! Droga!


[...]


Os olhos do rapaz se abriram lentamente, a expressão de angústia era eminente em seu rosto cansado; sequer havia conseguido dormir desde que Shin saíra de seu quarto com o aparelho celular em mãos. Não havia um segundo em que não se culpava por ter sido descoberto. Chegara a cogitar um plano em sua mente para tentar recuperar o telefone, mas não havia muito o que se fazer; estava trancado ali e tudo indicava que não iria poder sair tão cedo daquela prisão.

Resmungou algo incógnito e se virou para o outro lado em sua cama, a vontade de ficar ali deitado até o outro dia era tentadora; se lembrara vagamente de YongGuk lhe alertando para que naquele dia acordasse cedo, porém, não tinha noção alguma de tempo, tudo o que podia deduzir era que havia se passado algumas horas desde que falara com o homem. E fora neste mesmo instante que ouviu uma voz peculiar e totalmente conhecida por si soar por entre os cômodos perto de seu quarto.


“Onde ele está?!”


Seu corpo moveu-se por conta própria, saindo da cama em um solavanco, correndo cegamente em direção à porta, na tentativa de ouvir mais.


“Onde ele está?”


A pergunta surgida de uma voz marcante e irritada o fez ter certeza de que era ele. Era ele, só poderia ser ele!

Não havia parado para se questionar como ele chegou ali ou como ele havia conseguido passar pelos seguranças e até mesmo por Shin; tudo o que pensava era na indescritível necessidade que sentia de abraçar aquele homem.

- Guk! - Tocou a maçaneta de sua porta, tentando abri-la e falhando. – G-Guk!



***


1 Hora antes...


O homem havia estranhado o momento em que JunHong havia praticamente desligado em sua cara, lhe fazendo crer que alguém poderia ter ouvido o rapaz e por isso ele tivera que encerrar a ligação. Cogitar tal possibilidade o preocupava; já não suportava mais saber que ele estava sendo mantido preso pelos próprios pais. Aquilo o irritava tanto que já havia até mesmo pensado em uma boa morte para cada um que fora responsável por o trancar naquele maldito lugar.

Agora, encontrava-se encarando fixamente o papel onde anotou com cautela o endereço que o rapaz ditou para si na última ligação. Enfiou o papel em um dos bolsos de sua jaqueta escura e se olhou por alguns segundos no reflexo do espelho em seu quarto. A expressão fechada e irritada tomava todo seu rosto, os cabelos negros – agora um tanto curtos por conta do novo corte – estavam devidamente ajeitados. Havia acabado de se aprontar para sair de casa e fazer o que desejava há tempos; entretanto, estava se preparando mentalmente, para que fosse capaz de lidar com aquela gente. Aquilo lhe fez acreditar que se trombasse com a tal governanta de JunHong, iria de fato estrangula-la até a morte. Sacudiu a cabeça e sentiu as sobrancelhas se unirem; soltou o ar preso e saiu em direção ao corredor, pegando seus pertences que se encontravam sobre o balcão na cozinha. Logo atravessou a porta de sua casa e trancou a mesma.

Não demorou menos que cinco minutos para que um taxi parasse ali por perto; entrou e retirou o papel pouco amassado de seu bolso.


- Quero que me leve neste lugar. – Esticou o braço para que o motorista pudesse ver o endereço rabiscado. O homem com uma barba engraçada deu uma boa olhada no papel, arqueando as sobrancelhas, enquanto dava partida no carro.

- Tem certeza que é o lugar certo? – Indagou, descontraído.

- Tenho.

- Sabe ao menos para onde está indo, jovem? – Sorriu, esticando a barba que fez Bang quase rir.

- Na verdade, não, mas preciso chegar lá. – Deu de ombros, suspirando.

- O lugar para onde está indo só tem gente rica. – E riu. – Eu trabalho de taxista há mais de 10 anos, não são muitas corridas que me levam pra lá.

- É mesmo? – Bang coçou a nuca. O motorista fez uma pequena análise em YongGuk, sorrindo de canto em seguida, tornando sua atenção para as ruas.

- O que te faz ir para aquelas bandas? Amigos? Namorada? – Inquiriu, curioso.

- Algo assim. – Bang não estava muito afim de conversar, mas também não queria ser grosso, então apenas decidiu ficar quieto para que talvez o motorista parasse de lhe fazer perguntas sobre sua vida.

Após isso, ficaram em silêncio, enquanto o homem lhe levava para o destino, o carro virou uma rua e entrou em um bairro que Bang nunca havia sequer visto em sua vida. Casas e mansões gigantescas começaram a moldar o cenário, fazendo YongGuk respirar fundo. Minutos depois, o veículo parou diante de uma mansão, haviam dois seguranças ali, parados, observando tudo com a típica expressão de “não se aproxime”.

Desceu do carro e pagou o motorista pela corrida, este que após receber o dinheiro, saiu dali. Encarou os seguranças e foi até estes, olhando de relance a mansão à frente, não deixando de arquear uma das sobrancelhas em surpresa; então era naquela casa, grande e luxuosa onde JunHong estava trancado feito animal?

- O que deseja, senhor? – Um dos seguranças indagou, alarmado.

- Quero falar com Choi JunHong.

- Ele não está disponível no momento, vá embora. – O outro brutamontes falou.

- Não vou embora até falar com ele. – Bang franziu o cenho, dando um passo à frente, ficando cara a cara com os homens. – Então faça o favor de trazer ele aqui, agora.

Os homens se entreolharam e ergueram as sobrancelhas.

- Acho que o senhor não está entendendo... ou você some daqui ou a gente vai te dar uma surra. – Deu um empurrão em um dos ombros de Bang.

Aquilo fora mais do que suficiente para atiçar os sentidos e a fúria de YongGuk, que sequer esperou que ele dissesse mais alguma coisa e logo uniu os punhos, desferindo um soco certeiro no queixo do homem.


[...]



Na grande mesa, haviam todos os tipos de empresários presentes ali, todos muito bem sucedidos, avarentos, prontos para uma nova oferta que fizessem seus bolsos se encherem mais de dinheiro.

Choi EunJi, a mãe de JunHong, se encontrava totalmente absorta na tela no centro da sala de reuniões. Estavam a tratar de assuntos relacionados à novas propostas para aumentar o consumo alimentício em massa e coisas do gênero.

Ao seu lado estava Choi JunSun, o pai de JunHong, que apoiava uma das mãos no queixo, encarando todos ali por cima de seu óculos caído; tamanho semblante de tédio e irritação.

Fora então que a mulher sentiu seu celular vibrar no modo silencioso em um dos bolsos de seu blazer. Suas sobrancelhas se uniram completamente ao deparar-se com a ligação da governanta. Estava prestes a se levantar, no entanto, sentiu sua coxa ser tocada por seu marido, que a encarou confuso.

- Shin? – Ele sussurrou baixo, recebendo uma leve confirmação. – Me dê. Eu resolvo dessa vez. Isso aqui tá um saco, não vou ficar sozinho vendo esse gordo cretino falar de comida. – Tomou o celular da mão da mulher e se levantou educadamente, pedindo licença ao sair da sala e fechar a porta por trás de si.


- Puta que o pariu, Shin, que você quer?!

- S-senhor... – A governanta balbuciou ao notar a irritação dele. – Parece que ouve um desentendimento com os seguranças e um homem que surgiu em nossa residência...

- E daí? – Ele vociferou, irritado. – Você quer ser despedida, é isso mesmo?

- Ele está ameaçando chamar a polícia caso não veja o JunHong... até onde entendi, ele quer levar o garoto embora.

- JunHong, JunHong e JunHong, que porra, quando é que esse moleque vai morrer e me deixar em paz?

- O que devo fazer? O homem está alterado e isso está chamando a atenção dos vizinhos...

JunSun passou os dedos repentinamente em seus cabelos castanhos e suspirou irritado.

- Tudo bem. – Encarou o teto, praticamente fervendo de ódio. – Deixe o homem entrar e ver o moleque. Vou aí resolver essa merda de uma vez. - E desligou sem dizer mais nada.

Sacudiu a cabeça, sobrecarregado, cansado, caminhando em passos duros até o elevador, apertando o botão do mesmo, não demorando nada para que que em segundos já estivesse no térreo. Retirou a chave de seu carro importado ao atravessar a porta de recepção e foi até este, destravando as portas automáticas em um simples clique.


***



Nariz sangrando, um queixo dolorido e fortes dores em seu abdômen. Era assim que YongGuk se encontrava naquele momento, enquanto cogitava a ideia de avançar novamente nos homens que o olhavam feio. E estava mesmo prestes a fazer isto, se uma mulher de estatura baixa não houvesse parado diante do portão e ordenado que os seguranças o deixassem entrar.

- Tem certeza disso? – Um dos seguranças quis saber, indignado.

- Ordens do patrão. – A velha respondeu com desdém.

Não pensou duas vezes antes de passar pelos portões com pressa, a mulher ao seu lado, o encarando atenta. Deu uma olhada de soslaio; “hm, essa deve ser a tal Shin”, deduziu. Estava tão concentrado em encontrar JunHong que havia esquecido que planejava em segredo estrangular aquela velha miserável.

- Onde ele está?! – Indagou alto, entrando na casa, olhando para os lados, assustando alguns empregados que estavam ali.

- Tenha educação! – Ela o repreendeu. – Ao menos tire os sapatos!

- Onde ele está? – Insistiu, desta vez fuzilando a mulher com os olhos.

- Vou chamá-lo. Permaneça aqui. – E saiu, a testa enrugada franzida. Caminhou até o quarto do rapaz, destrancando a porta e fitando o loiro ali, aflito. – Venha... – O chamou com certo desgosto. – Há um homem querendo te ver.

Quando o rapaz afoito, com roupas bagunçadas e expressão abalada entrou no campo de vista de Bang, um sorriso largo e sincero esticou os lábios deste. Sentiu como se seu coração tivesse falhado uma batida; sentia tanta falta daquele pirralho que foi quase impossível não dar um passo involuntário à frente.

- Jun... – Chamou-o em um sussurro terno.

- B-Bang! – JunHong não esperou para correr em direção à voz, não se importando com mais nada além de chegar até ela, tropeçando e por pouco não caindo, isto se os braços de YongGuk não houvessem lhe envolvido em um abraço forte e sufocante.

O rapaz apertou firme e trêmulo as mãos nas costas esguias do homem, sentindo o rosto deste de encaixar na curva de seu pescoço, inspirando com força o ar ali, como se enfim pudesse voltar a respirar. Bang sentiu algo molhado em sua roupa e o apertou mais contra si, quase fundindo seus corpos em um.

- Não chore. – Sorriu, depositando um selar por entre os cabelos desajeitados do rapaz. Ouviu um soluço escapar dele e seu sorriso se esticou mais. – Não chore...

- V-você veio... – Escondeu o rosto no peito do homem, abafando a voz ali. – Você veio mesmo.

- Eu sou um homem de palavra. – Segurou o rosto de JunHong por entre as mãos e selou sua testa. – Vou te tirar daqui, eu prometo.

Ali no canto da sala, Shin observava toda a cena com um misto de nojo, agonia e repulsa; pensava em como alguém poderia não sentir-se inteiramente estranho por tocar uma aberração como aquele garoto.

- Fiquem aqui... Choi JunSun está a caminho para resolver o problema. – E saiu para outro cômodo, deixando-os sozinhos.

- Quem é JunSun? – YongGuk indagou, encarando a figura frágil que ainda abraçava apertadamente.

- M-meu pai...


[...]


Passaram-se longos minutos e o rapaz continuava abraçado à cintura de Bang, o prendendo em seu aperto, enquanto as mãos do moreno se ocupavam e acariciar-lhe as madeixas onduladas delicadamente. JunHong estendeu as mãos para tocar o rosto alheio, sentindo-a se sujar com algo estranho.

Franziu a testa sem entender e levou a ponta de seus dedos - sujos pelo estranho líquido - até seu nariz, inspirando o odor pouco conhecido contido ali.

- Sangue. – Ergueu a cabeça. – Está ferido?

- Isso não importa agora. – Mordeu levemente o canto inferior de sua bochecha, sentindo os pequenos filetes de sangue ali em seu rosto, juntamente com alguns machucados que marcavam sua pele. – Às vezes suas esperteza me assusta.

- Continue achando que sou bobo. – Fez um pequeno bico, um tanto exasperado por YongGuk estar machucado – muito provavelmente – por sua causa. Irritado por ele ter se ferido para poder chegar ali. Suspirou, tocando a nuca alheia, deparando-se com a falta dos fios longos ali. - O que fez com seu cabelo? – Indagou baixo.

- Cortei. Estava grande.

- Eu gostava. – Resmungou baixo, recebendo um riso do homem e um selar na ponta de seu nariz.

- Ele cresce rápido, não se preocupe – Sorriu, enterrando o rosto na curva do pescoço albino. - Senti sua falta.

-Eu... também senti. – Respondeu, levando as mãos para o peito do homem. – Não quero ficar mais aqui...

- Isso vai acabar logo...


Fora neste momento em que a grande porta de vidro se fechou com força, causando um estrondo no local. Passos firmes se aproximaram e logo a figura engravatada de JunSun atravessou o cômodo onde estavam, parando diante de ambos.


- Shin. – A baixa e fria voz, chamou a governanta, analisando YongGuk dos pés a cabeça, que não gostou nada daquilo, mas preferiu ficar quieto. Seu foco principal era tirar JunHong dali. Não demorou muito para a mulher se aproximar, parando ao lado de JunSun, que continuava encarando fixamente a figura de Bang. – Este é o tal homem que estava socando nossos seguranças? – Um meio sorriso brincou no canto de seus lábios ao receber um acenar com a cabeça da mulher. – Tudo por causa do JunHong? – Cruzou os braços, ainda sorrindo fraco diante da situação, parecia achar graça em tudo aquilo. – Qual seu nome?

Bang tocou o braço do rapaz loiro e o colocou atrás de si, franzindo o cenho, estreitando os olhos, passando a mesma energia fria que o homem à sua frente.

- Bang YongGuk.

- Hm, Bang YongGuk... - Repetiu, coçando o queixo e tornando a analisar o moreno. Com um suspiro pesado, enfiou uma das mãos nos bolsos, usando a livre para ajeitar o óculos que lhe caía no rosto. – Me acompanhe. – Fora tudo o que disse antes de atravessar o cômodo entrar em uma sala.


- Guk... – JunHong tocou-lhe o braço, tremendo.

- Se acalme. – Segurou as mãos trêmulas do rapaz e beijou-lhes o dorso. – Vamos apenas conversar.

- N-não é isso... ele não é simpático como parece. Eu o conheço pouco, mas sei que tipo de pessoa estamos lidando. Ele é arrogante, Bang. É frio e egoísta. É provável que ele venha te dizer coisas que você não irá gostar de ouvir... então... tome cuidado para não perder a calma com o jeito indiferente dele. – tomou as mãos do homem com cuidado. – Eu confio em você.

YongGuk precisou de alguns segundos para processar tudo, logo sorrindo e selando demoradamente a testa do rapaz.

- Fique aqui. Não vou demorar.

Dizendo isso, saiu em direção à sala em que JunSun havia entrado antes, fechando a porta por trás de si, afim de que ninguém pudesse ouvir o diálogo que teriam. Analisou o local e notou que este era uma espécie de escritório, onde o homem à sua frente o encarava com braços cruzados e quadris recostados na mesa cheia de papéis. Encararam-se por longos segundos e após um tempo, o homem de cabelos castanhos se pôs a falar.


- Shin me contou que está interessado em levar JunHong daqui... – começou. – Mas é estranho deixar um garoto cego por aí, sem devidos cuidados. – A ironia em seu tom era notável.

- Ele já é maduro o suficiente para decidir o que quer. – Foi seco.

- E o que te faz pensar que vai conseguir levá-lo daqui? – Ergueu uma das sobrancelhas, encarando-o sério.

- Não importa. Não pode obrigar ele a ficar aqui. Ele vai comigo.

- Hmm... mesmo? – Um sorriso de canto esticou seus lábios. – Vamos ver se entendi tudo. Fiquei sabendo de certas marcas que apareceram misteriosamente na pele do garoto... pela intimidade que vi entre os dois, claramente você o levou para a cama na noite em que ele dormiu fora, isso enquanto ele ainda não havia alcançado a maioridade. Você não me aparenta ser tão novo, hm... talvez quatro? Cinco anos mais velho? – A estimativa de JunSun não chegou nem perto. Ah, se ele soubesse da real diferença de idade entre ambos... - Você transou com uma criança de dezessete anos, uma criança cega. Isso renderia uns bons anos atrás das grades. Acha mesmo que não posso obrigar ele a ficar?

Enfim entendeu o que JunHong quis dizer quando fora lhe alertar sobre aquele homem; ele sabia exatamente quais cartas jogar. Foi impossível não engolir em seco, enquanto desviava o olhar para o chão. Não disse nada, por mais que quisesse dizer e por mais que odiasse admitir, aquele cretino tinha razão.


- Parece que temos um problema sério a ser resolvido aqui, não é mesmo, Bang YongGuk? – Prosseguiu ao notar que este não diria nada. – Não precisa se preocupar. Não vou foder sua vida por causa do JunHong. Quero que faça um pequeno favor para mim e em troca disso, não faço você ficar o resto de sua vida na cadeia. – Se pôs a caminhar em direção à grande janela que havia ali, fixando o olhar em um ponto qualquer do lado de fora. – Suma com ele daqui. Leve-o para longe. Faça ele viver o resto da vida miserável que ainda tem. – Passou a procurar algo em seus bolsos, logo puxou sua carteira e retirou uma grande quantidade de notas dali. – Pegue. Isso vai te ajudar.

YongGuk analisou as notas, sentindo as próprias sobrancelhas se unirem. Pegou as notas que lhe foram estendidas apenas para jogá-las contra a mesa do homem, as espalhando por todos os cantos.

- Não quero seu dinheiro. Não preciso disso. – Falou seco, em tom alto, exasperado. Sentia-se irritado com o fato de que aquele homem estava praticamente vendendo o próprio filho para si, como se fosse uma espécie de pagamento por se livrar do “problema” para ele. – Por que está fazendo isso com seu próprio filho? Como... como pode querer vender ele assim? – Indagou indignado. – Ele vale muito mais do que apenas algumas notas!

- Tenho meus motivos. – Falou, indiferente. - Não dificulte as coisas. Estou te dando a oportunidade que quer de levar ele daqui. É pegar ou largar. – Continuou, nem um pouco afetado pela indignação de Bang. YongGuk o olhou, sem conseguir formular uma resposta, o outro percebendo que enfim conseguira vencer a discussão, tornou a falar: - Irei ordenar que Shin faça as malas do garoto. Pode ir.

Com as sobrancelhas unidas, Bang o encarou sério por longos e intermináveis segundos. Deu de costas e em passos duros, saiu da sala.

JunHong sentiu a aproximação do homem e ergueu a cabeça.


- Vamos embora. – Fora tudo o que o moreno disse, antes de tocar as mãos do rapaz, entrelaçando seus dedos.

- Shin. - JunSun, logo atrás de si, chamou a mulher, que observava a cena absorta e um tanto assustada. – Faça as malas de JunHong. Pegue tudo o que é dele.

- Senhor, tem certeza de que...

- Faça o que estou mandando. Agora.

Com o cenho franzido e a expressão carrancuda, a mulher saiu, voltando alguns minutos depois com uma mala – não muito grande – e a bengala do rapaz em uma das mãos.


- Os documentos também estão aqui...

- Ótimo. – JunSun encarou YongGuk fixamente, a expressão fria e indiferente de sempre.

Bang lhe jogou um último olhar, tão frio quando o que recebia do homem. Pegou a mala do rapaz e puxou este pela mão com cuidado, não esperando mais nada para o tirar daquele lugar.


JunHong não poderia estar mais feliz; enfim estava livre de tudo aquilo. Livre daquelas pessoas, livre daquela prisão, de suas dores, daquele inferno. No momento em que atravessou os portões daquela mansão e deixou tudo aquilo para trás, sentiu que a partir dali sua vida finalmente estava começando...



[...]


Notas Finais


Comentem! ♥♥♥♥


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