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História Beyond Two Souls - Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse


Escrita por: iKnight

Notas do Autor


Duas palavras para mim: VOL-TEI!
Sempre começo essas notas pedindo desculpas, mas acaba sendo inevitável. Vou ser bem sincera com vocês que está bem difícil para mim desenvolver o processo da escrita, já não tenho mais a disposição nem o tempo para fazer isso. Porém, não queria despontar quem gosta e lê essa história, então estou me esforçando para conseguir terminá-la.
Esse capítulo foi um dos primeiros que planejei e sabia que existiria na história, mas tenho que avisar que vão ter cenas violentas e quem não se sentir a vontade com esse tipo de conteúdo, peço cuidado ou que não leiam mesmo. Pensem na saúde mental de vocês <3
Vou dizer também que minha inspiração veio da trilha sonora da série Dark, então se vocês quiserem ouvir um pouquinho recomendo procurar no Youtube. Me inspirei muito em Die Hölle Ist Leer, Alle Teufel Sind Hier e Das Ist Nicht Mikkel (para os momentos tensos) e em Apocalypse e em Ein Mensch - Ein Schmetterling (para os momentos mais tristes).
Enfim, espero que gostem!

Capítulo 32 - Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse


O irmão de Sakura havia sido lançado a metros de distância colidindo com uma grande formação rochosa quase que do outro lado de onde momentos antes se encontrava. Uma grande laceração abriu-se em seu crânio fazendo com que um líquido escuro e pastoso começasse a escorrer no chão de terra no qual ele se encontrava. O ferimento, na realidade, era quase mimético do que se perpassaria em um humano, talvez. A rapidez com que o corte tinha sido feito fora equivalente a velocidade com que tinha desaparecido restando apenas rastros do líquido viçoso. E

Ele levantou-se a tempo de Sakura perfura-lo no ombro com a espada. Ele apenas sorriu; um sorriso sádico deixando os cabelos misturarem-se ao vento e ao sangue.

- O que você está fazendo? – A Haruno questionou enquanto afundava ainda mais o metal reluzente no corpo dele. Seu irmão, por outro lado, não emitiu nenhum sinal de dor. Apenas manteve o sorriso enquanto agarrava a parte cortante da espada, que ainda se mantinha fora de seu corpo, fazendo com que mais uma ferida abrisse em sua mão.

- Apenas o meu trabalho irmãzinha, na verdade o nosso trabalho. – Ele respondeu colocando força no joelho e impulsionando o corpo para cima fazendo com que a espada cortasse seu ombro por inteiro, mas por fim o libertasse. – Você devia estar orgulhosa. Em outros tempos, estaria.

Sakura manteve-se calada apenas encarando o irmão. Os dois não tinham a mais amigável das relações, mas conviveram bem até aquele ponto. Havia um ódio contido na Haruno, mas não necessariamente voltada ao irmão, mas sim as suas palavras. Durante toda essa jornada, se é que poderia chamar assim, ela tinha evitado justamente o significado daquela fala. Todavia, era impossível ignorar agora. Ela sabia que ele estava certo.

- Você escolheu lutar por essas pessoas, mas sabia exatamente onde estava se metendo. – Ele voltou a falar enquanto tentava limpar o sangue que havia caído em sua roupa de forma teatral. – Não venha apontar o dedo para mim.

A rosada perpetuou o silêncio. A espada ainda em mãos, mas não mais apontada para seu inimigo. Ela estava lívida porque sabia que era verdade. Inconscientemente a Haruno tinha plena certeza do que ele falava era correto. Por algum tempo, acreditou que voltar a Konoha era sua chance de redenção, de reencontrar a humanidade que havia perdido. Mas ela estava caminhando justamente na direção da qual gostaria de fugir.

Sakura não queria ser a Morte encarnada, mas era. Seu destino tinha sido ditado há muito tempo e de todas as formas ela tentou fugir, se distanciar. Ajudar uma nação e seu povo em desespero como uma forma de evitar o que estava por vir. Dizia não crer em destino, mas lá estava ela caminhando em sua direção.

Pega desprevenida, ela apenas sentiu o impacto do seu corpo sendo jogado contra o chão. Por alguns segundos, o ar faltou em seus pulmões e ela conseguia sentir o chão quebrar-se em pedaços com o impacto do seu corpo. Seu irmão, agora, a segurava e apontava uma adaga contra o seu pescoço enquanto dizia:

- Mas ainda não acabou. Nós precisamos de todo o seu poder para que tudo aconteça como o planejado.

Ela tinha chegado até aquele instante e não iria desistir. Sabia que não poderia fugir de seu destino, contudo faria de tudo ao seu alcance para adiá-lo.

- Nem fodendo. – Ela disse enquanto o golpeava com o joelho.

- Vamos ver do que realmente você é capaz, irmãzinha! – Ele bradou ao mesmo tempo que empunhava a sua própria espada e corria em sua direção.

***

Eles sequer tiveram tempo para processar a entrada e saída repentina de Sakura juntamente com o refeitório quebrado ao meio. O ataque veio rápido e feroz. A neve ainda se espalhava pelas partes fragmentadas da construção de madeira e o vento frio penetrava seus ossos. Uma premonição quase que imediata do que estava à sua frente.

Nem mesmo o vento parecia natural.

Ao longe os ruídos começavam a retumbar em seus ouvidos: animalescos. Em um processo automático e silencioso, todos os presentes no que restara do refeitório se entreolharam e saíram dos escombros apenas para encontrar uma massa negra à sua frente. Coletiva e inconscientemente, sabiam o que estava por vir mesmo que quisessem evitar a todo custo.

- Mas que porra... – Alguém falou, mas ninguém realmente estava prestando atenção, sorvendo a imagem gutural que surgia ao fundo. Todos olhavam apenas para o perigo logo em frente.

A massa negra, na verdade, era um aglomerado de figuras humanoides. No lugar da cabeça havia longos e diversos galhos, emulando galhos de árvores. Não possuíam rostos e emborcavam as costas à medida que caminhavam. Seus corpos eram alongados e apesar da cor amarronzada quando todos estavam reunidos pareciam um grande exército em putrefação.

A neve continuava a cair dos céus como se fosse inverno, quando, na verdade, ainda estavam no verão. O branco começava a se aglomerar no chão e nas árvores ainda verdes fazendo um contraste belo ao mesmo tempo que prenunciava um desastre.

A cena, no entanto, durou apenas alguns segundos. O ruído grotesco das criaturas alargou-se e logo começaram a correr de encontro ao grupo, que ainda os olhava embasbacados.

- Merda! – Naruto gritou enquanto desacelerava o tempo impedindo que uma das criaturas perfurasse por completo a perna de Neji. Eles estavam tão distraídos olhando para o avanço das criaturas, que se esqueceram de olhar para baixo. A neve paralisando suas terminações nervosas, tornando-os alheios ao perigo.

Neji gritou em exaspero sentindo um leve ferimento abrir-se em sua perna enquanto Naruto empurrava a criatura para o lado. O pandemônio começou rapidamente e não demorou para que todos estivessem envolvidos em batalha; todos atentando-se ao que estava na terra e à sua frente. As criaturas saíam aos montes do chão e avançavam por terra formando um exército de mortos-vivos.

 Ino foi em direção ao Lobo, certificando-se de que seu ferimento curasse rápido. Tentando impedir que ela fosse atacada, Yugito afastou as criaturas inundando-as com raios que advinham de suas mãos. O ataque do Dragão fora certeiro e dilacerara boa parte das criaturas. Ali crescia a falsa sensação de que pudessem vencer o exército, no entanto, na mesma intensidade com a qual Yugito tinha dizimado boa parte dos inimigos ao olhar nos arredores pareciam infinitos. As criaturas simplesmente continuavam a aparecer, parecendo multiplicar-se a cada ataque.  

- Não deixem que invadam a cidade! – Tsunade bradou enquanto avançava contra duas das criaturas. Ela apenas torceu para que todos a ouvissem ou, pelo menos, tivessem o bom senso de saber que, no momento, aquele era o único plano plausível.

As criaturas pareciam surgir aos montes e aparentavam multiplicar-se toda vez que uma era morta. O Raikage perfurou um dos bichos com o pulso, atravessando-a com o mesmo, o que fez com que o inimigo soltasse um líquido quente e viscoso de cor azulada.

Não havia plano, não havia coesão. Estavam imersos naquela leva de inimigos tentando apenas impedir que mais daquelas criaturas avançassem. Tinham sido perfeitamente emboscados naquele ataque surpresa.

Enquanto Shikamaru lançava os escombros do antigo refeitório em algumas das criaturas formando uma barricada para impedir o a seu avanço, Sasuke lançava bolhas de fogo e era possível ver os inimigos derretendo-se em um líquido viscoso.

O chão começara tremer incontrolavelmente enquanto Tenten abria uma fenda no meio terra deixando com que um pouco da neve, a este ponto tornando-se incontrolável e cobrindo os pés de todos, escoasse pela abertura. Quase imediatamente, Temari usara do vento para jogar o máximo de criaturas possível dentro daquela abertura. As rajadas da Águia misturavam-se ao ar frio e a cada segundo tornava-se mais difícil de enxergar com o nevoeiro que se aproximava.

Todos lutavam da forma que conseguiam, mas o inimigo ganhava em quantidade. Não importava o que fizessem seus números pareciam manter-se estáticos. A massa de criaturas avançava ferozmente e incansáveis.

Apesar da intensidade da batalha, ainda eram audíveis os gritos que alguns emitiam quando algumas das criaturas perfuravam corpos. Era preciso chamar por reforços, no entanto, não havia como haver uma linha de comunicação.

A Hokage sabia que tinha apenas um dever frente aquela batalha: proteger o seu povo. Não importava o preço. E ela tinha noção que tudo aquilo conectava-se a Ino. Orochimaru tentara captura-la mais de uma vez e, provavelmente, aquela era sua cartada final. Sakura não estava ali para protege-la, mas ela faria o seu possível.

O plano formulara-se desajeitadamente em sua cabeça. Entre a laceração de uma criatura e outra, ela chegara até Lee.

- Eu preciso de cobertura! – A loira bradou enquanto Gaara encarregava-se de soterrar algumas das criaturas com areia.

- Você precisa garantir que todos saíam imediatamente da cidade e envie o máximo de soldados para esta linha de batalha. – A Hokage dizia enquanto Hinata impedia que alguns dos inimigos avançassem contra os dois utilizando a água como uma verdadeira arma.

- Entendido. – Lee afirmou enquanto observava, pela primeira vez, o campo de batalha.

Antes que Lee se teletransportasse para a cidade, a Hokage complementou:

- Você precisa levar Ino. – Ela disse enquanto alternava para um local mais distante em que o Cervo cuidava dos ferimentos de Kakashi. – Sem ela saber. Leve-a para um lugar distante, para além do abrigo da cidade. – A Hokage explicou, mas Lee sabia exatamente a que local ela se referia. Tratava-se de um antigo centro de treinamento para novos soldados que havia sido abandonado.

- Ninguém pode ficar sabendo sobre isso Lee. E não importa o que aconteça, não saia do lado dela. Se o inimigo chegar perto de vocês preciso que a tire de lá. – A Hokage disse segurando firmemente nos ombros do rapaz enquanto ele mantinha aquela figura de determinação. – Estamos contando com você.

A Cobra não protestou e assim como estava parado ao lado da Tsunade, logo estava ao lado de Ino que não conseguiu assimilar o desenrolar dos fatos no momento em que aconteciam. Em um segundo estava no campo de batalha, no seguinte entrava em uma espécie de escuridão e reaparecia na cidade.

Os dois desaparecendo do campo de batalha enquanto Tsunade socava uma das criaturas que avançavam em sua direção e indo logo em seguida para cima de outro inimigo juntando forças a Jiraya e Sarutobi.

Embora não soubesse como, a Hokage tinha plena certeza que o ataque vinha de Orochimaru e que ele estava próximo. Tudo estava conectado a Ino, então quanto mais distante ela estivesse, maiores a chance dele não a encontrar. Pelo menos, era o que esperava.

***

O chão de terra já estava encharcado de sangue seco. Os dois mantinham aquela dança constante, um lacerava o outro, se reconstituíam e continuam a bradar as espadas. Não havia sinal de cansaço da parte de nenhum dos dois, mas já estava mais do que claro que não haveria vencedor naquela batalha.

Ambos equiparados em poder. Em estratégia. Em sagacidade.

Nenhum dos dois disposto a ceder.

Ao longe era possível ouvir os gritos guturais ecoando através da cadeira de montanhas na qual os dois se encontravam. Sakura tentava não se deixar de concentrar no inimigo a sua frente, no entanto, parte dela não conseguia distanciar sua mente do que estava ocorrendo.

O que quer que estivesse acontecendo tinha sido um ataque coordenado e calculado. Os fantasmas nos dias anteriores tinham sido apenas uma amostra grátis do que estava por vir. As barreiras e forças que protegiam e separavam o mundo dos humanos e o mundo da magia quebravam-se rapidamente. A presença do irmão de Sakura e sua interferência representava não apenas o ódio contido que o mesmo sentia por ela, mas que a Peste havia se aliado a Bahamut.

Em breve a realidade não mais existiria. Em breve o apocalipse despontaria. Restaria apenas caos e a escuridão.

Enquanto a rosada desferia outro golpe no irmão, que ria com escarnio ao mesmo tempo que perfurava o estômago da mesma, ela pensava consigo mesma que poderia vencer e impedir que Bahamut sucedesse. A outra parte sabia veementemente que ela não conseguiria. Tudo havia conspirado perfeitamente para que aquele momento acontecesse. Sua interferência não tinha impedido o processo, havia acelerado. Sakura ainda cogitava se a carta enviada pelos Deuses tinha sido real em algum momento.

Contudo, isso não ficou claro imediatamente. A Filha da Morte ainda mantinha a posição de batalha, a espada embebida em sangue, lutando contra a sua própria natureza. A presença de seu irmão apenas havia esclarecido os fatos. Todas as suas interferências, mudanças de realidade, demonstrações de força apenas tinham permitido que a magia se mantivesse instável.

A clareza desses fatos, no entanto, apenas surgiu quando outras duas figuras apareceram no campo de batalha. Sakura tinha lançado o irmão ao chão, fincando a espada em seu pescoço. A mistura de sangue e chamas esverdeadas era majestosa, mas não suficiente para acabar com a Peste. Enquanto ela quebrava o braço dele com o pé e tentava desferir um golpe ainda mais potente em seu coração, seu movimento fora impedido. Sakura apenas olhou de relance, mas a pele cinzenta e o cabelo negro eram reconhecíveis em qualquer lugar.

- Bom te ver irmão.  – A Peste disse rindo, ainda no chão e com parte do pescoço partido, enquanto a figura de cabelos negros arremessava Sakura a distância. O golpe a pegara desprevenida e por alguns instantes ficou sem ar tentando se levantar, a espada fora arremessada para longe e suas chamas apagando-se. Ela estava perdendo as forças. Perdendo as esperanças. Eles a estavam levando a seu limite.

O seu raciocínio se recuperara em alguns segundos, tempo suficiente para que impedisse que a Fome a perfurasse com o machado. Ela impediu o golpe com a mão fazendo com que a mesma partisse em duas. Sakura sequer gritou, a dor que sentira era tão passageira que era impassível de ser sentida. O rosto estava respingado com sangue (impossível de decifrar se era seu ou do irmão, provavelmente dos dois) e ela o encarava com aqueles olhos verdes arregalados.

- Então, você se aliou a ele? – Sakura questionou enquanto via a figura da Peste distante e sorridente. – Achei que era melhor que isso Sult. – Ela complementou enquanto observava o mesmo afastar-se deixando que a brisa gelada ricocheteava seus cabelos negros.

- Você sabe que não se trata disso. – Ele disse enquanto limpava o sangue do machado nas próprias vestes. – Eu só não queria que você acabasse com esse imbecil. – Ele explicou apontando para o outro.

- Eu avisei. – Uma outra voz se pronunciara. A Haruno apenas olhou de lado para confirmar a presença da irmã. – Não podemos escapar do nosso destino. – Ela se aproximava calmamente ainda adornava pelo tecido de veludo vermelho.

Depois de anos, finalmente os quatro reunidos novamente. E aquilo não era um anúncio de mau presságio, significava que o desastre era iminente. O vento gélido piorara, mas não parecia empecilho para nenhum deles. Por alguns instantes, encararam-se sem dizer uma única palavra.

Ali estavam eles mais uma vez como em outrora. Foi neste momento, que Sakura soube que o que estava por vir não tinha mais volta. O destino é implacável e impassível e eles eram a representação disso. A rosada, por um instante, acreditara que poderia ter deixado essa parte da vida para trás, esquecer-se e reconstruir-se. Mas, agora, sabia que era impossível.

Estavam juntos novamente: os Quatro Cavaleiros do Apocalipse.  

***

A cada segundo que se passava ficava mais claro que aquela batalha não seria ser possível de vencer. Apesar de serem fortes, os Guardiões não possuíam tanta força para a quantidade de inimigos. Eles eram inúmeros e incansáveis, de alguma forma sempre reaparecendo e sua quantidade mantinha-se inalterada.

O nariz de Naruto sangrava veementemente. Seu peito estava inflado e sua roupa, de um típico laranja, agora tornara-se quase preta devido ao líquido que as criaturas espalhavam. Sua cabeça doía profundamente e ele sabia que estava em seu limite. Não se podia utilizar daquela maneira do tempo, o mesmo permitia uma determinada quantidade de perturbação. A raposa estava exausta, mas continuava tentando conter o avanço das criaturas. Definitivamente, o Tempo era o Guardião mais difícil de se dominar. E, por alguma razão, desde que a batalha irrompera simplesmente se via incapaz de controlar a Kyuubi. Era como se estivesse adormecida dentro de si, como se sua ligação mais profunda com o mundo dos espíritos tivesse se rompido.

Sasuke estava a seu lado, suas chamas possuíam um grande alcance e era possível queimar diversos inimigos, no entanto, não o suficiente para pará-los. As chamas da Fênix pareciam possuir um brilho diferente, mas Naruto não sabia identificar porque estavam tão atípicas. Sasuke parecia absorto na batalha deixando o poder de seu Guardião fluir por entre as mãos.

Naruto parara o tempo algumas vezes permitindo que os Guardiões utilizassem seus poderes fora do espaço tempo na esperança de que eliminaria todos os oponentes, porém ele estava a limitado a uma quantidade de tempo em que poderia utilizar a habilidade e ficava ainda mais difícil manejá-lo com tantas pessoas envolvidas. No final, parecia sem um problema sem fim. Não importava o que faziam, as criaturas sempre ressurgiam.

Por um momento, o loiro distraiu-se da batalha. Ele não percebeu o inimigo logo a sua frente e o mesmo agarrou o seu braço. A raposa gritou em dor. Aqueles bichos possuíam longas garras, mas os dentes amarelados conseguiam reproduzir uma espada bem afiada e a criatura agarrara o ombro de Naruto com força.

Ele estava quase perdendo a consciência quando a criatura fora dilacerada por uma rajada intensa de água. Hinata estava do outro, os olhos claros completamente focados em seus movimentos leves e precisos enquanto o rosto era salpicado pelo sangue escurecido das criaturas.

Naruto caiu ao chão enquanto a Libélula corria em sua direção.

- Droga! – Ela gritou agachando-se ao lado do loiro. O inimigo se remexia na neve esguichando o líquido escuro. – Droga! – Ela gritou mais uma vez sabendo que o ferimento tinha sido grave. O sangue começava a escorrer exponencialmente de Naruto e o desespero em Hinata aumentava. Ela segurava o ombro dele tentando conter o sangramento, mas parecia ser em vão.

- Que merda! – Sasuke gritara ao longe observando a cena que se desenrolava. A neve começava a atrapalhar a sua visão, então ela invocara o fogo causando um redemoinho com o mesmo. Neve e fogo se misturavam em uma bela dança e a neve gradualmente diminuía, esvanecendo diante das chamas.

O ataque afastara algumas criaturas. A batalha já se estendia há algum tempo e os inimigos pareciam esmiuçar-se lentamente. Ele foi em direção a Naruto e Hinata enquanto abria um corredor com as chamas.

 – Precisamos de Ino. – A fênix disse aproximando-se. Tsunade também serviria, mas ela estava distante e não tinha todo o poder do Cervo. O desespero latente em seu rosto. Naruto ainda mantinha os olhos abertos, mas não conseguia formular sentenças. Seu sangue manchava-se junto a neve a terra. No entanto, não importava para onde olhavam, o Cervo parecia não estar presente.

- Que droga, acho que estou morrendo. – O loiro dizia em bom humor enquanto segurava a mão de Hinata tentando focar em seu rosto, mas estava perdendo a consciência. Ele já estava cansado dos esforços que fizera anteriormente. Apenas conseguia visualizar a frase “o tempo tem seu preço”. Talvez tenha lido isso em um livro qualquer, mas era apenas no que conseguia pensar. Eles deviam ter se preparado melhor. Sabiam que a batalha era iminente, no entanto, não esperavam que estivesse tão próxima.

Ironicamente, acreditou que tinha mais tempo e que poderia viver naquele conto de fadas encantado para sempre.

- Cala a boca idiota. – A Hyuga disse enquanto olhava exasperadamente por todos os lados procurando por Ino, mas ela realmente não estava lá. – Precisamos recuar. – A libélula disse enquanto analisava o campo de batalha.

Naruto tentava focar seu olhar apenas nela. Arrependia-se amargamente de diversas coisas, mas tê-la machucado um dia era o maior deles. Ficava muito próximo de ter tido a oportunidade de estar com ela e não ter agarrado com todas as suas forças. Agora, iria perdê-la definitivamente.

Eles não tinham a menor chance contra aquele inimigo. Estavam despreparados e não possuíam tática. Mesmo com a presença do exército (que chegara pouco antes) ainda estavam em desvantagem. Era possível ouvir os gritos de dor dos soldados perfurados pelas garras e dentes das criaturas.

Em um esforço desesperado, Yugito levantara o braço e invocando todo o poder de seu Guardião lançara uma tempestade de raios contra os inimigos. Diversas criaturas recuaram ou foram atingidas pelos raios, mas outras continuavam a avançar. Tenten aproveitara do ataque de Yugito e novamente abrira uma fenda na terra fazendo com mais inimigos caíssem na mesma, o chão naquele momento já estava completamente quebrado e instável. A representante do Cavalo não poderia prosseguir muito mais com aquele ataque senão ficariam sem suporte.

Neji lançava os inimigos ao longe enquanto Shikamaru e Tenten o ajudavam. Gaara estava do outro lado do campo de batalha, a sua areia começava a moldar-se com a neve e a terra. Ele envolvia os inimigos em um redemoinho de areia e após o seu ataque era possível ver apenas o líquido asqueroso que saía das mesmas.

Talvez fosse o momento de desistir de fato. Recuar e planejar uma estratégia, mas como impediriam que a criatura invadisse a cidade? Não poderia se dar a esse luxo. A neve voltava a ser implacável. Novamente começando a tampar os seus pés.  

E foi neste momento que Sasuke compreendeu ao segurar rapidamente um pouco de neve nas mãos. Todo esse tempo e eles dando todas as informações ao inimigo sem nem mesmo saber. E o ataque inimigo havia sido tão coordenado porque sabia-se das fraquezas dos Guardiões, sabia-se que ainda não estavam prontos.

- Onde está Sai? – O Uchiha questionou.

 

***

O caos na cidade se iniciara pouco depois de Lee aparecer.

A Cobra tinha passado primeiro nos aposentos dos soldados para lhes dar a informação da Hokage. Enquanto alguns membros do exército se encaminhavam para o campo de batalha levemente cientes de que algo não estava correto, outros ficaram para coordenar a evacuação.

Protocolo básico.

- Que porra é essa Lee! – Ino bradou tentando acostumar-se a sensação do teletransporte. – Por que você fez isso? – Ela estava visivelmente irritada.

- Ordens da Hokage. – Lee falou dando de ombros como se dissesse “não atire no mensageiro”, mas sabia que aquilo não ia funcionar com Ino.

- Como assim? Eu tinha que estar lá. – Ela falava enquanto apontava pela janela de vidro do quartel general. – E se alguém tiver se ferido.

- Me desculpe Ino, mas a Hokage julgou ser melhor assim. – Ele falou tentando mantê-la racional. Ele seguiria à risca as informações da Hokage. Parte dele sentia que o Cervo seria melhor no campo de batalha assim como ele, porém estava ciente de que a Hokage tinha suas razões.

Ino estava pronta para contestar, sentindo a fúria alastrar-se dentro de si, porém o estrondo vindo da cidade a interrompera. De repente, gritos começaram a multiplicar-se e o barulho gutural das criaturas começara a alastrar-se ainda mais perto.

Lee e Ino simplesmente se entreolharam, os dois olhares encontrando desespero um no outro. Não foi preciso dizer mais nenhuma palavra. Ino e Lee precisaram apenas abrir a porta do quartel general para ver a cena de caos que se desenrolava.

As criaturas sombrias estavam em todos os lugares. Nos telhados das casas, no chão, nas janelas...

Elas não paravam de surgir e as pessoas irromperam em um emaranhado de caos e desespero. Os cidadãos saíam correndo pelas ruas de Konoha completamente sem rumo. Seus gritos misturando-se aos barulhos emitidos pelas criaturas.

Os inimigos sombrios pulavam em cima das pessoas arrancando parte dos seus membros como se ansiassem por aquilo. E imediatamente ao fazê-lo partiam para uma nova vítima. O chão coberto de neve misturava-se com o sangue escarlate das pessoas.

Ino não pensou duas vezes, olhou ao redor até achar uma arma pontiaguda suficiente para perfurar aqueles bichos. Por fim, encontrou uma lança jogada ao chão.

- Ino o que está fazendo? – Lee questionou enquanto a seguia para fora do quartel.

- Você precisa tirar o máximo de pessoas daqui! – A loira falou enquanto perfurava um sombrio com a lança impedindo que avançasse em uma mulher. A criatura esguichou e caiu ao chão, mas ainda tinham muito mais.

- Eu tenho que te tirar daqui! Ordens da Hokage. – Ele disse já fazendo o movimento para tocá-la e transportá-la dali. No entanto, Ino foi mais veloz desta vez e desviou atacando outra criatura que grunhiu.

- Olhe ao seu redor! As pessoas estão morrendo! Você pode tirá-las daqui e leva-las a segurança, mas alguém tem que impedir que mais pessoas morram fazendo isso. Eu posso me curar, os outros não.

Lee precisou ponderar por instantes, mas sabia que ela estava correta. Se as criaturas estavam na cidade, então tinham passado daquela frente de batalha ou estavam entrando por outro local. Ele olhou profundamente nos olhos de Ino e assentiu.

- Vou tentar voltar o mais rápido possível. Pelos Deuses, tome cuidado! – A Cobra disse como se apenas com suas palavras pudesse protegê-la.

- Eu sou a pessoa mais cuidadosa que você conhece. – A loira disse tentando manter o bom humor, mas sem sucesso. E assim Lee desapareceu e era possível ver resquícios de seu teletransporte em diversos lugares. Ele era rápido, mas não o suficiente para salvar tantas pessoas.

Uma criatura pulara de cima do telhado de uma casa em cima de um homem que tinha duas crianças ao seu lado. A criatura estava pronta para devorar o homem, sua boca aberta soltando uma baba de cor azulada, mas antes que pudesse terminar o movimento, Ino o perfurara na boca atravessando a cabeça com a ponta da lâmina.

- Saiam daqui! Procurem abrigo no local mais próximo. – O Cervo disso certificando-se de que não estavam feridos. Eles assentiram e antes mesmo de terminar de conversar com os mesmos, já estava perfurando outra criatura.

Assim, ela entrou em um frenesi. Começou a atacar as criaturas que avançavam cada vez mais vigorosas contra ela.  Elas andavam sobre quatro patas, as garras danificando qualquer estrutura em que encostassem.

A Yamanaka estava cercada. As criaturas sombrias se aglomeravam nos telhados, nas paredes, no chão. Ela se encontrava num grande corredor formado pelas próprias casas dos moradores. As estruturas eram inundadas pela neve e as criaturas sombrias faziam o contraste com as mesmas.

Ino estava cercada, mas isso não pareceu importar a ela. Ela perfurava as criaturas habilmente, quase como se dançasse. Sentia-se viva, mais livre do que nunca. Como se uma parte de si, antes adormecida, tivesse voltado à tona. Seu corpo já estava manchado pelo sangue escuro das criaturas, seus pés fincados na neve. Perfurara o olho de uma das criaturas que se afastou veementemente, mas antes que pudesse partir para a próxima uma outra surgiu do lado jogando-a contra a parede.

Ino bateu contra a estrutura de concreto sentindo o sangue escorrer pela têmpora. Com o impacto e a força do ataque fora impossível manter a lança na mão. Sua cabeça girava e ela tentava se recompor, mas logo mais inimigos se amontoaram a seu redor.

A cidade agora era puro silêncio. Ela não sabia se isso significava que Lee tinha sucedido, as pessoas tinham fugido ou se escondido ou as criaturas tinham dilacerado tudo o que estava vivo.

Por um instante, ela achou que aquilo representava seu fim. O machucado já havia se curado, mas ela não tinha mais uma arma em mãos. Apesar de grandes e ferozes, as criaturas eram fáceis de perfurar, o problema é que venciam em quantidade. De certa forma, não estava com medo, sentia-se conformada até.

No entanto, as criaturas não atacaram. Simplesmente ficaram paradas ao seu redor, impassíveis a gelidez do tempo. E como se estivessem sendo comandadas, abriram caminho. A princípio achou que era para ela, que, por algum milagre, as criaturas tinham se compadecido. Entretanto, quando viu aquela figura aproximar-se percebeu que não apenas estava enganada, mas que preferia morrer pelas criaturas.

- Finalmente estamos frente a frente. – Orochimaru dizia com o sorriso nos lábios. A pele tão branca que ele desaparecia caso não estivesse vestido, e os olhos amarelados se destacassem tanto assim como os cabelos negros. – Eu esperei profundamente por este momento, mas se quer algo bem feito deve fazer você mesmo. – Ele dizia com a voz rouca referindo-se a Kimimaro, provavelmente.

- Seu filho da puta! – Ino disse enquanto observava ele se aproximar. A Yamanaka olhava para os lados pensando em uma forma de fugir, mas as criaturas mantinham-se a postos.

Orochimaru mantinha o divertimento no olhar. Apesar de estar com um robe de mangas longas, Ino conseguia ver longos e profundos ferimentos em seus braços. Cortes profundos em tom avermelhado que não pareciam recentes, porém incapazes de se curar. Ela sabia que alguma coisa estava profundamente errada com ele; sentia que estava doente. Padecendo diante dos seus olhos.

- Você não entende agora, mas estou tentando criar um novo. – Ele disse passando levemente a mão no rosto enquanto a mesma recuava com asco. – Um mundo melhor para pessoas como nós. Um mundo onde não precisaremos nos esconder o tempo. – Ele dizia com segurança na voz, mas Ino conseguia sentir-se enojada. – E você vai me ajudar a criar esse mundo.

A loira não respondeu. Simplesmente cuspiu na cara de Orochimaru que se manteve impassível, como se já esperasse.

Ele apenas alargou o sorriso e falou:

- Gostaria que você compreendesse.

E quando terminou sua frase perfurou o estômago dela com um aparato de ossos que imitavam galhos. Ino perdeu o ar sentindo o corte, mas não era necessariamente a feria e sim o que fazia a ela. A loira olhava incrédula para Orochimaru que mantinha o olhar cínico e o sorriso no rosto.

O Cervo sentia seu poder sendo sugado de si. Esvaindo-se de seu corpo. Ela queria agarrar aquilo, algo que fazia parte inerente a seu ser, tão íntimo e conhecido dela. Mas ela era incapaz de agarrar-se. Estava perdendo a estabilidade, sentindo a consciência sumir junto ao seu poder. Junto a parte dela.

E então, ela gritou. Gritou toda a dor que estava sentindo como se seus membros estivessem sendo arrancados. Até que ficou sem voz e perdeu o sentido. Orochimaru retirou o aparato parecendo mais contente do que nunca. Ino tinha vontade de correr e esmagar cada parte do seu ser assim como ele fizera com ela, porém estava fraca demais. A consciência esvaindo-se e o sangue escorrendo. Por fim, caiu no chão e antes de finalmente deixar-se levar pela escuridão ouviu Orochimaru dizer:

- Um novo mundo está chegando.

E atrás dele, a figura de um dragão formava-se.

***

- Nós somos inevitáveis. – Vojna voltara a dizer como se retirado de uma frase de livro clichê. A Guerra nunca havia sido muito sutil.

A rosada não via seus irmãos há muito tempo e preferia que tivessem mantido assim. Sentia o Selo apertar-se cada vez mais profundamente em suas costas. As mãos começavam a tremer e a raiva se alastrava por todo o seu ser.

 Ela sentia-se usada. Agora que compreendia a magnitude de tudo, pelo menos. Tinha sido usada pelos Deuses, por seu pai e por seus irmãos. Acreditou que estava à frente, vencendo no jogo e dando as cartas quando, na verdade, ela estava no lugar preciso que a haviam colocado.

- Você devia ver a sua cara agora. – Kuga falou debochado. - Simplesmente, impagável. – Terminou dando um sorriso no final.

A Filha da Morte queria voltar a esfaqueá-lo, mas se conteve quando ele voltou a falar.

- Você é idêntica a nossa Mãe. – Ele continuou ainda provocando. – Ela achou que tinha conseguido algo te escondendo nesse mundinho, mas não dá para enganar a Morte, não é mesmo? Ele soube como te colocar nas rédeas direitinho. E você entrou nessa bravata de salvar o mundo quando, na verdade, só chegou para destruí-lo. – Ele terminou com um sorriso de escárnio e Sakura avançou nele, mas foi impedida por Sult e Vojna.

- O que você quer dizer com isso? – Ela esbravejou sendo segurada, ainda, pelos outros dois irmãos enquanto Kuga mantinha o deboche.

- Como você acha que chegou aqui? Quem te trouxe para cá? – Kuga dizia enquanto tirava neve dos cabelos prateados. – Mamãe... – Ele falava sarcasticamente. – Sabia que você era a mais perigosa e que seu pai era o mais perigoso, então ela te afastou dele. Criando você junto com mundanos que acreditam ser especiais, mas a Morte não poderia deixar barato e conseguiu te levar para o lugar certo ao lado dele. Para que tudo isso acontecesse. – A Peste gesticulava como se uma plateia estivesse ao seu redor.

 - O Apocalipse precisa acontecer. – Sult complementou soltando Sakura. – Faz parte de quem somos. É impossível escapar do que somos. – E eles... – Dizia se referindo aos Guardiões. – São apenas crianças brincando de salvar um mundo que seus ancestrais inventaram.

- Nós precisamos estar ao lado de Bahamut para que tudo aconteça como esperado. – Vojna falou colocando-se ao lado dos irmãos.

Tudo que Sakura conseguia pensar era em como tudo aquilo era ridículo. Ela não podia ter sua existência pautada em destruir o mundo, em trazer o Caos novamente para o mundo e que ele destruísse tudo. Mesmo que ela representasse a Morte. Mesmo que, de certa forma, ela fosse a Morte. Ainda existia uma outra parte de si que não era aquilo e ela queria agarrar-se desesperadamente aquela parte.

Porque não queria acreditar que trouxera a destruição e o fim dos tempos. Não poderia acreditar que todas as suas interferências estavam destruindo a realidade e permitindo que Bahamut escapasse ainda mais rápido.

- Mais algumas coisas precisam acontecer para cumprirmos nosso objetivo. – Kuga disse. Fora o tempo de enxergar o sorriso sádico em seu rosto enquanto ele socava o seu rosto, jogando-a longe.

O golpe a atingira com força, lançando-a a quilômetros de distância no chão gelado. Ela não entendia o que ele queria com aquilo, mas antes de parar para refletir estava o encarando. Lançou-se contra ele, empunhando a espada, mas, desta vez, a Peste estava preparada bloqueando o seu ataque com seu próprio objeto cortante.

A rosada o atingiu com um rasteira e assim que ele estava no chão, chutou seu crânio na esperança de que aquilo o apagasse. Mas não surtiu o efeito esperado e quando deu por si, Sult estava em cima dela. Ele desferiu um soco em seu rosto, mas a Filha da Morte só o encarou de volta indignada e fazendo o mesmo. Os dois possuíam uma força extraordinária, por isso quando a Fome a chutou no abdômen não fora surpresa que parasse a uma distância considerável, assim como acontecera outras vezes.

O que ela não espera era a quantidade insana de kyrias. As criaturas feitas de sombras espalhavam-se aos montes com seus gritos guturais. Ao longe, Sakura conseguia ver uma batalha se desenrolando com Tsunade liderando. E não parecia nada bem para o lado dela.

- O que vocês fizeram? – Sakura bradou acendendo a espada enquanto olhava para os dois irmãos. Kyrias não eram criaturas fáceis de se invocar; feitas exatamente da escuridão, custavam um preço alto a quem as invocava.

- O que era necessário. – Kuga disse enquanto atacava com a espada. Sakura desviara fincando a sua espada nele, porém seu irmão parecia esperar por aquele golpe uma vez que se utilizou dele para puxá-la para perto de si e agarrá-la pelo pescoço.

Esse golpe foi o necessário para distraí-la por alguns segundos e não notar a ausência de Sult. A Haruno já se livrara do golpe de Kuga, mas naquele instante já era tarde demais. Quando notou, Sult já estava do outro lado do campo de batalha. Aparecera lá quase que instantaneamente. Sua figura alta e forte que era impossível de não ser notada, mesmo à distância.

Sult estava ao lado de Tsunade e Sarutobi, ambos envolvidos na batalha, envoltos por Kyrias caídos e corpos decepados, manchados com sangue e molhados pela neve.

Ao longe, Sakura ouvira um grito agudo e de terror e ela sabia tratar-se de Ino, contudo ela não conseguia estar em dois lugares ao mesmo tempo, então não poderia socorrê-la. Precisava lidar com os irmãos.

Porém, antes que ela pudesse chegar até Sult e impedi-lo, Kuga a acertara no estômago lançando-a para longe.

E ela viu quase como em câmera lenta à medida que era jogada como se não fosse nada.

Sult segurando as cabeças de Sarutobi e Tsunade (apenas naquele instante os dois notaram sua presença)

Puxando suas cabeças como se não representassem nada.

O olhar de Tsunade encontrou o dela naquele mísero instante. Um olhar confuso e cercado de dúvida. Porém, um olhar que já compreendia o que estava para acontecer mesmo que inconscientemente e que dizia “desculpa”.

E assim, Sult arrancou as cabeças para fora de seus corpos.

O sangue jorrando exponencialmente e misturando-se ao que já estava no chão.

O grito ficou peso na garganta de Sakura. Assim que atingiu o chão novamente por alguns instantes ficou apenas lá, sentindo aquela dor no peito. Levantou-se o mais rápido que conseguiu. A kyrias avançando contra os corpos de Tsunade e Sarutobi comendo-os. As cabeças decepadas em puro terror.

Sakura ficou em choque por alguns segundos tentando absorver a cena. Conseguia ver a distância Naruto e Sasuke, mas eles estavam desfocados. Assim como o mar de escuridão das kyrias tornara-se apenas um borrão.

E lá estava novamente. Aquela fúria, a raiva incontrolável, a vontade de matar tudo o que estivesse a sua frente. E desta vez ela não conseguia conter. Sentia o Selo queimando em suas costas, não conseguia mais segurá-lo. Não queria mais.

Ela olhou profundamente para Sult e por alguns segundos achou ter visto arrependimento em seus olhos. Porém, seu arrependimento não estava em seus atos, mas no que Sakura estava prestes a fazer.

- Mostre a eles quem você realmente é! – Kuga gritou embebido em sarcasmo e terror.

A Filha da Morte sentia toda sua energia emergindo, suprida por tanto tempo que agora era impossível de controla-la. E de repente, ela estava inundada por luz. Ela era irradiada por esse clarão por todo o corpo, energia pura gravitando ao seu redor. No entanto, essa luz fora tornando-se escuridão e quando Sakura lembrara de Tsunade e Sarutobi ela simplesmente deixou tudo extravasar e irrompeu naquela explosão de energia, varrendo o que estava sua frente.

As kyrias desaparecendo dentro dessa escuridão, a intensidade jogando a neve do chão para todos os cantos, destruindo parte das construções da cidade, quebrando janelas e paredes, arremessando corpos, Sult e Kuga engolidas pela mesma e levados aos confins da Morte enquanto Vojna não estava em lugar nenhum para ser encontrada.

Por um momento, o sol se apagou por completo e restou apenas a escuridão.

E quando toda aquela energia contida se esvaiu dela, a raiva ainda estava lá. Queimando tudo o que ela tinha dentro dela. Ela não tinha mais controle sobre si. Não conseguia enxergar um palmo a sua frente. Conseguia ouvir vozes chamando o seu nome, mas não sabia distingui-las. Andava freneticamente e sem rumo. A dor ainda a destruindo por dentro.

Foi quando sentiu uma mão agarra-la, mas não era humana.

A visão gradualmente foi se recuperando e os pontos negros deram lugar a claridade. Quando conseguiu finalmente enxergar tratava-se de seu pai. A Morte mantinha o mesmo olhar condescendente e irritadiço.

Sakura não sabia como, se tinha chegado caminhando ou ele a arrastara até lá, mas estava na ponta oposta de onde o refeitório ficava, justamente onde um penhasco se encontrava.

- Você me enganou! – Ela disse com raiva tentando se desvencilhar dele, mas a Morte não permitiu e a agarrou pelo pescoço levantando-a contra o ar.

- As coisas precisavam acontecer desse jeito e você seguiu direitinho. – Seu pai dissera enquanto a encarava quase com um olhar orgulhoso. – Sua compaixão sempre foi seu ponto fraco.

- Eu vou... – Sakura começara a gritar, mas antes de terminar a frase foi interrompida por seu pai que enfiara a mão que estava pendendo em seu tórax, no lugar onde ficava seu coração. A Haruno sentiu o sangue subindo por sua garganta e transpassando sua boca.

- Sempre me perguntei isso. Se você tinha um coração. Agora sei a resposta. – Ele falou arrancando o coração dela deixando-a cair no penhasco. O corpo, agora com um buraco no centro, caindo encaixando-se perfeitamente com a ponta da rocha.

Ela não conseguia mais se mexer. Já não conseguia mais distinguir se estava tendo um deja-vu ou se tudo era verdade. Sentia-se com doze anos novamente. Tão inocente quanto. Alheia a tudo o que estava acontecendo. O sangue escorrendo e, desta vez, ela não conseguia se curar.

Ao invés de fogos de artifício a neve caía abundante do céu. O sol estava tampado por nuvens então sentia-se no escuro. Pensou por um instante que ela tinha muita sorte. Tinha passado pela morte duas vezes. Era irônica para dizer o mínimo.

Mas lá estava ela. E ficou assim, deixando que a neve a embalasse até que perdesse a consciência por fim.

 


Notas Finais


Vocês podem ter certeza que este foi o capítulo mais difícil de escrever. Tanto é que demorei demais hehehe Mas, como disse, ele foi um dos primeiros que planejei quando decidi dar vida a essa história.
Mas ainda temos alguns pela frente, então não se preocupem.
Eu não revisei muito este capítulo porque quis escrever e postar logo porque eu já demorei muito, mas se encontrarem erros me avisem que eu conserto <3
Quero agradecer também ao carinho de todo mundo que comenta e favorita mesmo com meus sumiços. Vocês são a razão de querer finalizar essa história.
Grande beijos e nos vemos em breve <3


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