História Big hero - A new life. - Um bom presente de aniversário.

-Acontece que essa garota aqui, - Gogo apontou para Kobayashi - gosta muito de você. Ela ficou nos atormentando uma semana para montarmos isso.

Yuriko olhou para o chão envergonhada.

-Eu e a Honey fizemos o tecido do balão. Ele não esvazia, não murcha, não fura, e você pode reusar até sua quarta geração. - Wasabi disse e Honey riu.

-Ele também não mancha, e é um tecido emborrachado, fácil de limpar, porém é leve. - Honey completou.

-Ela comentou que vocês ficaram se evitando, então depois do trabalho dela, eu e ela viemos aqui. - Gogo disse. - E como é uma reserva natural, perguntamos pro responsável se podíamos acampar. O lago Mori No é o mais bonito de San Fransokyo.

-Eu só financiei tudo mesmo maninho, e o acampamento. - Fred deu de ombros.

-Nós ajudamos a montar. - Iandre se pronunciou. - Um pouco ontem, e o restante hoje cedo.

-Sabe, eu nem conhecia você mano. - O loiro falou. - Mas você é uma pessoa legal. Então mesmo tendo que acordar fodidas sete da manhã pra vir ajudar na montagem, foi muito legal ver quanta gente gosta de você.

-Eu particularmente tenho vontade de te agredir. - Aika, falou, cruzando os braços. - Mas você é legal, quando não faz minha amiga ficar triste. E é um guri inteligente.

-O que a Aika quis dizer, é que você merece tudo isso, porque é muito amado. - Hyeri disse timidamente.

-Ficamos felizes em montar tudo, conhecemos muitas pessoas. - Um dos gêmeos, que acredito ser Akise disse, sorrindo.

-Sim, verdade, além disso comi doce pra lá. - Yoru completou.

-Nós também cantamos e nos divertimos. Sabe, o Shiro trouxe um violão, a gente até ensaiou o parabéns. - Tika riu, e o loiro agradeceu se curvando, e brincando.

-E também teve a hora cômica que o Iandre foi rir e saiu água pelo nariz dele. - Jane caiu na gargalhada, mas o garoto não aprovou muito.

-Eu só sei que foi divertido conhecer gente nova. - A garota de cabelo azul disse.- Yuriko nos chamou para isso na rodoviária, e nos implorou muito pra ajudar, por isso dormimos menos de cinco horas, mas valeu a pena. Minha amiga gosta muito de você, Hiro.

-Ela falou disso, uma semana à fio, sabe? - Tadashi sorriu. - Remexeu nas suas coisas, conversou com sua tia, e até mesmo pesquisou, pra que a gente pudesse desenvolver tudo. Cuide bem dela, certo? Não é todo dia que fazem algo assim.

Eu ainda observava, todas aquelas pessoas. Yuriko se encolhia tímida, e eu pensei no quão trabalhoso devia ter sido, principalmente planejar tudo isso quando estava sendo chantageada e agredida na escola, nós dois nos evitando, e ela chegando tarde do trabalho. Eu nunca desconfiei nem mesmo das saídas dos meus amigos.

Me aproximei da garota, e me abaixei o suficiente pra ficar na altura do seu rosto.

-Hey, - chamei, e ela me olhou. Beijei sua testa, e a abracei com força. - muito obrigado, hein? Imagino o trabalho que deve ter tido, então obrigado por isso. - Sorri, e deixei somente um braço no pescoço da garota, me virando para o pessoal. - Obrigado à vocês também, que não me conhecem, e aos que me conhecem mais ainda por gostarem de mim.

-Vocês dois são um casal bonitinho. - Fred sorriu. - Como as criancinhas que vemos no jardim de infância e parecem combinar.

-Fred, não começa. - Gogo o repreendeu.

-Desculpa aí. - Disse. - Mas é verdade.

Quando ele riu, Gogo o bateu, e começaram a brigar. Ri baixinho.

-Ne, Hiro, eu gosto quando você sorri. - Yuriko estava vermelha, e olhava o chão.

-Obrigado por ser o motivo desse sorriso. - Apertei uma de suas bochechas. - Aquilo ali é dango? - Corri para pegar, deixando a garota para trás.

Eu certamente não sabia o que estava sentindo, ou por qual motivo eu havia demonstrado tanto afeto com a garota em público. Mas eu me senti confortável, por isso, comecei a comer meu dango numa boa. O loiro se aproximou de mim, enquanto o resto colocava alguma música no som de Fred, e conversava.

-Você se parece com o namorado da Hide. - Ele comentou, pegando um sasamochi na mesa.

-Já me disseram isso. Eles namoram? - Dei mais uma mordida no doce.

-Cara, se eu te disser que eu só soube disso no ônibus vindo pra cá você nem acredita. - Deu uma mordida generosa no bolinho. - Quase ficamos na rua, já que ele nem sabia que ela viria. Foi de última hora, sorte que é um cara legal.

-Realmente... Tadashi parece gostar da Hide. - Disse. - No fundo, eu fico feliz. Eu nem lembro qual foi a última vez que eu vi ele sair com uma garota. E garotas no pé dele, ele tem de sobra. - Rimos. É, o loiro não era tão mala.

-Entendo. Passo pelo mesmo, todos os dias, e acredite, é um saco. - Bufou.

-Quer dizer que você é um cara disputado? - Brinquei.

-Não exatamente. Eu costumo cuidar um pouco mais de mim mesmo, e pelas outras pessoas, eu sou considerado bonito, o que eu acho irrelevante, já que eu faço isso em benefício da minha saúde, e do meu bem-estar. - Explicou. - Mas acontece que quando se é assim, você nunca sabe quem quer ser realmente seu amigo, ou se aproximar de você porque é uma pessoa legal. Eu sou amigo de Akise, Yoru, e Hide, porque os conheço e fiz amizade desde o primário. E a Yuriko eu conheci quando ela tinha cinco anos. Foi quando ela chegou no bairro, e eu peguei o último picolé de morango do carrinho.

-Mas ela adora sorvete de morango, cara. - Falei.

-Exatamente. Nesse dia eu tomei um chute na canela. Então brigamos, e a minha mãe me forçou a conversar com ela e me desculpar. Então eu levei outro chute. - Riu. - Um tempo depois, ficamos amigos. Mas não vem ao caso, quer dizer, eu sei que essas pessoas são verdadeiras comigo. É um saco arranjar uma garota legal hoje em dia, e o Tadashi tem a Hide, e ela é muito legal. Muito legal mesmo, e merece ser bem cuidada.

-Fato. Tadashi não é muito bom com garotas, ele fica atrapalhado e inseguro. - Ri, lembrando do meu irmão na adolescência. - Sua amiga deveria cuidar dele também.

-Ela vai. Nunca vi uma pessoa que se importa mais com as outras do que a Hide. - Terminou o sasamochi. - Ou a Yu. As duas faziam trabalho voluntário em eventos às vezes, principalmente com cachorros. Yuriko costumava tirar fotos desses eventos. Ela é boa com fotografias.

-Verdade. - Lembrei das fotos tiradas por ela, e aquela que tiramos na cafeteria da senhora Haru. - Ela nunca me contou essas coisas. Porém, bom saber que Tadashi está em boas mãos.

-Sim, sim, Hide também. - Sorriu. - Mas e aí, o que você e a Yuriko tem mesmo?

-Nós dois não temos nada. - Joguei o palito do dango num lixo que tinha ali, e logo peguei outro, mordendo. - Se estiver com ciúmes você pode comprovar com ela, Shiro. - Me lembrei do nome.

-Não é ciúmes, Hiro. Talvez ela tenha te contado sobre nosso “namoro”. - Ele fez aspas com os dedos. - Eu só dei o primeiro beijo dela, e assumi o cargo de namorado pra tirar os valentões do pé dela. Ela é realmente uma criança pavio curto, e sempre arranjava confusão com o pessoal mais velho que queria dinheiro pro lanche. Ela acabava estropiada e sem dinheiro. - Bufou. - Dávamos selinhos, e andávamos de mãos dadas, mas sabíamos o quanto era esquisito. Eu vi ela crescer, e somos como irmãos. Terminamos sem que aquele pessoal soubesse, para que não pegassem no pé dela, mas ainda assim, nos respeitamos como irmãos. O que eu tenho não é ciúmes, mas sim, um temor por ela.

-Por que? Estamos muito bem. - Dei de ombros e continuei comendo.

-Até parece. Ela não está de todo feliz. Está na cara que vocês dois se pegam. - Falou, e eu engasguei previamente com o doce, tossindo, e fazendo-o rir. - Eu sabia. Vocês não se assumem, e parecem se gostar. Eu não sei. Conheci você faz pouco tempo, e vocês passaram esses meses vivendo juntos, só vocês. Mas, ela sempre foi a mais nova de todos nós, e nos importamos muito com ela. Só agora ela veio fazer amizades mais próximas da idade dela, e isso é bom. A questão é que, ela é uma criança, Hamada, e não conhece o mundo. Você é provavelmente a primeira pessoa que ela gosta pra valer, e já deve estar sendo a primeira decepção amorosa. Eu só peço que por favor, não fique alimentando esperanças pra ela, se não tiver interesse, isso vai machucá-la ainda mais.

-Estamos com problemas realmente sérios, cara. - Suspirei. - Não podemos pensar em sentimentos agora, mas, eu vou refletir sobre o que disse.

-Você é um garoto esperto. - Deu um soco de leve no meu ombro, e sorrimos.

-EI, SHIRO, A MÚSICA QUE VOCÊ GOSTA VAI COMEÇAR! - O gritaram, e ele foi correndo.

Quando terminei peguei mais um dango, porque era realmente meu doce preferido. Atendendo à minha gula, sentei de frente para o lago. O tempo hoje estava razoável, mas não era muito aconselhável nadar, a água parecia fria. Senti pequenos bracinhos rodearem meu pescoço, mas não achei um abuso como no dia em que a janela da velha Jones foi destruída. Me senti acolhido.

-Você está tão sozinho aqui. - A vozinha infantil pronunciou e eu ri.

-Eu já vou pra lá, só estava aproveitando o dango. Eu não comia há anos. - Ouvi uma risadinha, e a vi sentar-se ao meu lado.

-Eu não sabia que conhecia doces japoneses, mas de toda forma, fico feliz. - Sorriu.

-Bem, eu só não sei o japonês em si, mas eu moro em San Fransokyo, é inevitável não conhecer a cultura oriental. - Dei de ombros. - Mesmo assim, obrigado pela festa. Está muito legal.

-Eu só queria que você se sentisse mais feliz no dia em que nasceu.

-Sucesso na tarefa então. Obrigado. - Terminei, o doce, mirando o palitinho na lixeira. Por sorte, consegui acertar. Devia fazer basquete.

-De nada. - Olhou para o céu. - Disseram que você era muito bom em descobrir festas surpresa.

-Eu não tive tempo de desconfiar, a gente brigou a semana inteira, então a minha suposição foi que você não queria falar comigo. - Disse.

-Não tem momentos em que eu não queira falar com você, tem momentos em que eu estou magoada com você Hiro, é só isso. - Levantou limpando a roupa. - A gente se fala quando você quiser se misturar então. -Sorriu me deixando ali sozinho.

Quando decidi me juntar ao pessoal ficaram felizes. Estava tocando uma música que eu sequer lembrava o nome, mas sei que quando me misturei comecei a dançar. Parece que Wasabi trouxe bebida alcoólica, então o pessoal estava bebendo. Excerto, o pessoal de 16 anos pra baixo, que era meu caso, e dos amigos de Yuriko em geral.

Aika e Akise, conseguiram a façanha de subir numa árvore sem cair, e conversavam animadamente. Achei que eles se deram muito bem, porque Yuriko disse que Akise era o gêmeo mais calmo, e Aika parecia querer explodir todo mundo. Mas os dois estavam só sorrisos, então achei bom que tivessem feito amizade.

Tika jogava basquete com Fred, Iandre e Shiro, e dava uma boa lição nos três, atingindo uma cesta imaginária várias vezes.

Yoru estava sentado num tronco rindo enquanto Hyeri contava várias histórias de sua escola/vida, e trançava o cabelo do mesmo.

Jane e Yuriko conversavam, a de olhos verdes com um copo do que eu acredito ser cerveja na mão, e Yuriko com refrigerante de uva. Ambas riam de algo que eu não soube identificar. No colo de Yuriko tinha uma Polaroid, que alguém deve ter dado/emprestado e debaixo da câmera, diversas fotos. Devia ter bastante filme ainda.

Honey e Hide, improvisaram um balanço, com cordas sintéticas, feitas pela Lemon, e juntaram aos balões super resistentes. Achei engraçado, mas realmente cabiam as duas que eram bem magrinhas, e elas riam e conversavam.

Wasabi, Gogo, Tadashi e eu, fazíamos parte das pessoas que só queriam ficar numa boa. Embora soubéssemos que Tadashi sempre fora enérgico, praticando karatê por aí, ou correndo pra montar robôs, mas hoje ele parecia contente em só observar.

Falávamos sobre alguma coisa bem nerd, principalmente porque Gogo tinha bebido demais, e estava discutindo com Wasabi que estava quase no seu nível.

-Eu já falei que eu não tenho culpa se você estragou a roda da sua armadura, depois de se distrair com um flerte do Fred no treinamento. - Ele se defendia.

-Eu estava testando o revestimento de carbono que VOCÊ fez, seu animal. Você é um ridículo, não consegue nem projetar revestimentos decentes.

-Mas eu estudo, diferente de você, eu preciso acabar a faculdade. Você só pensa em correr!

-Fala isso pro meu 100 em mecânica robótica avançada! - Se alterou. - Você tirou 96 no teste, porque estava ocupado demais querendo dar uns amassos na Honey. Confessa Wasabi.

-Eu acho que deveríamos intervir. - Tadashi apontou.

-Deixa eles. - Dei de ombros.

-Eles vão se matar. - Concluiu.

-Ano passado, numa resenha na casa do Wasabi, aconteceu o mesmo. Wasabi gosta da Honey, porque aconteceram algumas coisas depois que vo... Depois que nosso amigo morreu. - Corrigi. - Eu soube que nessa mesma resenha, a Gogo beijou o Fred, então eles parecem se gostar, sei lá. Só sei que quando ela e Wasabi brigam, jogam as coisas na cara um do outro, e quando estão bêbados, é muito pior. Mas são amigos, deixa que se resolvem sozinhos.

-Então, vamos sair daqui. - Deu de ombros, e saímos.

Já um pouco mais afastados, puxei assunto.

-Sua namorada é bem diferente. - Comentei.

-Você quis dizer bem nova, não é? - Perguntou, e eu assenti envergonhado. Ele suspirou. - Francamente, eu me sinto meio errado. Ela tem dezesseis anos, e eu tenho vinte. Acho que eu posso ser preso.

-Não é tão ruim. Ela parece feliz. - Dei de ombros.

-Mas não é bom pra ela.

-Então por que namoram? - Perguntei. - Poxa, você poderia só ter deixado ela.

-A gente se conheceu jogando online, cara. Nunca perguntamos a idade um do outro, e quando eu comecei a gostar dela, e resolvi tomar uma atitude, ela disse a própria idade. Ficamos quase um mês sem nos falar. Acho que na época ela tinha quinze. - Pensou. - Enfim, quando voltamos a nos falar, pensei que um webnamoro exigiria menos de nós dois, e eu não seria necessariamente preso. Até ela dizer que queria vir pra San Fransokyo. Não botei muita fé, mas ela realmente veio.

-Você não gosta dela? - Perguntei.

-Gosto. E fiquei feliz de ter conhecido ela de verdade, mas eu não acho que seja bom pra ela namorar alguém mais velho.

-São só quatro anos, Tadashi, tá tudo bem. Sabe, ela já tem dezesseis, mesmo que não seja a maioridade oficial aqui em San Fransokyo, é a maioridade oficial dos Estados Unidos, então é só ir para outra cidade, e tá resolvido. Vocês ficam bem juntos. - Tomei do meu refrigerante.

-Você é um garoto esperto. - Riu, bagunçando meu cabelo. Sorri, nostálgico.

-Você que não sabe pensar, cabeção. - Rimos.

-Mas eu sou mais corajoso que você, porque eu assumo que gosto, e não enrolo ninguém. - Jogou a indireta mais direta do dia.

-Ah, vai se ferrar, Tadashi. - Ele riu, e foi atrás de Iandre.

Fiquei ali, observando o sol se por, pensando no quão divertido o dia estava sendo. Teve uma hora, que Honey e os gêmeos foram correr e caíram, e a Kobayashi apenas fotografou enquanto ria.

Wasabi e Tadashi reuniram madeira para fazer uma fogueira, enquanto o resto do pessoal montava as barracas. Ao todo, eram dezesseis pessoas, para seis barracas coloridas.

Duas eram grandes o bastante para caber quatro, e o resto cabiam duas cada. Fred, Honey, Wasabi e Gogo ficariam com a barraca grande e verde. Yoru, Hyeri, Tika e Shiro, com a grande azul escuro. Aika e Akise ficaram na amarela, Iandre e Jane com a azul clara, Hide e Yuriko com a vermelha, e Tadashi e eu com a laranja. Tudo resolvido, improvisaram um caneco, num espeto acima do fogo, e fizeram chocolate quente. Parece que trouxeram marshmallows, então colocaram dentro das canecas, o que ficou o máximo.

-Yuriko tirou muitas fotos hoje. - Hide comentou.

-Eu vou guardar todas elas! - Disse animada, e eu sorri. Ela estava tão fofa.

O loiro pegou seu violão.

-E aí, pessoal, quem tá pronto pra cantar uma musiquinha? Hideko, Akise, Yoru, Yuriko? -Chamou. Eles rirram negando. - Então vocês meninas? Tika, Hyeri, Aika? - Estas também negaram e rimos. - Nossa gente, assim vocês me apertam. Algum adulto aqui canta?

-A Jane tem uma voz muito bonita. - Iandre apontou.

-Eu nem sei cantar parceiro. - Gogo estourou uma bola de chiclete. - Sinto muito.

-Eu acho que eu canto mais ou menos, depende da música. - Honey deu de ombros.

-Eu estou fora. - Wasabi disse.

-Eu gravo. - Fred ligou o celular, abrindo a câmera.

-Eu não sei cantar, mas se todo mundo for eu vou. - Tadashi sorriu. Desde sempre ele é o que paga mico se os amigos pagarem também.

-Então tá bom, quem souber canta, e quem não souber... Aprecie a linda apresentação. - Shiro disse e nós rimos.

Começou a dedilhar o violão, murmurando a melodia. Eu conhecia aquela música.

-They say we are what we are, but we don't have to be, I'm bad behavior but I do it in the best way, I'll be the watcher of the eternal flame, I'll be the guard dog of all your favorite dreams. - Yuriko e Tika começaram.

-Opa! Alguém se revelou aqui. - O loiro disse, e elas apenas continuaram.

-I am the sand in the bottom half of the hourglass glass, glass, Ooh, I try to picture me without you but I can’t. - Era uma das músicas que eu mais gostava.

-'Cause we could be immortals, immortals, Just not for long, for long, And live with me forever now, You pull the blackout curtains down, Just not for long, for long, We could be immor- immortals, Immor- immortals, Immor- immortals, Immor- immortals - E quando eu vi, estávamos cantando todos juntos.

-Sometimes the only pay off for having any faith, Is when it's tested again and again everyday, I'm still comparing your past to my future, It might be your wound but they're my sutures, Ooh, I am the sand in the bottom half of the hourglass glass, glass, Ooh, I try to picture me without you but I can't. - Eu podia me sentir feliz.

-Cause we could be immortals, immortals, Just not for long, for long, And live with me forever now, You pull the blackout curtains down, Just not for long, for long, We could be immor- immortals, Immor- immortals, and live with me foverer now, put blackout curtains down, Just not for long for long.

-We could be immortals, immortals, Just not for long, for long, We could be immor- immortals, Immor- immortals, Immor- immortals, Immor- immortals. Immortals. -Quem terminou a música, foram Shiro e Yuriko.

E tudo acabou numa salva de palmas, e o pessoal escolhendo outra música para cantar. Decidi ir até a van, ver se haviam compro gummy bears, quando quem eu menos queria ver, principalmente no meu aniversário, estava lá.

Kira.

E ela estava bonita, usando uma calça de couro, e uma camiseta branca, com botas marrom, e o cabelo preso, deixando a tatuagem bem à mostra. Ela disse que voltaria, e eu não acreditei.

Quando ela disse, “precisamos conversar” fomos até perto o suficiente do lago, sem que meus amigos vissem, e eu pedi que ela fosse rápida.

-Então, sua tia falava sério mesmo quando disse que o gênio veio para natureza. - Falou.

-Você só voltou mesmo, visto que cobra adora mato. - Rebati, e ela riu.

-Que arisco, Hiro. Eu disse que voltaria.

-E eu disse que você não tinha chance. - Disse sério.

-Tudo que eu quero, eu consigo. Te disse isso quando começamos a namorar, se não se lembra.

-Eu me lembro, mas eu não sou um objeto. - Cruzei os braços. - Por que você voltou, Kira? O que é que você quer?

-Você é famoso, meus pais te querem como genro, ou vão acabar cortando minha mesada. Vamos unir o útil ao agradável, e acabar logo com isso.

-Sinto muito, mas esse desgosto você vai precisar dar aos seus pais, porque eu não quero eles como meus sogros. E eu não gosto de você. - Falei sincero.

-Ah, vamos, você sabe que eu sou melhor pra você que aquelazinha.

-Não é aquelazinha, ela tem nome, e é Yuriko.

-Que seja, ela é uma criança. É melhor pra você uma garota mais velha, que compreenda melhor o seu mundo. - Falou.

-Kira, saiba reconhecer um não. Eu não quero mais você, poxa. E eu não preciso de uma garota mais velha. Eu estou realmente bem, se você quer saber. Ainda que Yuriko seja mais nova, ela é bem mais madura que você, e eu não preciso que ela entenda o meu mundo, ela só faz parte dele, por ser incrível. E em momento algum ela se aproximou com segundas intenções, o que me faz pensar em como eu sou babaca, porque mesmo assim eu fico machucando ela. Pode ir embora, por favor? Hoje é meu aniversário, e eu não quero que você atrapalhe.

-Eu vou te fazer mudar de ideia. - Segurou meu rosto fortemente e me beijou.

Kira tinha gosto de colgate recém usada. E tinha um beijo muito agressivo, que eu sequer lembrava. Tentei empurrá-la sem que machucasse, afinal, eu não machuco garotas.

-Hiro, o pessoal tá te chamando pra tirar uma foto e... - Era a voz de Yuriko, e fez Kira afrouxar o aperto para que eu finalmente me livrasse dela. - E-eu atrapalhei alguma coisa? Me d-desculpa, eu vou voltar e...

-Yuriko, não é o que você tá pensando, calma. - Fui explicar, mas Kira me cortou.

-É sim! Você só atrapalha, desde que apareceu. Você não se toca de que é só uma criança inútil?! - Ficou a sua frente, fazendo com que ela se aproximasse mais do lago. - Você não consegue perceber que NÃO tem chance, sua esquisita? Eu não sei de onde você veio, mas deveria voltar pra lá, e parar de estragar tudo.

-Kira já chega! - Tentei puxá-la para longe de Yuriko, mas ela puxou o braço.

-E-Eu... - Yuriko tentou dizer algo.

-Sua voz é irritante, para de estragar tudo! - Empurrou a garota na água.

-POR QUE É QUE VOCÊ FEZ ISSO, SUA IDIOTA?! - Gritei, a empurrando.

-ELA SÓ ATRAPALHA TUDO, SE NÃO FOSSE ELA-

-SE NÃO FOSSE ELA TERIA OUTRA, PORQUE EU NÃO TE SUPORTO MAIS, KIRA TAKINA! QUE DROGA! - Ouvia alguma coisa ao fundo, mas estava possesso. Logo o pessoal correu para ver o que acontecia.

-ESSA GAROTA SE METEU NO MEU CAMINHO, E EU SÓ QUERO QUE ELA DESAPAREÇA! - Gritou.

Quando paramos para ouvir a voz de fundo, olhamos para o lago. Era Yuriko.

-SOCORRO! -Submergiu na água.- Eu não sei - Voltou para superfície e afundou de novo - eu não sei nadar! - afundou mais uma vez.

-É drama dessa garota. - Kira disse.

-Não é não, ela é pequena para profundidade desse lago, e realmente não sabe nadar. - Shiro disse desesperado.

-YORU! - Hide gritou quando a amiga submergiu de vez.

O gêmeo pulou na água, mergulhando e buscando a Kobayashi, já inconsciente. Quando a trouxe para fora, estava pálida, e os lábios roxos.

-Kira, vai embora. - Pedi. - Você já fez demais. E não volta, porque não vai conseguir nada. O trabalho dignifica o homem, já ouviu esse ditado? Arranja um emprego, porque vai perder sua mesada. - Adverti, e ela foi embora, furiosa.

O gêmeo forçava o abdômen da garota, na tentativa de fazê-la respirar. Forçou mais algumas vezes, até que ela abriu os olhos, cuspindo a água e respirando o máximo de ar possível, e tossindo.

-Eu achei que fosse morrer, Yoru! - Ela chorava, enquanto o platinado à abraçava.

-Shh... Tudo bem, vai ficar tudo bem. - Ele acariciava seus cabelos curtos, enquanto ela derramava lágrimas, completamente encharcada.

E eu fiquei ali, só observando ela chorar, sem coragem para me aproximar.

[•••]

Um pessoal ficou mais um tempo na fogueira, mas Yuriko não saiu mais da barraca. Com o tempo, foram todos dormir.

-Yah, Hiro, você se importa de trocar de lugar comigo, só dessa vez? - Hide pediu. - É que minha escola fica só três semanas de recesso, então nós voltamos pra Los Angeles. Eu queria aproveitar um pouco. - Pediu, levemente avermelhada. A pele de Hide era bronzeada, numa cor café com leite, mas ainda assim, seu rubor era perceptível. Adorável.

-Claro. Eu não me importo. - Sorri. - Bem, eu estou com sono pessoal, então já vou dormir. Aproveitem a noite.

Então, eles vinham de Los Angeles. Razoável, e também uma boa explicação para as roupas curtas de Yuriko. Los Angeles é realmente muito quente. E é cabível com a história dela, fica à cinco horas de San Fransokyo.

No mapa estadunidense, San Fransokyo fica entre San Francisco, e San Diego, Califórnia. Mas mesmo estando na CALIFÓRNIA, ainda conseguimos ter um clima bizarramente variado. Enfim, ela também nunca havia me contado de onde vinha.

Quando entrei na barraca, o escuro não favorecia. Ela estava deitada e muito encolhida. Usava um jeans, pelo que eu pude perceber, e uma blusa de frio.

-Yuriko, tá acordada? - Chamei.

-Não aconselho você a ficar aqui, a Hide já vai vir. - Falou sem muito ânimo.

-Vamos passar a noite juntos, porque ela pediu para que trocássemos de barraca, já que queria ficar com Tadashi. - Expliquei.

-Ah sim. - Disse, virando-se para o outro lado.

-Você está bem? - Perguntei, e ela somente balançou a cabeça. - Então, olha pra mim.

-Não dá, eu tô bem só fisicamente mesmo, Yoru fez cinco anos de natação e graças à ele fiquei viva. Não tô com ânimo pra te encarar ainda. - Disse sincera. Suspirei, sentando-me ao seu lado.

-Eu não queria que ela te empurrasse, você sabe.

-Você podia ter me contado. Sei lá, me sentiria menos usada. Eu achei que fôssemos amigos pelo menos. - Se encolheu ainda mais entre as cobertas.

-Você deveria acreditar em mim, sabe. Ela me beijou a força, Yuriko, não foi porque eu quis. - Expliquei.

-Eu vi, Hiro. Mas eu entendo, sabe, você disse o tempo todo que não queria me ver como uma garota, e que não tínhamos nada. Não é obrigação sua me dar satisfação também. E eu vou ficar bem com isso.

-Você não tá me escutando, eu tava lá, eu sei das coisas, e eu não quis beijar ela, Yuriko. Nem que ela te jogasse na água, mas eu não posso bater em garotas. - Bufei.

-Olha, não precisa ser legal, tá bom? - Se sentou de frente pra mim. - Eu já entendi, e tudo que você não conseguiu falar, a Kira me disse. Eu sinto muito mesmo ter ficado entre vocês, e ter criado esperanças de uma coisa que nunca daria certo. Desculpe. Sabe, Hide e eu conversamos, e não tem jeito de contornar a situação, então eu realmente vou ter que voltar com a minha mãe. - Sua voz estava embargada. - Vai ser dentro de pouco tempo. Uma ou duas semanas, mesmo assim, quis te contar com antecedência.

-Eu disse que daríamos um jeito!

-Eu não queria te contar hoje, porque é seu aniversário. Mas... Eu sei que você não quer que eu atrapalhe mais, me desculpe. Eu vou pra casa, é o melhor. Sabe, eu nunca vou conseguir me encaixar nessa realidade de toda forma. A escola Hakurei não é pra alguém que passou a vida vendendo bolos. O convívio com gênios não é pra alguém sequer entende cinemática e odeia física. E o seu afeto e preocupação não devem ser pra mim, e sim pra Kira. E eu entendo, o tempo inteiro você procurou não demonstrar sentimentos, e eu fui criando esperanças, a culpa é minha. Quando eu voltar pra casa, tudo isso vai ser apagado, e vamos todos seguir em frente. - Riu sem graça.

-Yuriko, essa nem é você! Cara, você lutou tanto para estar aqui, e se esforça tanto pra fazer parte, que não percebe que já fazia desde o momento em que entrou nas nossas vidas. Todo mundo aqui gosta de você. E você tem tantas qualidades... - Segurei o seu rosto. - Você sorri o tempo inteiro, você é otimista, você é persistente, você alegra todos que convivem com você, você me faz feliz, e me faz pensar que estar sozinho não é sempre o melhor. Yuriko, você ama seus amigos, você defende todos eles, e você nunca abaixa sua cabeça, então não seja assim para Kira! Mesmo que você tenha que sair machucada, com o cabelo curto, ou com uma bronca no final, você sempre luta pra ser você mesma.

-Não é o suficiente pra que me queiram por perto.

-Eu te quero por perto. Eu gosto de você. E eu ignorei os meus sentimentos, achando que os que eu deveria ignorar eram os seus. Mas se tratava do que eu sentia, esse tempo todo. Robô nenhum poderia substituir você. A Kira não chega nem perto de ser o que você é pra mim.

-Mas... - A beijei, desejando que nada pudesse tirá-la de mim, pelo menos naquele momento.

Ela estava tímida, e confusa, e o gosto de morango misturado com o chocolate quente era incrivelmente bom. Ela estava chorando? Eu não sei. Quando nos separamos, um pouco ofegantes pela falta de ar, limpei seu rosto.

-Eu queria ter me aproximado naquela hora, e dito que estava tudo bem, e você estava segura agora. Mas naquele momento, eu era a última pessoa que você queria por perto, e aquilo me incomodou. Você estava vulnerável e indefesa, e eu odeio quando eu vejo você assim, e não posso fazer nada. - Franzi a sobrancelha. - É confuso, mas, é como eu me sinto.

-Eu estou sempre tentada à acreditar nas suas palavras, mas é sempre assim: A gente se machuca, você diz coisas fofas, e eu tento de novo, mas sempre dá errado no final. É a primeira vez que eu me envolvo com uma pessoa dessa forma, Hiro, e dói mais do que o esperado. Não quero ser egoísta, porque, eu realmente gosto de você cara! -Respirou fundo. - Mas eu não aguento mais. Eu não quero que isso se repita de novo e de novo, e uma hora ela pode voltar, e vocês podem realmente começar a namorar, e eu prefiro estar em casa se isso acontec...- A cortei, dando um breve selar em seus lábios.

Yuriko é a única pessoa de piercing que eu beijei em toda minha vida. Mas, eu realmente gostava daquele toque gelado quando nos beijávamos e é uma coisa que somente ela tem.

-Olha só, se é isso que tanto te irrita... - Suspirei, ao me separar dela. - Você poderia me dar um bom presente de aniversário aceitando namorar comigo, o que acha? -Brinquei.

Ela arregalou os olhos abrindo e fechando a boca várias vezes.

-Você não pode estar falando sério. É o Hiro Hamada falando, isso só pode ser uma pegadinha. - Ela colocou os dedos entre os cabelos balançando-as.

-Yuriko, eu estou falando sério. - Disse.

-Sério? Verdade mesmo? - Assenti. Era muito difícil acreditar em mim? Só senti o peso da garota por cima de mim, e meu pescoço ser abraçado com toda força. - Sim!

CONTINUA....