História Bittersweet - Open Your Eyes, Bro

POV'S Namjoon 
   Jungkook não dera sinal de vida nos últimos dias, ele sempre costumava visitar a mim e a Jin para tudo, era como uma criança hiperativa que corria animadamente para os pais sempre que faz algo como um desenho ou coisa do tipo.  Eu poderia ligar para ele se meu último celular não acabasse quebrado, assim como todos os celulares que já tive. Eu não sou a pessoa mais cuidadosa do mundo.
 Lembrei-me de sua grande proximidade com Yoongi, talvez estivesse lá. 
 Tanto eu quanto Jin já percebemos que há algo além de amizade fluorescendo entre eles, era algo tão bonito e forte.
 Fui até o apartamento de Yoongi e bati na porta. Sem resposta. Bati mais uma vez e logo percebi um som vindo do lado de dentro. Música. Havia alguém ali, o som não estava alto ao ponto de quem estivesse dentro não atendesse a porta. 
 Comecei a me preocupar. E se algo estivesse errado com Yoongi? Não o conhecia a tanto tempo, não sabia se haviam ou não motivos para se preocupar. Bati na madeira mais uma vez, para me certificar.
 Abri a porta lentamente, vendo o corpo pequeno de Yoongi sobre o chão, o toca discos  ligado e vidro quebrado espalhado pelo chão:
 - Yoongi?! O que aconteceu?! - tenho certeza de que não ouviu a frase inteira antes de desmaiar.
 Suas roupas estavam manchadas de sangue e algo parecido com licor de cereja.
 Rapidamente peguei seu corpo desacordado em meus braços. Corri para fora do apartamento. Precisava de alguém para me acompanhar até e o hospital, alguém para cuidar superficialmente de seus ferimentos no caminho do hospital. Fui para meu apartamento o mais rápido que pude, abrindo a porta de solavanco, Jin, que  estava sentado a mesa, olhou para Yoongi desacordado em meus braços e se levantou:
 - Namjoon, que merda você fez?! 
 - Eu não fiz nada, precisamos ir para o hospital!
 Descemos as escadas praticamente pulando os degraus. Sempre deixávamos uma caixa de primeiros socorros no carro por precausão, então enquanto eu dirigia o mais rápido possível para um hospital, Jin desinfetava os machucados de Yoongi e fazia alguns curativos temporários.
Logo chegamos no hospital, peguei Yoongi novamente em meus braços. Seus braços eram cobertos por faixas brancas que tomavam uma coloração avermelhada, seu rosto era ainda mais pálido. Sentia como se segurasse um cadáver, e isso era o que mais me aterrorizava.
 Seokjin e eu entramos no grande prédio branco, enfermeiros logo perceberam a situação crítica do menor em meus braços e surgiram com uma maca, o levando pelos longos corredores enquanto um deles nos dizia para falar com a recepcionista enquanto cuidavam de Yoongi.
 Porém, não falamos com a recepcionista. Nem ao menos nos mexemos, apenas ficamos ali, parados em frente a grande porta, as respirações aceleradas e os corações pulando para fora do peito. Meus braços tremiam ao lado do corpo, formigavam ansiosos. As mãos de Jin continham algumas manchas de sangue, assim como a ponta das mamgas de sua camiseta.
 Então, nossos olhares antes perdidos se encontraram como uma ponte que nos permitia fazer com que os medos, as ansiedades e inseguranças se juntassem, tornando tudo mais suportável.
 Indiquei as cadeiras da sala de espera com um aceno, um pedido silencioso para que nos sentássemos. E assim fizemos.
 Mais uma vez permanecemos perdidos. Fitando a parede incrivelmente branca a nossa frente. Conhecia Seokjin bastante para saber que era incrivelmente sensível e suas emoções surgiam a flor da pele. 
 Passei um braço por cima de seus ombros, o puxando para um abraço. Seus braços rodearam minha cintura e sua cabeça recostou-se em meu ombro. Logo ouvi seus soluços e senti suas lágrimas molhando minha blusa. Com o ombro braço, envolvi ainda mais seu corpo encolhido sobre meu ombro, acariciando seus cabelos loiros para tentar acalmá-lo.
 Sentia algo estranho, uma necessidade de proteger Seokjin de todos aqueles medos e aflições que nos rodearam no curto período de tempo entre eu entrando em nosso apartamento com o corpo desacordado de Yoongi em meus braços até o momento presente, em que estamos abraçados na sala de espera de um hospital, sendo observados com certa repulsa por uma das faxineiras mais velhas. Era sempre assim, sentia a extrema necessidade de proteger Seokjin, mesmo que este falasse com todas as letras que conseguia se cuidar sozinho. Há coisas em nós mesmos que não conseguimos cuidar sozinhos.
 Jin parecia um pouco mais calmo depois de alguns minutos chorando sobre meu ombro, então decidi falar algo:
 - Jin, trouxe seu celular? - okay, eu deveria falar algo como "vai ficar tudo bem" ou perguntar se ele estava melhor, mas precisava realmente falar com uma certa pessoa que havia magicamente sumido do mapa.
 O loiro balançou a cabeça positivamente sem levantar o rosto. Entendendo que eu o queria, tirou o aparelho do bolso de sua calça. Levantou a cabeça para me fitar sério, cerrando os olhos inchados como se dissesse "não o quebre como faz com todo o resto"
 - Calma, não vou quebrá-lo, tomarei cuidado. - disse sorrindo ao ver sua preocupação com o aparelho, ele apenas voltou a enterrar o rosto em meu ombro.
 Disquei os números de Jungkook, sentindo uma pequena corrente de raiva percorrendo meus nervos. Por que ele não estava ali num momento tão delicado?
 Onde esse pirralho poderia ter se metido?
 Não demorou muito para que ele atendesse:
 - Jin Hyung?
 - Não, é o Namjoon, seu idiota. Jin está ocupado demais chorando pelo que talvez seja sua culpa.
 - O quê? O que aconteceu?
 - Yoongi está no hospital. E sabe quem não está aqui ao lado dele? Você! Agora venha para cá, não me importa onde esteja, posso te dar uma lição depois quando Jin não estiver ouvindo. Agora venha para o hospital.
 - O-okay, pelo menos me conte o que aconteceu - ele falou um tanto assustado 
  - Quando chegar você vai ver o que aconteceu, venha logo - Falei logo desligando o celular e devolvendo para Jin
 Ainda estávamos sentados, em um abraço, Jin aparentemente parou de chorar e estava encostado em meu ombro tentando se  recompor enquanto eu acariciava sua cabeça. Passei minha mão para tirar os rastros que as lágrimas deixaram em suas bochechas
 - Você não quer ir no banheiro? Secar o rosto e limpar o nariz? - Falei levantando o seu rosto para ter uma visão melhor do mesmo, é horrível ver o quão triste Jin estava naquele momento  - Eu não vou sair daqui, qualquer notícia sobre Yoongi eu aviso quando voltar.
 - Okay, prometo não demorar - ele falou se levantando e caminhando até o banheiro
  Me senti muito estranho. Normalmente protejo muito os outros, mas sou muito mais protetor com Jin, ele é especial pra mim. Ele é frágil demais pra andar sozinho nesse mundo, o mundo é mau, e repleto de pessoas más, não quero que façam mal ao meu Jin. Fui tirado dos meus devaneios quando um médico que aparentemente queria falar comigo
 - Você é o senhor que trouxe o paciente Min Yoongi para cá?
 - Sim, fui eu. Meu nome é Namjoon, Kim Namjoon - Falei estendendo minha mão para um aperto de mãos 
  - E meu nome é Chung-Ho, então senhor Kim, qual é o seu grau de parentesco com o Senhor Min?
  - Eu sou um amigo dele - Como ele sabe o nome do Yoongi? - Desculpe perguntar, mas como o senhor sabe o nome do Yoongi? Ninguém nem ao menos me perguntou qualquer coisa antes de levá-lo.
 - Ele tem uma ficha nesse hospital, enquanto tratávamos dele, buscamos pessoas parecida com ele no banco de dados do hospital, e vimos que ele tem uma ficha registrada aqui - ele falou preenchendo uma prancheta que estava em suas mãos 
 - E-ele já esteve aqui? - Eu gaguejei sim, estava com medo - Se o senhor puder falar...
 - Sim, ele já esteve, parece que havia algo relacionado a um acidente de carros.  Então, voltando ao assunto, conseguimos fechar os ferimentos dele, você fez um bom trabalho com aqueles curativos, eles conseguiram pelo menos diminuir a perda de sangue
 - Na verdade não fui eu que fiz... Foi um amigo meu, ele está no banheiro agora
 - Dê meus parabéns à ele, agora o Senhor Min está fazendo uma transfusão de glóbulos vermelhos para compensar a perda súbita dos mesmos. Recomendo que tome suplemento de ferro,  durante uma hemorragia se perde o ferro, que essencial pra produção de glóbulos vermelhos. Daqui alguns minutos ele vai estar acordando então acho melhor ter alguém com ele no quarto - Alguma enfermeira apareceu e falou alguma coisa para ele - Me desculpe, mas eu tenho que ir, outras pessoas precisam da minha ajuda, diga-me o nome para que possamos autorizar visitas.
 - Kim Seokjin e Jeon Jungkook 
 - Grau de parentesco?
 - Seokjin é seu amigo e...
 As portas do local se abriram de forma tão rápida e estrondosa que parei o que falava para olhar. Jungkook entrava correndo, os cabelos pretos bagunçados e usando uma camisa xadrez vermelha amassada. Viu a mim enquanto falava com o médico. Senti novamente um fio de raiva passando por minhas veias. O menor correu até o médico e disse:
 - Eu estou aqui para ver Min Yoongi. Sou Jeon Jungkook - disse entre ofegos. Parecia ter corrido muito.
 - Qual seu grau de parentesco com ele?
 - Eu sou namorado dele. - me assustei com a afirmação dele, confesso que estou orgulhoso de meu pequeno Jungkook
 - Okay, sua visitação está autorizada, agora eu preciso ir.
  O médico caminhou para longe de nós, Jin apareceu, logo abraçando Jungkook.
 - Jin, por favor, vá pro quarto do Yoongi, o médico disse que ele vai acordar logo e não quero que fique sozinho sem entender o que aconteceu - Jin obedeceu, mas antes de ir para o quarto, ele chegou perto da minha orelha e disse:
 - Pega leve com ele, Joonie - o apelido sussurrado ao pé de minha orelha arrepiou-me por completo.
 - Não prometo nada - disse o observando caminhar pra longe no corredor
Fiquei parado em frente a Jungkook, o encarando, qualquer um que passasse ali iria perceber o quão pesado o clima estava:
 - Qual é o seu problema? - perguntei irritado
 - Hyung, eu estava...
 - Eu não me importo com quem estava ou que merda estava fazendo, entendo que você não tinha como saber que isso aconteceria, mas porra, sabe o quanto eu e Seokjin ficamos preocupados? Você some sem dar notícias e espera que vai ficar tudo bem depois? Yoongi quase morreu porque é muito difícil pegar um telefone e ligar para avisar alguém onde está. E se eu não chegasse lá a tempo, Jungkook? Espero que você tenha uma desculpa fodidamente séria para ter sumido, seu pirralho. - percebi que ele se encolhia a cada palavra que eu falava
 - E-eu fui para casa dos meus pais, precisava conversar com eles sobre... Assuntos importantes. - obviamente é sobre Yoongi. - E eles não reagiram bem, me obrigaram a ficar lá. Queriam que eu voltasse a morar lá para ficar longe dessas "más influências". Eu só estou aqui porque consegui roubar meu telefone de volta e fugir pela janela - confesso que estou surpreso 
 - Okay, isso é uma desculpa que me parece concreta... Jungkook, você é maior de idade, apesar de não parecer, você é, seus pais não tem de ficar cuidando de você como quando você era pequeno.
 - E-eles não entendem isso, hyung. Eu fiz de tudo, eles não me deixaram  nem colocar os pés fora de casa - ele estava falando a mais pura verdade, eu conseguia ver em seus olhos
 - Os faça entender. Você vai ligar pra eles e dizer como eles não mandam em sua vida e que você manda em si mesmo, me entendeu? - falei tentando liberar a tensão de mim mesmo, eu não estava com raiva dele, ele não tem culpa de ter pais tão ridículos, o abracei mais forte que eu podia e dei um beijo em sua testa - Agora vamos ver como o seu namorado está - falei percebendo suas bochechas se ganharem uma coloração vermelha
 Entramos em seu quarto e vi: Jin segurando as mãos de Yoongi, que estava bem pálido, a parte de trás de sua mão esquerda estava com uma acesso conectado a uma bolsa de sangue. Logo que Jungkook percebeu que Yoongi estava acordado, correu até o mesmo e o abraçou o mais forte que pode
 - Jungkook! Pega leve, o Suga acabou de acordar - Jin disse à ele soltando a mão do "Suga"
 - Suga? Por que Suga? - Yoongi o perguntou, sua voz estava falha e rouca, provavelmente estaria refletindo o estado de seu corpo: Fraco
 - Porque seu sorriso é doce e você é branquinho assim como açúcar - Jin acariciou a cabeça dele, bagunçando seus cabelos
 - Kookie, você 'tá me apertando - ele falou ainda imerso em seu abraço
 - O que você fez, Yoongi? Ou melhor, o que eu fiz? Eu deveria ter acordado do seu lado naquele dia, eu deveria ter deixado um bilhete ou alguma coisa... - eu consegui ver uma lágrima escorrendo pelo seu rosto - Yoongi, eu te amo, sempre vou te amar, você sempre será a minha prioridade - ele falou enchendo Suga de beijos
 - A culpa não é só sua, eu deveria saber que fazer aquilo não iria me ajudar em nada, só iria fazer as pessoas ao meu redor sofressem  - Falou logo dando um beijo em Jungkook
 Apoiei minha mão no ombro de Jin, o mesmo me olhou, seu rosto estava bem menos inchado. Abeleza de Jin era tão grande, causaria inveja em qualquer um, ele é tão precioso pra mim. Tão delicado e frágil quanto bonecas de porcelana. 
 Olhei o meu relógio e iriam dar três horas da tarde, deveria ir trabalhar, peguei as chaves do meu carro e dei na para Jin:
 - Odeio interromper esse beijo que deve estar muito bom, mas infelizmente eu tenho que ir trabalhar - falei me despedindo de cada um naquele quarto, deixei Jungkook por último - Lembro de que eu falei: hoje anoite você vai ligar pra eles, falar o que deve e vai dormir em seu apartamento, me entendeu? - falei seriamente com ele
 - Entendi, hyung - ele disse me dando um abraço - Mas... acho que vou dormir aqui. Quero passar mais tempo com o ''Suga''.
  Fechei as portas do quarto e caminhei pra fora do hospital
  Tive de sair do hospital para trabalhar, assim como Jin.     
 As vezes me sentia estranho sobre ele, como no dia do sorvete, quando acabamos daquela forma consideravelmente constrangedora. Sentia meu coração queimar e tudo parecia borbulhar como num caldeirão dentro de mim. 
 Talvez eu já soubesse o que eram todas aquelas mini queimas de fogos que surgiam em meu peito apenas com a presença, os olhares, os toques, os risos e palavras de Seokjin, mas me recusava a aceitar. 
 Éramos amigos há tantos anos que passei a vê-lo como uma espécie de irmão. Tínhamos uma espécie de plano secreto que nunca fora posto em palavras, como uma conexão que mantínhamos mentalmente, e aquelas sensações que se espalhavam por meu interior não faziam parte de nosso plano.
 Cheguei logo na loja,virando a placa que se encontrava rente a porta, indicando que o estabelecimento estava aberto.
 Continuava com meus pensamentos distantes, quase indiferente ao movimento da loja, agindo quase roboticamente. Como estaria Yoongi? E Jin? Jin teria ido para nosso apartamento depois da chegada de Jungkook? Estaria bem sozinho?
 Aquela necessidade de proteção com Jin continuava me atormentando mais que o normal nos últimos dias...
  - Senhor? Está tudo bem? - ouvi uma voz chamando-me, fazendo com que voltasse a realidade longe de Seokjin.
 - Sim, claro. Me desculpe por isso. - disse.
  - Tudo bem. Eu vim saber se você não teria uma vaga em aberto como assistente ou algo assim. - disse em um tom claramente tímido, com medo que eu negasse.
 Já havia passado por esse tipo de coisa antes de conseguir minha própria loja:
 - Oh... Eu não havia pensado em contratar alguém, mas talvez seja uma boa ideia - disse, vendo seu rosto iluminar-se por um sorriso. - Tem algum tipo de experiência nessa área?
  - Eu trabalhei em algumas lojas, trouxe meu curriculo, n-não é muita coisa mas...
  - Tudo bem, garoto, não será necessário. Gosta de discos?
  - Sim, meu namorado tem uma coleção e isso me fez gostar muito disso e... q-quer dizer, m-minha na-namorada... E-eu só... M-me desculpe.
  - Tudo bem, não se preocupe. Eu não vou te julgar ou não te aceitar como funcionário por sua sexualidade.
  Suspirou aliviado, sorrindo minimamente:
 - Obrigado, senhor.
  - Gostaria de começar hoje? Talvez um dia de adaptação, ainda são três horas, fechamos às sete.
 - Seria ótimo, eu só tenho de ligar para meu n-namorado para dar a notícia.
 - Ligue para ele, depois podemos falar sobre coisas além do trabalho. Quero conhecer melhor meu novo assistente. 
 O restante do dia passou incrivelmente rápido. Descobri que o nome de meu assistente de cabelos incrivelmente brancos era Lee Taeyong e seu namorado se chamava Jung Jaehyun. O dia finalmente estava acabando, a noite já havia chegado e um último cliente saía da loja logo depois do relógio indicar 19h
 - Tem algum compromisso? Eu e Jaehyun vamos tomar alguma coisa, talvez jantar num restaurante aqui perto, poderia ir conosco.
 - Seria ótimo, Taeyong.
 Ouvi batidas na porta, esta quejá estava com a placa indicando que a loja estava fechada, estava prestes a dizer que fechamos, ao olhar para a porta, vi um garoto espremendo o nariz contra o vidro, junto de uma de suas bochechas. Falava rente ao vidro como uma criança vendo um aquário:
 - Taeyong, já está saindo? Por que você demora tanto? Se está me traindo com seu chefe apenas fale logo que eu vou tomar meu suquinho de goiaba sozinho. 
  Ri e olhei para Taeyong, que escondia o rosto visivelmente vermelho:
 - Puta merda, Jae. - ele resmungou contra as próprias mãos,  logo erguendo a face corada - Posso deixá-lo entrar?
 - Pode, claro. - respondi. Taeyong andou até a porta em passos curtos e rápidos, ao abrir a porta, o garoto que aparentava ser Jaehyun pulou para dentro, abraçando Taeyong e afundando o rosto nos fios brancos dos cabelos alheios:
 - Senti sua falta, mas fiquei muito feliz por você. - disse o de cabelos negros completamente rebeldes.
 - Também senti sua falta. - Taeyong respondeu, seu rosto voltando a ficar rubro. 
 Vê-los daquela forma me lembrava Jin. Queria poder agir daquela forma com ele, poder abraçá-lo todos os dias e dizer o quanto senti sua falta, poder afundar meu rosto em seus cabelos loiros e sentir seu aroma doce como uma torta de morango com muito creme, poder ver sua face corada, sentir seus lábios quentes e... Mas que merda eu estou falando? 
- Namjoon Hyung, esse é Jaehyun, Jaehyun, esse é Namjoon, meu chefe. - Taeyong disse ao se aproximar, segurava firmemente o pulso de Jaehyun, este que logo soltou-se do aperto, então apertando a mão de Taeyong e a acariciando com seu dedão. 
 Tão gays.
 Adorei.
 - Não está me traindo com ele, certo? - o outro perguntou, Taeyong o encarou, reprovando sua brincadeira insistente.
  - Ele falou muito de você, Jaehyun.
 - Melhor mesmo. - disse sorrindo
 Saímos da loja em direção à uma banca de sucos. Bebemos nossos sucos (Jaehyun realmente comprou suco de goiaba), conversamos mais um pouco. Eles são realmente muito unidos, mesmo que tímidos em público. Os entendia, há tantas pessoas ruins por aí.  
Logo depois fomos comer em um restaurante próximo. A comida era muito boa, assim como o ambiente:
 - Hyung, quem é esse Seokjin? Você o cita a cada três frases - Jaehyun pergunta.
 Nem eu mesmo percebia que citava o outro tanto assim: 
- Ele é meu amigo, dividimos o apartamento. Vocês iriam gostar dele, ele é sempre simpático e carinhoso com todos, seus cabelos são loiros como ramén cru, mas muito macios; ele adora rosa e mais da metade de suas roupas são dessa cor; ele sorri o tempo todo, e seu sorriso é tão radiante, como se um raio de sol caísse do céu sempre que ele sorri; e ele ama comer, a sua cara de felicidade quando come é como a de um coelhinho fofo mastigando cenouras; ele tem tantos talentos que eu poderia citá-los para sempre; e... Me desculpe, estou falando demais, certo? - percebi que Taeyong e Jaehyun me encaravam maliciosamente.
 Oh, merda. 
 - Gosta dele? - Jaehyun perguntou maliciosamente. 
 - O-o quê? Claro que não, ele é apenas... Um amigo. - senti minha face queimar minimamente.
 - Claro que gosta dele, está estampado na sua cara, só você não vê isso - Taeyong disse - Open your eyes, cara.
 Parei por um segundo para refletir. Eu gostava de Seokjin? Claro que eu gostava. Eu o amava. Por que demorara tanto para perceber algo que estava tão óbvia?
 - Eu... Preciso falar com Seokjin. Obrigado pelo jantar. - peguei minha carteira, entregando a eles a minha parte da conta.
 Corri para o apartamento o mais rápido que pude. Subi as escadas praticamente pulando de três em três degraus (vantagens de ter pernas longas), logo chegando em meu apartamento.  quando abri a porta, Jin estava sentado no sofá, assistindo o programa de culinária. Quando olhou para mim, senti-me incrivelmente culpado pela raiva que seus olhos ardentes transmitiam:
 - Onde caralhos você estava, Namjoon? Sabe como me preocupei quando não voltou do trabalho mais cedo? Devia estar em casa há três horas! - disse se levantando e vindo até mim.
 - Eu estava jantando com meu novo funcionário. - disse.
 - Você tem um novo funcionário? Desde quando está procurando funciosários, Namjoon? Por que está mentindo para mim?! - seu tom de voz aumentou, se tornando mais agressivo. 
- E eu não estava! O garoto apareceu lá e eu o contratei! Não estou mentindo para você, sabe que eu não mentiria!
 - Eu não sei mais, Namjoon! Eu só... Não sei! Por que não me avisou que não viria?!
 - Não pensei que fosse fazer tanta diferença!
 - Claro que faz Namjoon! - seu tom de voz aumentava cada vez mais. 
 - Por que está agindo assim?! Você nunca se importou quando eu chegava tarde!
 - Eu só estou com medo de te perder, assim como estou com medo de perder Yoongi!
- Eu te amo - disse, a confusão de emoções florando em meu peito novamente, forte como uma bomba explodindo.
 - Eu também te amo - Jin gritou de volta no mesmo tom exaltado de antes. Uma espécie de melancolia tomava sua voz - Por isso me preocupo com você, Namjoon. Te amo como meu irmão mais velho.
 - Não, eu não te amo desse jeito.
 - Então de que jeito, Namjoon?
 Puxei um de seus braços, girando e fazendo com que seu corpo colidisse sem muita força com a parede. Fitei seus olhos arregalados e sua face corada. Nossos olhares fulminavam, transmitindo tantos sentimentos que nunca conseguiriamos transmitir em palavras.
 Selei nossos lábios de forma afobada, toda aquela agitação e adrenalina se esvaindo com o toque sutil. Suas mãos que seguravam meus braços com força, relaxaram, escorregando até que nossos dedos se entrelaçassem. Aprofundamos o beijo, queria que aquele momento durasse para sempre, queria sentir seus dedos entrelaçados aos meus, seus lábios pressionados contra os meus, seu calor, seu cheiro, seus sentimentos.
 Tivemos de separar o beijo por conta da falta de fôlego:
 - Desse jeito - eu disse.
 - A-acho que eu também te amo desse jeito. - disse o outro e sorriu, apertando novamente minha mão.