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História BitterSweet - Heroes


Escrita por: VictorStark

Notas do Autor


Though nothing will drive them away | Embora nada, nada vá os afastar
We can beat them, just for one day | Nós podemos vencê-los, apenas por um dia
We can be heroes, just for one day | Oh, nós podemos ser heróis, apenas por um dia

Heroes (Heróis)
David Bowie

PS, para o pessoal que gosta de ouvir a música com o capítulo, recomendo até o primeiro separador (oOo) do capítulo ouvir Pan's Labyrinth Lullaby, é a música OST do Labirinto do Fauno. ahusahusa, super recomendo! E vai fazer toda a diferença. Depois padem ir para o Bowie <3

Capítulo 21 - Heroes


Havia sangue no chão de terra. Havia aquele cheiro metálico no ar. Muitos dos inimigos haviam morrido e, mesmo assim, a queda dos parentes pareciam imensamente maior do que os vários cadáveres dos outros lobos.

Apesar de inimigos, eles eram enterrados na terra. Mesma terra que equilibrava o universo, mesma terra que a todos pertencia e que a todos comeria.

Derek podia se lembrar das velhas histórias do avô. Sobre a morte, sobre como a alma dos lobos ainda vagavam as florestas, como a carne, o osso e tudo mais alimentaria o chão, alimentaria as plantas e os animais que eles comeriam.

Claro que Derek acreditava muito que seu avô tirara essas velhas histórias do ciclo sem fim, de rei leão, e deixava-o acreditar que os ensinamentos eram seus mesmos.

O corpo nu do velho estava à sua frente, tal como o corpo da mãe e do pai. Limpava-os. Lentamente os limpava com um pano umedecido, as sujeiras do corpo. Era a função de um filho enterrar ao pai e a mãe. Era a ordem natural das coisas e assim estavam sendo.

O Alpha do clã Hale sentiu olhos contra si, naquela parte silenciosa da floresta.

– Venha me ajudar – Pediu com a voz calma.

Stiles se aproximou. Não sentia medo, ou nojo dos corpos. Apenas sentia-se mal por vê-los ali, sentia-se mal por ter falado a tão pouco com a mãe de Derek.

Derek estava com o tronco nu, apenas uma calça de jeans escuro, os pés estavam descansos. Talvez preferisse estar nu também, pensou Stiles. Estar em contato com a natureza da forma que apenas lobos sabiam.

– A tatuagem, nas minhas costas – Falou Derek, olhando com os olhos azuis ao namorado, que também pegara um dos paninhos umedecidos e começara a limpar sua mãe, limpando o sangue coagulado na garganta cortada da mesma – A tatuagem é uma Triskle.

– Triskle – Murmurou Stiles, olhando para o maior. Derek tinha o cenho sério, agora que o olhava, não conseguia ver em suas expressões o rapaz-adolescente-lider-de-clã que conhecera.

Todo o semblante de Derek era o de um homem, que crescera anos e anos em apenas alguns minutos, em apenas algumas horas.

– Significa Mente, Corpo, Espirito – Explicou Derek, se aproximando da mãe também para limpá-la para a sepultar – Nascimento, morte e renascimento.

– Renascimento... – Murmurou Stiles, pensativo, nunca tivera contato com a morte. E ela ali estava, em suas mãos naquele momento.

– É, nós acreditamos que vamos vagar pelas florestas depois da morte – Explicou Derek – É por isso que precisamos ser enterrados na terra. Nada de caixão. Nada de cimento. Precisamos voltar para a terra de onde viemos.

Stiles ajudou Derek a limpar os corpos dos parentes, eles seriam enterrados próximos aos pais deles, e os pais antes deles. Assim, eles estariam todos juntos finalmente.

– Eu nunca tinha visto uma pessoa...

– Morta – Concluiu Derek, a voz não era doce, mas também não era amarga.

Era agridoce.

Não que estivesse feliz que os pais tivessem morrido, mas tinha que poupar as lágrimas, tinha que poupar a tristeza. Era o Alpha agora, era ele quem teria que cuidar do clã, quem teria que guiar os homens e as mulheres que nele confiariam a vida...

Tinha que crescer. Estava crescido, em tão apenas algumas horas.

– Eu sinto muito – Falou Stiles, com toda a sinceridade em seu coração.

Ali naquele silêncio eles se olhavam, e no fundo daqueles olhos castanhos podia ver toda a imensidão de complicadas nuvens de fúria e parcimônia do mundo. Talvez fosse Stiles quem seria o forte ali, mesmo que era ele quem poupava chorar, quem fechava a cara e mostrasse os dentes.

Ali vendo o semblante calmo da mãe, lembrava-se de mais uma lição dela “Não tenha medo dos dentes, tenha medo dos sorrisos”.

De fato, era fácil reconhecer um inimigo quando ele lhe mostrava os dentes, mas tão difícil o é quando ele lhe dá um sorriso.

Não que o menor pudesse ser o seu inimigo em potencial. Porém, Stiles era o típico sorridente, mas que se transformava em um potencialmente mortífero urso.

– Eu também – Respondeu Derek, roçando as costas da mão no rosto gélido da mãe. Sempre fora quente...

Stiles se aproximou de si e lhe tocou o braço com os dedos, estes, eram quentes. Sentia-se bem por ele ainda estar vivo, por ouvir sua respiração, sentir que os batimentos ainda batiam. A mãe se suicidara ao ver o pai morrer.

A morte pareceu mais formidável do que perder uma parte da sua alma. Tinha medo agora de perder Stiles, ele que estava ali tão perto de si e cogitara viver no silêncio com ele, escondê-lo, talvez até afastá-lo.

Estavam tão pertos...

Pensou em abraça-lo, só pensou. Mas ficou imóvel, tão imóvel.

Stiles lhe abraçou, lenta e profundamente. Derek fechou os olhos lentamente, ele lhe abraçou. Sentia-se estranhamento protegido.

Ele, que sempre fora o protetor. Ele que sempre tivera que representar a força e a liderança.

Era ali um filhote, nos braços do garoto. Seu garoto.

Poderia falar que o amava, mas as palavras não bastavam.

– Vamos enterrá-los – Afirmou Derek.

– Vamos – Respondeu Stiles.

Derek pegou a mãe nos braços e andaram pela floresta. Stiles seguiu atrás.

Por alguma razão, Stiles retirou os sapatos, sentia vontade de tocar com os pés nus a terra. E sentiu-se bem ao sentir a terra gélida.

Caminhou e caminhou. Chegaram até onde três covas estavam abertas. Os montes de terras ao lado de cada uma, panos brancos permitiram à Derek abraçar o corpo da mãe e colocá-la. Stiles ficou ali e Derek buscou o pai e depois o avô.

Foram cobertos pelos mantos e colocados no berço de terra.

Stiles sentia vontade de chorar, conhecia-os tão pouco. Mas era a mãe de Derek, era o pai de Derek... O avô.

E Derek não chorava, porque não chorava? Porque com as mãos nuas empurrava a terra para dentro daquele berço, onde aquelas três crianças agora dormiam...

Sim, porque para o urso os três pareciam três crianças em seus berços, em um sono tão profundo...

– É a morte meu anjo – Disse Derek, ao perceber que Stiles não aguentara.

Realmente, não aguentara. Deixara rolar as lágrimas. Mas não emitira som algum.

– Eu sei – Respondeu Stiles – Mas eu não queria que eles morressem.

– Ninguém quer – Derek respondeu, se aproximando, abraçou o menor. Stiles lhe abraçou de volta, com o dobro de força.

Stiles olhou os montinhos de terra, estavam cobertos. E se afastaram.

Deixariam os mortos descansarem.

 

oOo

 

– Você quer entrar, Derek? – Perguntou um sorridente homem. Era o pai médico de Stiles. Vestia um pijama e tinha cara de sono, apesar de ser quase duas da tarde. Talvez porque pela noite ele trabalharia.

– Não, obrigado – Respondeu Derek com um pequeno sorriso – Ele está entregue.

– Só espero que ele tenha se comportado – O pai de Stiles fechou um dos olhos, desconfiado, enquanto o filho entrava na casa.

– Claro que me comportei pai, não é como se eu tivesse quebrado uma mesa ou algo do tipo – Respondeu Stiles, sorrindo. Estava faminto.

– Sei... Mas obrigado por deixar minha cria aqui e... Está tudo bem?

– Está. – Respondeu pontualmente Derek, observando o seu menino ao fundo, já indo à cozinha – Tenho que ir agora, muito obrigado por tê-lo deixado ir. – Disse Derek, com um pequeno sorriso.

– O-okay Dokey – Respondeu o Sr. Stilinski.

Derek se foi, deixando Stiles com um delicioso brigadeiro de colher e o pai Sam em casa.

– O que aconteceu com vocês? Terminaram? Brigaram? – Perguntou Sam, olhando o filho com o grande prato de brigadeiro.

– Na verdade não, estamos ótimos – Respondeu Stiles, ligando a TV – Na verdade, Derek até me pediu em casamento.

– Ele o QUÊ?! – Perguntou o mais velho, sentando-se no sofá e roubando o prato.

– Pai!

– Eu estou com mais idade, preciso me alimentar mais. E o que você disse?

– Humpf – Respondeu Stiles.

– E então, o que você respondeu, criatura?!

– Eu aceitei – Stiles respondeu, dando de ombros.

– Você está brincando comigo – Sam entrecerrou um dos olhos, olhando desconfiado para o filho. Mas Stiles deixou a expressão séria e então o pai arregalou os olhos – Okay, você não está brincando... E os pais dele sabem disso?! Eles concordaram?

Stiles pensou em como seria ideal falar isso, mas preferiu apenas ficar em silêncio quanto à morte dos pais de Derek.

– Bem, digamos que os pais dele... Estão de boas.

– Hum... E...

– E?...

– Seu pai vai surtar.

– Eu sei – Respondeu Stiles rindo, pensativo. Lembrando que aceitara o pedido de casamento apenas em seu quase-leito-de-morte.

Perguntava-se se Derek ainda se lembrava, porque as coisas haviam sido tão... Doidas.

– Mas não vou deixar a ideia de ir à faculdade, ele sabe disso – Afirmou Stiles – Quero estudar e fazer algo que gosto...

– E ser feliz.

– E ser feliz. – Respondeu Stiles.

Para seu pai, não importava realmente que ele se casasse agora, talvez se separasse, se casasse novamente e fizesse e abandonasse dez faculdades. Havia apenas uma meta ideal na vida: ser feliz.

– Mas porque Derek parecia tão... Triste?

– É porque aconteceram alguns problemas na família dele – Respondeu Stiles rapidamente – Que horas papai chega?

– Ele não vai vir hoje. Teve que ir para Seattle. Vai acabar ficando por lá mesmo.

– Vocês estão... Bem? – Perguntou Stiles.

– Se nós estamos bem? – Perguntou o pai – Estamos meu filho, ele só vai dormir fora porque hoje à noite eu também vou ter plantão e tudo mais... Por que a pergunta?

Stiles realmente nunca desconfiara se o relacionamento dos pais tinha algum problema. Talvez porque jamais tivessem problemas.

– Vocês são minha meta de relacionamento, meu deus, vão ser perfeitinhos em outro lugar... E ontem à noite, se comportaram em minha ausência?

– Claro... – Respondeu o pai, rindo e dando um beijo no topo da cabeça do filho – E você e o Derek? Se comportaram?

Flashs da noite passada se passaram na cabeça de Stiles.

– Me comportei e pai... – Perguntou Stiles.

– Hum?

– Eu gostaria de saber... Bem, você sabe que... Quando vocês me adotaram... Havia algum registro dos meus pais biológicos?

O pai de Stiles que havia se levantado para ir à cozinha, voltou a se sentar.

– Não, amor. – Respondeu o pai. Não que quisesse evitar o assunto, porém não havia de fato nenhum registro – Havia apenas seu nome, “Stiles”, algo curioso que decidimos deixar. Era isso ou Jon, você sabe a história.

– Ainda bem que deixaram Stiles, se fosse Jon eu não saberia de nada. Tum, dum, tss – Respondeu Stiles, o pai riu também sobre a referência, mas logo continuou – Eu... Não sei, só queria saber, sabe? Sobre minhas origens... Meu nome, é austríaco, será?

– Não sei – Respondeu Sam, acariciando o rosto do filho – Talvez... Bem, eu nunca te mostrei isso, eu e seu pai... Bem, não é que resolvemos ocultar, mas talvez não fosse te trazer boas memórias, vem.

– O quê?

Stiles e o pai se levantaram, o pai puxou Stiles até o andar de cima, depois que abriu o sótão, entraram lá. Stiles já fora ali algumas vezes, mas sempre tivera muitas alergias à pó, de forma que tão logo entrou, começara a espirrar.

Os espirros cessaram e seu coração acelerou, porém. O pai pegara uma peça envolta em plástico negro e, tão logo ele desembrulhara sua respiração se tornou mais pesada.

– Agora você já está crescido... E acredito que não irá ter nenhum trauma em pegar e ver... As mulheres do orfanato disseram que era onde você havia sido deixado para elas.

O pai parecia delicado com as palavras. Stiles sabia que realmente a palavra correta era ‘onde haviam lhe abandonado’. Mas talvez não estivesse tão triste assim, nunca teria os pais, talvez nunca teria conhecido Derek...

Mas, se era um urso, talvez sua família também fosse mágica ou essa coisa toda maluca de lobos, ursos e terra e pedras-da-lua.

– Posso... Ficar sozinho com ele um pouco?

– É claro, é seu meu amor – Respondeu o pai, lhe entregando a cesta, onde dentro tinha alguns cobertores e o papel quase-apagado com o nome que lhe fora dado.

“Stiles”.

Desceu para o seu quarto e entrou.

O ar do mundo parecia acabar, a respiração estava pesada ao observar tal objeto. Era o cesto em que fora encontrado, lá no orfanato, onde fora abandonado. Acreditava que os pais estavam mentindo quando disseram que fora abandonado em um cesto, com um cobertor e seu nome. Acreditava realmente que isso era um mito e que a verdade era bem mais crua: fruto de pais adolescentes, que lhe abandonaram como um aborto em um orfanato.

Agarrou o cobertor pequeno, o tecido era estranho, macio demais. Sempre acreditara que tudo que viria de seus pais biológicos seriam farpas e mais farpas.

O cesto era entrelaçado de vime, bege. O mais clichê possível.

Era curioso, como, na data da morte dos parentes de Derek ele ali conhecia o seu nascimento.

Olhou na janela, pensara ouví-la abrir (e não se surpreenderia ao ver Derek entrar), mas acreditava realmente que ele não entraria hoje. Ele tinha muito que cuidar. Foi até a janela e respirou o ar dali, olhou o seu Jeep.

Chaves na mão, pegou apenas um moletom, desceu as escadas.

– Pai, estou saindo.

– O quê? – Questionou o pai, levantando apenas uma sobrancelha – Vou ir dar uma volta com meu presente de aniversário.

– Tudo bem, cuidado.

Cuidado.

Cada vez menos sentia necessidade de cuidado, depois que o mundo louco ficara ainda mais louco. Não só era namorado de um lobo perigosíssimo, ele mesmo era muito perigoso. Um urso.

Será que era verdade? Será que tudo não passava de uma encenação de Derek e dos outros?

Sabia que era verdade. Era um urso, um maldito urso.

Sorria, era verdade. Apesar de perigoso (porque sabia que era), sentia-se estranhamente feliz. Era quase como viver em uma fantasia, em que ele não era apenas mais um plebeu vivendo a vida pacata.

Seu Jeep tinha um toca fitas, seu pai era oldschool. Não poderiam lhe facilitar e lhe dar um que fosse bluetooth, ou usb? Não, era um maldito toca-fitas. E o que tinha no porta-luvas do carro?

David Bowie.

Colocou a fita no toca-fitas. Aquele nostálgico barulhinho de um ‘click’ e o som do rebobinar. Sentia-se quase nos treze porquês. Mas começou a tocar Bowie, alto e claro.

Heroes.

Cada fio de cabelo do corpo começou a se eriçar a medida que começara a andar pela cidadezinha onde vivera grande parte de sua vida. Grande parte da sua vida desconhecendo Derek, desconhecendo seu próprio corpo, no que era.

“Nós podemos ser heróis, só por um dia”.

Dirigia, até que encontrou uma de suas amigas. Ela corria, com os fones de ouvido.

– Eai gata – Gritou Stiles da janela.

A garota tomou um susto, a priori, mas logo ela deu um longo sorriso. Era Malia.

– EII! – Gritou a garota em resposta, correndo até a porta do carro – Eai príncipe.

– Rei – Respondeu Stiles, ao som de David Bowie.

– Céus, quero dar uma volta nessa carruagem. Será que isso é trapacear na caminhada?

– Isso é totalmente trapacear na caminhada.

– Ótimo – Respondeu a garota, abrindo a porta e pulando para dentro – Não conte para Alisson. Nós estamos fazendo uma aposta de quem corre mais. Só tenho que encontrar uma maneira de trapacear o marcador de passos. – Ela olhou para o aparelhinho no braço.

– É só colocar em um pêndulo e ficar de pouco em pouco balançando.

– Céus, você não presta.

– Se existe uma dieta, eu sei como quebrar – Respondeu Stiles, dando de ombros.

– E como foi a festa e tudo mais? – Perguntou Malia, olhando para Stiles, o rapaz apenas sorriu e deu de ombros. – Você se deu bem, humm... – Ela cutucou sua costela, fazendo o rapaz dar uma pequena tremida no volante.

– Eu tento – Respondeu Stiles, com um grande sorriso.

– E qual são os planos para hoje? Noite das garotas? – Stiles olhou para a amiga com os olhos entrecerrados – Okay, das garotas e do rapaz.

– Noite dos amigos – Respondeu Stiles, dando de ombros – Parece perfeito para mim, vou ir para casa, me trocar e saímos.

– Mas nada de namorados – Falou a amiga, advertindo – Grude demais fica esquisito. Nada contra o Derek, claro.

– Céus, não! Derek demais enche o saco também. E ele está focado em algumas coisas. Será que devo avisar?

– Não! Querido, você é inteligente, mas não sabe as coisas de relacionamento, titia Malia vai lhe ensinar.

– Tutu bem titia Malia – Respondeu Stiles em um tom de youtuber. Ou melhor, o tom que Malia usava para seus 2000 inscritos do youtube.

– Apenas pare – Disse a garota rindo – Você está namorando, ok.

– Tecnicamente estou noivo.

– O QUE?!!!!? PARE ESSE CARRO.

Stiles freou tão bruscamente que Malia por pouco não bateu a cabeça no painel.

– Você está louco Stiles?! – Gritou a garota, com os olhos arregalados.

– Você me mandou parar! Esqueci que estava sem cinto... – Defendeu-se o rapaz.

– Não isso! Estou falando de se casar! Está louco?! Febril?! – Ela rapidamente colocou a mão na testa de Stiles. – E como diabos foi isso?

– Ele me pediu em noivado, e eu disse sim.

– Eu disse sim – Respondeu Malia em tom infantil – É claro que você disse sim, você é muito bonzinho... Céus... Casar-se. E já que eu sou a primeira a saber, vou ser a madrinha, você vai se casar aonde?!

– Ei, calma, eu acabei de ficar noivo, deus sabe se vou estar vivo até o casamento – Era uma possibilidade muito grande, morrer até lá.

– Tudo bem, calma Malia, não é como se seu melhor amigo estivesse noivo e não tivesse lhe contado. Precisamos de uma noite de garotas, definitivamente. E rapaz, tudo bem, e rapaz – Ela falava para si mesma – Hoje. A noite. 20 Horas.

– Okay – Respondeu Stiles, felizmente, depois de alguns segundos a mais, estavam na frente da casa de Malia. – Não conte ainda para Alisson, e finja surpresa quando eu contar para vocês duas.

– Contar o quê? – Ela deu uma piscadela de um olho. Stiles apenas abanou a cabeça.

A tarde se esticou com o dia, mandou algumas mensagens para Derek, porém, não disse onde ia, com quem ia. Talvez realmente estivesse necessitado dessa liberdade. Mesmo que fosse algo adolescente, esconder do namorado que sairia com as amigas.

A noite cobriu Beacon Hills e Stiles se despediu do pai, à este, avisou naturalmente que iria sair com as amigas. E tão logo o pai saíra, tomou um banho, colocou uma calça jeans, tênis, camiseta branca com um moletom vermelho por cima.

– Está todo bem vestido, hum – Falou uma voz que fez o Stilinski pular e olhar para a direção da janela.

– Ah... É... – Respondeu o Stilinski, coçando a cabeça e dando um meio sorriso – Ia mandar uma mensagem para você... Eu... Vou sair com minhas amigas. Combinamos agora pouco.

Derek deu um pequeno sorriso.

– Tudo bem – O lobo se aproximou e tocou as bochechas de Stiles delicadamente – Não é como se você fosse minha propriedade ou algo do tipo. Ou se eu tivesse vontade de matar qualquer um que chegue perto demais de você.

– É, é... – Stiles entrecerrou os olhos.

– Onde vocês vão? Só por... Precaução. Quando você saiu sozinho com suas amigas, foi para um clube repleto de lobos raivosos lutando um contra o outro, talvez não seja muito ideal você ir para um desses por enquanto.

– Só acho que definitivamente deveriam colocar a placa na frente desses lugares ‘Cuidado: cães brigando’.

Derek deu um pequeno sorriso de dentes brancos e perfeitos, beijou Stiles em seguida.

– Eu contei para Malia, uma das minhas amigas, que vamos nos casar e tudo mais. Que estamos noivos.

– Então eu posso contar para todo mundo? Quando vou pedir para seus pais e tudo mais?

– Você não vai pedir para meus pais, eu já contei para um deles. Por favor, isso é tão brega.

– Ah! – Derek abaixou um pouco a cabeça, as orelhas pareciam murchar.

– Mas, ei, te deixo a missão mais difícil, conta para meu outro pai, no fim de semana, que tal? Podemos ir à um restaurante, lá ele ao menos não vai estar armado.

– Tudo bem – Respondeu Derek, o homem sentou-se então na cama – Precisamos conversar.

Stiles olhou para o outro longamente.

– Algum problema?

– Eu tenho medo, por você... E por quem estiver perto de você.

– Eu vou ficar bem...

– Stiles, você é... Um ser como eu, mas você não consegue se transformar quando quer e... É extremamente perigoso.

– Eu sou perigoso? – Perguntou Stiles, com um meio sorriso.

– Extremamente perigoso.

– Diz isso de novo – O urso deu um pequeno sorriso, Derek enrugou a testa.

– Extremamente perigoso, Stiles – Falou o maior, apenas observando enquanto o namorado se aproximava de si e sentava-se em suas pernas.

– Soa tão sexy quando você fala dessa forma.

Derek riu brevemente.

– Você leva tudo na brincadeira, mas é a verdade. Você pode se transformar e matar várias pessoas. Você pode machucar suas amigas e se machucar.

– Talvez o que aconteceu lá na clareira tenha sido sorte. Talvez tenha sido algo único, talvez eu nunca mais me transforme. Aliás, veja isso.

Stiles se levantou dali e aproximou-se do cesto em que fora abandonado, agarrando-o e levando para perto de Derek.

– Eu fui encontrado aqui – Afirmou Stiles – Nunca havia visto... – Os dedos entraram em meio ao cobertor pequeno e macio.

– Talvez seus pais fossem... Como eu. Talvez você seja de algum clã que foi extinto, nossas brigas acontecem a todo instante. Talvez temiam por você.

Agora que Derek falava, parecia uma bela teoria. E imaginou se não fosse verdade, talvez seus pais haviam lhe salvado. Era ruim pensar que realmente fora simplesmente abandonado.

– Talvez... E, está na minha hora. Vou ir buscar as garotas, vamos sair na noite.

– Cuidado.

– Não me siga – Advertiu Stiles, olhando para Derek.

– Humpf...

– Nem mande Scott ou os outros.

– Eles também costumam sair nas noites...

– Derek.

– Tudo bem – Derek ergueu as mãos – Eu não vou te seguir, nem vou mandar ninguém.

– Ótimo.

– Essa é sua despedida de solteiro? – Perguntou Derek, entrecerrando os olhos – Só espero que ninguém chegue perto de você, você sabe que eu tenho um faro muito bom, não é?

– Eu sei, e dentes afiados – Respondeu Stiles, rindo do ciúmes do outro.

– E dentes muito afiados, vou rasgar a garganta de qualquer um que deixar o cheiro em você. E...

– E...?

– Eu te amo. Divirta-se – Respondeu Derek, dando um selinho no namorado, antes de ir se aproximando da janela.

– O que diabos está fazendo?

– Vou sair – Respondeu Derek, parando próximo à janela, com uma perna para fora.

– Não tem ninguém em casa, você pode sair pela porta da frente. – Disse Stiles, rindo.

– Ah... – Derek recolheu a perna para dentro e saiu da casa de Stiles como uma pessoa normal.

Apesar de que eles eram tudo menos normais.

 

oOo

 

– Okay, o que você tem a dizer para nós? – Perguntou Alisson, curiosa, no bar. Eles estavam em pé, próximo a uma mesa alta, onde haviam bebidas sobre.

Stiles que não era muito de beber pegou logo um shot de vodka pura e virou.

– Meu deus, lá vem bomba – Comentou Malia, falsamente, ela já sabia.

– Eu estou noivo. Derek me pediu em noivado e eu disse sim!

– OMG

– WAAT

– Morta Feat. Enterrada.

– É sério isso? – Perguntou Alisson, pasma – Não, sério mesmo?

– É sério.

– E você?

– Eu aceitei – Respondeu Stiles, dando de ombros – Eu quero.

– Você sabe o que é casamento, não é? – Perguntou Malia, agora voltando a conversa de mais cedo.

– Eu sei o que é casamento – Respondeu Stiles, abanando a cabeça.–

– E sabe que é cheio de responsabilidades, sabe que vai ter que abandonar muitos sonhos...

– Não acho que vou ter que abandonar muitos sonos – Respondeu Stiles, suspirando – Sonhos, digo – Disse rindo – Eu conversei com ele, quero ir para a faculdade, quero fazer muitas coisas.

– Derek parece tão... Sério e formal – Afirmou Alisson, pensativa – Ele parece daqueles homens que vai querer te fazer ficar em casa limpando e cozinhando para ele.

– É, ele tem cara disso – Disse Stiles, rindo.

– Falando no diabo – Comentou tão baixo quanto podia ser escuto Malia, voltando a beber o drink dela.

Stiles começou a rir mais, virou o rosto, vendo o próprio entrar na balada. Parecia bem arrumado, tinha alguns do bando junto de si.

– Mau se noivaram e já estão saindo de parsinho – Falou Alisson – Me matem agora, por favor.

– Olhe pelo lado positivo Aly, o cara trouxe rapazes, e... Wouf, que rapazes...

– Eu nem tinha dito para ele que sairíamos – Contou Stiles, as garotas começaram a rir, sabiam que Stiles não aguentaria manter o segredo.

Derek foi para uma mesa do outro lado do salão, com os rapazes do clã, Stiles obviamente pegou um copo e atravessou a pista de dança, indo até a mesa do outro.

– Olá crianças – Falou o Berserker.

– Olá ursinho – Respondeu Theo, o mesmo estava apenas com uma regata (talvez para deixar os músculos em desenvolvimento mais à mostra), e abraçava com força Liam.

– Ursinho – Falaram os outros.

– Sério que esse vai ser meu apelido?

– Provavelmente, eu deixei – Disse Derek, rindo, tinha um sorriso saudável no rosto, apesar de ter enterrado os pais mais cedo. Stiles perguntava-se se o namorado estava realmente bem. Bem psicologicamente e tudo mais.

– Vocês são péssimos – Falou brincando Stiles – Mas e então, vamos ir dançar, dar uma juntada nos corpinhos? Hum?

– Vamos – Falou Derek, surpreendendo à todos. Derek saltou da cadeira e pegou na mão de Stiles.

– E o que vamos dançar? – Questionou Stiles, enquanto a música agitada tocava – Sabe que aqui é uma balada, não é? Não toca valsa ou coisa do tipo. Não tem como dançarmos como na década de 70.

Derek estreitou os olhos e colocou as mãos na cintura do outro, para depois descer as suas nádegas, Stiles riu e se esfregou sutilmente em Derek, começaram a dançar no ritmo da música agitada, enquanto os corpos e mãos se esfregavam.

– Ei, vocês devem ser os amigos do Derek, não é? – Perguntaram Alisson e Malia, que seguiram Stiles, mas não foram dançar como eles.

– É, somos meio que seguidores dele – Scott respondeu, formalmente, apenas observando. Sentia que realizava um trabalho muito sério ao seguir Derek.

– O-kay – Respondeu Malia, achando a resposta muito estranha.

– Ei, ei, não somos o que esse maluco disse não – Falou Theo, se sobressaindo – Somos amigos dele. Amigos, Scott. Você está maluco, cara, parece que somos um bando de pervertidos seguindo ele.

– Mas você é pervertido – Disse Liz.

– Eu sei – Respondeu Theo, com um sorriso descarado – Mas ando concentrando toda essa perversão em um lugar só, aliás. Preciso ir no banheiro. – Theo se levantou em um sobressalto, deixando Liam sentadinho no lugar em que estava. – Liam, essa é a hora que você se levanta e me segue.

– Ah... – Falou o rapaz, se levantando e indo atrás do outro.

– Ele só pensa nisso – Falou Liz, olhando então para as garotas – Prazer, sou Liz.

– Alisson.

– Malia.

Responderam as garotas.

Eles ficaram ali conversando, alguns outros rapazes do clã também chegaram e juntaram-se para conversar, enquanto que os beijos calientes de Derek e Stiles não pararam ali, Derek habilmente puxou o namorado e, pela escuridão da balada, não foi difícil se arrastarem até o banheiro.

Entraram aos amassos no grande banheiro do lugar, em uma das cabines na qual Derek chutou com o pé a porta e Stiles travou o trinco só para lhe deixar menos preocupado em ser atrapalhado.

– Essa então é minha despedida de solteiro – Murmurou baixinho Stiles, com uma das mãos no pescoço de Derek, enquanto que o maior já se sentara na tampa do vaso sanitário do apertado box, enquanto que Stiles se sentara em seu colo – Espero que meu namorado não descubra, ele é ciumento.

– Ah, ele vai descobrir, eu gosto de deixar marcas – Respondeu Derek, com um sorriso excitado, puxando o cós da calça do rapaz de olhos amendoados, puxando calça e cuecas juntos até ficarem no chão, próximos aos pés com o tênis de Stiles, que apenas tirou um dos pés para se permitir abrir um pouco mais as pernas e sentar melhor no colo de Derek.

Derek, já excitado apenas abriu a calça, não usava cuecas essa noite. O membro quente e pulsátil roçou a pele de Stiles, a pele quente que já estava cada vez mais acostumado e maravilhado.

Ambos se beijaram até ouvir gemidos no box ao lado.

Stiles e Derek pararam e olharam para o lado, depois se olharam. Stiles levou o indicador aos lábios, falando para Derek ficar em silêncio.

“Fuck Liam, Fuck.” Ouviam na cabine do lado, além disso, gemidos que pareciam vir de Liam e o barulho rude da batida pele com pele.

– Derek! – Falou Stiles baixinho, avermelhado, não conseguiria fazer com os amigos se pegando na cabine ao lado.

– Stiles! – Respondeu Derek, consternado por algo assim atrapalhar aquele momento – Vamos...

– Eu não consigo, eles estão fodendo aqui do lado, como é que eu vou fazer isso? – Resmungou de volta Stiles.

– Liam, eu disse para você gemer mais baixo, está atrapalhando a foda do Derek e do Stiles aqui do lado – Falou Theo descaradamente – Podem continuar pessoal, mas não garanto silencio total, Liam ainda é novo nisso.

– Me enterre – Falou baixo Stiles, muito corado, Derek começou a rir, mas não dormiu, apenas guiou o próprio membro na entradinha de Stiles, puxando mais o quadril do mesmo para baixo, arrancando um gemido abafado do mesmo.

– Não quero perder – Murmurou Derek – Você tem que gemer mais alto.

– O que? – Arfou Stiles, enquanto sentia o lobo fazer um curto e apertado vai e vem em seu corpo, soltando gemidos instintivos do urso.

Derek sorriu de lado e agarrou o quadril de Stiles, levantando o corpo e segurando o urso em seu colo, enquanto que automaticamente Stiles se segurava no pescoço de Derek. Arfou e gemeu baixo, olhando para o teto, tentando controlar os gemidos que escapavam incontroladamente dos lábios ao sentir Derek se encaixar de uma maneira tão... Profunda.

– E-eu... Vou te matar, Derek Hale – Falou Stiles, sentindo-se quase sem ar ao gemer tão roucamente, o prazer que sentia era diferente de qualquer coisa que já sentira.

Naquele lugar fechado e abafado, em uma boate perdida na cidade vizinha à sua.

Stiles levou os dedos à nuca de Derek, agarrou os cabelos negros do mesmo entre os dedos, enquanto sentia o corpo ser pressionado contra a parede do box. Enquanto sentia os movimentos da cintura de Derek contra si. Enquanto gemia e ouvia ao fundo uma música que não tocava.

O som da balada, o som dos gemidos do amigo ao lado, iam pouco a pouco se silenciando. Ouvia apenas o arfar de Derek pelo movimento do corpo, pelo sexo. Ouvia apenas o próprio coração pulsar no pescoço e ouvia em sua imaginação a música do David Bowie, “Heroes”. Tocava.

Eles seriam heróis, mesmo que fosse por apenas um dia.

Derek colocou mais fundo e nunca sentiu algo como aquilo, era sexo. Era tão primitivo que chegava a ser amor.

Nada os afastaria. Porque eles seriam os heróis, mesmo que por uma noite.

Stiles gemia tão profundamente e com amor que chorou.

Derek ficou levemente preocupado, mas sentia-se tão bem e carinhoso que não parou. Derek sentiu Stiles colocar o rosto em seu pescoço, beijar o seu pescoço, sentiu o seu ursinho roçar o rosto em sua barba por fazer, mesmo que fosse áspera. Sentiu as unhas de Stiles riscarem com gentileza suas costas e não se aguentou.

Mais uma.

Mais uma estocada funda e despejou todas suas sementes dentro do noivo.

Derek não ouvia o silêncio como Stiles, mas conseguia sentir os cheiros de Stiles perfeitamente. Conseguia sentir como Stiles ganhava seu cheiro e como isso lhe enchia de orgulho após o ato carnal.

Que pode uma criatura senão,

Entre criaturas, amar?

Derek não parou, porém, continuou se movendo ainda, enquanto Stiles afastou o rosto e lhe olhou. O rosto cheio de lágrimas sutis e de êxtase no rosto. Enquanto o segurava com uma das mãos e o apoiava na parede daquele lugar, a outra, livre, começou a masturbar o namorado.

– D-derek... – Resmungou baixo Stiles, o corpo se arrepiando. Os pés ainda de tênis, uma visão mais adolescente não poderia existir.

E mesmo assim, mesmo naquela juventude gritantes, eram eles dois homens feitos, noivos.

Stiles não aguentava mais, o corpo todo parecia chegar ao êxtase muito rápido, e o êxtase da idade, do momento e daquele calor, dos hormônios que subiam por todo o seu corpo... Os dedos dos pés se comprimiram dentro do tênis e sentiu aquela sensação enérgica e boa percorrer todo o corpo.

Gozou, também. Contra a camiseta de Derek, molhando-a com todas as suas sementes. Derek sorriu, não se importou. Beijou carinhosamente Stiles.

Apesar de tudo que havia acontecido, apesar da morte dos pais de Derek, apesar do eminente e gritante perigo ao redor deles,

eles poderiam ser heróis, mesmo que por um dia.


Notas Finais


Okay, okay
Desculpem a demora =(
Poderia dar um milhão de desculpas, eu sei, e tenho todas elas T..T
Mas enfim, aqui está um capítulo que foi literalmente de um funeral à um sexo em um banheiro -q

ashuashasu, obrigado à todos pelos comentários no capítulo anterior, pessoas, se vocês acham que existem tretas, elas mau começaram. xD

Espero realmente que tenham gostado desse capítulo. Tentarei não demorar tanto. Apesar de que está sendo impossivelmente difícil escrever esses dias. =( Queria ter meus 14 anos de novo. =(

Enfim, beijinhos <3
Vou ir responder todos os milhares de comentários xD


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