Capítulo 3: Stressed Out
Derek observava o teto do quarto, a garota em seus braços dormia pesadamente. Haviam transado noite a dentro, era a única forma de aliviar o que estava sentindo nos últimos dias. Imaginava-o, vez o outra, quando estava com as mulheres que fodia, quando estava com os rapazes que gemiam baixo e de forma melosa. Não gostava muito de rapazes, mas decidira que os queria, pois assim era a única maneira de imaginar o rapaz sem nome, dono do cheiro que marcava sua alma. Quase um mês desde que começara a ter aquele cheiro como o único em sua mente.
Se levantou e começou a procurar a roupa que se mesclavam com a da mulher. Sabia que não era uma prostituta, mas o mínimo que poderia fazer era deixar alguns dólares para que ela pagasse o motel. E assim o fez.
Abriu a carteira e encarou o pedaço de pano dentro da mesma, ali estava, perfeitamente dobrado e longe da imundície do dinheiro. Tirou-o e o cheirou, os olhos ficaram amarelados, a necessidade de ter aquele cheiro era pior do que qualquer outra sensação. Se o outro fosse um lobo, já o teria ao seu lado. Seria a maior honra que qualquer beta poderia ter, um alpha ao seu lado...
O homem saiu e se olhou no espelho, o rosto estava abatido, o cabelo arrepiado, a jaqueta de couro lhe moldava o corpo forte. Viu a joia para fora da blusa e colocou-a para dentro.
Saiu noite a fora, a madrugara apenas começara, demorariam ainda algumas horas para amanhecer. Era plena quarta-feira. A mãe não estava satisfeita com as faltas à faculdade, o pai parecia não se importar. Dirigia a moto de forma vaga para casa. O caminho se estendeu e chegou com os faróis apagados na comunidade de seu clã. Ninguém precisava saber que estava chegando.
Guardou a moto e foi ver se o avô estava acordado. De fato, estava. A casinha era antiga e um pouco afastada das outras, tinha o teto baixo e as janelas tinham cortinas pesadas e empoeiradas, mas que deixava ver-se de dentro que havia uma luz acesa.
– Oi vô – Disse, entrando na casa assim que o velho o recebeu. Era muito antigo, tinha cabelos brancos grandes e sedosos, uma pessoa comum dar-lhe-ia no máximo cinquenta anos, mas ele tinha quase cento e cinquenta. Sim, ser lobo tinha suas vantagens.
– Criança da noite. – Disse o velho, com um meio sorriso, abanou a mão para que Derek se aproximasse e sentasse. Assim o fez. Havia um pássaro em cima da mesa, a luz da luminária era branca e precisa, o pássaro estava aberto no ventre e o avô parecia disseca-lo. Ao lado havia um livro, no qual ele fazia anotações.
– Outro livro? – Perguntou Derek ao homem. Mas apenas afirmou: – Outro livro do grande Meis Hale.
– Eu não sou tão alto assim, Derek – Disse o avô, com um pequeno sorriso e certo humor – Pegue aquela pinça para o seu avô – Apontou na mesa ao lado do rapaz, que pegou e passou a pinça ao avô. – Mas não acredito que a criança da noite esteja acordado porque perdeu os sonhos. Pesadelos? – Perguntou.
– Não, faz tempo... – Afirmou Derek, cruzando os maciços braços, enquanto olhava distraído ao trabalho do avô, era um bom cientista – E seu pupilo?
– Vem aprendendo bastante, ao menos até se transformar em lobo... depois eles fogem.
– Estar na floresta é bem mais interessante que a estudar aqui de dentro – Derek deu um pequeno sorriso de lado, quando o avô lhe fitou com os intensos olhos negros. Mas logo o velho acenou em afirmação.
– De fato... Mas...
– Eu estou bem vô, só quis sair para aproveitar a noite sozinho.
– Os jovens... tão bela é essa idade.
– Vai começar de novo. – Disse Derek, se recostando e olhando o avô. – Vô, tem algum relato de algum lobo se conectando a um humano?
– Acho que tem alguns relatos – Afirmou o velho – Por quê?
– Curiosidade – Retorquiu, contragosto, sabia que o avô lhe desconfiaria agora.
– Bem, temos Tiberius, meu tataratioavô. Ele se casou com uma humana. E era o mais velho dos irmãos, nunca pode continuar a ser o Alpha do clã, a humana não lhe dava descendentes. Mas muito antes, quando vieram os europeus, houve uma grande mescla com nosso povo, você sabe da história...
– É, eu sei, suponho – Derek coçou a cabeça, não comentaria nada ou seria obrigado a estudar.
Sentiu um cheiro estranho, o avô não precisou lhe falar nada, o homem saiu da cabana com rapidez, enquanto explodiu no grande lobo, correndo pela floresta. Estava evitando virar lobo no último mês. Era quando o cheiro do rapaz ficava mais intenso por estar na forma mais primitiva e em que os sentidos eram mais aguçados.
Corria pela floresta e logo sentiu os companheiros se juntar a si. A matilha se mesclava entre as árvores e as longas sombras projetadas das copas das árvores. A pata afundava na terra fofa e procurava os inimigos. Eram lobos, não era de nenhum clã da grande floresta, eram de fora. Forasteiros.
A luta foi intensa e mordeu o pescoço de um deles, que grunhiu. A adrenalina corria no corpo quando sentiu o gosto do sangue na boca, entre os dentes afiados de lobo. A distração longínqua lhe deixava nervoso, e por falta de concentração quase fora abatido por um dos inimigos. Eram quase cinco minutos de ação, até que finalmente debandaram e um deles foi mancando para junto, Derek nunca abandonaria seus companheiros, apenas se morresse.
Os seus cercaram o inimigo, o lobo castanho tinha a pata machucada, tal como o pescoço. O corpo era pequeno, era uma criança, um adolescente no mínimo. Derek subiu em uma pedra e o olhou, o animal se contraiu no meio do círculo de cães raivosos que rosnavam para si. Até que o alpha uivou e todos ficaram calados.
Derek ficou o olhando até que o jovem tomou coragem e ‘perdeu’ finalmente a batalha, virou um humano. Tinha cabelos negros, pele bronzeada, nariz adunco e rosto quadrado. A nudez lhe fazia parecer um recém-nascido, que, caído no chão de sujava no mesmo, o sangue escorria da perna e do corte no pescoço que começaria em alguns minutos a se fechar.
O alpha do clã Hale voltou à sua forma humana, igualmente nu, todos os outros também voltaram ao mundo nus. O mais novo dos lobos vinha com um saco no corpo de lobo.
– Jack, pega aí – ordenou Derek, vendo um rapaz alto pegar as roupas no saco e começar a atirar a todos os lados as bermudas, e camisetas. O rapaz no centro da roda parecia nervoso.
Derek pegou uma bermuda que sobrara quando terminara de se vestir, entregou ao rapaz no centro do círculo formado.
– Me mata logo cara – disse.
– Eu gostaria – afirmou Derek – se seu clã tivesse aqui, eu provavelmente o faria, teria matado todos vocês, empilhado e ateado fogo. Mas eles foram desonrosos e te abandonaram.
– Clã? – Perguntou o rapaz, perdido, agarrando a bermuda para tampar a nudez – Eu não tenho um clã.
Sussurros percorreram o círculo de lobos agora em forma humana, Derek ergueu a mão. Observou o corpo do rapaz, viu em seu pescoço o amuleto, não tinha um formato de uma família tradicional. Era simplesmente um pedaço minúsculo de pedra em um vidrinho.
– Quem te deu isso? Quem é você? – Perguntou, inquieto. – quem são seus pais?
– Eu sou Scott... Minha mãe é Melissa... Melissa McCall... – Respondeu, apreensivo, olhando o alpha daquele ‘clã’.
– E teu pai, quem é?
– Eu não sei... Cara. Eu não sei. Um cara me deu isso, e me mostrou que eu podia ser um lobo... Eu só queria ganhar dinheiro para ajudar minha mãe.
Derek olhou o rapaz e se aproximou, pegando o pequeno fragmento de pedra-da-lua e tirando do rapaz. Ele poderia voltar a ser um lobo, mas não seria tão forte sem aquilo. Ao menos não enquanto não fosse lua-cheia.
– Hoje você vai para minha casa, vai ser cuidado e mantido sob olhares, vai responder algumas questões. Não vou te matar hoje, filho de Melissa McCall.
O stress de Derek só aumentava, agora isso. Tinha que lidar com um criador de lobos. Alguém deveria estar procurando por descendentes indiretos de lobos antigos e fazendo isso. Abanou a cabeça.
Voltaram para a casa, demorou quase uma hora em forma humana, Derek tinha o prisioneiro atrás de si, enquanto seu melhor amigo vinha atrás, cuidando do mesmo. Os outros Hales vinham atrás, conversando besteiras.
O rapaz ainda sangrava, de forma que pediu à mãe que fizesse alguns pontos para que não demorasse muito a se fechar. O pai logo começara o questionário.
– Então, você é Scott McCall... Não me lembro de nenhum clã com esse sobrenome – Começou o homem.
– Eu já disse, não sei nada de clã... um cara me deu isso – apontou para o colar com o fragmento de pedra dentro que o Sr. Hale segurava – ... e disse que me pagaria dinheiro se eu usasse essa droga de colar.
Gemeu ao sentir a agulha perfurar sua pele mais uma vez, a mulher parecia delicada, mas ela parecia curiosa na conversa e estava demorando demais para terminar o curativo. Scott olhava ansioso os outros, não sabia bem o que acontecera.
– E tudo aconteceu muito rápido... Meu corpo... Ardeu como mil sóis. E eu cai no chão e tudo foi rápido... E depois aquele lobo cinza, ele... Eu não entendia o que ele fazia, mas eu sabia que tinha que obedecer.
– Ele era seu Alpha. – Disse Derek, ríspido, ouvindo sem acreditar – Como um cara se atreve a pegar esses bastardos-de-sangue, torna-los lobo em um dia e tentar nos atacar... Esse clã tem que pagar... Eles quebraram com qualquer tradição...
Parara de falar por dois motivos: O primeiro era que o Sr. Hale apenas levantou a mão para o filho, que se calou, ali ele era o Alpha, e o filho tinha que o ouvir e não o oposto. E segundo porque, qualquer coisa tradicional que tinha em mente fora destruída no momento que soubera que o rapaz-do-cheiro-delicioso era um humano, e não um lobo como deveria ser.
Os olhos do homem observavam aquela criança à sua frente, sendo suturada por um erro que não era sua culpa.
– Você vai comer, beber e vamos lhe explicar tudo – Disse o pai de Derek, vendo que o filho queria protestar – Minha palavra é final Derek... não temos outra opção, esse lobo fez algo abominável com esse rapaz, ele não tem culpa do que se tornou.
– Isso... é para sempre? – Scott arregalou os olhos.
– Sim, toda lua cheia você precisa se transformar, até que chegue a maturidade e já não precise mais. Como você não tem um clã, precisa de um, estamos aqui e meu filho lhe trouxe aqui. Depois de comer e beber, você fará parte de nós.
– É inacreditável... – Afirmou Derek, sem acreditar no que o pai falava.
– Eu me chamo Damian. Esse é meu filho Derek, ele vai ser seu Alpha.
Derek estava tão estressado que poderia explodir. O rapaz lhe olhava, depois olhava para o pai, com aquela face torpe de quem não estava entendendo muita coisa, mas apenas abanou a cabeça.
– Pronto. – Disse a mãe, assim que terminou o outro ponto, e estivera quieta até então. – Vou leva-lo para comer na grande mesa, logo o café-da-manhã estará servido...
A mulher foi até a porta e chamou por Rock, um dos Betas de Derek, e pediu para que o mesmo acompanhasse o ‘forasteiro’.
– Eu tenho tanto para lhe falar pai – Começou Derek. Agora que estavam a sós, não tinha medo de deixar o pai sem palavra na frente de ninguém – Como pode deixar um cara que mal conhecemos entrar no nosso clã? Ele é um bastardo, ele não tem sangue de lobo... Ele não tem o nosso nome, não conhecemos seus ancestrais.
Damian olhou o filho e cruzou os braços, acenando levemente.
– Concordo com você, mas ele é uma criança e acredito no que ele diz. Ele não tem nenhuma tatuagem de nenhum clã, ele parece perdido Derek. Eu tenho mais anos do que você, do que cada perna sua e sei quando um filhote está me mentindo – Olhava fixamente o outro – E outra coisa.
Derek não respondeu, apenas arqueou as sobrancelhas, o rosto adunco e nervoso ao pai.
– Alana chegou.
Ergueu o canto da boca, mostrando de leve as presas, os caninos levemente crescidos ao pai. Enquanto o progenitor apenas sorria bondosamente e divertido.
oOo
Alguns dias antes,
– Sério, você precisa seriamente publicar um vídeo no youtube – Falou o rapaz, de olhos negros profundos e rosto quadrado. Estava sentado perto do amigo e o observava.
Stiles estava sentado no banquinho do piano da escola, era um velho Yamaha ¼ de cauda. O rapaz tivera aulas até os 12 anos, e depois nunca mais as tivera, ‘enchia o saco’, era isso que o garoto falava aos pais. A verdade era que gostava de piano, mas não das aulas. Era meio auto-didata.
Stiles tinha os dedos sujos de Doritos, o pacote agora residia nas mãos do outro rapaz, que pegava um pouco com os próprios dedos e os lambia.
– E onde estão as garotas? – Perguntou finalmente Scott McCall, observando Stiles recomeçar a tocar uma música que conhecia. – Essa é boa.
– É claro que é boa – Respondeu Stiles, fechando os olhos e se lembrando das teclas. Até que sentiu dedos gelados nos olhos – Aí está sua resposta – Disse sorrindo para Scott, Malia e Alisson haviam chegado e ambas se sentaram ao lado de Scott.
Conhecia Scott a pouco mais de quatro meses, o rapaz se mudara com a mãe para Beacon Hills.
– Eu gosto dessa parte! – Alisson se levantou novamente e ficou ao lado de Stiles, o garoto errou uma nota o outra, mas a garota foi lhe ajudando enquanto lhe empurrava para se sentar ao seu lado. Malia era uma mestra no piano.
– Oh mamma mia, mamma mia let me go! – A garota cantava enquanto tocavam.
Stiles começou a rir, era engraçado ouvi-la tão animada assim. Sabia o porquê. Continuou até que terminaram Bohemian Rhapsody. Por fim, se levantaram e terminaram o lanche, jogando o pobre coitado do pacote de Doritos no lixo. Era a última aula e era de música, de forma que a bagunça corria solta.
– Você está estranho – Comentou Alisson para Scott.
Scott olhava a flauta doce entre os dedos com olhos muito reflexivos, parecia pensar. O rapaz abanou a cabeça.
– Ei cara, vai ter sessão de Game of Thrones hoje. – Disse Stiles, olhando para o celular, todos combinavam no grupo da sala, a nova temporada estrearia no fim de semana – Vocês vão né? Você vai né Scott? É MARATONA.
– UHULLL – Gritou uma garota no fundo da sala de música, e Stiles riu – Team Targaryen!
Stiles revirou os olhos.
– Todos sabem que nós, Lannisters, somos os melhores – Respondeu com certo humor sarcástico.
– Você nem é loiro, Stiles – Disse Alisson, enquanto a mesma via a amiga tentar lhe ensinar o teclado.
O professor dormia a um canto, só deixando que as crianças postassem besteiras no facebook, ficassem olhando o instagram ou fizessem qualquer coisa meramente musical.
– Mas enfim, você vai ir? – Perguntou Stiles à Scott.
– Não posso, depois do treino aqui da escola... tenho que ajudar minha mãe – O rapaz mordeu os lábios, Stiles apenas acenou lentamente. – De qualquer forma eu nunca assisti essa série mesmo.
– Você não sabe de nada mesmo Jon. – Brincou Malia, recebendo uma batida na nuca de Alisson para que voltasse a atenção nas teclas. Tinha um propósito ali, e era ensinar a amiga. – Aii minha cabeça, sua doida.
– Presta atenção, a aula vai acabar e você não aprendeu nada.
Malia revirou os olhos e continuou a tocar o instrumento.
Stiles sabia que a situação da mãe de Scott não era legal, então não gostava de zoar-lo, ao menos não muito, e sabia que o rapaz tinha que se dedicar nos esportes, pois era uma das únicas maneiras de entrar em alguma faculdade decente. Era um jogador médio, mas o suficiente para conseguir uma bolsa esportiva em alguma faculdade de Diamond City.
... Agora,
– Estou preocupado – Afirmou Stiles, observando atentamente o horário das aulas – Já é o quê? O quinto dia que Scott falta as aulas? Somos péssimos amigos, eu nem mesmo sei onde a mãe dele mora... E, ele não atende o celular.
– Ele deve estar bem... Só... Sei lá – Malia mordeu os lábios, pensativa enquanto a mesma se encostava no armário – O que de pior pode acontecer? Nada acontece nessa cidade...
Stiles a fitou longamente, estreitando os olhos e falando de fora sinistra propositalmente:
– Exatamente. Nada acontece nessa cidade, o lugar perfeito para algo acontecer.
Malia se desencostou do armário, a garota se arrepiou toda e ficou procurando alguma madeira para bater enquanto Alisson se aproximava, observando Malia se sentir aliviada ao pegar um lápis e dar três toques.
– O...K. – Ela falou longamente ao observar a cena – Só espero que não tenha maconha no seu armário, sabe que é proibido nesse estado.
– Temos treino. – Ela começou, enquanto Stiles virou o rosto, quase quebrando o pescoço ao fazê-lo. – De... – Ela gostava de torturar o amigo. Stiles entrecerrou os olhos. – Lacro...
– Não termine essa maldição imperdoável Alisson. – O rapaz interrompeu a outra, suspirou. Só de imaginar... – O treinador só nos faz correr... Por horas intermináveis. Aquilo não é Lacrosse, é tortura.
– Stilinski, ele só te fez correr por dez minutos, meu deus... – Disse Alisson e Malia começou a rir – E outra, precisamos de um esporte para fazer esse corpinho trabalhar...
– Eu gosto do meu corpinho, não tenho complexo em nada – Stiles colocou a mão na barriga – Tudo bem, não é como se eu fosse ter um tanquinho da noite para o dia...
– É, definitivamente não – Malia murmurou e Stiles abriu a boca para retrucar mas o sinal tocou.
É claro que Stiles não foi para a aula de Lacrosse. Conseguiu escapar e se “escondeu” na frente do colégio, colocando os fones de ouvido e ouvindo música enquanto fitou um rapaz que conhecia.
Pulou da escadaria e viu Scott descendo de uma moto, enquanto falava algo com um estranho. Reconhecia a moto, e, especialmente, o amassado na mesma. Pensou em se esconder, mas, afinal como o estranho poderia saber do incidente?
Se levantou e o amigo lhe viu, ao entregar o capacete para o estranho piloto ergueu a mão. O estranho lhe olhou em seguida. Sentiu um arrepio na espinha ao ver aquele cara. Ao se aproximar mais um pouco, viu o sujeito pegar no ombro de Scott e cochichar alguma coisa.
Logo mais a moto deu partida e se foi.
– Cara, você parece péssimo.
– Oi Stiles... – Resmungou Scott, parecendo aéreo. Mais do que o normal pelo menos – Eu... Ah...
– Você está bem? – Stiles se aproximou, vendo que o mesmo tinha um machucado no pescoço e suas roupas apenas... não pareciam suas roupas. – É, você não está nada bem.
– É complicado... – A cabeça de Scott doía, e o medo do Alpha do clã Hale lhe apavorava ainda mais. E outra, o que ele lhe perguntara ‘qual o nome desse garoto?’, deixava-lhe ainda mais com medo de envolver Stiles em qualquer coisa – Algumas coisas aconteceram comigo...
– Puberdade? – Perguntou Stiles com humor.
– É sério cara...! – Retorquiu Scott, fazendo Stiles ficar sério em seguida – Eu não posso falar...
– Por que você estava com esse cara de gangue?
– Ele não é um cara de gangue, ele... Vamos, temos aula, não é?
– Cara, eu sou tipo, seu amigo... Tem que aprender a confiar nas pessoas. Uma hora ou outra.
Scott parecia realmente apreensivo, o rapaz colocou as mãos nos bolsos e olhou de um lado a outro. Depois começou a andar junto de Stiles até um canto. De fato, faziam quatro meses que estava em Beacon Hills. Na sua última escola apenas fora excluído, e na anterior fora a mesma coisa. Stiles e as garotas foram, de fato, as únicas pessoas que de alguma forma tentaram ser amigos.
– Eu, meio que me envolvi com pessoas erradas. E esse cara, na moto, ele me ajudou.
Sim, ajudar seria a melhor palavra possível, era para estar morto na verdade. Ainda não conseguia digerir a coisa toda de lobo.
– Cara... Sério?! Drogas Scott?
– Não são drogas! É uma outra coisa, não... dá para explicar muito agora.
Scott parecia que ia desmaiar.
– Cara, sério, você vai ir para minha casa, meu pai tem que dar uma olhada em você. Não, vamos nem esperar as aulas terminarem, você tá realmente péssimo!
– Você não está fazendo isso só para matar aula de EP né? – Perguntou Scott, com real dor. De fato, o moreno parecia que iria desmaiar, ou vomitar, ou um misto de todas as coisas. Ele que sempre fora bronzeado estava mais pálido que nunca.
– Bem... Não. – Disse Stiles, com certo tom de obviedade na voz. – Talvez... Mas não é isso, você está realmente mal, vamos. Nada melhor do que um bom descanso – E tentou ajuda-lo a levantar, mas Scott parecia maciço, parecia muito mais pesado do que imaginava.
Dali de perto uma figura estacionara sua moto próxima a uma mureta, longe o bastante do estacionamento da escola para que não fosse visto. É claro que sua má sorte estava apenas começando. O garoto-do-tecido-vermelho tinha que estudar na mesma escola que aquele bastardo recém-criado. O pai estava louco da cabeça em permitir que esse lobo de sangue-cruzado entrasse na matilha.
– Vamos lá garoto – Disse Derek, mostrando os dentes afiados em sinal de desaprovação – Deixe esse bastardo de lado e vá ver suas coisas de humanos... – Falava sozinho, observando o casal, Stiles parecia tentar levantar Scott, que acabou se levantando sozinho.
Começaram a andar até o estacionamento.
– Ora ora, já desobedecendo a ordem do Alpha. Que era ir para a floresta assim que saísse de sua ‘escola’. – Parecia nervoso ao falar, e apenas observava. – Oh não... Não não não... – Disse, colocando a mão na cabeça e observando para qual veículo seu humano se aproximava. – Isso só pode ser brincadeira.
Sim, Stiles ajudava Scott a subir na vespa vermelha. A moto parecia que iria quebrar com o peso de dois seres humanos, mas ela ligou mesmo assim.
– E piora... Ele tem uma... Cestinha.
Sim, Derek estava nervoso. Não conseguia nem imaginar a piada que seria quando todos vissem quem era seu elo. Sua conexão com um humano já era humilhante o bastante, e um humano tão... Patético.
Teve que seguir aquele casal de longe, para ver no que daria. O humano o qual tivera uma conexão e o bastardo recém-criado.
Mas a cena da moto ridícula do mesmo não conseguia sair de sua cabeça, com a cestinha na frente. Tinha vontade de acelerar sua Harley Davidson e passar por cima daquela vespa-vermelha 88’.
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