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História Bittersweet Sacrifice - Black and White


Escrita por: keyhimura

Notas do Autor


Well well well... *Foge das pedradas*
Acho que no final nem demorei tanto assim, né? Tá mais ou menos na média dos outros. Esse capítulo foi complicado e demorado por conta da minha faculdade de do momento delicadíssimo que ele inicia. Apesar de tudo, ele é um dos meus favoritos até agora <3 Escrevi com o coração, espero que gostem.

Ah! Gente! Eu fiquei muito surpresa e muito feliz com todos os comentários, sério mesmo! Obrigada ;; É bom saber que vocês gostam de BitS e que ficam ansiosos. Obrigada <3

Capítulo 9 - Black and White


            Sempre imaginamos como será o momento de nossa morte e isso é meio doentio porque ao mesmo tempo em que temos curiosidade, também rezamos para esse momento não chegar nem tão cedo. Também não podemos prever quando chegará a “bendita” hora ou algo do tipo, como um barco que fica a deriva, ao sabor do mar. Bom, nem tão a deriva assim...

            Em filmes as coisas acontecem de forma bem bonitinha, a pessoa deitada em uma caminha de hospital de repente enxerga uma luz e vai embora, sem dor nem pesar... E eu não sei choro ou rio de nervoso porque se de fato existe essa tal luz, ela não apareceu pra mim.

 

            Pra falar a verdade, a única coisa que consigo sentir no momento é algo me puxando para baixo, para o lado escuro, como se fosse alguém a me abraçar. Um abraço frio como a morte. E embora eu não consiga enxergar nada a não ser escuridão eu estava leve. Donghae estaria a salvo, Donghae poderia sorrir, Donghae ia se casar e viver sua vida da melhor forma e isso acalmava meu já tão atormentado coração.

 

Pelo menos ele seria feliz.

 

            Sorri novamente e senti o baque do chão gelado contra as minhas costas. Havia chegado ao fim? Meu corpo pesava tanto que eu não era capaz sequer de mexer um dedo. Como se tivesse sido pregado no chão. Um vento gélido soprava, fazendo aqueles típicos ruídos que assustam criancinhas, me envolvendo e trazendo algo ruim pra dentro do meu peito. O frio e a solidão. Tão abrasadores que chegavam a queimar.

 

A verdade era que doía ficar sozinho.

 

            Antes que pudesse me mover, senti as lágrimas escorrendo por meus olhos, contínuas como uma cachoeira. Meu choro baixo logo se tornando alto, os soluços finalmente surgindo junto com uma dor insana que parecia me consumir. Doía demais e eu simplesmente não sabia explicar. Uma melodia triste soava em meus ouvidos vinda eu não sei de onde. A dor sendo expurgada aos poucos, como se no final de tudo eu finalmente tivesse o direito de me deixar desabar. O tão esperado momento.

 

            Braços gelados me envolviam, puxando-me para cima, colocando-me sentado e me dando um abraço que apesar de frio fora quase cálido. E naquele momento eu simplesmente não pensei, agarrando-me ao ser que estava diante de mim e apenas deixando as lágrimas amargas descerem por meu rosto, levando embora aquele aperto que vivia dentro de mim.

 

            Demorou um tempo para que eu finalmente me recompusesse, as lágrimas e os soluços parando pouco a pouco enquanto a dor em meu peito parecia diminuir. Era bom tirar a máscara de vez em quando. Respirei fundo e abri os olhos –Eu os havia fechado?- sentindo o coração falhar em uma batida.

 

Um tecido rubro e macio se estendia diante dos meus olhos.

 

            Em questão de instantes tudo mudou e o que era dor se tornou raiva. Tão grande e intensa que eu podia sentir o gosto do fel em meus lábios, amargo e ruim, mas eu não podia evitar. Como uma força que move montanhas, o ódio me dominava e me fazia seu refém, cegando-me de uma forma quase cruel, envolvendo-me em uma teia minuciosa, tão bem trançada que eu não via como escapar.

 

-Acalma-te criança! –Sua voz soou altiva, porém firme e eu a empurrei violentamente, afastando-me de sua presença. A raiva me consumindo como a chama consome a vela.  

 

-VOCÊ MENTIU!!! –Gritei com todas as minhas forças, as palavras se embaralhando em minha cabeça enquanto minha visão nublava levemente. Eu sentia tanta raiva que podia explodir.

 

            E eu vi quando ela recuou, seus olhos vermelhos como seu vestido adquirindo um brilho confuso, beirando o surpreso devido à minha atitude desprovida de qualquer cuidado ou educação. Eu não sabia aonde estava me metendo, mas isso pouco me importava, o fogo dentro de mim ainda queimando com ardor suficiente para mandar minha hesitação para o espaço.

 

-Eu paguei seu preço! –Continuei gritando, enquanto ela apenas me observava com um brilho superior. –Eu paguei! Eu sofri mais do que se tivesse sido enviado ao inferno para ser castigado e no final você descumpriu sua promessa! Como você pôde! Como pôde! –E por longos minutos eu apenas continuei, acusando-a de todo o mal que havia me sido feito, seus olhos inexpressivos vidrados nos meus movimentos, acompanhando cada passo e absorvendo cada pequena mudança de humor.

 

Como se estivesse esperando simplesmente acabar.

 

            E assim foi, quando as palavras simplesmente haviam acabado e a raiva dava lugar a uma exaustão profunda, tão intensa que fazia o meu mundo girar. Porque tudo tinha que ser tão difícil afinal?!

 

-Qual o grande pecado que eu cometi afinal?! Hein? Porque todas as coisas ruins tem que acontecer comigo! –Levei a mão à testa, sentindo a pontada de dor e quis mais que nunca ter um lugar para me apoiar, pois minhas pernas amolecidas pelo cansaço mal eram capazes de me sustentar de pé. Eu só queria sentar e chorar o quanto a vida era injusta.

 

            Eu ainda respirava forte quando a vi se aproximar até estar perto o suficiente para me tocar, minhas forças sumindo de um jeito esquisito quando seu olhar intenso se conectou ao meu. Algo dentro dos olhos dela que eu não seria capaz jamais de entender ou de explicar. Algo que me dizia o quanto ela era diferente, e o quanto era poderosa.

 

-Hyukjae... –Ela murmurou meu nome e eu tive ímpetos de fechar os olhos, mas mantive-me firme diante de seu olhar intenso, sentindo todo o poder que emanava de si. Eu queria uma resposta e eu a teria!

 

-Promessa alguma foi descumprida! –E ambos nos surpreendemos quando ouvimos uma terceira voz, mais forte e profunda ecoar pela escuridão do local.

 

            De repente, o ar se tornou assustadoramente frio e um medo esquisito apareceu na boca do meu estômago, como se fosse um mau presságio. A voz reverberando em minha alma quando eu finalmente avistei a dona da dita cuja, reconhecendo-a quase que imediatamente.

 

A pequena dama de preto que queria selar o destino de Donghae.

 

            E ela ainda estava lá, com o mesmo ar infantil de antes, um sorriso debochado brincando em seus lábios cheios, o cabelo preto escorrido descendo liso pelas costas pequenas e as vestes pretas, longas o suficiente para arrastarem no chão. Eu sabia bem aonde estava, ou melhor diante de quem eu estava mas no entanto não me senti tremer nem um pouco, mantendo-me firme quando ela inclinou o rosto, fitando-me com curiosidade.

 

-Aonde está teu respeito? –Murmurou e a mulher de vermelho apenas deslizou para próximo de si, curvando-se de forma respeitosa. Minha confusão mental aumentando a cada segundo. Mas o que afinal estava acontecendo ali?

 

            Antes que eu pudesse formular alguma coisa coerente na cabeça, seus olhos gélidos se focaram em mim, me trazendo aquela familiar sensação de frio a qual eu já estava me acostumando. E a dama de preto sorriu, um sorriso largo, antes de fechar os olhos novamente e iniciar uma transformação tão esquisita quanto encantadora.

            Abismado, vi quando seu corpo começou a crescer, a imagem da pequena criança se perdendo em suas curvas generosas de mulher enquanto a outra – a de vestes rubras- continuava ajoelhada em um sinal de respeito e submissão. Que só bagunçava minha cabeça confusa. Não demorou muito para que ela estivesse com os olhos novamente grudados em mim, seu rosto agora de mulher me analisando com curiosidade e com certa... Satisfação?

 

-Diga a ele o que deseja saber... –Disse, mal movendo os lábios, mas ainda assim se fazendo ouvir com clareza. A mulher de vermelho se levantou e virou-se para mim, ainda sem qualquer expressão.

 

- Uma vida perdida não pode ser restaurada,” , tu te recordas desta frase, criança? –E eu assenti, sentindo a raiva voltar aos poucos. –Eu lhe avisei, disse-te que o preço seria alto!

 

-E eu aceitei pagar! Eu disse que pagava qualquer coisa e paguei! –Novamente, não pude me manter em silêncio enquanto ela simplesmente falava como se eu não tivesse cumprido uma parte do acordo.

 

-Tu pagaste criança e eu assim o fiz. Trouxe-lhe de volta, não da forma que tu esperavas, mas trouxe. –Deslizou levemente para o lado e me fitou com atenção, seus olhos pela primeira vez assumindo uma expressão qualquer que eu não sabia decifrar. –Acontece que... Tu jamais entenderá, mas eu não sou única nem tampouco onipotente neste universo em que vives... –Me mantive calado, confuso demais para protestar. –E eu não sou nem jamais serei mais forte que o destino... –E finalmente entendendo aonde ela queria chegar, explodi

 

-Ah! Claro! Uma justificativa muito justa! Você não é mais forte que sei lá quem! –Sua expressão foi surpresa e eu não me deixei abalar, simplesmente falando tudo que estava entalado. –E enquanto isso o idiota aqui faz de tudo pra se manter longe! Pra proteger! Hora vejam só, eu tentei protegê-lo ficando longe! E de que adiantaria no final? NADA! Do que meu sofrimento adiantaria, COISA ALGUMA! –As lágrimas já queriam saltar dos meus olhos.

 

-Hyukjae...

 

-Não me chame! Você é pior que todos nós! E ainda se diz superior! –Eu já não tinha mais nenhuma medida em minhas palavras e isso tampouco me importava –Nós somos os seres que mentem! Nós somos aqueles que sofrem por pouca coisa e no final são vocês que brincam conosco como se fôssemos marionetes! –Senti minha voz ser engolida pelo meu choro e apenas segurei-o, obrigando-me a ficar firme. –Nós somos cobaias, não é!? –Falei para o nada e me virei para a dama de preto que assistia tudo. –E você! Você não vai conseguir fazer mal a Donghae, não sem antes passar por cima de mim! Nem que eu tenha que voltar do fundo do inferno e te impedir! Eu odeio vocês, odeio todos vocês e sua maldita superioridade que não vale coisa alguma!

 

            Eu teria continuado a falar por mais meio século, se não tivesse ouvido uma risada tão suave quanto assustadora, que fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem de uma forma que eu não conseguia controlar. Eu não precisava olhar para saber muito bem da onde ela viera e não sabia simplesmente dizer se aquilo era bom ou ruim.

 

O que esperar quando a morte ri de você?

 

-Tua existência é mesmo interessante, Lee Hyukjae. –Ela finalmente se aproximou, andando de forma tão fluída que eu podia jurar que ela estava flutuando. –Fazia muito tempo que alguém me afrontava desta forma... –Murmurou pensativa, fitando o nada antes de voltar seu olhar para mim. ­–Tu não temes a morte, garoto?

 

            Eu simplesmente não tinha a resposta. Talvez, em um tempo diferente eu dissesse que sim, que temia a morte e que a queria bem longe de mim, mas... O que poderia ser pior que a morte em vida? Que perder Donghae duas vezes de maneira absurdamente diferentes, mas igualmente cruéis? O que era morrer perto de viver uma sobrevida? Eu não estava afinal, vendo os dias passarem como um morto-vivo? E tão certo como uma flecha em seu alvo eu respondi.

 

-Não. –E em seus olhos eu notei uma surpresa que não era para existir. –Depois de tudo... Eu não tenho medo de você ou de qualquer um, enfrento todos se for por ele. –A morte sorriu, balançando a cabeça em negativa.

 

­-Humanos... Existências tão efêmeras, mas tão intensas, não? Eu posso ver a chama da tua vida se apagando, Hyukjae... No entanto... Posso ver uma outra chama próxima a tua, te puxando de volta de forma tão intensa que talvez nem eu seja capaz de interferir. –Ela se aproximou de mim, se afastando logo em seguida como se tivesse sofrido uma queimadura. –Sim... Nem eu sou capaz de interferir... –E voltou para o mesmo lugar, me deixando completamente confuso.

 

-O-O-que...?

 

-Seres como nós jamais entenderão a força humana. Eu já vivi muito, mais do que podes imaginar, garoto, e no entanto jamais fui capaz de compreender como seres tão pequenos conseguem mudar tanta coisa...

 

-Eu não entendo!

 

-Tu mudaste teu futuro, Lee Hyukjae, apenas com a força de tua determinação. Nem eu nem tampouco ela podemos interferir mais. Tu travaste uma batalha com o destino e venceste, quase ao custo de tua própria vida, mas ao que parece... –Mais um sorriso brotou em seus lábios pálidos –Hoje é teu dia de sorte... E alguém está lutando por ti. –Lutando por mim...? Antes que pudesse concluir o pensamento, senti uma pontada seguida de uma voz desesperada que me chamava com insistência.

 

-Hyukjae! Hyukjae! Fica comigo! Não vai embora, por favor Hyukkie! Não vai! Não vai!

 

            Cai de joelhos com as mãos nos ouvidos, a voz aumentando cada vez mais ao ponto de me impedir de pensar. A dor aumentando ao ponto de lágrimas escorrerem novamente dos meus olhos e um grito escapando de mim sem que eu pudesse segurar. Minha visão se embaçava aos poucos, a imagem do preto e do vermelho se transformando lentamente em borrões que eu não seria capaz de identificar.

 

-HYUKJAE! Por favor! Por favor!

 

            Meu corpo foi perdendo as forças e minhas mãos deslizaram de meus ouvidos, meus olhos finalmente se fechando enquanto eu me sentia tragado novamente pela escuridão e pelo silêncio, podendo ainda ouvir a voz suave e gélida soando no ar uma última vez.

 

-Diga a Donghae que a morte manda lembranças.

 

E num passe de mágica, tudo se apagou.

 

(...)

 

            Abri os olhos abruptamente, puxando o ar com força sem conseguir respirar, a dor se espalhando pelo meu corpo enquanto minha visão desembaçava aos poucos, me deixando ver um ambiente extremamente claro todo decorado em tons pastéis e branco.

 

O que havia acontecido?

           

            Eu ainda me lembrava de tudo, das duas mulheres, dos meus gritos, da mulher de preto falando comigo e de toda a dor que havia sentido antes de simplesmente apagar. E de repente... Eu estava deitado em uma cama de hospital, suado e coberto pela metade, totalmente sozinho. Eu havia sobrevivido? Respirei fundo, sentindo as costas reclamarem de uma dor que eu não sabia explicar, eu me sentia moído como se um trator tivesse passado por cima de mim –O que de certa forma havia acontecido, não?-.

 

            Tive ímpetos de me mexer e tocar meu próprio corpo para ver se era verdade, mas me arrependi no segundo em que a dor lacerante apareceu, subindo por toda a extensão do meu corpo. Doía demais! Respirei fundo, buscando me acalmar –O que estava sendo bem difícil- e tentei raciocinar, a imagem das duas entidades ainda fresca em minha cabeça enquanto eu me perguntava se eu tinha ficado maluco. Era difícil precisar. Ainda mais com tudo girando e o corpo doendo em tantos lugares diferentes que eu nem conseguia dizer aonde eram.

 

-Hyuk...? –Ouvi um chamado hesitante e rapidamente direcionei meu olhar ao ser parado próximo da porta, que me fitava com a expressão mais preocupada de todo o planeta. Seus olhos estavam inchados e eu pude ver que ela havia chorado, a constatação fazendo meu peito afundar em culpa.

 

 

Como eu tinha me esquecido da minha família?

 

-Hyuk...! –Ela falou mais alto, se aproximando rapidamente e tomando meus dedos machucados entre os seus delicados, um sorriso de felicidade nascendo no seu rosto marcado. –Eu fiquei tão preocupada! Como você pôde fazer isso conosco?! –Falou em tom de reprovação, com a voz levemente embargada

 

-Noona...

 

-Você quase teve problemas sérios, sabia?! Mais um pouco e teria tido uma hemorragia maior ainda! Se Donghae não tivesse sido rápido suficiente você podia... Podia... –E ela se calou, abraçando-me com toda a delicadeza que só ela tinha, me fazendo sentir ainda mais culpado por pensar que não deixaria nada para trás.

 

            E quanto a todas as pessoas que sempre estiveram comigo? Minha família, Sungmin, Heechul, Yesung, Ryeowook. Como eu pude me esquecer deles todos no meio da minha dor? Como eu podia ter sido tão cego? Suspirei pesadamente e Sora-noona me fitou preocupada, analisando cada pequeno poro da minha pele.

 

-Está doendo muito? Quer que eu chame um enfermeiro? –Ela perguntou preocupada e eu apenas apertei sua mão, sorrindo da melhor forma que podia.

 

-Yah! Só... Só fica aqui um pouquinho, por favor? –E ela sorriu, como fazia quando nos éramos mais novos e ela me levava para tomar sorvete depois que eu tinha apanhado de alguém mais forte ou mais alto. Aquele mesmo olhar amoroso de irmã mais velha, que enchia o meu peito de coisas boas que eu nem sabia que existiam dentro de mim. Ela assentiu emocionada e segurou minha mão com mais força ainda, como se tivesse medo de me perder a qualquer instante.

 

-Você... Assustou a todos nós... Tinha tanto sangue na roupa de Donghae que... –Ela parou por alguns instantes, um arrepio passando por mim ao ouvir “Donghae” –Nós achamos que fosse tarde de mais... Eu pensei que tinha te perdido! –Sua voz embargou um pouco. –Se não fosse o socorro rápido...

 

-Mas no final deu tudo certo, não deu? –Perguntei com um sorriso bobo no rosto e ela assentiu.

 

-Seu anjo da guarda é poderoso... –Ela murmurou e eu não pude deixar de me lembrar das palavras da morte. –Donghae não desgrudou de você em nenhum momento, só quando você foi encaminhado para a cirurgia...

 

“-Hyukjae! Hyukjae! Fica comigo! Não vai embora, por favor Hyukkie! Não vai! Não vai!

 

            A voz desesperada soando na minha cabeça e tudo finalmente se encaixando. Era Donghae quem me chamava, era Donghae quem me puxava desesperadamente de volta a um mundo que quase não me pertencia mais. Era ele quem me queria de volta... Meus olhos se encheram de lágrimas.

 

Mas antes que eu pudesse derramá-las, um furacão invadiu meu quarto.

 

            Antes que eu pudesse sequer entender o que estava acontecendo, um sei-lá-o-que invadiu meu quarto com rapidez e indiscrição, fazendo um barulho que não era saudável para um ambiente hospitalar. Eu não devia esperar uma reação diferente vinda dele, deveria?

 

-YA! SEU INFELIZ! –Heechul gritava, fazendo minha cabeça latejar mais do que eu achava que ela pudesse, o dedo em riste apontado para a minha cara –Toda arrebentada, só para lembrar- enquanto um Jongwoon desesperado tentava lhe segurar como se ele fosse pular em cima de mim a qualquer momento. –SEU IDIOTA!

 

-Heechul! Estamos num hospital! Isso não é lugar pra gritar! –Yesung tentava argumentar enquanto puxava Heenim, que mesmo sendo mais fraco resistia como se sua vida dependesse dele estar gritando comigo naquele momento. Sora tão chocada que apenas assistia a cena atônita, sem saber como reagir. –Ya! Pare com isso, hyung!

 

-Não paro! Não paro até esse idiota sentir mais remorso do que ele tivesse matado uma pessoa! –Heechul continuava falando, o tom alterado como se eu tivesse realmente cometido um assassinato, Yesung já roxo de desespero, contando a hora que um enfermeiro marombado entraria por aquela porta e arrastaria meu hyung para fora do hospital. –Você...! Você...! Aish! Como pode ser tão idiota!?

 

-Hyuk, não ligue para o que ele diz, ele não está batendo bem... –Jongwoon tentou consertar, mas foi preciso um segundo de distração para que Heenim se soltasse dele e viesse na minha direção igualzinho minha mãe fazia quando eu era pequeno. O detalhe era que quando acontecia isso, eu sempre ia apanhar.

 

-Não estou batendo bem!? Esse idiota se joga na frente de um carro e sou eu que não estou batendo bem!? –Suas mãos agarraram meu belíssimo avental hospitalar e me puxaram, a dor aumentando um pouco mais. –Tá vendo esse canyon na minha cara? –Apontou para o rosto, meus olhos não enxergando nada –Provavelmente se eu tivesse uma lupa, conseguiria enxergar a ruga da qual ele estava falando-

 

-Hyung, solta o Hyuk! –Yesung tentou, inutilmente, tirar as mãos do outro mas elas estavam quase enganchadas no tecido do hospital.

 

-É tudo culpa sua! Tudo sua! Sabe o quanto nós ficamos preocupados, sabe?! –Eu estava prestes a responder quando uma outra mão se uniu a de Heechul, uma mão cuja dona poderia ser delicada, mas nem por isso uma donzela indefesa.

 

            Sora cravou as unhas esmaltadas na mão de Heechul com tanta força que até eu consegui sentir a dor que ele provavelmente passou, seu olhar metralhando Heenim de uma forma tão intensa que até eu me assustei.

 

­-Solta ele... –Murmurou baixo e eu me surpreendi ao sentir seus dedos esguios me largando, voltando a minha posição inicial com um suspiro de dor, virando alvo de 3 pares de olhos preocupados.

 

-Tá tudo bem... –Murmurei, me surpreendendo quando Heechul me ajudou a voltar para uma posição mais confortável, parecendo mais calmo. Como ele podia mudar tão rápido assim?

 

            Yesung suspirou e Sora sorriu quando Heechul baixou o olhar e puxou uma outra poltrona que ficava no quarto, sentando-se próximo a mim enquanto Jongwoon se apoiava no braço da cadeira.

 

-Mianhae... Eu só... –Ele começou incerto, os olhos desviando dos meus. –Droga, Hyukjae! Você deixou todos nós loucos de preocupação! –Jongwoon assentiu e eu sabia que mesmo que ele não estivesse se descabelando e gritando, ele tinha se preocupado tanto quanto os outros. Jongwoon tinha a péssima mania de sofrer calado. –Foi desesperador... Ver você daquele jeito e... –Sora mordeu os lábios e Yesung tocou o ombro de Heechul, que tremia levemente.

 

-De qualquer forma, o que importa é que você está bem! –Jongwoon lhe cortou, sorrindo amigavelmente como sempre fazia. –Babo-dongsaeng. –Riu sozinho de sua piadinha. –Vou ter que ensinar você a atravessar a rua de novo, vou? –E riu um pouco mais alto, fazendo os dois outros rirem também.

 

-Ya! Não é pra rir! –Protestei e Yesung bagunçou meu cabelo com uma delicadeza que ele só tinha nas horas necessárias.

 

-Ya, macaco. Até Jongjin com cinco anos atravessava rua melhor que você! –E eu protestei novamente, causando risadas em todos, o clima no quarto ficando mais leve.

 

Yesung tinha aquele poder.

 

            As risadas continuaram até batidas discretas serem ouvidas na porta, Sora falando em um tom moderado para pessoa do outro lado entrar. A porta se abriu devagar e eu senti meu coração apertar quando finalmente pude ver quem estava atrás dela.

            Sungmin me fitava com os olhos e os lábios levemente inchados, o nariz vermelho denunciando seu provável choro e me deixando imerso na mais completa e intensa culpa. Ele se aproximou devagar, Sora dando-lhe espaço para que ele pudesse chegar perto o suficiente de mim, seus olhos marejando novamente enquanto ele sorria.

 

-Minnie-ah... –Comecei incerto e logo me senti abraço, fazendo um sinal para os outros que me fitavam com apreensão. Estava tudo bem, ficaria tudo bem.

 

-Hyukjae...! Que bom que você... –Sua voz foi engolida pelo choro e eu senti uma lágrima caindo em minha pele. –Eu pensei...

 

-Mianhae. –Disse-lhe somente e ele ficou em silêncio por alguns segundos, permitindo que eu continuasse a falar. –Por tudo. E gomawo... Por não me deixar sozinho mesmo eu sendo um porre... Obrigado por ser meu amigo, Sungmin. –E eu senti quando ele assentiu, mais duas lágrimas escorrendo por seu rosto e chegando à minha pele.

 

-Que bom que você tá bem! –Ele se afastou, limpando as lágrimas acumuladas no canto dos olhos e riu, fitando os outros que pareciam ter prendido a respiração. Sora-noona me sorriu e deu um beijo estalado em minha testa.

 

-Já que você está em boas mãos eu vou pra casa, tomar um banho e dormir um pouco, está bem? Não saio daqui desde que tudo aconteceu... –E eu assenti, segurando em sua mão para lhe mostrar o quanto eu era grato por ser alvo de seu amor. Ela apenas sorriu fraterna, passando a mão pelo ombro de Sungmin e saiu.

 

            Não muito depois, Heechul e Yesung saíram, o primeiro alegando que precisava dormir pois não havia pregado o olho um segundo sequer e o segundo correndo de volta para seu trabalho, uma vez que mal tinha avisado ao chefe aonde ia. Sorte dele que era bom no que fazia. Jongwoon também comentou que deixara um Ryeowook nervoso por notícias no escuro e que provavelmente apanharia do pequeno por ter se esquecido de ligar. Eu só pude rir daqueles dois e ficar feliz por ter tantas pessoas boas ao meu redor.

 

Além de me chutar mentalmente por ser tão idiota.

 

            Conversamos por mais algum tempo sobre coisas estúpidas, Sungmin me perguntando de cinco em cinco minutos se eu estava sentindo muita dor, se mostrando completamente preocupado –Eu apenas sorri e neguei todas as vezes, mesmo que no fundo sentisse alguma dor-. Estávamos falando sobre minhas idiotices nos tempos de escola quando ouvi o click da porta. Sentindo o sangue gelar ao ver quem irrompera por ela.

 

            Eu não fui capaz de encarar seus olhos, um peso estranho caindo sobre meus ombros sem que eu pudesse evitar. Meus olhos correndo por seu corpo e notando que ele provavelmente havia trocado de camisa –A dele devia ter sido jogado fora de tão manchada- mas de calça não, as marcas do meu sangue seco manchando seu jeans. Lembrando-me que nossos caminhos sempre estiveram maculados de vermelho.

 

            Sungmin também fitou-o, a expressão risonha dando lugar a uma compreensiva quando os olhares dos dois se cruzaram. Eu sabia o         que ia acontecer. Sabia que não poderia fugir desse momento por muito tempo e apertei o lençol fino entre meus dedos quando a voz de Donghae pode ser ouvida quase em um sussurro.

 

-Minnie-ah... Será que... Você pode nos deixar a sós? –E Sungmin assentiu, fitando-me da forma fraternal que sempre fazia para então se levantar.

 

            Eu ainda lhe lancei um olhar desesperado, implorando para que ficasse, mas se ele o notou não levou em consideração. Eu mencionei que Sungmin tinha essa mania de nunca corresponder às minhas expectativas e sempre fazer coisas que eu não queria que ele fizesse? Sim, ele era exatamente assim, e era por esse maldito motivo que ele se levantou e deu dois tapinhas amigáveis no ombro de Donghae antes de deixar o quarto.

 

A porta rangendo levemente antes do quarto cair no completo silêncio. 


Notas Finais


Não me matem pf, sei que parei num pedaço ruim e JURO que vou correr com o próximo capítulo.
Obrigada a todos que leram, que me deixaram review, que me deram amor no twitter <3 Isso me deixa muito feliz. Aaand... Vejo vocês no próximo

Chu~~


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