1. Spirit Fanfics >
  2. Black And Green >
  3. União Invernal

História Black And Green - União Invernal


Escrita por: LadyFear

Notas do Autor


<3

Capítulo 141 - União Invernal


- A neve ameaçava cair lentamente dos céus com seus flocos minúsculos e gélidos que horas antes havia criado uma camada espessa de gelo onde estávamos. Antigamente vê-los caindo me faria ter raiva das lembranças que me levavam até a pessoa que me atormentou por longos anos por diversas razões que mexiam de forma demasiada com meu interior. Aliás, quase todos os invernos sempre me traziam péssimas lembranças, fossem elas recentes ou mais antigas – diga-se de passagem -. Porém, naquela hora, naquele dia, naquele momento, aqueles flocos brancos que não tardariam em aparecer eram bem-vindos. Trariam para mim em pouco tempo a razão pela qual eu havia saído de toda aquela longa espiral de dor e de culpa, e que agora eu tinha a real certeza de que não era uma simples alucinação criada em minha cabeça.

Somente quando realmente decodifiquei todo aquele lugar que se descortinava a minha frente, e senti toda aquela aura de expectativa ao meu redor, foi que de fato a realidade se abateu sobre meus ombros com mais força do que eu imaginava que um dia poderia sentir. Minha cabeça aos poucos parecia querer explodir, e talvez explodisse. Mas não da forma ruim como sempre era esperado. A felicidade que eu sentia naquele momento, não era algo fugaz que inundaria meu peito e logo sumiria. Eu sabia que não. Iria durar muito tempo.

O resto da minha vida sendo mais preciso.

Havia entrado em um conflito repleto de pensamentos confusos dias antes, como se houvessem duas pessoas distintas brigando dentro de mim. Uma tentando sobreviver, e a outra adaptando-se aos novos tempos que eu sabia que viriam. E ali, parado perto do altar esperando por ela ansiosamente e sem conseguir conter os arroubos de emoção que sempre controlei por meio da Oclumência, no meio daquele mar gelado e branco, eu entendi por que de fato eu realmente estava com todas aquelas coisas conflitantes se debatendo em meu peito.

Eu não era mais o mesmo. Não mais o velho Severo amargurado e cujo coração fora estraçalhado de várias maneiras possíveis desde minha infeliz infância até pouco tempo atrás. Apesar dos apesares eu ainda continuava sendo esse mesmo eu, mas dando espaço para um outro que eu jurei minha vida inteira que nunca o deixaria aparecer se é que um dia acreditei que fosse possível existir. Esse outro mesclava-se ao antigo, coexistindo de forma linear. Um antes e o outro depois. Continuava sendo o Severo temido e carregado que a maior parte dos alunos – senão todos – adorava odiar. Algumas coisas não deveriam mudar e não mudariam nunca. Todavia eu era um novo Severo ao mesmo tempo, graças aquela destruidora de corações que virou tudo de pernas para o ar.

Havia destruído meu coração, minhas expectativas, minhas convicções que eu nunca imaginaria ver cair por terra daquele jeito, minha forma de encarar o mundo, meus sentimentos, minha cabeça, minha carreira. Ela havia destruído tudo, despedaçado qualquer coisa que eu pudesse jurar que ficaria intacto. E eu deveria realmente me zangar com isso. Todavia, aquela força destruidora também se tornou a força renovadora. Ao mesmo tempo que me destruiu de cima abaixo e renovou grande parte do que eu fui, reconstruiu e trouxe novas coisas que moldaram um novo ser. Um novo homem. Um novo eu.

E eu seguiria aquela força caótica para onde ela quer que fosse independente de que situação aparecesse. Me deixaria guiar sem me preocupar. Confiava nela e na facilidade de segui-la depois de conhecer o seu pior e o seu melhor, e aceitar a ambos os lados da mesma forma que fui aceito sem explicações.

Era notável que eu estava irremediavelmente apaixonado por aqueles cabelos negros que se enroscavam em mim como se tivessem vida própria quase o tempo inteiro; por aqueles olhos verdes e límpidos que eu me afogaria sem hesitações se fosse possível; o timbre deliciosamente suave e contido, que por mais que eu tentasse nunca conseguiria definir de uma maneira mais extensa; aqueles lábios que se avermelhavam toda vez que eram beijados por mim; aquele mal gênio que se fosse de fato instilado corretamente poderia criar uma reação violenta fora dos níveis normais; a sua dedicação; e o principal, aquela sua forma de amar que não media esforços e não se preocupava em se doar independente das situações, chegando a parecer de certa forma louco e ilimitado.

A amava mais do que tudo, e era por ela que naquele momento eu estava deixando tudo o que carregava para trás. O preto que tanto me qualificava e definia já não tinha mais o caráter denotativo de luto. O luto vívido por Lilian e que me impregnara por tantos anos havia acabado, já não fazia mais sentido levar aquilo adiante como se ainda me importasse tanto quanto importava. A cor negra havia sido ressignificada e teria um novo próposito.

E alguém parecia estar acompanhando muito bem meus pensamentos até demais. Alguém que eu realmente devia agradecimentos eternos apesar de viver se intrometendo sempre onde parecia não ser chamado.

- Ansioso, meu filho? – Perguntou-me ajustando seus óculos meia-lua no nariz tortuoso parando ao meu lado.

- E quem não ficaria no meu lugar, Dumbledore?

- Concordo. – Sorriu olhando para mim com uma curiosidade conhecida. – Mas que mal lhe pergunte tendo em vista seu gênio. Qual o significado em ter escolhido a cor branca para se casar, Severo? Não faz muito o seu estilo.

- Além de alcoviteiro, quer saber o real motivo de tudo que faço agora?

- Claro que não. Mas é fato bastante curioso não ver Severo Snape de preto.

Respirei fundo.

- Foi uma escolha significativa, Dumbledore. Não iria me casar sabendo que o negro tão conhecido me trazia uma carga que não quero mais carregar nessa nova fase da minha vida. Não estou mais de luto e nem necessito mais levar esse peso sob meus ombros. Acabou. Não há mais motivo para que eu me entristeça ou volte a sofrer. Escolhi o branco para que signifique não só para mim, mas para Maeve que nós estaremos começando tudo de uma estaca zero. Limpos e livres de qualquer coisa que possa nos ligar a certos fatos em nossos passados. Que eu estou livre de qualquer influência do amor que um dia senti por Lilian, e que meu amor finalmente pertence apenas a ela.

Ele passou algum tempo olhando para frente, deixando aquele sorriso astuto aparecer em seus lábios quando entendeu o que eu queria dizer.

- Você mudou muito meu filho. E foi isso que sempre esperei. São novos tempos, um novo período fértil em sua vida. E eu espero que de fato nada mais ocorra para atrapalhar isso.

- Nada irá nos atrapalhar. Nada, eu garanto.

Enquanto voltava a me concentrar em minha própria ansiedade, olhei para todo o lugar tentando me certificar de que tudo estaria da forma como Narcisa havia planejado. Haviam bancos de madeira ao redor de onde Dumbledore e eu estávamos parados formando uma meia lua espaçosa e disposta de forma assimétrica. O altar as nossas costas, tinha a mesa contendo tudo o que Dumbledore precisaria para a realização da cerimonia, encimado por um arco de rosas brancas salpicadas por rosas vermelhas. O tapete vermelho a minha frente estendia-se até o outro arco por onde eu estava esperando que aquela neve que aos poucos caia trouxesse-a para mim.

Talvez naquele momento eu estivesse me sentindo feito um adolescente tolo cujas ideias estivessem entrando em parafuso. Conjeturas tipicamente estúpidas e inseguras voltavam a rodear a minha cabeça onde eu prontamente as dissipei. Não havia razões para aquilo.

No final eu estava nervoso. E era ridículo admitir aquilo.

Mas não tive tanto tempo quanto imaginava para me deter naquilo. Leonard saiu andando e ao que parecia, estava bem mais tremulo e nervoso do que eu poderia imaginar. Logo em seguida as duas loiras apareceram andando rapidamente para ficar ao lado do altar. Os padrinhos e madrinhas se arrumaram em seus devidos lugares criando uma linha reta, ou que no mínimo parecia como tal. Havia sido uma decisão no mínimo bem mais difícil e desgostosa escolher os Potter para nos acompanharem nesse momento do que os Weasleys. Mas assim como queria que tudo mudasse no futuro, cedi a escolha de Maeve.

Os minutos que se seguiram pareceram eternos, mas tão logo avistei a cabeleira loira de Leonard meu coração pareceu despencar dentro do meu peito.

Ela estava tão linda que eu poderia jurar que não parecia de fato uma humana, se é que um dia ela realmente me pareceu isso. O sorriso que eu sempre evitava que aparecesse não pôde ser evitado, inundando meu rosto enquanto meus dedos retorciam-se atrás das minhas costas. Cravei meus olhos naqueles olhos que se antes pareciam ter ficado cheios de lágrimas, agora ameaçavam soltá-las ao me ver. Estavam tão claros e cheios de admiração e amor que eu me senti calmo mais do que imediatamente. Leonard a deixou no início do tapete segurando suas mãos por alguns segundos após beijá-las, e assim como regia todo o conjunto de ações significativas escolhidas por nós, ela veio até mim a passos lentos e sozinha.

Aquele sorriso de dentes tão brancos era o suficiente para me fazer me sentir um tolo apaixonado. E infelizmente, ou felizmente, eu o era. Estendi minha mão para que ela alcançasse quando faltava poucos passos que ainda nos separava, e tão logo me alcançou me senti em paz finalmente. Aquele dia sem tê-la em minhas vistas foi terrível. Mas vê-la tão perfeita daquele modo tinha valido a pena. Maeve puxou minha mão para o seu peito, e eu pude sentir sem esforço algum o quanto seu coração que já era acelerado naturalmente parecia querer rasgar o próprio peito e sair com suas batidas fortes e descontroladas.

- Está tão lindo. – Sussurrou.

- Não mais do que você.

Viramo-nos de mãos dadas para Dumbledore que sorria de forma orgulhosa e a julgar pelo modo como parecia estar segurando a própria varinha, estava emocionado. Piscou para Maeve que sorriu e iniciou a cerimonia.

- Estamos aqui reunidos nesta data tão especial e esperada por todos, para celebrar a união de casal que mais me deu trabalho na minha vida inteira. – A maioria riu. Eu já devia esperar pelas gracinhas dele. – Mas, mais do que isso, estamos aqui para celebrar a união de um casal que passou por cima de todas as amarras do passado ligadas ao presente, para que enfim pudessem se aceitar e recomeçarem da forma como se deve. Sabemos que o amor é sempre a chave mais importante em tudo o que nós fazemos, e que sem ele, nossa vida passa por penosos momentos, do mesmo que com ele há mudanças significativas no rumo que tomamos em nossa caminhada. Estas mudanças são necessárias para que novos ciclos se iniciem, e mais do que isso, para que novas escolhas possam ser feitas e concluídas de forma livre. Amar não significa apenas permitir-se prender a quem amamos pelos sentimentos nutridos, mas também deixar livre e dar o devido espaço para que nada seja feito por amarras, pois somente de forma equilibrada um sentimento verdadeiro pode se basear.

“Acredito que muitos aqui acompanharam a trajetória dos dois, assim como eu. E tão logo essa caminhada pode ser acompanhada, sabemos que nada foi fácil para nenhum dos lados. Houve percas, dores, guerras, conflitos, desgostos, e todo uma sorte de infinitas coisas ruins se abateram sobre eles. Contudo, neste dia, nesta hora e neste momento, sabemos que nenhum desses fatores foi o suficiente para retirar a vontade de viver. De seguir em frente. De se permitir mudar e acalentar novos sonhos que com o passar dos meses foram se solidificando cada vez mais para enfim convergir nesta decisão, tão sublime e tão magnifica que é o matrimônio. Não estamos apenas aqui para celebrar a união deste casal tão querido por todos nós, apesar dos apesares, e não falo isso apenas por brincadeira. Estamos aqui para celebrar a vitória. A vitória de dois corações acima de todo o mal, de todo o sofrimento, e de todos os obstáculos que os atrapalharam. ”

“ Amo os dois como se fossem meus filhos, e neste momento eu queria dizer a vocês o quanto me sinto orgulhoso e honrado por ter acompanhado todos os passos de vocês nesse ano e alguns meses passados. No início, eu achei que seria apenas uma probabilidade, algo que remotamente daria certo, por ser bem visto a disparidade de alguns pontos em vocês. Mas agora, vejo que são notáveis as qualidades que os complementam e os tornam tão únicos e que nenhum defeito aqui os impediu de perseverar e continuar tentando fiéis ao propósito de fazerem um ao outro felizes. A relação solida de vocês foi forjada e construída com bases de amor, amizade, esperança, e mais do que tudo, de doação incondicional de sentimentos que geraram tantas mudanças maravilhosas as quais são tão notáveis hoje olhando para vocês. ”

“Quero que neste momento, todos aqui presentes levantem as suas varinhas e permaneçam em um silêncio repleto de pensamentos positivos direcionados aos noivos, direcionados a vida deles, e principalmente as escolhas que virão e que provavelmente serão as melhores para esta união que agora estamos comemorando. ”

Após todas as varinhas serem erguidas, viramos de frente um para o outro e entrelaçando nossas mãos permitimos que Dumbledore acenasse sua varinha e fizesse aparecer a fita vermelha que significaria o vínculo de união necessário para o caminho que estávamos confirmando ali. Ela enroscou-se em nossas mãos unidas estendendo-se pelos nossos braços prendendo-nos enquanto nossos olhos fitavam-se ansiosos.

“ Com esta fita, eu dou a significação de união, de companheirismo, de paciência, de perseverança, e todos os fatores cruciais que vão precisar para conviverem até o dia em que juntos deixarem este mundo. Estarão unidos pelo amor e em nome do amor, e que não se permitam em hora nenhuma se esquecerem de que somente o amor é capaz de resistir ao tempo e aos obstáculos. Tendo dito isto, e confirmado perante a todos os presentes, eu lhes pergunto o que é crucial e de suma importância que seja afirmado neste compromisso. ”

“ Severo Prince Snape, filho de Eileen Prince e Tobias Snape, você afirma mediante o juramento de amar, proteger e cuidar acima de tudo, que é de sua livre e espontânea vontade unir-se a Maeve Vivienne Rosalie Charlotte Lesley? ”

- Afirmo. – Respondi sem sombra de dúvida alguma.

“ Maeve Vivienne Rosalie Charlotte Lesley, filha de Evelyn Bellator Lesley e de Leonard Levander Vincent de Valmont, você afirma mediante o juramento de amar, proteger e cuidar acima de tudo, que é de sua livre e espontânea vontade unir-se a Severo Prince Snape? ”

- Afirmo. – Sorriu piscando para espantar as lágrimas que em breve rolariam pelo seu rosto.

“ Que este vínculo aqui criado perante este juramento consciente em que ambas as partes concordam com a formação desta união, não seja quebrado ou invalidado por nenhum ato de ordem torpe ou leviana. Que levem o que foi aqui jurado a frente até o final. ”

A fita se desenroscou de nós e sumiu com outro aceno de varinha. Entretanto permanecemos nos encarando, aproveitando cada segundo daquela cerimonia que selaria de uma só vez o nosso destino e não admitiria mais espaço algum para quem quer que tentasse nos afastar. Os Malfoy trouxeram as alianças a pedido de Dumbledore que parecia mais do que feliz com os rumos da celebração. Todos baixaram as varinhas e trocamos nossas alianças. Havia escolhido algo que simbolizasse algo que ambos gostávamos e nos definia, portanto nada mais do que óbvio que nossas alianças fossem de prata cravejadas por esmeraldas que cintilavam fazendo o papel de olhos nas serpentes que se entrelaçavam. Éramos sonserinos, e assim permaneceríamos até o fim. Também eram enfeitiçadas para que pudéssemos saber onde ambos estávamos e o que sentíamos. O costume das antigas alianças não se perderia.

Maeve estava tremula ao colocar a minha aliança em minha mão, mas foi quando eu coloquei a dela que vi as lágrimas caindo geladas de seu rosto em minha mão. Estava chorando. Mas não era um choro de tristeza, pois suas lágrimas misturavam-se ao sorriso largo e feliz que estampava seus lábios. Limpei-as com os polegares aproveitando para apreciar aquela expressão guardando-a em minha mente.

Dumbledore continuou.

“ Que este casal seja abençoado, e que todos os seus sonhos e planos se concretizem. Que nenhum mal os abale ou os separe, e que nada além da morte quando um dia chegar venha a tirar-lhes tão fina e bela felicidade em seus corações. Neste dia em diante, pelo poder que me foi concedido e pelas prerrogativas mágicas que esta cerimônia teve em sua significação, eu os declaro, Senhor e Senhora Snape. E que de hoje em diante o mundo bruxo os reconheça assim, e que permaneçam assim para sempre. ”

Suas mãos alcançaram meu rosto com suavidade me levando para mais perto dela como sempre fazia. Nos encaramos por longos segundos, e sem pedir mais concessões nossos lábios se encontraram selando por fim tudo o que havia sido dito, o que nós prometemos e o que erámos agora. Foi um beijo doce e salgado, doce por que ela era doce, o único doce da qual gostei e que gostaria até o fim. E salgado, por que suas lágrimas não paravam de cair.

- Eu te amo, Maeve, e sempre te amarei.

- Também te amo, Severo. E sempre irei te amar. Sempre.

E naquele momento eu me senti o homem mais feliz do mundo.

E provavelmente me sentiria nos anos que viria.

Meu amor por ela permaneceria o mesmo.

O seu amor por mim permaneceria também o mesmo.

E juntos, estaríamos.

Sempre. 


Notas Finais


<3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...