História Black and White - Book 1: Blood red - Capítulo 17 - O exército vermelho

Capítulo 17 – Devastadora derrota

Sehun observava New Seul com os olhos atentos. Seus ouvidos escutavam uma música que sua mente tocava sempre que olhava para aquela cidade. Ele gostava de sentar em cima daquele prédio e ficar horas arquitetando a destruição daquele governo. Ele sabia que seus amigos estavam correndo perigo naquele momento e aquilo praticamente o obrigava a ficar ali no silêncio, sentindo o vento balançar seus cabelos enquanto ele fazia uma oração silenciosa.

Por mais que ele já tivesse aprendido muitas formas de se defender com Luhan e Érica... Ele não confiava em sua eficiência para agir sozinho.

Respirou fundo, fechou os olhos e juntou as mãos apontadas para o céu de olhos fechados iniciando um apelo. Ele não sabia exatamente para quem estava orando, sulinos não acreditavam no mesmo Deus que os Talestinos há um tempo.

— Está orando? — Luhan falou ao seu lado e Sehun se afastou assustado com a aparição repentina do mais velho. Ele tinha os olhos fixados na cidade a sua frente e parecia tão sério quanto na saída.

— Sim... — Ele abaixou a cabeça e olhou para o menor — Eu acredito que dessa vez...

— Se o Füher estava apenas testando a capacidade do Exército Vermelho, isso acabou hoje. Ele não vai deixar que eles escapem ilesos dessa vez... Que bom que você ora pelos seus amigos... — Luhan colocou a mão no ombro do mais novo e sorriu sem humor — Os meus... Não tenho mais o que fazer.

— Sinto muito. Eu sei como é isso... — Sehun sussurrou lembrando-se de Chanyeol quando desapareceu e das vezes que Baekhyun era levado para tortura sem que soubesse se ele retornaria —... Quem sabe...

— Shii — Luhan tampou a boca de Sehun com a mão — Não ouse colocar esperanças falsas em mim. O que tiver de acontecer... Acontecerá. — Ele piscou o olho e Sehun assentiu —Temos que viajar, precisamos impedir o próximo ataque deles. Ou eles vão todos morrer.

— Vai ficar me devendo aquela dança de novo? — Ele perguntou e Luhan assentiu sorrindo.

— Vou. Desculpe. 

***

— Nós iremos entrar pelos fundos do campo de concentração — Baekhyun falou com o mapa do campo em cima da mesa — Nos nossos últimos dois ataques entramos pela frente e isso deixa previsível para eles, fazendo que eles automaticamente reforcem a segurança na entrada e deixe os fundos um pouco mais fragilizados. Nós utilizaremos o plano J.

— Opa! — Justin apareceu de repente ao lado de Baekhyun quase o fazendo cair da cadeira — Escolheram a minha ordem?! — Em um milésimo de segundo Justin já segurava o mapa em suas mãos — Eu sabia que não iriam resistir, meu plano é perfeito.

— O seu plano é apenas uma cópia do meu, Justin. — Baekhyun tomou o mapa revirando os olhos — Você só mudou a ordem de cada alquimista atacar e eu gostei muito dela. Por isso iremos ficar com sua ideia.

— Sinto-me honrado, primeiro tenente. — Disse com sarcasmo na voz.

— Explique para os soldados como será a ordem — Baekhyun falou e Justin sorriu.

— Tudo bem, lerdezas. Hoje nós vamos foder com as paredes daquele campo. — Todos reviraram os olhos.

O salão estava lotado de soldados já prontos para irem para a batalha. Cada um com seu EMT e sua arma necessária para agir. Mulheres e homens juntos pela mesma causa. Os irmãos Kim estavam próximos da mesa com o tenente estrategista — no caso, Baekhyun.

Chanyeol e Kyungsoo estavam na primeira fila escutando o plano, atentos, já que não poderia haver falhas.

Justin era um garoto arrogante. Tinha vinte anos e andava sempre com um Ipod antigo no bolso e com fones de ouvido escutando músicas. Ele não era alquimista, mas havia sido alvo de uma experiência que o deixara muito rápido, mais rápido do que as máquinas que o Füher programava. Enquanto ele explicava o plano, apontava para o mapa na parede, para que todos pudessem ver.

Baekhyun se levantou da mesa e ficou do lado de Chen observando como o garoto explicava o plano.

Chanyeol estava confuso sobre o amigo. Quando havia lhe perguntado se ele acreditava que ele nunca o machucaria esperava ouvir um “sim”, no entanto ele continuou calado e depois pediu que voltasse a dormir. Aquilo estava martelando a cabeça do rapaz desde que acordara e não encontrara ninguém dormindo no colchão ao lado do seu.

— Onde você estava? — Chanyeol perguntou quando ele chegou.

— Fui verificar o mapa novamente. Acordei pensando em uma ideia, mas acabou que nem vai precisar. — Ele deu de ombros e entrou no banheiro. A verdade era que aquela resposta parecia já ter sido planejada e Chanyeol não teve coragem de perguntar novamente.

Com Justin falando um monte de instruções que não seriam úteis para ele, ele foi levado a olhar para Baekhyun novamente. Ele também estava atento, mas havia algo de diferente ali. Ele olhou para Chen e para sua mão que tentava tocar a de Baekhyun muito sorrateiramente. O orelhudo já tinha visto aquilo uma vez e o menor havia recuado a mão.

 Desta vez ele a apertou. Por mais que as expressões dos dois estivessem normais, como se nada estivesse acontecendo, Chanyeol não podia parar de olhar para aquelas duas mãos dadas. Não podia deixar de ficar irritado. De repente, ele percebeu que Baek estava lhe olhando. Não conseguiu desviar o olhar e fingir que não estava o encarando, continuou ali olhando para o rosto sem expressão do mais velho.

“Porque ele não solta a mão... Ele já percebeu que eu estou olhando... Por quê?”

— Baek... — Chen sussurrou no ouvido do mais baixo — Está tudo bem?

— Sim. Por quê? — Ele parou de olhar para Chanyeol e olhou para os olhos de Chen.

— É que... Está quase quebrando a minha mão.

— Desculpe — Ele sorriu amarelo e afrouxou mais o aperto. Olhou para Justin que estava finalmente terminando de explicar seu plano.

— É isso que cada um de vocês deve fazer. Eu acredito que se todo mundo fizer pelo menos um pouquinho parecido com isso, nós iremos sair vivos de lá.

— Lembrando que se apenas se algo der muito errado na nossa missão é que Zelo irá aparecer. Ele pode causar danos em todos nós se usar o sua alquimia imprudentemente, espero que entendam — Baekhyun alertou — Boa sorte a todos.

— Kyungsoo, Kai e Hyun Ah já estão a caminho do túnel — Justin falou — Vamos atrás deles. Dentro de trinta minutos chegaremos aos campos.  

***

Hyun Ah ia à frente. Kyungsoo e Kai iam logo atrás dela esperando que ela parasse no local que eles iriam abrir o túnel que já estava pronto há três dias. A garota de onze anos não participava das batalhas ainda, mas era essencial na abertura dos túneis. Eles três juntos eram os melhores alquimistas de terra do exército.

— Você está mais calada do que o normal, Hyun. — Kyungsoo falou apertando os cintos do EMT em sua roupa.

— Eu estou sentindo algo estranho. Uma vibração diferente... Algo que não senti enquanto estávamos construindo esse túnel — Ela falou se agachando e colocando a mão no chão —Precisamos atacar hoje? — Perguntou e Kai franziu a testa.

— Planejamos tudo para hoje, Hyun Ah. Não podemos mais voltar atrás — A garota assentiu e bateu o pé no chão. O túnel se abriu abaixo deles e escadas se formaram até que chegassem ao chão do buraco. A garota se virou, uniu as mãos, respirou fundo e logo depois socou o chão com força. O solo que seguia até chegar a cede do exército começou a se desenhar sozinho e pequenos símbolos apareceram. Aquele era o caminho que os soldados deviam seguir para chegar ao túnel — Obrigado, Hyun Ah.

— Eu ainda quero que procurem aqueles meus olhos — Ela apontou para o rosto e sorriu começando a andar para longe.

— Vamos tentar achar.

— Vão nada, sempre se esquecem da pobre cega — Ela riu e acenou de costas para os dois — Vejo vocês quando chegarem...

Kyungsoo parou de rir e sentiu algo estranho enquanto Hyun Ah falava.

— Não é nada disso que você está pensando. — Kai olhou para Kyungsoo calmo — Ela apenas está nervosa como todas às vezes...

Kyungsoo sentiu novamente. Naquela vez, enquanto Kai falava.

Poucos minutos se passaram quando o exército chegou a entrada do túnel. Kai sentia a força e a coragem que emanava daquelas pessoas através da terra, mas também sentia o medo de alguns e a distração de outros. Ele ergueu a cabeça e sacou sua arma que estava grudada em suas costas. O peso de carregar aquele exército era muito maior do que qualquer equipamento que ele tinha que carregar.

Todos levantaram suas armas, os que não tinham, levantavam os punhos, para demonstrar que a alquimia estava com eles. Como Kyungsoo que tinha todos os círculos e símbolos de transmutação desenhados no braço e nas mãos.

— Eu sei que muitos de vocês estão nervosos. Alguns estão indo para uma missão pela primeira vez. Outros já estão acostumados, mas é como eu sempre digo... — O general avistou a garota da capa vermelha no meio dos duzentos soldados —... Não há medo que seja maior do que nossa cede de liberdade.

— Todos desejam ver... — Kyungsoo começou a cantar —... As cores de novo... — Abaixou a cabeça e todos colocaram as mãos no peito.

—... O brilho do oceano... — Kai continuou.

— ... O colorido das vastas terras de flores... — Chen cantou de olhos fechados.

—... Ver o entardecer... —  Chanyeol olhou para o céu enquanto sua voz cantava.

— ... E ouvir a música que não toca mais... — Baekhyun se aproximou.

— ... Assim como os passarinhos que fugiram... — Suho terminou o primeiro verso e eles começaram a marchar para dentro do túnel.

— A certeza... Do amor é maior... Do que a certeza da morte, sim! — Todos começaram a cantar em coro — Amor, ódio, compaixão, crueldade... Amizade, traição, paz e guerra... Divergentes que jamais devem entrar... Em conflito porque todos estarão... Em harmonia... — Eles pararam de cantar o hino e continuaram em silêncio.

O caminho foi tranquilo, silencioso e tenso como sempre era. Ninguém ousava falar nada, apenas soltavam olhares soltos pela penumbra do local. Os alquimistas do fogo iluminavam o local apenas o suficiente para que eles pudessem ver o caminho. Trinta minutos silenciosos que precederam a batalha.

Quando eles chegaram ao fim do túnel, Kai parou de andar e levantou a mão direita. Justin apareceu ao seu lado em milésimos de segundo e olhou para ele sério.

Todos já sabiam que os primeiros alquimistas subiriam sozinhos para que pudessem abrir caminho para os outros que atacariam na ordem programada pelo plano. Kai abriu o túnel lentamente, como se a terra fosse uma fina areia descendo em uma ampulheta. Ele foi o primeiro a subir. Quando seus olhos tiveram contato com o sol teve aquele incomodo convencional. Ele olhou para o muro e viu que câmeras lhe observavam.

“Câmeras” Murmurou no comunicador um pouco nervoso.

“Já dei conta disso” Nasha, uma dos hackers do exército, falou e Kai se aliviou, colocou a mão no peito e chamou os dois alquimistas do fogo que cuidariam de abrir o caminho. TaeHyung e Chen. Os dois ficaram ao seu lado.

Justin subiu para a entrada do túnel rapidamente e sorriu.

“Então gente... sei que parece meio louco...” Justin falou sorrindo pelos comunicadores. “Eu acho que toda batalha épica merece uma trilha sonora. Eu sempre estou com ela comigo, mas acho que está mais do que na hora de compartilhar com vocês.”

“Deixa de ser idiota”  Kai revirou os olhos.

“Estou falando sério, sempre me acalma na hora da luta, às vezes, até esqueço que estou com medo”

“É...” Miryo respondeu “Seria bem mais divertido fazer isso com música. Tem alguma coisa boa mesmo, Justin? Faz uns cinco anos que eu não escuto nada. Depois que baniram os celulares e a internet, tudo ficou sem graça”

“Então... Herdei um Ipod que tem uma playlist legal do inicio dos anos 2010”

“Foi sua bisavó que deu?” Kyungsoo perguntou achando aquilo engraçado.

“Mais ou menos”

“Manda ver” Chanyeol falou.

Justin clicou play em seu pequeno aparelho que era de última geração em 2015 e logo uma música antiga começou a tocar.

Big Bang.

Bang Bang Bang.

“Essa música é muito boçal!”  SooHyun ralhou pelo comunicador e Justin riu.

“‘Minha bisavó era um pouco vida louca” Justin olhou para campo de concentração “Boa sorte, guys.”

“Nem é tão boçal assim, Soohyun, você é que é santinha demais” TaeHyung estalou o dedo e a primeira explosão aconteceu. Chen segurou o alcance do fogo e logo depois também estalou os dedos fazendo com que o muro explodisse para os lados direito e esquerdo.

Justin olhou para o mundo a sua volta e para explosão que para ele estava em câmera lenta. Entrou rapidamente pela abertura que a explosão havia feito e correu o mais rápido que podia desligando os robôs que ficavam nos muros para atirar.

Do lado de fora, Gain, Jungkook e Jimin sabiam que o garoto tinha três segundos para liquidar com todos os robôs que atirariam por cima. Eles três tomaram a frente de um terço de soldados e entraram pela abertura que já estava sendo resfriada pelo frio de Soohyun que voava nos ares com a ajuda dos ventos de Suho.

Um exército de pelo menos cento e cinquenta robôs estava entrando no pátio principal do campo para revidar o ataque. Os sulinos prisioneiros estavam todos em suas cabanas e aquilo causou estranheza em Baekhyun quando ele entrou. A atmosfera ficou vermelha como a capa que  todos usavam para esconder o rosto com o capuz. Os olhos vermelhos dos robôs escaneavam todo o local para começar a atirar.

— Vou ganhar de você de novo, nanico. — Gain falou sacando as lâminas de sua cintura e olhando para Jungkook.

— É o que iremos ver — Jung sacou suas lâminas que eram maiores que as de Gain dez centímetros e ela riu com escárnio.

“Opa...” Justin falou rindo “Chong majeun geoscheoreom!” Cantou junto com a música e um segundo depois os tiros começaram.

“Bang! Bang! Bang!”

O EMT de Gain saltou suas garras para os muros no momento que os tiros começaram. Os soldados seguiram os movimentos do segundo-sargento JungKook e de Jimin que juntos com a primeira-sargento Gain eram líderes do ataque corpo a corpo. Gain planou sobre as máquinas enquanto suas lâminas cortavam suas cabeças. Ela contava cada robô que aniquilava assim como JungKook.

— Três... — Ele atravessou sua lâmina em três robôs de uma vez só e sorriu — Seis...  — Ele olhou para Gain de soslaio e seu EMT o levou para o ar.

Jimin era mais sossegado que os dois, que competiam enquanto lutavam. Ele guiava os outros soldados e todos tentavam não serem atingidos pela visão precisa dos robôs, às vezes não era possível e o soldado via que logo seu grupo precisaria recuar. Ser atingido não era algo incomum.

“Miryo, TaeHyung, precisamos de ajuda próximo da ala sudeste. Meus soldados estão sendo atingidos muito rápido, se puderem...” Antes que ele terminasse de falar três robôs que estavam atrás de si explodiram.

— Chamou, amorzinho? — Miryo falou sorrindo e pisou no chão — Temos que segurar apenas nós dois, TaeHyung está lá fora por precaução.

— Dezesseis! — Gain gritou enquanto o robô que estava a sua frente entrava em curto-circuito.

Chanyeol estava sobre o muro do campo. Em cima de um robô já desligado com suas lentes especiais trabalhando para lhe ajudar com sua mira. Ele apontava para todos os robôs que causavam ameaças graves aos soldados comuns como ele e usava flechas que explodiam quando chegavam a seu alvo.

Ele conseguia ver com seus olhos, Baekhyun correndo por entre as cabanas junto com Chen avisando aos prisioneiros que deviam se dirigir para a entrada. A atenção de Chanyeol se voltou para aquele lugar e ele começou a eliminar qualquer ameaça que aparecesse contra Baekhyun e os outros.

“Está tudo bem DaeHyun” Chanyeol falou através do comunicador “Eu cuido deles, você cuida da batalha” Ele atirou outra flecha e esta atingiu um robô que estava prestes a atirar em Chen.

— DaeHyun, não acha que nosso exército está muito...

— Avançado? — Ele terminou e assentiu — Sim, acho. Apesar de não estarmos ganhando tão fácil assim... Estamos entrando no campo com mais facilidade, como se eles estivessem...

“Recuando” Baekhyun murmurou como se lesse os pensamentos dos dois “Eles estão recuando. Tem alguma coisa errada. Fiquem atentos para qualquer mudança repentina.”

— Kai, a gente devia tentar encontrar os olhos da Hyun Ah — Falou enquanto ajudava Kai a jogar pedras nos robôs que atacavam os grupos que abriam caminho para os prisioneiros.

— Não sei... É muito perigoso... — Kai suspirou e analisou a situação.

— Essa foi a missão mais “fácil” desde que começamos a libertar os sulinos. É a nossa chance de tentar conseguir alguma coisa para ela que sempre nos ajudou. Eu sei que tem uma enfermaria na ala leste, como em todos os outros campos. Podemos ir lá vê se tem alguma cura, apesar de ser difícil, podemos tentar.

— Tudo bem... — Ele olhou para HimChan que estava próximo a abertura do túnel —.. Chan, se acontecer alguma coisa, não espere muito para fechar o túnel. Você deve garantir a segurança de todos dentro dele, principalmente do exército. Entre o exército e os prisioneiros dê preferência ao exército, pois eles salvarão mais vidas no futuro.

— Vocês vão para onde? — O rapaz falou um pouco nervoso.

— Vamos tentar conseguir algo importante, provavelmente não vai demorar. Contamos com você — Kai tocou no ombro do outro e seu EMT agarrou o muro levando ele para dentro logo a frente de Kyungsoo que também estava no ar graças ao dispositivo.

O general sacou sua metralhadora de estimação que estava sempre em suas costas e começou a atirar nas ameaças de olhos vermelhos. Sua capa balançava muito e de certa forma atrapalhava o voo, mas ele não deixava de se sentir bem fazendo aquilo.

“Suga, queremos uma coisa que sirva para Hyun Ah” Falou enquanto o EMT agarrava em outra parte do muro e o levava para a parte leste do campo “Que nome devemos procurar na enfermaria”

“Que bom que perguntou, estou me sentindo um pouco inútil nessa missão” Ele riu “Procure por alguma coisa de vidro que tenha o numero 0777. Sempre é algo relacionado a visão e com certeza vai ajudar Hyun Ah”

“Você ouviu, Kyungsoo”

Yoo Yung olhou para Kai que voava acima de todos. Ela olhou para Suho que estava ao lado de SooHyun logo na entrada e ao mesmo tempo tentava se livrar dos robôs com sua espada que emanava energia. O resultado foi um belo tiro em seu braço. Ela caiu no chão e gritou de dor.

— Yoo Yung! — Nasha tentou se aproximar da amiga para ajudá-la, mas teve que destruir dois robôs antes disso — Corra para dentro do túnel, você não vai mais conseguir fazer nada com esse braço. Suga está lá dentro esperando os feridos para fazer os primeiros socorros.

— Eu estou bem — Ela falou sorridente e com uma gota de suor escorrendo pela testa.

— Eu já falei pra você parar de admirar o general quando estiver lutando — Nasha levantou a menina e a empurrou na direção do túnel — Corra, nós logo estaremos lá — Ela falou atirando nos pés mecânicos de um robô que tentava lhe capturar.

Yoo Yung olhou para o céu ainda tentando ver Kai, mas desistiu e seguiu o conselho da amiga.

Suho estava com SooHyun no ar quando de repente uma nuvem de poeira cinza passou por eles e ele começou a ficar tonto. Seu braço mecânico começou a não querer mais obedecer seus comandos e ele cambaleou.

— Melhor descemos, já apaguei o fogo — Ela falou calma e ele assentiu descendo os dois.

— Eu tenho que ficar nos céus, para caso vir alguma coisa estranha — Ele tossiu e tentou ver o que estava ao seu redor — Que estranho... Não estou conseguindo ver direito... — Ele coçou os olhos e SooHyun franziu a testa.

O lugar ficava no último andar da ala leste. Kyungsoo e Kai entraram rapidamente, não havia ninguém vigiando, estavam todos tentando deter o exército no meio do pátio. Os dois começaram a vasculhar todos os vidros a procura do bendito número mágico. Tinham pouco tempo para obter sucesso em sua missão.

Metade dos sulinos resgatados já estava dentro do túnel.

Justin corria dentro do campo de concentração sempre a espera de algum imprevisto. Foi quando ele conseguiu entrar em uma sala que provavelmente nunca tinha visto em nenhum campo de concentração — apesar de eles serem iguais — que ele viu que não tinha um simples imprevisto por vir.

Era uma grande imprevisto.

“Tá todo mundo fudido!” Justin gritou no comunicador e todos se assustaram com o som repentino. Justin desligou a música e começou a falar desesperado “Era uma emboscada! Eles deixaram a gente entrar com mais facilidade para que ficássemos dentro do campo e...”

“GENTE TEM UM EXÉRCITO COM PELO MENOS MIL ROBÔS AQUI ATRÁS DE MIM CHEGANDO MUITO PERTO DO TÚNEL!” HimChan gritou desesperado com o que via. As máquinas vinham de todos os lugares e cercavam o campo rápido demais.

“SUHO, COMO VOCÊ NÃO VIU ESSE CARALHO?” Kai gritou com o irmão que estava vomitando ao lado de SooHyun.

“Alguma coisa passou por ele” SooHyun respondeu “Ele não está conseguindo respirar direito e nem ver... Foi uma emboscada!”

— Temos que ir, Kyungsoo! — Kai gritou com o mais baixo que finalmente conseguira tirar os uma caixa de vidro com o número 0777 de dentro do armário.

— Consegui! — Ele falou rindo, mas logo o chão que estava abaixo dos dois começou a tremer e antes que Kai conseguisse fazer qualquer coisa o teto começou a cair em cima deles e ele só teve tempo de correr para muito perto de D.O. e se empurrar junto com ele para debaixo de uma grande mesa de metal.                                              

Ninguém podia acreditar no que estava acontecendo. No minuto que todos pensaram juntos em fugir dali o mais rápido possível... As muralhas caíram. As muralhas que estavam ajudando o exército a se locomover mais rápido com o dispositivo foram ao chão e em segundos todos foram juntos.

Poeira invadiu o local e cegou a maioria.

Gain sentiu uma dor invadir seu estômago quando caiu no chão e logo ela escutou os gritos de JungKook atrás de si.

— Ajuda! Jimin está muito ferido! — Gritou e ela tossiu tentando alcançar os dois. Quando ela se aproximou cambaleando viu que metade da perna de Jimin tinha sido esmagada por escombros — Ei, olha pra mim! — Ele gritou muito irritado e com medo. O mais velho tentava olhar para o amigo — Não fecha os olhos, não ouse dormir agora seu idiota! Nós vamos sair daqui.

Gain vomitou um punhado de sangue e tentou se equilibrar. Hyo-Jin que não estava muito distante se aproximou para ajudá-la.

— Temos que correr gente! Eles estão vindo!

Chanyeol tossia muito a poeira que a explosão espalhou era muito irritante, ele tinha vontade de arrancar seu zentai fora. E seus olhos ardiam como o inferno. Ele tentou olhar para a direção que lembrava ter visto DaeHyun pela última vez e viu apenas um punhado borrado de sangue e uma mão que tentava, sem vida, sair dos escombros.

“D-d-daeHyun?” Sussurrou pelos comunicadores, mas não obteve resposta. Ele olhou para o horizonte e viu aquele monte de olhos vermelhos se aproximando e apontando suas armas. Ele arregalou os olhos e não teve ação nenhuma para sair dali.

“Onde estão, Kai e o Kyungsoo para nos levarem por terra?” Chen falou já querendo desmaiar com tantos robôs vindo na direção deles.

“Eles foram dentro do campo procurar alguma coisa, na ala leste” HimChan falou enquanto ajudava alguns sulinos a entrar no túnel. 

— Mas... A ala leste foi destruída! — SooHyun falou desesperada e olhando para os escombros e a poeira — HimChan, você não consegue formar um muro para nos defender enquanto fugimos? Mesmo que não seja muito forte.

— Eu... Eu não sei, nunca fiz algo tão grande sozinho e o nosso líder...

— Estamos dependendo de você! Vamos todos morrer se você não fizer nada — Ela falou com os olhos arregalados e desesperados como só ela conseguia fazer.

— T-t-tá... — Ele falou nervoso começando a desenhar o círculo de transmutação no chão.

“Todos vocês que estão no meio dessa poeira! HimChan irá formar uma parede ao redor de vocês para que vocês corram rapidamente até o túnel. Ela não será muito resistente e assim que ele a fizer os robôs com certeza irão atirar, apesar de ainda estarem um pouco longe... Então... No três”

“Espera, Jimin não consegue andar!” JungKook gritou desesperado e Soohyun engoliu em seco, não podia mais esperar, todos morreriam se esperasse mais.

“Um...”

JungKook arregalou os olhos e olhou para o amigo que sentia muita dor em seus braços. Ele gritou de raiva e se levantou com ele nos braços deixando suas lâminas para trás. Gain pegou as lâminas do mais novo e o acompanhou.

“Dois...”

Chanyeol se levantou e tentou tirar o pé que estava preso em escombros. Sua sorte foi que Baekhyun apareceu e lhe ajudou a desprender o pé o mais rápido que conseguiu.

“Três!”

HimChan bateu os punhos no chão e a terra começou a se mover. Grandes pedras se moveram de onde estavam para formar um muro alto e fino ao redor dos soldados e sulinos prisioneiros que ainda restavam.

“Corram!” SooHyun gritou e abriu os braços começando a provocar uma geada com a umidade do ar, para que a neve se transformasse em uma camada de gelo para reforçar o muro.

Todos começaram a correr.

Foi naquele momento assustador que todos perceberam que não era possível vencer o Füher. Os robôs pararam de andar e apontaram. SooHyun olhou para os amigos que ainda estavam chegando a entrada do campo e muito distante do túnel.

Chen viu o que iria acontecer.

“TaeHyung... Se prepare... Vamos conter”

O outro não respondeu, mas havia entendido. Eles esperaram a hora certa e assim que os robôs atiraram contra a parede, os detonadores usaram da alquimia para conter o fogo.

Não adiantou.

Não era fogo.

Era energia.

— O que... — Chen perguntou sem entender.

JungKook caiu no chão com Jimin em seus braços. Seus braços haviam sido atingidos por estilhaços de terra. A poeira invadiu todos que estavam ali e todos começaram a gritar.

— Me solta Jung... Eu não vou viver... Eu...

— Cala boca seu idiota! — Ele gritou irritado e com lágrimas caindo de seu rosto — Eu não cheguei até aqui para perder você.

— Tudo bem... A nossa irmandade não vai ter fim aqui... Está tudo bem...

JungKook se sentiu inútil. Seus braços que o faziam derrotar tantos inimigos estavam inúteis para algo muito mais importante do que matar um monte de robôs sem vida. Ele tinha que salvar seu irmão, e não conseguiria.

— Ahhhhhh! — Gritou e ouviu tiros isolados começarem a abater quem tentasse se aproximar do túnel — Eu prefiro morrer a ter que te deixar aqui!

Jimin usou toda a força que ainda lhe restava para socar a cara do amigo.

JungKook caiu para trás desacordado e o mais velho começou a chorar.

— Gain. Leve esse idiota daqui. Ele é só uma criança, não deve morrer aqui. Ele vai ter ódio de mim por ter feito isso... — Falava enquanto Gain colocava o garoto em seu ombro. Ela sentiu a dor no estômago aumentar e se segurou —... Um dia ele vai perceber o que a competição de vocês significa, eu garanto — Ele sorriu e olhou para o céu acinzentado — Vá.

Justin estava exausto. Ser rápido significava que ele conseguia ser mais rápido do que as balas dos robôs, mas infelizmente, eram muitas e ele nem sempre conseguia impedir que alguém morresse. Ele não conseguia simplesmente escolher quem iria viver e quem iria morrer. Tentava levar o máximo de pessoas até o túnel com sua velocidade ao mesmo tempo que tentava impedir que soldados fossem baleados.

Ele parou por um instante quando viu Jimin deitado no chão sangrando. Correu até ele e o olhou nos olhos muito entristecido.

— Eu não queria morrer assim... — Jimin murmurou sorrindo para Justin —... Não com barulho de tiros. Queria morrer no silêncio... — O rosto do mais velho ficou sereno e Justin assentiu.

— Você agora está no silêncio, amigo. O silêncio eterno. — Ele começou a correr novamente e percebeu que o vermelho que tomava conta do ambiente, não era mais só o do uniforme do exército. Muitos de seus amigos já estavam mortos. E nesse milésimo de segundo que ele quis chorar, sua perna foi atingida e ele começou a rolar no chão ferido.

SooHyun queria chorar.

— Miryo está lá! —TaeHyung gritou — Vou buscá-la_ — SooHyun segurou o braço do rapaz e o olhou nos olhos.

— E se_

— Não ouse falar isso para mim. – O olhar do detonador era assassino. Ele jamais permitiria que alguém ousasse falar que ela estava morta.

A devastadora derrota já era eminente. O exército não havia conseguido resgatar nem oitenta por cento dos prisioneiros e já estava com um grande número de mortos e desaparecidos. Era a hora de uma pessoa entrar na batalha e acabar com aquilo tudo de uma vez por todas.

Zelo apareceu ao lado de SooHyun tão sorrateiramente quanto a morte. Ele tinha a respiração calma, mas os dedos e o corpo inteiro estavam tensos, ela conseguia sentir.

Ele levantou os braços e sentiu o chão tremer próximo dele. Ele já estava preparado para aquilo, ele sabia que algo de errado iria acontecer, viu na expectativa de vida de muitos deles que eles iriam morrer naquele dia e por isso concentrou seu poder para que trouxesse o seu exército de vários lugares.

O campo Yeosu não tinha mortos debaixo da terra, ele teve que buscar em outros lugares e por isso demorou tanto.

Ele engoliu em seco bateu a palma das mãos. Ossos e sombras começaram a explodir para fora da terra e formar uma muralha muito próxima dos robôs.

“Corram para o túnel! Zelo está aqui!”

Não foi preciso ela dizer duas vezes. Todos os soldados que restaram correram para dentro do túnel o mais rápido que puderam. Apesar da parede de sombras e corpos, alguns tiros ainda conseguiam ultrapassar e atingir alguns soldados. Justin tentava andar, odiava ter que andar normalmente.

Zelo começou a levitar graças às sombras que estavam ao seu redor. A morte estava ao seu redor lhe murmurando palavras de ódio, ela estava claramente dizendo que o mataria se continuasse a força-la a salvar vidas, mas ele continuava firme, com seus olhos rubros cintilando enquanto seu corpo sentia quem estava vivo e quem estava morto.

Ele sentiu algo ultrapassar seu estômago e seu grito foi possível ser escutado por todos que estavam ali.

Eles se assustaram e olharam para o céu onde as sombras pareciam mais agitadas ainda.

“Não olhem para cima! Corram para dentro do túnel” As últimas pessoas entraram no túnel quando Chen e Baekhyun chegaram ajudando Chanyeol.

— Kai e Kyungsoo voltaram? — Chen perguntou a SooHyun e ela negou com a cabeça. Chen abaixou a cabeça e engoliu em seco — Diga a Zelo para descer, nós vamos indo. Ou vamos acabar não conseguindo fugir.

“Zelo” Ela falou e ele escutava enquanto tentava entender o que havia acontecido com seu corpo “Está tudo bem. Pode voltar”

***

“Tudo bem” não era a frase correta para o exército vermelho. Quando eles chegaram à sede, os choros de desespero e dor foram enormes. As mulheres que adotaram muitos dos jovens como filhos estavam ali tentando cuidar de cada um deles. O prédio da enfermaria estava lotado, não havia praticamente ninguém que não estava pelo menos levemente ferido.

Suga sozinho não estava dando conta de cuidar de tantos casos graves e precisava da ajuda de algumas mulheres que tinham experiência na área da saúde para conseguir tratar todo mundo.

Gain olhava para JungKook que chorava como uma criança no canto da sala principal da enfermaria. Ela se sentia triste por ele, sabia qual era aquela dor. A dor de perder uma amigo, era muito grande... Ela se agachou e tocou nas mãos do mais novo que nem mesmo parecia se importar com a presença dela ali. Ele queria repreendê-la, mas sabia que Jimin não iria deixar que ela o salvasse. Aquele idiota...

— Gain, você pode fazer os curativos de JungKook? — Suga chegou muito apressado ao lado da mulher e ela assentiu. Ele entregou os curativos e saiu rapidamente. Ela olhou para os braços ensanguentados do mais novo e obedeceu o médico sem falar nada com JungKook. — Não se esqueça de tirar uma imagem do seu estômago. Pode estar tendo uma hemorragia — Suga passou rapidamente por Gain e ela sorriu levemente.

No outro andar do prédio Chanyeol gritava enquanto Baekhyun fazia um curativo em sua perna que parecia estar desmentida.

— Ai, ai, ai, ai ta doendo Baek! — Gritou já irritado, mas Baekhyun fingiu que não estava escutando.

— Eu sei que está doendo, mas se quiser andar de novo, só assim — Ele arqueou a sobrancelha e continuou o seu serviço.

— Você não se machucou?

— Eu estou bem — Falou convicto, mas ainda assim Chanyeol tocou em seu rosto que estava com alguns ferimentos.

Os dois trocaram longos olhares.

Baekhyun desviou o olhar depois de um tempo e tirou a mão do mais velho de seu rosto

— Foram só alguns estilhaços... Vai melhorar logo — Ele sorriu sentindo as bochechas esquentarem e continuou a amarrar a atadura do pé de Chanyeol — Eu já não posso dizer o mesmo de muitos aqui... — Ele olhou para os casos graves que estavam muito perto deles — O que fizemos de errado?

Quando Zelo entrou na sala todos pararam o que estavam fazendo para olhar para o garoto vestido de negro. Muitos não sabiam se sentiam ódio ou medo, por isso continuaram quietos, menos uma pessoa.

— Filho da puta! — JungKook gritou e avançou na direção de Zelo tão rápido que ninguém conseguiu segurá—lo. Sacou uma de suas lâminas que estava encostada na parede e apertou-a contra o pescoço do mais novo que teve seu rosto levantado — Qual é a sua? Esperou quantos morrerem para entrar na porra dessa batalha?! — Gritou e todos praguejaram juntos — Você é um idiota! Sabia quantos iam morrer! Sabia por que você sempre sabe! E não fez NADA! NADA! — Ele gritou querendo socar o outro, mas seus braços não lhe obedeciam corretamente.

Zelo tinha os olhos fechados e o rosto cristalino de suor. Não estava se sentindo bem e ficar de olhos fechados naquele momento o deixava sozinho com a escuridão. A escuridão que estava se deliciando naquele dia. Ele cambaleou para o lado.

— Zelo? — Suga perguntou estranhando o mais novo que vinha com uma trilha de sangue logo atrás.

O mais novo pendeu para o lado e caiu no chão desacordado. O médico correu até ele e tirou a capa de cima do corpo dele. Ele arregalou os olhos.

— Preciso que arrumem o centro cirúrgico sete agora! Zelo está morrendo...  Se ele morrer... Todo mundo sabe o que vai acontecer na próxima vez que algo assim acontecer com a gente, não sabem?! — Gritou irritado e todos ficaram atônicos.