História Black Forest - Ready to change?

 Quando mais eu corria, mais eu sentia-me longe de alcançá-lo. Podia ouvir os gritos desesperados dele, seu choro corroendo-me.

 De fato escutei sua voz quando cheguei ao topo da escada, era ele pedindo socorro e chamando por mim. Fiquei andando mais nervoso e afobado ao conseguir ouví-lo, então corri ainda mais rápido, tirando um fôlego extra da adrenalina do momento.

 Os corredores não acabavam, e a essa altura eu não via nem sinal do Jeon, que tinha disparado em direção ao quarto.

 Finalmente, chegando mais perto, eu não ouvia mais os seus gritos, desesperei-me. Eu já podia imaginar meu menino no chão chorando de medo, com Jungkook rosnando para o desconhecido. Mas não foi exatamente isso que aconteceu.

 Shin estava erguido no ar e tinha uma mão estendida para frente, por ela saía um vento na qual prendia o homem encapuzado contra a parede.

 O meu pequeno realmente tinha poderes, e eles eram fortes, havia muito poder em suas mãos.

 — Shin! — Gritei chamando a atenção do mais novo, que olhou-me, abriu um sorriso, porém não parou de conjurar a rajada de ar.

 Percebi Jeon atordoado do outro lado da sala e perguntei-me o que havia acontecido antes de eu chegar.

 Andei a passos apressados até o lobo deitado sobre as próprias patas e agachei-me ao seu lado. Passei a mão sobre os macios pelos negros, Jungkook abriu seus olhos lentamente e balançou a cabeça em direção ao cara encapuzado. Encarei confuso o que ele queria dizer com aquilo.

 O homem estava sendo pressionado na parede pela ventania que o Shin causava. Ele estava estranhamente calmo demais para toda a situação, e o rapaz já havia fugido nas masmorras, porque não aqui? Ele estava apenas proferindo algumas palavras.

 Algumas palavras...

 Olhei rapidamente para Shin, que não apresentava nenhuma marca no corpo, nem veias correndo com um líquido escuro. Porém, apresentava cansaço.

 Então, se as palavras não estavam sugando o poder dele, o que seria?

 Mesmo com a pressão, eu tentei raciocinar com calma, e não foi muito difícil chegar uma conclusão depois que lembrei o que tinha acontecido nas masmorras, quando ele sugou o meu poder de fogo.

 Todos sabem que o fogo e o oxigênio são uma dupla bem explosiva, mas Shin é muito novo para ter aprendido isso.

 — Shin, pare! — Eu gritei.

 Se ele conseguisse conjurar o fogo novamente, iria causar uma grande explosão, e como o poder de Shin é o do vento, talvez ele seja o mais afetado com o circulação do fogo entre as moléculas do ar.

 — Está tudo sobre controle — o menor disse.

 — Você não entende, ele é poderoso. Por favor, pare!

 — Mas-

 Shin mal conseguiu concluir sua frase. As coisas aconteceram rápido demais. O fogo se lastrou por toda a rajada de vento, atingindo o pequeno de forma que o jogou por todo o restante do cômodo, chocando-se na outra parede. Uma explosão que eu abaixei e tampei os olhos involuntariamente. Fogo pelos móveis dos quartos, e uma fumaça preta pairava em cima de mim. Objetos pequenos arremesados para longe.

 Começei a tossir pelo incômodo do carbono em excesso entrando pelo meu pulmão, meu olhos também estavam começando a irritar, coçando sem parar.

 Entre a penumbra causada pelo vapor da combustão, observei Jeon, já na forma humana, andando entre os escombros da explosão atrás de Shin, que estava adormecido escorrado na parede. E só quando eu vi eles se aproximando da saída perto de mim, eu sai.

 Sem sinal do homem que trajava o capuz negro.

 Os dois estavam bem, apenas tossindo um pouco, mas nada que ar fresco e um bom descanço não fosse ajudar. Suspirei aliviado.

 Mesmo que o cara encapuzado pudesse chegar perto de novo, eu sentia-me aliviado por ter os dois novamente saudáveis.

_(x)_

— As tropas que você convocou ao norte foi acionada, eles conseguiram conter as máquinas do reino Dominance, mas não irão aguentar por muito tempo.

 — Deixe as tropas do povo de Northwest Garden atenta, eles serão os próximos a entrar em campo. Mande um comunicado extra para os povos do sudoeste.

 — Eles já entrarem em contato conosco, senhor.

 — E?

 — Precisam de armamento, não há nem lanças para eles lutarem.

 — Certo, não é um povo treinado a guerrear, já tinha minhas afirmações sobre isso, deixe eles de fora, envie uma tropa experiente apenas para proteção deles.

 — A população no nordeste está tendo dificuldades para atravessar a floresta, talvez eles se atrasem.

 — Mande as suas três melhores tropas para guiá-los, eles vão entrar em combate juntos.

 — Mas senhor, assim o sul ficaria desprotegido, nossas tropas que atacariam por ali.

 — Envie um comunicado para os piratas de Rock Bottom, envie minhas saudações ao OctoBlack, ele com certeza irá ajudar.

 — Tenho minhas dúvidas, ele não é um homem muito honrado.

 — É um velho amigo de bar, não se preocupe. Além disso, ninguém ficará no castelo, é muito perigoso.

 — Entendido. Tem mais algum comunicado?

 — Não, pode se ausentar.

 — Certo, senhor, seguirei suas ordens.

 Sentado observando Jeon guiando os guardas, lembrei-me do homem encapuzado, fazia quase uma semana do acontecido, mas realmente ficou marcado.

 O rapaz havia colocado centenas de perguntas na minha cabeça. Fatos que eu acreditava fielmente foram arruínados, novos erguiram-se. Era como se eu fosse um novo eu. Vivia uma mentira, e só agora abri meus olhos.

 Talvez frustante seja a palavra que eu procuro, ou talvez amedrontante. Emoções confusas de medo e insatifação.

 — Senhor, a tropa principal ficará ao seu dispor.

 — Obrigado, seguiremos a Northwest Garden ao amanhecer.

 — Mas senhor, você sabe que eles não gostam muito dos lobos, boa parte dos guardas seram barrados.

 — JaeHyun, não se preocupe, ambos reinos tem interesses em comum.

 — O senhor que sabe, confiarei fielmente aonde quer que você vá.

 — Obrigado. Você é um homem muito prestativo.

 Então tudo estava certo, faríamos nossas mochilas e partiríamos até Northwest Garden.

 Jeon assegurou-me que lá haveria proteção, eles saberiam recuperar meus poderes do homem encapuzado, e Shin ficaria seguro atrás das grandes muralhas do reino do noroeste.

_(x)_

 — Papai, eu quero ouvir mais uma história — o pequeno disse puxando a mão de Jungkook. O mais novo havia pegado a mania de chamar nós dois de pai, e bom, eu não tinha o que reclamar disso.

 — Claro, vamos ao seu quarto — o menino de cabelos negros segurou a mão do filho, que logo puxou a minha palma com seus dedinhos livres.

 — Eu quero ouvir a história do João e o pé de feijão hoje! — Shin disse contente.

 — Mas você sempre ouve a do patinho feio, tem certeza?

 — Tenho — O pequeno falou convicto.

 — Então tudo bem, príncipe.

 Andamos calmamente até o novo aposento de Shin, um pequeno quartinho que foi decorado ao seu gosto, depois do terrível acidente da semana anterior.

Não era exatamente uma maravilha a decoração, mas dava para o gasto. Ninguém no castelo, inclusive o próprio dono do quarto, não fazia muita questão de tornar aquele ambiente algo incrível.

 Shin foi correndo para a cama, e Jeon foi em direção a estante em frente a porta, e eu acomodei-me na beirada do colchão, ao lado do meu filho.

 Jungkook ainda estava bastante cansaço, e eu o sentia fechando os olhos e acordando abruptamente enquanto procurava o livro pelas prateleiras.

 O pequeno estava agitado, talvez por ser a primeira vez que fosse ouvir lerem outra história além do seu livro favorito, ou talvez por ir viajar amanhã — faz dias que ele quer explorar novos lugares, dizia que tinha todo o castelo mapeado nas mãos. Ele ergou sua mão e puxou o livro com sua força. Seu pai apenas voltou para a cama, mas eu estava disposto a comentar sobre essa atitude.

 — Filho, você não devia estar usando seus poderes assim.

 — Mas pai — Shin começou a falar manhosamente — eu sei que você pediu para eu não usar sempre, porém eu queria agilizar.

 — Você podia ter levantado e ajudado seu pai. Não seja preguiçoso — balançei a cabeça negativamente. — E não é só por isso que eu quero que você evite usar seus poderes, é para ninguém o ver.

 — Tudo bem, pai — ele diz fazendo bico. — Serei cuidadoso.

  Peguei o livro de sua mão. Resolvi que eu iria ler e todos dormiriam na mesma cama hoje. Por sorte, este era um quarto de casal antes da mudança de Shin, então tanto eu como Jeon ficaríamos tranquilos e confortáveis.

 A história ia se desenvolvendo, e a medida que as páginas passavam mais cansados ficávamos, mais os olhos pesavam, mais o corpo amolecia no conforto da cama.

 Jungkook caiu no sono, e apenas Shin ficará acordada para ouvir o restante do conto.

 — Papai, você acha que aquele moço vai voltar? — O pequeno sempre perguntava, e eu sempre o respondia negativamente, apenas para dar confiança para ele, embora por dentro eu temia o pior.

 — Não, querido. Durma em paz que nada de ruim irá te atormentar novamente — falo dando um selar em sua testa.

 — Espero que Jungkook tenha razão.

 — Sobre o que? — Fechei o livro e olhei curioso para o menino.

 — As muralhas. Espero que seja seguro lá.

 Balancei a cabeça concordando, eu também tinha está preocupação, mas nunca deixaria tão evidente. Respondi que seria seguro, e o Shin se deu por satisfeito.

 Esperei o menor cair no sono, para depois eu dormir em paz. Jeon, eu e meu filho, dormindo na mesma cama, protegidos por centenas de guardas pelo castelo, e com milhares de dúvidas sobre o plano de ataque. Ainda é preciso o máximo de preocaução possível, nada é previsível depois que eu aceitei essa nova vida.

 _(x)_

 — Vamos? — Jeon me acordou com um sorriso calmo no rosto.

 — Sim, Shin- — Ao virar para o outro lado da cama, observo que o mais novo não estava mas lá. — Aonde ele está?

 — Está tomando banho, não se preocupe.

 — Você sabe que isso é impossível...

 — Sei sim, você ama muito ele — Jeon fez biquinho. — Shin é muito importante para você — ele foi diminuindo seu tom, até quase não ser auditível, e além disso, saiu bem manhosa sua voz — queria ser o mesmo para você.

 Desde quando Jungkook era tão ciumento e manhoso assim? Fazendo biquinho e falando assim ele não podia estar mais fofo. Seus lábios rosados implorando um beijo, e a voz quase pedindo um abraço apertado, não podiam ser ignorados.

 — Jeon — levantei um pouco, segurei seu rosto com minhas duas mãos e falei convicto — você é muito importante para mim — ele deu um sorriso tímido e mirou para o chão — você me fez sair da minha casa e explorar o mundo, graças a você eu agora vivo, posso dar condições de vida para o meu filho, nosso príncipe — quase podia sentir o calor em suas bochechas, ruborizadas como rosas. — Seja meu para sempre e, por favor, nunca tire esse marvilhoso sorriso do rosto.

 — Taehyung, eu sabia disso, eu te observava com o Shin, eu sabia só de olhar como o pequeno sorria ao estar perto de você, eu sabia que você era a pessoa mais incrível — Jeon diz, selando nossos lábios logo depois.

 — Eu preciso ver você carinhoso mais vezes, acho que vou me apaixonar novamente.

 — Talvez eu volte a agir assim quando der vontade — dessa vez eu faço biquinho. — Ok, será bem frequente — Sorrio vitorioso.

 — Pai! — Shin entra no quarto chamando por um dos dois, tanto eu quanto Jungkook olhamos para o mais novo, fitamos um ao outro logo após, rindo sobre a dúvida de qual dos dois seria. — Eu já arrumei minha mala.

 — Traga ela até aqui, vou mandar um dos guardas carregar ela para você — Jeon diz.

 — Certo, obrigado, pai. — O pequeno se retira para obedecer Jungkook.

 Espreguiço-me e levanto da cama num pulo.

 — Vou tomar um banho para irmos.

 — Quer que eu vá junto? — Ele pergunta com um sorriso malicioso.

 — Acho que eu vou querer sim — Digo, ousado.

 Jeon se levanta da beirada da cama com um sorriso enorme no rosto, segui até minha direção e me prensa na parede. Ele distribui selares pelo meu pescoço, leve mordidas que me arrepiam por inteiro, e por fim para ao pé do meu ouvido.

 — Gosto assim, sendo meu — Jungkook sussura, calmamente.

 Soltei-me dos braços dele e vou andando até o banheiro. Jeon vem colado nas minhas costas, pressionando minha bunda contra suas intimidades, segurando firme em minha cintura. Quando chegamos perto do batente, ele se desvencilou de mim e deu uma baita bofetada na minha nádega, senti arder bastante — adorei a sensação — era incomum e estranhamente prazeroso.

 — Gostou disso? — Concordei sem graça. — Que bom, pois hoje pretendo levar você a loucura.