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História Black Pearl-vkook - Revivendo


Escrita por: Moon_Angel_

Notas do Autor


Oioiii, quanto tempo né

Capítulo 37 - Revivendo


Jungkook estava parado no saguão da Casa dos seus pais quando ouviu um espirro delicado e se virou para encontrar Taehyung junto à porta aberta. Fazia três dias que ele não o via, desde que o fotografou no jardim.   Embora os criados estivessem cuidando da mudança, Jungkook precisava supervisionar algumas coisas. Todo o tempo gasto nessa atividade não o deixou com o melhor dos humores, mas ver Taehyung ali, naquele momento, fez o alfa perceber a tolice que foi passar tanto tempo longe dele. A felicidade com que a presença do ômega o inundou foi um pouco desconcertante, muito diferente de tudo o que já tinha sentido.

– Perdão. – V disse. – Eu estava indo à livraria quando passei por aqui e vi toda essa atividade, o que me fez lembrar que você está de mudança. Pensei em parar para ver como está se saindo com as lembranças.


As únicas lembranças que lhe passaram pela cabeça naquele momento envolviam Taehyung: no Black Pearl, no cassino, no baile. Jeon queria puxá-lo para si, tomar sua boca, carregá-lo escada acima, deitá-lo em sua cama e tocar o seu corpo. Mas ele apenas acalmou o animal dentro de si e exibiu um sorriso. 


– Receio ainda não estar pronto para receber visitas.


– Não quero me intrometer, mas não o vi em lugar nenhum. Eu só queria ter certeza de que está bem. Eu sei como tudo isso deve ser difícil. – Espirrando de novo, Tae levou um lenço de renda ao nariz.


– Desculpe, os criados estão descobrindo os móveis há dias, removendo praticamente vinte anos de pó.


– Faz tanto tempo assim?

O alfa fez que sim, silenciosamente. 


– A casa foi fechada quando meus pais morreram. Alguns anos atrás, eu vim aqui dar uma conferida em tudo. Não consegui passar da porta, percebi que não estava pronto para morar aqui, então aluguei uma casa.


– Mas agora você está pronto?


Ele foi forçado a estar pronto. A ameaça de pobreza pode obrigar qualquer um a fazer coisas que de outro modo não faria.


– Eu acho que sim. Os fantasmas estão um pouco mais silenciosos agora.


Tae olhou em volta.

– Aqui da entrada parece uma construção grandiosa.

– Você gostaria de uma excursão?

– Não quero ser invasivo… 


– Não é nada invasivo. Como já falei, a casa ainda não está pronta, mas eu posso lhe mostrar este andar, assim você pode ter uma noção do lugar. – Já que esta também será sua casa.

Não acrescentou a última parte, essa Taehyung descobriria depois… 


– Tudo bem, então. Eu quero! 


Jungkook o conduziu por um dos corredores e os criados foram abrindo caminho. Raramente vistos, eles costumavam ser mais discretos para cuidar de seus afazeres, mas havia tanto a ser feito na casa que não tinham opção se não trabalhar em todos os momentos possíveis. 

Eles entraram na biblioteca. Os criados estavam tirando o tecido que protegia as prateleiras.

– Acho que o número de livros que uma pessoa tem diz muito a respeito dela. – V observou, olhando ao redor, parecendo contente ao ver tantos volumes encadernados.


– Meu pai gostava de colecionar livros, mas não me lembro de vê-lo dedicando-se à leitura.


– Você era uma criança. Provavelmente já estava na cama quando ele começava a ler.


Jungkook nunca tinha pensado nisso. 

Taehyung foi até uma estante e tocou em um livro abandonado. 


– O modo como eu via meu pai aos 8 anos era muito diferente do modo como o vejo agora.


Jungkook se aproximou do ômega e encostou o ombro em uma estante.


– E como você o via quando tinha 8 anos? –perguntou.


– Tão grande. Eu tinha que esticar muito o pescoço para conseguir vê-lo diante de mim. Ele sempre fazia piadas e nunca foi grosseiro com ninguém.


Jungkook sorriu, concordando mentalmente. 


– E agora?


– Ele é dócil como um gatinho. – V sorriu e Jungkook riu com gosto, não conseguia pensar em Namjoon como um gatinho. 


– Acho que não acredito nisso. 


– Ele tem mesmo uma reputação ruim, não tem?


– Eu acho que ele poderia virar de gato para leopardo, ou um felino mais perigoso, no segundo que alguém amado estivesse precisando de ajuda.


Jungkook voltou com o ômega para o corredor.

– Eu lhe mostraria o jardim, mas no momento está uma selva lá fora.


– Vai ser difícil voltar a morar aqui?


– Não tanto quanto eu imaginava. Já tenho uma boa lembrança para substituir as não tão agradáveis. Fico feliz que tenha vindo.


Tae o encarou quando os dois chegaram à entrada.

– Eu sei que você anda muito ocupado, mas queria saber se vai ao baile de Jimin amanhã à noite.


– Só se você me prometer a primeira e a última valsa.


V sorriu com gosto.


– São suas. Senti falta de você.


– Amanhã eu compenso minha ausência nos últimos dias. –prometeu.


– Mal posso esperar. Tenha um bom dia.


Com isso, Tae deu meia volta – e Jungkook teve a impressão de ter ouvido um tilintar delicado.

Parado à porta, ele o observou percorrer o caminho até a carruagem que o esperava e ser auxiliado por um criado para entrar no veículo, e ficou olhando enquanto V sumia de vista. 


….


Horas mais tarde Jungkook acordou arfando, suado e com um amargo na garganta. Não tinha certeza mas sabia que tinha tido um pesadelo, lembrava se da explosão, madeira se despedaçando, a irrupção do fogo, corpos mutilados, espalhados pelo chão… Um assassinato forjado…  A morte de seus pais.


Sentou na cama, ainda estava respirando

com dificuldade, coberto de suor, enrolado nos lençóis, sentia como se fosse sufocar.

Fazia anos que não tinha um pesadelo tão vívido, tão horroroso. 

O alfa levantou da cama e saiu cambaleando até o banheiro, lavou o rosto, sem olhar no espelho e tentou normalizar a respiração. 


Ele deveria estar esperando aquilo. Era a primeira noite que dormia na Casa de seus pais, sua primeira noite envolto em lembranças.

Jungkook voltou para o quarto e foi direto para a janela, sentia que precisava de mais ar, abriu o vidro e olhou para a escuridão, lutando para afastar as imagens pavorosas de sangue e carnificina. Imaginou um jovem ômega, os cabelos compridinhos, os fios loiros delicados e sedosos, o sorriso retangular. 

Sua respiração foi se acalmando e sua pele pegajosa de suor começou a esfriar.

Ele pensou em Taehyung deitado na cama, o rosto oculto sob a máscara, uma roupa de seda acariciando o seu corpo.

 Jungkook começou a se concentrar nos detalhes: a mão grande, os dedos finos, as pintinhas que se encontravam escondidas e espalhadas por certos lugares do corpo.. Tudo que uma câmera podia capturar. Depois no aroma de Taehyung. 

Seu sabor. Tudo que escapava à câmera.

A perfeição e a beleza do ômega dominou os demônios do arrependimento e do remorso. Jungkook tentou lembrar de outros ômegas que posaram para ele, mas V era tudo que ele via. Desde o começo, algo no loiro era diferente. Desde o começo, algo nele o atraía. 


☆★☆


Taehyung seguia na carruagem com os seus pais, pensando que não se sentiu assim tão ansioso quando participou de seu primeiro baile. 

Dizem que a ausência torna o coração mais mole. V ficou surpreso com o quanto sentiu a falta do Jeon, e isso o fez considerar os méritos de se casar com ele. 


– Você está especialmente lindo esta noite, filho – Jin elogiou.


– Obrigado. 


– Existe algum motivo especial? Um certo alfa que você gostaria de impressionar?


Tae não pôde evitar que um sorriso iluminasse seu rosto.


– Talvez.


– Eu o aconselho evitar ir ao jardim com ele.Ou qualquer lugar escuro, solitário e longe dos meus olhos.– Namjoon disse num tom de voz que não permitia desobediência, que deixava claro que era um homem acostumado a dar ordens.


– E eu o aconselho a cuidar da sua vida.


– Kim Taehyung!-Jin o repreendeu- Você está jogando um jogo muito perigoso.


Tae soltou um suspiro cansado.


– O que pode acontecer de pior?


– Ele pode te deixar grávido. 


As palavras do pai o acertaram como um golpe, como se ele soubesse até onde Tae tinha ido com Jungkook.


– Não sei por que você está agindo assim.


– É só uma preocupação de pai… Apenas tenha cuidado. 


– Você acha que não existe nenhum motivo para ele me querer, para me dar atenção…


V resmungou baixinho, fazendo os pais trocarem olhares cúmplices. 


– Não foi isso que eu quis dizer. Só me parece que ele está indo rápido demais.


– Jungkook tem alguma dívida?

A pergunta foi curta, mas a resposta demorou para vir. 


– Não que eu saiba. –Namjoon disse. – Eu posso perguntar por aí, se você quiser.


– Não. Eu estou gostando da atenção. Não vou fazer nenhuma bobagem. 


– Eu acho que ele está lhe dando atenção porque é um homem inteligente. –Jin interveio. – E porque está apaixonado por você.


– Acho que você pode ter razão.

Tae disse sorrindo, as bochechas coraram ao lembrar do alfa e das declarações dele. 


– Você gosta da companhia dele, então apenas aproveite a atenção e seja feliz.


– Com ele, eu me sinto precioso.


– Então é isso.


Jin fazia tudo parecer tão simples, tão descomplicado. Talvez ele tivesse razão e Tae devesse apenas aproveitar o momento e, se a oportunidade aparecesse, aproveitar Jungkook também.


☆★☆


Jeon preferiria não ter três mulheres abanando seus leques no rosto dele, ou lhe sussurrando ao pé do ouvido quando viu Taehyung, mas fazia meia hora que ele estava rechaçando avanços femininos e a coisa estava ficando cansativa. Ele não deveria ter chegado tão cedo como chegou, mas queria garantir que V não tivesse tempo de conquistar a atenção de mais ninguém.


O sorriso largo que Tae exibia quando entrou no salão diminuiu um pouco quando o viu. Ele deveria ter se livrado daquelas três antes.


– Se as ladies me dão licença…


– Você não assinou nossas cadernetas. –uma protestou.


– Receio já ter reservado minhas danças desta noite. – Jungkook disse e se virou, começando a vasculhar a multidão em busca do cabelo loiro. Enfim, ele o avistou na pista dançando uma quadrilha. Seu parceiro…Yoongi. 

Jungkook soltou um grunhido abafado.


Chegando à borda da pista de dança, Jungkook sentiu a irritação se dissipar enquanto observava Taehyung, a elegância de seus movimentos, o brilho em seus olhos. Ele não se ressentiu de que o ômega estivesse se divertindo. Jeon só queria que V estivesse com ele.

Ele odiava estar precisando de dinheiro, odiava que Taehyung tivesse tanto. Sua dívida e o dote dele sempre estariam entre os dois. Mesmo que Tae nunca soubesse de sua situação financeira, ele saberia.

O truque era não deixar aquilo ter importância. Mas conhecendo o Kim, Jeon temia que aquilo fosse se tornar muito importante.

A música terminou e os casais começaram a se separar; Yoongi levou Taehyung para a outra extremidade da pista. Jungkook começou a abrir caminho entre as pessoas, tentando não ser pego em conversas. A próxima dança era uma valsa. Ele pretendia tê-lo nos braços no momento em que o primeiro acorde ecoasse.



Apesar da concentração que a quadrilha exigia, V estava muito ciente do olhar de Jungkook durante boa parte da dança. Ele não sabia por que tinha imaginado que o alfa o estaria esperando isolado, como se fosse invisível. Ele sempre atraía as pessoas e era provável que fosse assim para sempre.

Ao acompanhar Yoongi para fora da pista, Tae precisou admitir que tinha apreciado a companhia dele, apesar de seus comentários irreverentes sobre o que algumas das mulheres estavam usando...


– Obrigada pela dança. – Ele disse, deixando o loiro em um local onde os ômegas estavam alinhados como se fossem lotes de um leilão. 


– Jungkook está vindo… -O Min disse, olhando para trás do Kim. 


Tae se virou, sem poder ir até onde queria porque Yoongi continuava segurando sua mão e parecia decidido a não soltá-la. Tae deu um puxãozinho para se libertar e sorriu para Jungkook.

– Olá… -tentou ser formal. 

– Acredito que a próxima valsa seja minha.


Era mesmo, com absoluta certeza.


– Eu gostei muito da dança, Taehyung – Yoongi disse, como se já não tivesse lhe agradecido.

Ou ele estava tentando transmitir alguma mensagem para Jungkook.


– Que bom… 


Então o Jeon pegou a mão de Taehyung e o conduziu de volta à pista. Eles já estavam posicionados antes que as primeiras notas da música reverberassem pelo salão.


– Por que você estava dançando com ele? – Jungkook perguntou ao entrar com o loiro no círculo da dança.


– Ele pediu. – V respondeu, franzindo a testa.–Por que está incomodado?


– Não estou. -mentiu. 


– Você está com ciúme?


Jeon fez uma careta de pouco caso e Tae pensou que um ômega mais fraco ficaria intimidado, poderia até desmaiar. Ele não pôde deixar de abrir um sorriso.


– Eu nunca tive um homem com ciúme de mim. Estou muito lisonjeado.


– Não gosto de vê-lo com outros alfas.


– Mas eu sou obrigado a vê-lo com outros. 


Ele gemeu.

– Eu nem estava gostando da companhia daquelas ômegas. Só estava sendo um convidado agradável.


– Você vai dançar com elas?


– Não. Esta noite só vou dançar com você.


Tae se sentiu inundado de satisfação. Jungkook sempre sabia a coisa certa a ser dita. 


– Bem, então acho que posso perdoá-lo.


V gostava tanto de estar com ele. Gostava do modo como ele o fitava, sem olhar em volta como outros alfas faziam. Do modo como os olhos dele brilhavam de prazer, como se achasse uma delícia tê-lo nos braços. Do modo como ele o segurava com firmeza e um pouco perto demais. 

A música acabou cedo demais e eles ficaram parados no meio da pista de dança.


– Dê uma volta no jardim comigo. – Jungkook disse, nem tanto um pedido, mas uma ordem, e talvez com uma pontada de desespero, como se não pudesse aguentar a ideia de não ter mais um minuto na companhia do loiro. 


Concordando com um breve movimento de cabeça, Tae segurou no braço dele. Enquanto o alfa o conduzia para fora do salão de baile, V percebeu que nunca tinha ficado tão empolgado com a expectativa de dar uma volta no jardim. Era um pouco assustador, para ele, dar-se conta de que estava disposto a ir com Jungkook aonde quer que ele quisesse, deixando que ele tivesse um poder sobre si que Tae jamais concedeu a qualquer outro. Ainda assim, com Jungkook ele se sentia como se estivesse sempre no controle. Com ele, V tinha uma sensação de igualdade que nunca experimentou com ninguém fora de sua família e do círculo mais íntimo de amizades.

Eles saíram para o terraço onde outros casais já estavam. O zunido dos sussurros dos outros o lembrou do Black Pearl. O que estava acontecendo ali seria muito diferente? Pessoas querendo elevar seu flerte para um nível que exigia sombras. Querendo manter a aparência de decoro quando Tae suspeitava – sabia, agora – que muito daquilo não tinha nada de decoroso. 


– Aqui não tem um lago... – Tae comentou quando eles desceram uma escada até uma trilha mal iluminada.


– Pena. Vamos ter que nos virar. – A mão livre do alfa cobriu a alheia que estava em seu braço. Luva sobre luva, quando Tae ansiava por pele sobre pele. 


– Existe alguém que ficará decepcionado por não encontrá-lo no salão? – Jungkook perguntou.


– Talvez, mas ele pode se virar. 


– Sorte minha, então.


Tae riu.


– Como se o famoso Jeon Jungkook temesse a concorrência de meros mortais.


As lâmpadas a gás forneciam luz suficiente para que V o visse franzir a testa.


– O que você quer dizer com isso?


– Eu não sei... – deu de ombros. – Sempre pensei em você como um tipo de deus. É lindo. como o diabo, tem um sorriso que derrete o coração, pode ser indecoroso o quanto quiser e é perdoado pela Sociedade num instante.


O olhar dele ficou mais intenso.


– Eu gostaria de ser indecoroso com você... – Ele respondeu e olhou para trás.


– Ele não está aqui.

Jungkook olhou para o ômega. 


– Yoongi. – Tae esclareceu, sabendo exatamente quem ele procurava. Taehyung nunca esteve em sintonia tão forte com outra pessoa. Era uma sensação maravilhosa saber o que outra pessoa estava pensando. 

– Eu disse para ele que se viesse atrás de nós esta noite eu o deixaria de joelhos.


– Fico decepcionado que ele não esteja aqui, então. Eu gostaria de ver você fazendo isso!


Antes que V pudesse pensar em algo para dizer, Jungkook pegou sua mão e o puxou para fora do caminho iluminado, atravessando um vão na sebe e indo mais além, onde não havia luz nenhuma. Ele o girou e Tae sentiu suas costas encostarem na parede de tijolos que cercava o jardim. Mãos quentes chegaram de repente ao seu rosto e V nem teve tempo de pensar quando ele teria retirado as luvas antes que sua boca fosse tomada pela do alfa e invadida pela língua que entrou para conquistar e possuir. 

Tae não se incomodou em conter seu suspiro de prazer enquanto enfiava os dedos no cabelo dele, mantendo-o perto para que sua língua duelasse com a dele.

Tinha sentido tanta falta do sabor de Jungkook, da sensação dele



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