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O governador estava em sua mesa conferindo alguns papéis, no que deveria ser seu trabalho, mas se perguntassem para ele o que estava escrito naqueles documentos, ele não saberia responder. Seus pensamentos estavam todos voltados ao seu filho primogênito. Donghyuck sempre foi um Ômega responsável e obediente, assim como lhe foi ensinado. Se nesse meio tempo alguma coisa tinha mudado, tudo era culpa do maldito Mark Lee. Ele havia seduzido o seu filho, e o levado a renegar sua família.
Mas isso era algo que Jung Shinsung não deixaria passar barato. Estava prestes a quebrar outro copo, quando foi interrompido ao ouvir batidas na porta.
— Entre. — Ele disse. O Comodoro Choi entrou e não estava sozinho. Ele trouxe consigo um homem de aparência vil, e o primeiro pensamento que o governador teve era que se tratava de um criminoso — Do que se trata?
Encontrei a pessoa que é capaz de trazer o seu filho de volta. — Choi informou.
Os olhos do governador estudaram o tal alfa que parecia não lhe dar importância mais do que dava ao seu gabinete. O homem observava cada canto do cômodo. Em seu cinto haviam pistolas e uma katana.
— E quem é esta pessoa?
— Kim Doyoung. Ele é um notável caçador de recompensas. — Choi o apresentou.
— Terá seu peso em ouro se trouxer o meu filho sem nenhum arranhão.
— Trago a cabeça do capitão Lee — Doyoung se dirigiu ao governador —, se me permitir agir livremente sem ter a Marinha Real interferindo nos meus negócios.
— Se me trouxer a cabeça daquele bastardo, poderá até mesmo chutar o traseiro da rainha se quiser.
Doyoung sorriu sem mostrar os dentes.
— Temos um acordo, então.
— Choi, leve a Marinha para auxiliá-lo.
— Não quero os cães a me atrapalhar. — Doyoung afirmou saindo do gabinete despreocupado.
— Tsc, maldito! Tem certeza que este alfa é confiável? — Jung perguntou.
— Sua fama é respeitada.
— Tudo bem, que seja. Mas leve a Marinha junto.
— Sim, senhor.
— Papai? — A reunião entre os alfas foi interrompida, por um par de olhos azuis que espiava por uma brecha na porta.
— Taeyong, entre meu anjinho.
— Desculpe, não quis atrapalhar. — o Ômega disse quando olhou para o Comodoro.
— Não atrapalha. — Choi sorriu respeitoso — Vou cuidar para que a missão seja iniciada, com licença.
— Então, filho, aconteceu alguma coisa?
— Eu só queria saber se encontraram o Donghyuck.
— Ele foi encontrado, mas infelizmente está sendo forçado a viver entre os piratas. Não conseguimos trazê-lo de volta, mas não se preocupe, logo ele estará entre nós.
— A culpa é toda minha. — Taeyong afirmou com seus olhos cheios de lágrimas — O pirata da cicatriz ia me levar, mas o Donghyuck interveio e eu não fiz nada para ajudar.
— Você não podia fazer nada meu anjinho, não se culpe. — ele abraçou o Ômega e depositou um beijo no topo de sua cabeça — Hoje a noite darei um jantar para lhe apresentar um alfa, que eu mesmo escolhi para ser o seu futuro marido.
— Mas, já?
— Nunca é cedo demais para prevenir o futuro de um Ômega com um bom alfa.
— Mas eu só tenho dezessete anos, meu pai.
— Não se preocupe, meu pequeno, não vai se casar antes que complete seus dezoito anos. É apenas uma apresentação, assim como fiz com o Donghyuck. Agora ande, vá procurar a sua roupa mais bonita e se arrume para receber seu futuro noivo.
— Sim, senhor. — Taeyong tentou forçar um sorriso, mas seus olhos não conseguiram mentir com a mesma habilidade, e ele rumou tristonho a seguir a ordem de seu pai.
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O cheiro de comida boa estava invadindo cada compartimento do Black Swan. Na cozinha, Donghyuck cantarolava enquanto ajudava Junbuu a descascar batatas, na companhia de Renjun, Jaemin, Johnny e Jaehyun.
— Está deixando a batata toda ir embora junto com as cascas, Jaehyun, seu inútil. — Junbuu repreendeu o alfa.
— Faz melhor, então.
— Você está brincando, não é? — Jaemin riu.
— Chupa meu pau, você também!
— Olhem como fala — Johnny os repreendeu — O Ômega do capitão está aqui.
— Tudo bem, Johnny. — Donghyuck respondeu fazendo uma pausa em sua cantoria, mas logo retornou.
— Por que está tão feliz? — Renjun questionou, assim que Donghyuck começou a cantar uma outra música.
— Ah, é que… sabe… hoje é o meu aniversário…
— Não, não. Parem o que estão fazendo. — Renjun se levantou, largando a faca e uma batata na mesa — Precisamos comemorar.
— Não precisa… — Donghyuck respondeu tímido quando todos os olhares se voltaram para si.
— Como não? — Luhan, que havia escutado o fim da conversa ao entrar na cozinha, indagou — Não é todos os dias que um mocinho completa vinte anos.
— Tragam o rum! — Renjun bradou se dirigindo aos piratas.
E todos seguiram para buscar as bebidas no porão.
— O capitão sabe? — Luhan perguntou, e Donghyuck negou com a cabeça — Por que não contou?
— Ah, eu nem pensei nisso…
Luhan sorriu balançando a cabeça.
— Vem, vamos subir. — o médico segurou na mão do Ômega e o levou para cima.
No convés, eles se juntaram aos demais tripulantes. Todos estavam com copos e garrafas nas mãos, mas ninguém ainda havia bebido uma gota sequer, esperando pelo aniversariante.
— Toma, primeiro você. — Renjun entregou ao Ômega um copo com um pouco de rum dentro.
O lúpus hesitou.
— Eu nunca bebi. Quer dizer, meu pai me permitia tomar um pouco de vinho em ocasiões especiais…
— Donghyuck, não enrola e toma só um gole.
— Tudo bem, mas só um pouco…
— Claro, só um pouco.
Renjun e Jaemin trocaram olhares divertidos.
Tomado por uma imensa coragem, mediante ao apoio prestado por todos os alfas e betas que o olhava ansiosos, Donghyuck levou o copo até a boca e bebeu apenas um pouco. Ele tossiu enquanto uma careta desenhava em seu rosto.
Os piratas gritaram erguendo seus copos e tomaram suas bebidas logo em seguida.
— Vai ter que esvaziar o copo. — Renjun indicou.
Donghyuck lançou-lhe um olhar de "você não pode estar falando sério" e Renjun lhe devolveu outro que poderia ser lido como "ah, eu estou sim".
Logo, o Ômega não só havia esvaziado apenas um copo, mas dois, três, quatro… Por conseguinte, ele estava com uma garrafa em suas mãos, enquanto dançava com Johnny. A tripulação cantavam e bebiam alegremente, não notando quando a porta da cabine do capitão foi aberta, e dois alfas se aproximavam da aglomeração.
— O que está acontecendo aqui? — Lee perguntou ao irmão.
— Estamos comemorando o aniversário do Donghyuck. — Luhan respondeu.
Mark franziu o cenho com aquela informação e seus olhos seguiram até o Ômega, que dessa vez, dançava com Seulgi.
— Eu sou o próximo a dançar com o loirinho! — Jaehyun gritou animado, e quando deu por si, Mark estava bem ao seu lado olhando-o com um semblante sério — Com todo o respeito, capitão.
De repente, Donghyuck largou a mecânica e girou, seguindo cantando entre alfas e betas. Sorrindo até chegar à mureta e subir, equilibrando-se em cima dela.
— Uhm humhumhum… — ele cantarolou — Eu sou um pirata… — Ele ergueu a mão que segurava a garrafa e cantou mais alto: — Bebei amigos, yo-ho!
— Yo-ho! — os piratas responderam, todos cantando animados e bebendo.
— Donghyuck! — O capitão exclamou e o seguiu. Ele o segurou pela cintura e o desceu, para que o pequeno não se desequilibrasse e acabasse caindo no mar — Acho que já bebeu demais. — disse retirando a garrafa de sua posse.
Donghyuck encaixou as duas mãos no rosto do alfa e o observou por algum tempo, com certa atenção.
— Alguém já disse que você parece um coelho fofinho? — a tripulação riu. Até mesmo Minseok não conseguiu se conter. Ele puxou a garrafa de volta e desvencilhou-se dos braços do capitão. — Eu sou bandido do mar. Ninguém diz o que eu tenho que fazer. Sou um pirata fora da lei!
Donghyuck levou a garrafa até a boca e tomou mais um pouco de rum.
— É isso aí, Donghyuck! — Renjun ergueu o punho e quando o capitão o olhou ferozmente, ele abaixou a mão, sorrindo amarelo.
O Ômega mal conseguia se manter de pé, de tão ébrio que estava. Lee tomou a garrafa de suas mãos mais uma vez e bebeu todo o conteúdo de dentro. Donghyuck cambaleou alguns passos em sua direção e tomou a garrafa de volta. Ele tropeçou e foi amparado pelo capitão. Mas quando foi beber, notou que a garrafa já estava vazia.
— Por que acabou com o rum, Markie?
— Você está bêbado demais. — Mark o afirmou.
— Que nada, eu estou bem. Posso perfeitam-...— Donghyuck conteve sua fala ao ver o cozinheiro se aproximar da popa com uma bacia e despejar o conteúdo de dentro no mar — O que é isso, Junbuu?
— Tripas de peixe.
O sangue fugiu do rosto de Donghyuck e ele foi ficando pálido, com uma expressão nauseada. Logo, ele estava colocando tudo o que havia comido e bebido para fora. Debruçado sobre a mureta, ele vomitava pelo tempo que pareceu uma eternidade, apoiado pelo capitão. Quando finalmente terminou, Lee o ajudou a caminhar até a cabine.
Na privacidade do cômodo, ele o deitou em sua cama enquanto o Ômega resmungava, gemendo baixinho. Estava todo suado e com uma terrível sensação de mal estar. Munido de um balde de água e uma pequena toalha, Mark limpou o rosto do Ômega e após abrir alguns botões de sua camisa, o loiro conseguiu respirar com mais facilidade.
— Eu nunca mais vou beber daquele jeito. — Donghyuck lamentou.
Mark sorriu, olhando-o com ternura.
— Descanse um pouco. Depois eu volto para trazer algo para você comer.
Donghyuck não teve forças para contestar, pois logo suas pálpebras foram ficando pesadas e em seguida, ele caiu em sono profundo.
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Naquele mesmo dia, durante a noite, Donghyuck abriu os olhos e estava se sentindo muito melhor. Ele ergueu o corpo apoiando-se em ambos os cotovelos e viu que o capitão estava sentado na cama, observando-o.
— Quanto tempo eu dormi?
— Bastante. Já é noite. — Donghyuck ergueu as sobrancelhas surpreso e quando notou uma bandeja com comida em cima da cama, destinada para ele, foi quando percebeu o quanto estava sentindo o corpo fraco. — Trouxe para você.
— Obrigado.
Donghyuck se alimentou sentindo-se muito melhor. A comida de Junbuu era realmente deliciosa e fazia qualquer um recuperar sua energia.
— Quero te mostrar uma coisa. Vem comigo. — Donghyuck franziu o cenho sorrindo com curiosidade, mas logo se levantou da cama e seguiu seus passos.
O capitão segurou em sua mão e o guiou para fora da cabine. Donghyuck notou que o convés estava completamente vazio. Apenas o silêncio estava ao seu redor, conforme seguia os passos do alfa.
Quando chegaram a um certo ponto, Mark o ajudou a subir pelos mastaréus. O vento suave batia no rosto de Donghyuck e espalhava vários fios de seu cabelo à medida que entravam dentro da cesta do mastro. Ele sentiu os braços do alfa abraçarem-no firmemente, aquecendo seu corpo no frio que os atingia.
Assim que Donghyuck finalmente olhou ao seu redor, ele teve a sensação de que estava flutuando entre as estrelas. Elas iluminavam o céu noturno, com milhares de pontinhos luminosos pelo firmamento. A luz da lua tocava na escuridão do mar, e a água brilhava como se eles realmente estivessem no centro do universo. Ele abriu a boca mas permaneceu mudo, incapaz de falar qualquer coisa. Ele já havia contemplado o céu à noite, mas nunca tinha o visto daquele ângulo.
— Você é muito mais belo do que todas elas juntas. — Mark disse se referindo as estrelas e Donghyuck virou o rosto para fitá-lo nos olhos.
Por um momento, o Ômega se perdeu na escuridão daqueles olhos negros e profundos, mas foi guiado pelo sorriso de Mark e seus olhos desceram até os lábios do alfa.
— Você já se sentiu completamente cheio de...— subiu os olhos até os do alfa novamente — Eu não sei como explicar…
Mark sorriu assentindo.
— É exatamente como eu me sinto quando estou com você.
Donghyuck levou uma das mãos até o rosto do mais alto e fechou os olhos à medida que ele se aproximava, e juntava seus lábios suavemente. Eles ficaram durante toda a noite juntos na cesta do mastro, sendo observados pelas estrelas que testemunhavam o sentimento mais puro desabrochar no coração de dois lúpus.
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