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História Black Wings - "Para a ordem ou para o Caos"


Escrita por: And990

Capítulo 5 - "Para a ordem ou para o Caos"


      Aquilo me alivou. Estava começando a ter medo de que as almas humanas simplesmente sumissem. "Ficar em paz em um mundo de clima tropical" parecia um pouco melhor.
     Mas outra pergunta voltou à minha mente.
     - E os demônios? Como tudo isso funciona com eles? - perguntei. Gabriel ficou um tempo em um silêncio pesaroso antes de responder.
     - Os demônios também são anjos. A diferença é que além de abandonar a Lei Divina eles decidiram cuspir em cima dela. Eles praticam ciências negras proibidas para anjos, do tipo que visa fazer sua vítima sofrer física e psicologicamente antes de morrer. Eles gostam disso. São seres sádicos, assim como seus filhos.
    - Claro, existem raríssimas excessões. O problema é que uma vez que a sua linhagem é corrompida por ciências e magia negras, não é possível reverter. Seus filhos nascerão com elas fluindo pelo seu sangue. Por mais que tenham defeitos, Christian, Cain e seu pai são seres adimiráveis. Mesmo crescendo no inferno, e pode acreditar, é tão ruim quanto dizem, eles não sucumbiram à loucura e ao ódio que os cercavam por todos os lados. Eles tiveram que lutar pra sobreviver, e não é maneira de falar. Cain cresceu em mundo onde se matava ou morria, e ele matou muito. Se suas feridas não cicatrizassem tão bem ele seria deformado. Já teve seu corpo envenenado, mutilado e queimado inúmeras  vezes. Está entendendo o quanto é incrível ele ter se adaptado ao nosso mundo, Christian? Quando o pai dele finalmente conseguiu tirá - lo de lá e mandá - lo pra cá, ele não conhecia a nossa língua. Não conhecia os conceitos aos quais nos apegamos como "higiene", "organização", "estudo" e "disciplina". De onde ele veio, você precisa arrancar a cauda e as garras do café da manhã enquanto despista cães de três cabeças e pula riachos de lava! Como você pode querer que ele leve nossos conceitos a sério logo no início?
   - Ele só sobreviveu porque assim como você, ele vem de uma linhagem osso duro de roer... o pai dele é um dos grandes líderes do inferno, talvez o único interessado em tirar daquele lugar quem não merece estar lá. Os outros só estão interessados em corromper humanos, matar anjos e atrair caídos à sua causa - explicou Gabriel.
    - Peraí, eles tem uma causa? - perguntei, já com medo da resposta.
    - Alguns deles querem exterminar os anjos. Outros querem corromper até o último humano. Outros querem destruir os dois mundos pra que só sobre o inferno. Outros acham esse último objetivo um desperdício, porque não se transa com uma espécie extinta, e por aí vai.
     - E como alguém vai parar lá?
     - Quando um humano se corrompe e morre, sua alma vai pro inferno. Lá, ela passa anos e anos queimando e absorvendo energia negra, a mesma que os demônios que já foram anjos manipulam.  Chega um ponto que a alma absorve tanta dessa energia que também se materializa, e assim nasce um demônio irracional. Uma alma que já não era inteligente, que a dor tornou agressiva, e que os resíduos de magia deram - lhe poder. Dessa forma existem dois tipos de demônios: os que já foram anjos (e seus descendentes) e os que já foram humanos.
     Ficamos em silêncio durante um tempo. Fazia mais sentido do que eu esperava que fizesse. Depois de saber tudo aquilo, fiquei pensando se eu ainda poderia tratar Cain como um colega de casa qualquer...
     - E você? Qual a sua história? - perguntei a Gabriel, depois de um tempo. Ele já estava comendo um sanduíche cheio de pasta de atum.
     - Minha história? É um pouco mais sem graça, Christian... eu herdei dos meus pais um interesse pelos anjos caídos. Eles aprederam sobre seus costumes, sua cultura, seus hábitos, sua maneira de pensar, mas não deixaram de apoiar a Lei de Michael. Não era medo de serem expulsos do céu, era só que alguém precisava ficar do lado dos celestiais, nem que fosse só para convencê - los de que os caídos não eram inimigos. Eles me criaram em Aurum City, a "capital" do céu. É onde fica o Grande Tribunal, a Sede Militar e o Palácio do Conselho. Seus pais eram amigos dos meus, Iliriel. Eles realizaram muitas missões juntos. Tentavam manter a diplomacia entre os caídos e os celestiais, e inclusive eles o ajudaram a criar o Instituto. Acontece que... em uma determinada missão... tudo deu errado.
     - Seu pai me contou a história inteira pessoalmente, há dois anos. Sentiu que me devia isso. Ele, os meus pais, e mais onze caídos poderosos estavam em uma missão pra amaldiçoar de forma a aprisionar eternamente um demônio poderoso chamado Melquinael. Ele também já foi um anjo de alta posição. Acontece que em um ponto isolado de qualquer reforço que Acriel pudesse convocar, seis dos onze anjos se revelaram como traidores e atacaram os outro cinco de surpresa. Seu pai contou que os meus foram apunhalados sem aviso prévio, e quando ele e os outros dois caídos que não eram traidores, Raquel e Persero, perceberam o que estava acontecendo, se enfureceram tanto que surraram os outros seis até eles não conseguirem proferir nenhum som além de gemidos, e depois os amaldiçoaram a ser esfolados por Jerizum (a besta infernal que pune traidores) até não sobrar mais carne em suas costas. Depois disso ele os empalaria com a cauda, exatamente como a meus pais.
     - Eu fiquei muito abalado por semanas, mas decidi que ia orgulhar meus pais e prosseguir na missão de alcançar justiça nas relações entre os celestiais e os caídos. Nos últimos dois anos fiz muitas visitias ao Instituto e aprendi sobre sua cultura, inclusive conheci e forjei amizade com Cain e Elizabeth, e seu pai pessoalmente nos colocou na mesma casa. Somos uma equipe muito interessante, Christian. Uma caída de sangue nobre e sua dríade juntas, um demônio que conseguiu fugir do inferno e se adaptar... bem, pelo menos parcialmente, às regras de Black Wings, um anjo que teve seus pais mortos por caídos traidores do fundador da instituição, e finalmente, o filho deste próprio fundador. É, eu diria que somos um grupinho que promete muita coisa, para a ordem ou para o caos...
     - Eu diria para o caos - falou uma voz feminina, um pouco infantil,  vindo da sala.
      Em seguida, entrou uma garota baixinha de olhos verde - claros, pele branca com sardas nas bochechas e naris e cabelos castanhos presos em um pequeno rabo - de - cavalo que descia até a base do pescoço.
     Deduzi quem era na mesma hora. O nome, por algum motivo, combinava com ela.
     Seline.
     
   



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