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História Blackmailer - Ato II


Escrita por: saveyourscissor

Notas do Autor


Olá! Esse capítulo é bem mais longo, pois é quando a coisa começa a andar realmente. Espero que gostem. Qualquer dúvida, elogio e sugestão... Comentem!

Capítulo 2 - Ato II


Ato II

 

Bill quase caiu da cadeira quando abriu o site e viu seu nome na lista dos pré-selecionados para comparecerem ao Teatro Bolshoi em Moscou, na Rússia. Começou a gritar, berrar. Seu sonho estava se tornando realidade aos poucos e ele não poderia estar mais feliz com isso. Era um dia histórico para ele. Precisava comemorar com os pais e amigos.

 

Logo Simone e Gordon apareceram tentando saber por qual motivo o filho estava a gritar daquela forma.

 

“EU PASSEI! EU. PASSEI. EU FUI SELECIONADO!” Bill gritava como se quisesse que o mundo o ouvisse e isso não era uma mentira.

 

Gordon e Simone se entreolharam e sorriram, felizes pelo trabalho que haviam feito com o filho. Logo se aproximaram para conferir a carta de seleção.

 

“Estamos muito orgulhosos de você, Bill.” Disse Gordon com um sorriso nos lábios.

 

“Que tal brindarmos com um bom champanhe? A ocasião pede.” Falou Dona Simone já indo até adega da casa.

 

Pegou as taças e a garrafa de Chandon. Entregou-a a Gordon para que pudesse abrir e ele o fez. Após o barulho, um pouco de champanhe transbordou da garrafa, pois Gordon havia agitado antes de abrir. Bill deu pulinhos de felicidade. Os três se serviram de champanhe e ergueram as taças no ar.

 

“Ao sucesso do Bill no Bolshoi!” Disseram em uníssono, rindo logo após.

 

“Rússia, aí vou eu!” Disse Bill triunfante.

 

----------

 

Bill desembarcou no aeroporto internacional de Moscou bem cedo. Precisava estar no teatro às 14h. Já eram 10h. Ele precisava enganar o estômago e ajeitar-se para a audição. Era tudo ou... Tudo. Para Bill o “nada” estava fora de cogitação.

 

Pegou um táxi e logo chegou no hotel em que ficaria hospedado. Ligou para o serviço de quarto e pediu um almoço light, apenas para não desmaiar no meio da audição e estragar tudo. Tomou um longo banho e comeu. Descansou um pouco, ligou para seus pais e avisou que já havia chegado na Rússia.

 

Começou a arrumar-se. Colocou sua melhor roupa de balé e separou sua sapatilha de ponta preferida na bolsa. Arrumou criteriosamente o cabelo e maquiou-se levemente. Colocou seu sobretudo por cima da roupa de balé que usava e rumou para o teatro ao pegar um táxi. Estava confiante.

 

Bill ficou assustado com a quantidade de concorrentes que tinha. Eram mais de quatrocentos vindos de várias partes do globo. Tudo bem... Ele sabia que não seria fácil. Afinal, todo mundo queria entrar para essa companhia. Tentou manter calma e não se abalar facilmente com a concorrência.

 

Um organizador veio até ele e lhe deu um adesivo com o número “483” para que pregasse em sua roupa. Iam entrando grupos de 20 bailarinos em cada sessão da audição e por isso demorava. Bill se hidratou bastante durante esse tempo. Algumas vezes se alongou, mas com cuidado para não gastar toda a sua energia antes de entrar naquela sala e arrebentar.

 

Estava distraído alongando a perna esquerda quando um rapaz muito bonito se aproximou e começou a alongar ao seu lado, na mesma barra. O estranho bonitão ficava a lançar olhares curiosos para Bill e este tentou ignorar. Não tinha ido ali para papos ou para conhecer pessoas novas. Até que o estranho resolveu abrir o bico.

 

“Oi! Me chamo Georg Listing. Sou bailarino da Kirov.” Disse ele se colocando de pé ao meu lado e estendendo a mão no ar com um sorriso nos lábios.

 

“Olá. Meu nome é Bill. Bill Kaulitz. Sou da Stuttgart.” Bill falou sem muito entusiasmo e pegando a mão do tal Georg para não deixá-lo na merda. Queria mesmo era dar o fora dali e não conversar muito.

 

“Ah, você é da companhia alemã! Pelo sobrenome, suponho que seja alemão. Eu também sou, mas acabei indo para a Kirov.”

 

“Que bacana! Fico feliz em saber que tenho conterrâneo como concorrente.”

 

“Sim, cara! E ei, nós vamos na mesma sessão. Eu sou o '482'.” Disse Georg, tocando no adesivo que estava pregado em minha roupa.

 

“Mal posso esperar!” Falou Bill, sem muita vontade de prosseguir com aquela conversa improdutiva.

 

Bill sentiu vontade de ir ao banheiro para urinar e rever sua aparência, mas tinha receio. Resolveu utilizar o “amigo” para algo.

 

“Ei, Georg, você poderia ficar olhando minhas coisas enquanto vou ao banheiro?”

 

“Vai na tranquilidade, cara. Eu olho.”

 

“Ok. Obrigado.”

 

-----------

 

Quando Bill voltou já era hora de entrar na grandiosa sala do teatro. Lá seria o palco para os melhores acontecimentos na vida de Bill. Disso ele tinha certeza.

 

Entrou na sala junto com os outros 19 concorrentes. Todos se posicionaram ao lado das barras que estavam espalhadas pela sala. Inclusive o tal Georg. Aquele cara “entrão” que tinha puxado assunto mais cedo. Havia um piano no outro lado da sala, um pianista sentado, de cabeça baixa olhando as partituras que estavam em suas mãos. Ele usava roupa social e óculos de grau. Fisicamente, para Bill, era o tipo de homem fofo. Era loiro e um pouco fora de forma.

 

Em seguida um homem charmoso entrou na sala. Bill até prendeu a respiração.

 

Ele era alto, magro, bonito. Usava roupas sociais, mas não tão sociais quanto as do pianista. Ele era mais largado. Dava para perceber que toda essa formalidade do balé não era muito do seu agrado. Tinha cabelo longo, mas estavam meticulosamente arrumados em um coque no alto de sua cabeça, deixando-o incrivelmente gostoso.

 

Bill não sabia quem era, mas já gostou dele de cara. E como.

 

“Boa tarde, caros participantes.” O homem sorriu ao ouvir as pessoas na sala retribuírem a saudação e prosseguiu. “Meu nome é Tom Trümper. Sou diretor artístico da Companhia de Balé Bolshoi. Ou seja, eu quem escolho quem entra para a nossa família. Espero que estejam preparados e saibam que aqui só entra os melhores bailarinos do mundo.” Enquanto falava, o homem passeava pela sala e estudava o rosto e o corpo de cada participante.

 

Bill começou a ficar nervoso, mas tentou se controlar ao ter aquele homem tão bonito chegando cada vez mais próximo. Ele iria olhar Bill dos pés à cabeça e essa seria sua grande chance de ser notado. Bill se pôs em sua melhor postura e tentou manter uma expressão facial concentrada.

 

O homem olhava para os participantes, mas tinha uma expressão neutra. Não dava para saber o que ele estava pensando. Ao chegar em Bill, o olhou fixamente nos olhos e Bill sustentou o olhar do tal Tom sem perder a pose.

 

“Bom... Quero que conheçam nosso pianista. O Gustav Schäfer.” Falou Tom indo até o pianista e fazendo um “hi five” com ele. Ambos riram.

 

Tom se voltou para os participantes com a expressão séria de antes.

 

“Como vocês sabem, nós recebemos mais de dois mil vídeos e somente 500 passaram para essa fase. Vocês estão entre os felizardos. Sintam-se lisonjeados por isso, pois não é fácil.” Tom riu sozinho, mas logo prosseguiu. “Estamos fazendo audições coletivas para fazer um afunilamento. Desses 500, queremos apenas 5.”

 

Bill não tirava os olhos daquele homem que tinha um andar engraçado, ar irônico e um jeito de mover os lábios extremamente sedutor. Puniu-se mentalmente por estar secando o cara que decidiria a sua vida, pois ele havia ido até aquele lugar para conseguir a vaga e não secar um macho. Tentou novamente se concentrar no objetivo. Nada poderia dar errado.

 

“Então estou vendo o que são capazes de fazer para poder selecionar esses 5. Após a escolha desses 5 finalistas, teremos audições particulares. Assim cada um poderá mostrar o que sabe reservadamente e com direito a mais tempo para isso. Coloquem suas sapatilhas de ponta e vamos começar.” Finalizou com um sorriso nos lábios.

 

Todos rapidamente se sentaram no chão da sala e começaram a calçar suas sapatilhas. Bill rapidamente pegou a sua e a colocou. Senti-a apertar seus dedos. Até parecia que aquela não era a sua sapatilha. Ela era mais confortável, pois já havia amaciado ela semanas antes para que não houvesse problema. Todos sabem que uma sapatilha de ponta nova precisa ser amaciada antes de usada para dançar, pois é capaz de machucar seriamente o pé do bailarino. Pôs -se de pé em seguida com dificuldade. Realmente aquela sapatilha estava diferente, mas ele não sabia porquê nem era tempo para pensar nisso. Ele teria que fazer o seu melhor com sapatilha boa ou não.

 

“Gustav, pode começar a tocar.” Falou Tom, batendo palmas para que todos se levantassem para começar oficialmente a audição.

 

Logo a música começou a ecoar pela sala e os concorrentes, inclusive Bill, iniciaram a fazer o que o diretor artístico pedia.

 

E ele era exigente. Pediu inúmeros “Pas de Bourrée”, “Bourrée”, “Développé”, “Penché”, “Soutenu”, “Fouetté”, “Jeté”, “Grand Jeté”, “Pliés”, “Grand Pliés” e muitos outros passos de balé. Tom mandava os participantes repetirem várias vezes enquanto passeava pela sala, olhando cada um sem sequer fazer alguma anotação. Ele apenas olhava.

 

Devido a exigência de Tom, Bill já sentia seu pé doer. Com certeza já estava ferido. Definitivamente aquela não era a sua sapatilha de ponta. Até que Bill lembrou que foi até o banheiro e deixou suas coisas sob a responsabilidade do tal Georg. Ele com certeza havia aproveitado a ausência de Bill para trocá-las, afinal, ele era um grande concorrente. Tudo fazia sentido na cabeça de Bill agora. O maldito estava tentando eliminá-lo da forma mais baixa possível.

 

 

A música de piano que o Gustav estava a tocar ainda ecoava pela sala e a voz grave de Tom também. Ele exigia mais e mais passos. Bill já estava exausto. Aquilo era uma tortura. Ele tinha forma física. Inclusive dançava por horas nos espetáculos que sua companhia fazia por alguns países, mas a sapatilha não ajudava e o homem estava exigindo além da conta.

 

Bill se assustou quando sentiu a respiração quente de Tom bater em sua nuca.

 

“Assim não está bom. Você quer entrar no Bolshoi desse jeito? Desse jeito você não entra nem na porta do nosso balé!” Falou baixo para que só Bill ouvisse. E logo saiu de perto de Bill com um sorriso irônico nos lábios.

 

Bill estava dando o seu melhor, estava com o pé doído e esse bastardo estava querendo insinuar que ele não iria passar? Era demais para Bill. Ele realmente não estava entendendo qual era a de Tom, mas ele iria descobrir. Ah, se iria.

 

 

“Acho que já abusei demais de vocês. Está bom. Descansem e boa sorte. Divulgaremos a lista dos 5 finalistas em uma hora. Será fixado no quadro de avisos da sala de espera.” Falou já saindo da sala sem olhar para ninguém.

 

Bill esperou o homem deixar a sala para cair no chão, e gemer de dor ao tirar a sapatilha. O resultado da audição era: seus dedos estavam em carne viva e o infeliz do diretor artístico não havia ido com a sua cara sabe-se lá por qual motivo. Bill realmente não entendia. Ele segurou as pontas até o fim, mesmo com uma sapatilha sem amaciamento.

 

Bill pôde ouvir alguém se aproximar. Ergueu o olhar e era Georg rindo.

 

“Acho que ele não gostou de você. Você também não foi muito bem. O que houve? A sapatilha não estava confortável? Que peninha.” Debochou Georg.

Bill sentiu seu estômago revirar. Queria matar aquele desgraçado, mas apenas abriu um sorriso e disse. “Quem ri por último, ri melhor. Não esqueça disso.” E saiu da sala com dificuldade.

 

Bill não sabia o que seria dele. Queria ir embora. Sabia que o maldito Tom não havia gostado dele. Falou abertamente que o achava fraco para estar ali e com certeza suas chances eram mínimas. Todas as suas certezas foram embora.

 

Bill já não transbordava segurança.

 

Seu sonho tinha ido por água abaixo.


Notas Finais


E aí? ♥


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