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História Blame - Capítulo 31


Escrita por: illusionmatt

Notas do Autor


Eu preciso dizer uma coisa muito importante pra vocês antes de soltar esse capítulo e realmente ia apressar se vocês lessem até o final.
Esse capítulo apresenta falas das quais não condizem com as minhas crenças, assim como não condizem com o que eu julgo certo ou errado, algumas falas da mãe da Anna e de outras pessoas foram colocadas na história apenas para retratar a realidade, porque, querendo ou não, sempre há quem pensa dessa maneira, felizmente eu não simpatizo com a ideia de que a vestimenta provoca ou evita o estupro, por favor, peço que entendam.
Segunda coisa que preciso falar, estupro é algo complexo e muito, muito sério, trabalhei e calculei cada fala e cada ato da Anna daqui para frente, porém não acredito que algum dia alcançarei o real sentimento daqueles que passaram por essa situação, mas como, para muitos, estupro não é um assunto fácil independente do motivo, eu estava evitando postar esse capítulo agora, pois, não sei se notaram, mas nos últimos meses do ano são os meses que a escritoras pequenas menos recebem retorno porque todos estão estudando para IF, ENEM, vestibular, provas finais, whatever, por isso eu não queria postar nenhum capítulo, muito menos esse, mas, pelas minhas leitoras que não estão, resolvi postar. Por favor, leiam com atenção e tentem ter maturidade pra entender que nem tudo que está aí eu tirei das coisas que eu acredito. Boa leitura, e, de novo, a época é ruim, por isso eu preciso de muito feedback! Comentem muito muito! Qualquer coisa! Amo vocês! Se tiver bastante retorno, quem sabe eu posto algum cap antes do ano que vem!

Capítulo 31 - Capítulo 31


01:22, domingo, 19 de março de 2016

POV Matthew

Angelina me ligava de cinco em cinco minutos em prantos, desesperada me perguntando se eu havia encontrado Anna, mas não via nem sinal dela. Tinha rodado o quarteirão da escola várias e várias vezes, Shawn e Melissa já haviam procurado-a em casa, acordou os pais dela, que foram procurar pelo meio da rua, Cameron para os pontos turísticos da cidade, para as redondezas do centro, Jacob, Bea e Angel foram com Cameron aos lugares que ela mais gostava, shoppings e coisas do tipo, enquanto eu fiquei encarregado de procurá-la em volta da escola, e era isso que eu estava fazendo. Parei novamente no portão de entrada para a escola e resolvi procurar no único lugar onde eu sabia que ainda não tinha olhado, no estacionamento. Não acreditei muito na ideia, afinal, eles deveriam ter olhado o estacionamento antes de qualquer coisa, porém, ao caminhar entre os carros por algum tempo, gritando o nome de Anna, presenciei a cena que achei que nunca veria. Derek estava ao lado de Anna, ela estava apagada ao lado de uma goteira de óleo do carro onde ele havia escondido ela, ele fumava, tranquilo, com uma garrafa de tequila nas mãos, olhei para o lado e vi algo que me fez perder totalmente o controle, um pacote de papel escuro cheio de pílulas brancas que se espalhavam pelo chão do estacionamento, não me contive quando as vi, ele tinha adormecido Anna e me enojava só de pensar sobre as coisas terríveis que fez com ela. Chutei sua coluna e ele caiu de joelhos, gritando pela dor, e seu cigarro voou para longe de seus dedos.

"Que porra é essa, Derek?!" Gritei, o agarrando pela gola da camisa, virando-o pra mim.

Ele não estava com cinto, e seu zíper continuava aberto, o que me deixou infinitamente mais irritado. Soquei seu rosto várias vezes, até que ele cuspiu uma mistura de sangue e cuspe ao lado do meu pé. Puxei seus cabelos para cima, levantando sua cabeça para que me olhasse nos olhos e visse toda a raiva e que sentia naquele momento, senti ele estremecer e tive visão plena do enorme roxo que estava se formando em sua maçã do rosto, mas não tive piedade, soltei sua camisa, sem soltar seu cabelo, e o soquei mais uma vez no maxilar, e logo depois pela segunda vez, e pela terceira, quarta, quinta, só parei quando ele cuspiu novamente o sangue ao lado dos meus sapatos.

"Eu juro, se não fosse Anna, eu mataria você, aqui e agora, seu desgraçado do caralho." Falei com ódio, puxando ele novamente par me olhar nos olhos "Você tem dez segundos pra me explicar o que fez com ela."

"Dei uns remédios..." Tossiu "um pouco de tequila, mais remédios e mais tequila, demorou um pouco para ela apagar de vez, mas finalmente apagou. Fiz tudo o que tinha direito, e até um pouco mais..."

Chutei seu estômago, o fazendo voar para longe e bater com o rosto em outro carro, deixando seu rastro de sangue nele. Peguei Anna no colo e percebi que seu vestido tinha algumas manchas de sangue, do seu sangue, e ela não usava mais o short cor da pele que usava mais cedo, ela não usava nada além do vestido. Virei seu corpo, tentando esconde-la, mas não consegui, não havia nenhum jeito de fazer aquilo, então apenas corri em direção ao meu carro, que foi o único que eles não pegaram, e a deitei no banco de trás, tirei suas roupas sujas e peguei uma blusa e uma bermuda no porta-malas e uma das minhas parkas, uma azul, diferente da que estava com Angelina, e a vesti novamente, cobrindo seu corpo que havia sido tão machucado. Uma lágrimas desceu pela minha bochecha quando eu fechei a porta do banco de trás e entrei no banco do motorista. Peguei meu celular no bolso da calça e liguei para Angelina no caminho para o hospital, ela disse que ligaria para o resto das pessoas e que eu deveria encontrá-los na sala de espera do hospital, e assim eu fiz. Entreguei Anna nos braços de um dos médicos da emergência e eles a levaram para dentro em uma maca, com vários outros enfermeiros em volta.

Cerca de vinte minutos depois, Angelina entrou no hospital, ainda com o meu blaser e com a maquiagem toda borrada de tanto chorar, ela me abraçou forte e pude sentir que ela ainda chorava. Olhei de relance para os seus pés, ela mal conseguia ficar em pé, eles estavam machucados e vermelhos depois de um bom tempo correndo descalços pelas ruas de Atlanta. A peguei no colo, com uma mão na dobra do seu joelho e a outra em suas costas, para que ela não soltasse o meu pescoço, e a levei para dentro do banheiro feminino do hospital, sentei ela com cuidado em cima da pia, e ela me olhou como uma criança confusa, assustada, ela não entendia o que estava acontecendo, e não parecia querer entender. Subi seu vestido até suas panturrilhas ficarem a mostra e peguei um pouco de papel, molhei com a água gelada da pia enferrujada do banheiro e limpei lentamente os machucados dos pés dela.

"Está doendo." Ela reclamou.

"Eu sei." Falei "Estou fazendo o que posso."

"Me desculpa." Ela disse, cabisbaixa.

"Não tem problema, Angie." Respondi e olhei para ela, que derramou mais algumas lágrimas "Vai ficar tudo bem, Anna vai ficar bem." Falei levantando seu queixo.

"Me conte, onde achou ela? Como ela estava? Com quem estava? O que Derek fez com ela?" Angie pediu, chorando, passando a mão no meu rosto.

"Achei ela no estacionamento, Derek estava lá, e algumas drogas que fizeram ela apagar." Contei, com as mãos apoiadas em cada lado do corpo dela "Você já deve ter imaginado o que aconteceu." Falei, ainda olhando em seus olhos.

Ela tampou a boca com as mãos e as lágrimas desceram pelas suas bochechas inchadas, eu não sabia a quanto tempo ela já estava chorando, mas me doía mais do que deveria me doer.

"E onde ele está agora?" Ela perguntou.

"Possivelmente em casa, rezando para não prestarmos queixa, o que obviamente iremos fazer." Falei, voltando a limpar os machucados nos pés dela "Eu posso ir preso junto por agressão, mas não importa, o que ele fez não tem perdão." Falei sério.

"Por que não gosta do Derek?" Ela perguntou, limpando o rosto.

"Coisas do passado, algumas coisas que ele fazia com as garotas da escola que me irritava em um nível extremo, ele precisava dessa surra há muito tempo." Falei, secando os pés vermelhos de Angie "Odeio o comportamento escroto dele, me irrita em um nível absurdo, porém, é como se ele enfiasse um garfo na minha ferida toda vez que fizesse isso com qualquer garota."

"Ele já fez isso antes?"

"Não, o máximo era embebedar as garotas em festas, obrigar as meninas a ficarem com ele contra a vontade, passar uma mão aqui, outra ali, ele já apanhou muito de mim por isso." Falei.

"Garfo na sua ferida?" Ela perguntou, finalmente entendendo.

"Minha irmã, o namorado dela abusou dela há muito tempo." Admiti "Ela era nova, eu era ainda mais novo, só entendi o porquê do Ben ter parado de ir lá em casa depois de muitos anos, mas, como eles estavam namorando, não prenderam o Ben." Falei amargo "Eu te disse que minha família tem muitos problemas, acho até que vai querer me deixar quando descobrir que eu sou um saco de estresse pôs-traumático e traumas com um passado bizarro." Falei rindo, mesmo que aquele fosse um dos meus medos "Acabamos de, finalmente, começar a ter um relacionamento e eu já estou estragando tudo."

"Matt..." Ela começou, levantando minha cabeça "Matt, que bom que me contou. E eu ano vou te deixar, nunca." Falou, me puxando para perto de si.

A abracei forte, e ela me abraçou forte também, eu tinha confiado nela, contado algo que não havia contado nem mesmo para Shawn, algo que sempre tentei enfiar debaixo de sete palmos no chão, seria um segredo que morreria comigo, mas me sentia bem por ter confiado em alguém, principalmente por ter sido Angie.

"Matthew? Estão chamando você para ver a Anna." Bea falou, com a voz ocupando todo o ambiente.

"Precisa ser eu?" Perguntei, me afastando de Angelina.

"Precisa, você assinou os papéis para ela entrar." Bea explicou.

"Tudo bem, avise que já estou indo." Falei e Bea saiu do banheiro assentindo "Pegue os meus sapatos." Falei para Angel.

Ela me olhou desconfiada, e eu a imaginei com um ponto de interrogação na testa enquanto me observava tirar o sapato. Calcei minhas meias nela e logo depois o meu sapato, que ficou gigante no seu pé, mas mesmo assim era melhor do que ela ficar machucando os próprios pés. Caminhamos para fora do banheiro de mãos dadas e o médico alto, grisalho e com barba também grisalha me olhou de cima a baixo, reprovando a minha falta de sapatos. Revirei os olhos.

"Senhor, vai precisar calçar sapatos." Ele falou.

"Eu empresto, meus tênis estão no carro, use esses e eu pego o outro par." Jacob se ofereceu e tirou o sapatênis preto que usava, que, por incrível que pareça, me serviu.

"Posso levar uma pessoa comigo?" Perguntei.

"É família?" O médico perguntou.

"Não, nenhum de nós é." Bea falou "Acabei de avisar os pais dela, eles vem daqui a pouco, deixe que entremos por enquanto."

Ele olhou para os lados, para a prancheta, bufou e assentiu com a cabeça.

"Tudo bem, mas, primeiro, o senhor Espinosa, afinal, foi ele quem trouxe ela pra cá." O médico esclareceu "Vamos?" Ele me perguntou.

Eu assenti e dei a mão para Angelina, conduzindo ela pelo largo corredor branco onde o médico andava, nos guiando enquanto falava sobre a lavagem que fizeram nela para diminuir os efeitos das drogas que Derek havia dado para ela e ela já estava acordada, mas não se lembrava de nada, comentou sobre as marcas de abuso que haviam em suas partes íntimas, e perguntou se deveria contar à ela sobre os ocorridos. Eu apenas neguei, mas não sabia ainda, iriamos conversar com os pais dela antes de decidir qualquer coisa, ou foi o que eu achei, pelo menos.

Angelina entrou no quarto antes de mim e correu até a amiga, que estava usando uma camisola de hospital azul, com um tubo ligado ao seu estômago e com o rosto fundo e esverdeado, tirando algumas marcas de arranhões que o asfalto deixou em sua pele clara, mas Angel não se preocupou, ela a abraçou forte e Anna não entendeu nada, porém retribuiu o abraço depois de um tempo, e, quando Angie começou a falar, eu percebi que tínhamos decidido, silenciosamente, que iríamos mentir para a Anna na cara dela.

"Anna?" Ela perguntou, sorrindo "Está se sentindo bem?"

"Nem um pouco." Ela reclamou, gemendo de dor "O que aconteceu?" Ela perguntou.

"O que você ainda se lembra?" Perguntei, me aproximando e deixando que ela me visse.

"Lembro de Nash... ele estava mudando as bebidas, ele tirou os jarros e trocou por outros, com uma bebida parecida, mas eu estranhei, ele disse que era só para nos divertirmos mais e me deu um copo." Ela falou "Comecei a sentir uma moleza depois do quarto copo, e, quando caí, alguém me ajudou, mas não me lembro do rosto nem nada do tipo." Ela falou, passando a mão na coxa, nervosa.

"A pessoa que te ajudou, ela..." Comecei.

"Levou você até nós." Angel me interrompeu, mentindo "Você bebeu muito daquilo que o Nash tinha trago, acabou vomitando no estacionamento da escola enquanto trazíamos você pra cá e dormiu no banco de trás do carro." Ela contou, e se virou pra mim.

"Sim... claro. Exatamente." Falei, repreendendo Angel na minha cabeça por ter mentido pra ela.

"Onde estão os meus pais? E o Cameron?" Ela perguntou.

"Cameron está na sala de espera e seus pais estão a caminho, você nos deu um susto enorme." Angel sorriu "Que bom que está bem agora." Ela encostou no braço de Anna, a consolando.

"Estamos aqui para tudo o que você precisar." Falei.

"No momento, eu só quero meu namorado e a minha mãe." Ela choramingou.

"Vou chama-lo." Falei saindo do quarto onde ela estava e caminhando pelo corredor com as mãos no bolso da calça.

Quando cheguei na sala de espera, Cameron estava gritando com a enfermeira que tentava acalma-lo, e mais ninguém fazia nada, todos na sala de espera estavam parados, sem reação, e o clima estava completamente tenso. Bea ainda chorava, Melissa roía as unhas, Jacob fazia carinho em Bea e eu conseguia ver que Shawn cantarolava em sua cabeça, tentando se acalmar, mas não estava dando certo. O primeiro que me viu foi Cameron, ele se esquivou da enfermeira e foi ao meu encontro, batendo os pés, e eu pedi paciência à Deus para não socar a cara dele quando começasse a gritar comigo, porque sabia que ele iria.

"O que você fez com ela, seu escroto do caralho?!" Ele gritou agarrando a gola da minha camisa.

"Eu vou contar até três para você soltar a merda da gola da minha camisa, não vai querer que eu me irrite com você." Falei, calmo, com os braços atrás.

"Ah, mas eu estou querendo te dar uns socos desde a festa do Kian." Ele ameaçou.

"Se tentar encostar um dedo em mim, você vai se arrepender, estou te avisando." Falei, ainda sereno.

"Cameron!" Shawn gritou da porta da sala de espera, e Cameron se virou me soltando "Ele ajudou a Anna, ele encontrou ela."

"Isso é o que ele diz, quem me garante que ele não aproveitou da minha namorada assim como aquele outro babaca?!" Ele gritou, e vi seus olhos se encherem de água ao perceber o que realmente tinha acontecido, eu não tinha mais raiva dele, tinha pena.

"Eu estava com Angelina, o tempo todo, pode perguntar para ela. Não sou eu que mereço uns socos, e pode deixar que eu mesmo já dei a surra que Derek merece." Cruzei os braços e ele me olhou, deixando uma lágrima escapar "Anna quer ver você, os pais dela estão chegando?"

"Acabaram de me ligar, estão vindo o mais rápido possível, mas estão perdidos no caminho." Bea respondeu, ainda fungando e limpando o rosto com o dorso da mão.

"Tudo bem... vamos, Cameron." Falei e caminhei pelo corredor até chegar no quarto de Anna, e Cameron entrou antes que eu pudesse ver.

Ele entrou sorrindo e foi direto abraçar a namorada, que ficou comma respiração pesada por um tempo, e um pouco incomodada com o toque, eu não sabia se aquilo era involuntário, ela não se lembrava do que tinha acontecido, como poderia estar sensível à toques desse jeito? Cameron não pareceu notar, mas logo a soltou e olhou no fundo de seus olhos, que pareciam perdidos, e sua respiração logo voltou ao normal, mas ela parecia doente.

"Está melhor? O que está sentindo?" Ele perguntou, segurando as mãos dela.

"Sinto que vou vomitar." Ela falou e uma bile parecia ter subido pela sua garganta, mas ela conseguiu conter.

"Vomitar?" Angelina perguntou, me olhando, e eu dei de ombros, como quem não entende "Mas por quê?"

"Eu sei lá, acho que eu realmente bebi demais da bebida do Nash." Ela falou, ainda meio verde.

"Nash? Foi ele que fez isso com você?" Cameron perguntou.

"Sim, quer dizer, mais ou menos. Ele me deu algumas bebidas e eu fui pedindo mais e mais, até que eu desmaiei e eu não lembro de quem me levantou." Ela explicou para o Cameron.

"Te levantou? Meu amor, o Derek..." Cameron começou, mas eu interrompi.

"Te pegou no colo, na verdade. Você não estava conseguindo andar ou ficar em pé, ele te entrou para o Shawn e nós te levamos no meu carro." Menti, dando mais detalhes sobre a mentira de Angelina.

"O quê?" Cameron perguntou, confuso.

"Cam, pode me acompanhar até algum lugar nesse hospital pra comprar comida? Estou morrendo de fome, e tenho certeza de que você vai querer um café, já que vai ficar aqui com a Anna durante a noite, certo?" Angie perguntou, deixando bem claro que queria que ele saísse para poderem conversar.

"Tudo bem." Ele falou e depositou um beijo nos lábios de Anna, que se alarmou e logo o empurrou pra longe, o deixando com uma interrogação na testa "Anna..."

"Vai logo, Cameron." Ela falou, tentando conter novamente o vomito.

Ele obedeceu, foi esperar no corredor enquanto Angelina se despediu de mim com um beijo suave nos lábios, dizendo "tchau" bem baixinho no meu ouvido, e eu respondi no mesmo volume. Me sentei na poltrona ao lado da cama de Anna, e ela parecia pior do que nunca. O cabelo estava molhado e penteado para trás, quando a peguei no chão, ele estava sujo e desgrenhando, talvez os médicos tenham passado uma água durante a limpeza ou coisa do tipo, ou alguma enfermeira deve ter até ajudado ela a tomar banho, mas eu sentia que ela logo precisaria de outro se eu não a levasse correndo para um banheiro. E não demorou muito até ela anunciar isso.

"Vou vomitar." Ela falou, e se levantou correndo e puxando o suporte do seu soro para ir ao banheiro.

Corri logo atrás e segurei seus cabelos negros para que não sujassem de novo, sabia que ela ia ficar ainda mais arrasada. Quando vomitou tudo o que tinha que vomitar, e até um pouco mais, afinal ela não tinha nada no estômago, ela se sentou no chão do banheiro e abraçou os joelhos, limpando a boca com o dorso da mão. Eu comprimi os lábios em uma linha fina e fui buscar um copo de água para ela lavar um pouco a boca e se hidratar, sabia que tinha tempo que ela não bebia água, e poderia fazer bem depois de ter ingerido todas aquelas pílulas para dormir. Ela agarrou o copo com as duas mãos e bebeu um pequeno gole, passou a água de uma lado da boca para o outro e cuspiu no vaso novamente, e eu senti que já era hora de dar descarga de novo.

"Está se sentindo melhor?" Perguntei, me sentando.

"Sim, bem melhor." Ela sorriu "Odeio vomitar."

"Acho que todos odiamos, Jensen." Sorri e ela soltou um leve risinho, tomando mais de sua água.

"Que horas são?" Ela perguntou.

"Duas e quarenta e cinco da manhã." Falei olhando no relógio.

"Tenho a peça de teatro amanhã." Ela falou, pensativa "Eles disseram quando posso voltar pra casa?"

"Em algumas horas, acredito que possa voltar." Falei, dando de ombros "Se quiser que eu explique a situação para a Déborah..."

"Não! Nem pense nisso! Vamos fazer A Bela E A Fera, e eu sou a Bela, sempre que apresentam essa peça eu sou a Bela. Tenho uma reputação à zelar." Ela falou sorrindo e eu sorri de volta, era incrível como ela ainda era a Anna de sempre mesmo aquelas condições.

"Tudo bem então, qual o horário da peça? Vou pedir para os médicos te liberarem à tempo." Falei, apenas para deixá-la mais contente, mas sabia que não ia ser possível.

"Às cinco e meia da tarde." Ela falou.

"Tudo bem então, quando Cameron e Angie voltarem eu vou atrás do seu médico."

"Obrigada Matthew." Ela sorriu "Angie?" Ela perguntou rindo, finalmente percebendo o apelido que dei para Angelina.

"Um apelido que dei para Angel há um tempo, na festa do Kian." Falei, me lembrando daquele dia horrível.

"Aquele dia foi uma merda." Ela falou, negando com a cabeça.

"Porra..." Falei, concordando.

"Cameron estava na fase de andar com aquele irmão idiota do Samuel, Nate, e estava... meio drogado." Ela admitiu "Estou feliz que eles se afastaram, agora vejo como aquela amizade não fazia bem para o Cameron."

"Legal que você se apaixonou por ele no seu pior momento." Falei sorrindo, e ela sorriu olhando para o chão.

"Verdade, mas agora estou vendo quem ele realmente é e, meu Deus, me apaixono por ele a cada dia mais." Ela sorriu "Mas me fale sobre você e a Angel, está pensando em pedir ela em namoro ou isso já está muito na cara para ser formalmente oficializado?"

"Não estamos namorando, estamos juntos." Eu falei "Só estaremos namorando quando ela aceitar."

"Você já pediu?"

"Ainda não."

"Como quer que ela aceite então?"

"Não quero que ela aceite agora, tenho algo em mente, no aniversário dela." Contei.

"Não, no aniversário dela não, nós vamos fazer uma festa pra ela!" Contou.

"Anna, você vai precisar me ajudar." Falei "Tem como fazer a festa no domingo à noite?" Perguntei.

"Se fizermos no domingo, ninguém vai poder beber. E todo mundo só vai em festas pra beber até cair." Ela falou.

"Merda." Exclamei "Tudo bem, vamos fazer assim, você precisa conversar com o Cameron e pedir pra ele convencer os pais  dele a deixarem ela faltar na sexta para que eu possa levar ela para onde eu quero levar e, no sábado à noite, na hora da festa, levo ela pra casa e todo mundo fica feliz." Falei.

"Boa ideia. Mas eu só vou concordar quando você me disser para onde vocês vão." Ela sorriu.

"Deixa ela te contar depois que voltarmos, pode ser?" Perguntei e ela continuou sorrindo em resposta.

"Tudo bem." Falou.

"ANNIE!" Ouvi uma voz feminina gritar.

"LIZIE!" Ouvi uma voz masculina, dessa vez.

Ajudei Anna a levantar e puxei o suporte do seu soro de volta para a maca e, assim que ela apareceu, sua mãe veio abraçá-la, e ela pareceu, novamente, bem desconfortável. Ela estremeceu quando seu pai a abraçou, e ele percebeu isso, ela ficou apreensiva, apertou os olhos bem forte e ele a soltou imediatamente, recendo um olhar de reprovação de sua mãe, que era idêntica à filha. Anna se deitou novamente na cama e eu posicionei o soro novamente ao seu lado, esperando o momento constrangedor passar para que qualquer um de nós pudesse dizer alguma coisa, mas apenas ficou pior, pois a mãe de Anna começou a chorar compulsivamente ao olhar nos olhos da filha, que pareciam assustados e apreensivos depois do abraço do pai, e ela estava verde novamente.

"Acalme-se, Layla." O pai dela falou, passando a mão nas costas da esposa que estava apoiada em seu ombro. Anna me olhou confusa, perguntando silenciosamente o que estava acontecendo.

"Vocês querem que eu saia?" Perguntei, mas me arrependimento logo em seguida, eu tinha o mundo de coisas pra dizer, e disse a pior. Odeio não saber o que falar.

Quando não sei o que dizer para Angelina, apenas beija-la sempre foi a resposta, às vezes dava errado, todas as vezes, na verdade, mas o momento depois de ter beijado ela nunca foi tão ruim quanto aquele momento no quarto de hospital, fiquei desejando que alguém entrasse ali e salvasse a minha vida, e, pra variar, Angelina apareceu na porta, correu para dentro do quarto preocupada segurando dois copos de café para viagem e me entregou um, logo correndo para consolar a mãe de Anna, Cameron apareceu logo em seguida, também consolando a sogra que chorava sem parar. Anna ficou ali, me encarando, sem entender porque sua mãe chorava tanto, afinal, na cabeça dela, nada tinha acontecido, e eu já estava começando a duvidar se mentir pra ela realmente tinha sido uma boa ideia.

"Senhora Jensen, está tudo bem. Anna está bem. Vai voltar para casa em algumas horas." Angie falou, encostando nas costas da sogra de seu irmão "Ela está bem, os médicos disseram que está tudo bem com ela, não precisa se preocupar."

"Não preciso me preocupar?! E se ela pegar alguma doença ou..." Ela começou, e seu marido a beliscou, aparentemente eles já sabiam da mentira "O que foi, Anthony? Você deve estar louco se vai continuar com isso..." Ela falou, se afastando do marido, que engoliu em seco e colocou a mão no bolso da calça caqui.

"Mãe, se acalme. Acho que não existem muitas doenças que podem ser causadas por bebidas... no máximo terei alguns problemas de fígado, mas acho muito difícil, e prometo que vou parar de beber a partir de agora." Anna tentou acalmar a mãe, e acabou acalmando todos nós. Ela não tinha nem desconfiado da verdade ainda.

"Princesa, me desculpe, mas eu prefiro te esperar em casa, se não tiver problema pra você." A mãe dela falou, apoiando a mão em sua maca e Anna negou com a cabeça.

"Não, não tem problema. Cameron pode dormir aqui comigo." 

"Senhor Espinosa! O que é isso?!" O médico falou, entrando no quarto "O senhor sabe que horas são? Nosso horário de visitas acabou há horas, havia permitido apenas a sua entrada com a outra senhorita enquanto os pais não chegavam! Não posso permitir tanta gente aqui." Ele falou, irritado "Desculpe, mas, agora, apenas o acompanhante vai poder ficar. Quem vai ser?" O médico perguntou, cruzando os braços.

"Deixe o Cameron, Anthony." Layla falou, pressionando o marido, que, à contra-gosto, fez que sim com a cabeça.

"Eu vou ficar." Cameron se pronunciou, caminhando em direção ao médico.

"Seu nome."

"Cameron Alexander Dallas."

"Idade."

"21."

"Não achei esse '21' muito convincente, porém, como ela só vai ficar uma noite, vou deixar passar." O médico falou "Ela vai poder ir embora ao meio dia amanhã." O médico falou e se retirou.

Angelina deu um abraço em Cameron, eu simplesmente me despedi de Anna e Cameron com um aceno, o pai de Anna, tentou novamente abraçá-la, mas logo a soltou, vendo que aquilo não tinha sido uma boa ideia, já que ela não abraçou de volta e tinha ficado muito apreensiva, com os músculos contraídos e ofegante, ele se afastou frustrado e andou para o corredor ao lado da esposa, que já tinha se despedido da filha. Caminhamos em silêncio pelo corredor deserto e, quando chegamos na sala de espera, vimos que todos continuavam lá, Melissa dormia no colo de Shawn, Jacob estava ao lado da maquina de café, enchendo seu copinho à todo momento e bebendo cada vez mais, e Bea continuava a deixar lágrimas caírem pelo seu rosto.

Nos aproximamos e Bea saiu com Jacob, que já estava com todas as unhas roídas e curtas, e ela me olhou com os olhos vazios, a mãe de Anna parou entre nós e colocou o dedo na cara dela, e eu já sabia o que estava por vir.

"Isso é culpa sua! Ela gritou, e eu percebi que Jacob e Angelina se alarmaram "Se tivesse ficado com os olhos nela, como prometeu, nada disso estaria acontecendo! Aquele imundo nunca teria posto as mãos na minha filha, onde você estava nesse momento?!" Ela gritou, acordando Melissa, que se levantou na hora e cruzou os braços.

"Senhora Jensen, me desculpe! Houve um blackout, as luzes apagaram por um bom tempo e, quando voltaram, pensei que Anna estivesse no meio da multidão, porem, quando fui procurá-la, ela não estava em lugar nenhum, aí eu me desesperei." Bea começou a se explicar, mas Melissa interrompeu.

"Acha que sua filha tem seis anos de idade? Senhora Jansen, com todo o respeito, Anna já está velha demais para ter babás. Culpe o Luh, não Bea." Melissa falou, parando ao lado da garota baixinha que ainda chorava.

"Parece que vocês não viram o vestido que ela usava, o que estavam pensando? Por que não convenceram ela à comprar um vestido? Ela estava chamando muita atenção, era óbvio que algo desse tipo ia acontecer!" Layla continuou gritando.

"Espera, como é?" Melissa começou, mas não falou nada.

"Você é louca?" Angelina gritou, se envolvendo "Anna tem o direito de usar o que quiser usar, ele que não tinha o direito de droga-la e depois abusar dela! Você não deveria estar brigando com a Bea, mas com o Derek." Continuou.

"Ah, lógico. Eu gritarei, e muito, mas eu quero que saibam que eu avisei que isso ia acontecer e vocês me asseguraram de que ficariam de olho nela. Olhe só onde nós estamos." Layla sorriu triste e deu alguns passos em direção à saída do hospital, mas se virou e completou "E eu vou prestar queixa, não vou permitir que mintam para a minha filha desse jeito."

"Espera, não!" Falei, correndo e segurando o braço dela "Senhora Jensen, isso é uma má ideia, Anna não se lembra de nada dessa noite, pra quê fazer isso com ela? Ela não se lembrando dos detalhes vai ser melhor pro psicológico dela." Alertei, e ela fez com que eu a soltasse.

"Não acredito que está me dizendo isso! Além de mentir para a Anna Elizabeth ainda quer deixar o garoto que que a estourou à solta?! Você está louco se acha que vou concordar com isso!" Ela gritava.

"Ela vai precisar contar o que aconteceu, e ela não se lembra, vai ser melhor para ela se a senhora não a forçar à recuperar essas memórias infelizes." Expliquei.

"Ela iria querer prender esse maldito, pode acreditar." Ela falou assentindo com a cabeça.

"Layla, ele está certo." O pai de Anna confirmou.

"Isso é ridículo." Ela falou, chorando e enfiando os dedos no cabelo.

"Anna não vai conseguir aguentar essas memórias, você sabe disso, Lizzie não é tão forte assim, ela não aguentaria." O pai de Anna falou, abraçando a esposa "Vamos fazer isso por ela, para ajudá-la."

"E não temos provas de que foi ele." Melissa falou, chegando perto "A escola não tem câmeras no ginásio, nem no estacionamento, e eu não acho que Derek foi idiota o suficiente para passar pelo corredor principal." Ela falou

Senhora Jensen apenas negou com a cabeça, ainda cheia de tristeza, e andou para fora do hospital, em direção ao seu carro. Todos ainda estavam ali, vestindo suas roupas chiques que estavam usando no baile, porem, o clima era outro, eles não estavam mais se divertindo, não estavam mais felizes como estavam algumas horas atrás, tão irônico, vestidos para festa em um lugar tão melancólico, em uma situação tão ruim. Respirei fundo e entrelacei meus dedos nos dedos de Angelina, ela abraçou meu braço com a outra mão, sem soltar os meus dedos, e caminhamos para fora do hospital, juntos, sentindo o calor um do outro enquanto cortávamos o ar frio da noite. Ótimo jeito de começar o relacionamento.

POV Madison

10:45, domingo, 19 de março de 2016

O garoto alto de cabelos longos e olhos verdes me encarava enquanto Dakota ia buscar o que eu havia pedido, ele estava fazendo isso desde que eu cheguei aqui, me olhando, vigiando cada movimento que eu fazia, e, claramente, me julgando. Ele me olhava com cara de mau, como se não suportasse a minha presença ali, mas ele não parecia ser o tipo de pessoa que gosta da presença dos outros, digo no geral, ele não parecia ser o tipo que gosta de... seres vivos. Ele estava com os braços cruzados, com o ombro encostado no batente da porta e usando apenas uma caça de moletom cinza escura, nem mesmo sapatos usava, deixando a mostra o seu corpo musculoso e tatuado, não queria nem saber o que eu tinha interrompido quando bati na porta.

"O quê você é? O cão de guarda? Pare de ficar me encarando, seu louco!" Falei, o mais arrogante que consegui.

"Não confio em você. Não confiaria em ninguém que pedisse para Dakota escrever um texto incriminando uma garota por um suicídio." Ele acusou.

"Harry!" Ouvi uma voz feminina vindo de dentro da casa "Desculpe pelos modos dele..."

"Dakota, por favor! Essa garota pediu para você revirar uma história de meses atrás, te deu um problema enorme com os pais desse garoto, e ainda pediu pra reescrever incriminando a garota que ajudou ele!" O garoto, que aparentemente se chamava Harry, protestou "Quem sabe o que ela vai fazer com isso?"

"Eu sou realmente obrigada à ouvir esse troglodita me criticando?" Perguntei, fazendo minha melhor cara de ofendida.

"Harry, o que ela vai fazer com isso não é problema nosso!" Dakota brigou e me entregou o grande envelope com cor de sujeira "Me desculpe por isso, Madison."

"Sem problemas..." Falei, abrindo o envelope para puxar um pedaço da folha "Muito obrigada." Falei, revirando a minha bolsa atrás do pagamento dela.

"Obrigada." Ela falou, pegando o gordo envelope branco na minha mão, e logo fechou a porta, olhando para Harry com raiva.

Fechei minha bolsa e caminhei em direção ao meu carro, que estava chamando a atenção de todos os habitantes naquela cidade tão pequena que poderia me dar claustrofobia. Peguei meu celular no banco do passageiro e já vi de cara as sete chamadas perdidas de Nash. Desesperado. Qual o problema dele? Arrastei o dedo pelo ecrã para retornar as ligações e conectei com o carro via bluetooth, para poder falar com ele enquanto dirijo.

"Alô? Madison?" Ouvi a voz de Nash depois de três toques.

"Meu Deus você estava lambendo a tela do celular esperando eu te retornar? Arranje algo pra fazer da vida, Hamilton." Provoquei, buzinando para um motorista idiota que me cortou "FILHO DA PUTA!"

"Porte de armas nesse estado é legalizado, eu não xingaria pessoas no trânsito se fosse você." Ele falou, se divertindo pela minha irritação.

"Meu Deus eu odiei essa cidade minúscula e cheia de gente nojentinha, só um lugar assim poderia ter feito uma coisa como Angelina, pelo amor de Deus." Reclamou "Todos ficaram olhando para o meu carro, pensei que iriam rouba-lo. Ninguém aqui nunca viu a merda de uma BMW?" Perguntei, me gabando, e ele riu.

"Não me lembro de Los Angeles ser assim quando fui." Ele comentou.

"Eu não te avisei? Perdão, estou em Chino Hills." Falei, com naturalidade, ultrapassando um sinal vermelho que estava prestes a cair.

"Madison, que porra está fazendo aí?" Ele perguntou, exaltado "Quantas coisas mais você vai fazer sem me avisar?"

"O que você quer dizer com isso?" Perguntei, batendo com força a mão na buzina.

"Anna. Anna e Derek. Matthew me ligou transbordando raiva, Derek abusou de Anna no estacionamento da escola e ele acha que eu tenho alguma coisa a ver com isso." Explicou, e eu pisei com força no freio, não acreditando no que eu estava ouvindo.

"O quê?! Você é louco de fazer uma coisa dessas, Nash?! Era só um beijo! Como você é capaz de..." Comecei a gritar, acelerando o carro de novo.

"Eu não tenho nada a ver com isso! Ok? Nada!" Ele gritou de volta "Você fez isso! Você mandou Derek fazer isso com ela!" Ele acusou.

"Você está louco... completamente louco..." Falei um pouco mais baixo.

"Não pode fazer isso. Está mexendo com a vida de gente que não deveria, pode colocar o Derek na cadeia, Anna pode ter problemas psicológicos sérios, você não sabe o que pode acontecer com ela!" Ele gritou.

"Nash, você realmente acha que eu faria isso com outra garota?! Você está delirando?! Quem se importa com Derek, imagine como vai ser a vida da Anna Elizabeth a partir de agora, como você faz isso?! Pagamos ele para dar um beijo! Um beijo! E você vai lá e faz isso." Falei quase chorando de raiva.

"O que você acha que eu fiz?! Ham? Que disse para Derek que os planos mudaram e que agora iriamos abusar dela? Por que eu faria isso?!" Perguntou aos berros.

"Eu não sei! Mas eu tenho certeza que fez, e que inclusive deu mais dinheiro para ele fazer isso, seu escroto!" Acusei gritando.

"Você é louca... eu não fiz nada."

"De qualquer forma, onde você estava quando aconteceu? Hein? Você deveria focar por perto e tirar uma foto quando ele fosse beijar ela, assim nós mostrávamos para o Cameron é isso atingiria Angelina, em nenhum momento eu disse que..."

"Você consegue se ouvir? Está interferindo no relacionamento alheio só para deixar Angelina chateada, é óbvio que você planejou tudo e nem sequer me contou!"

"Nash, você está delirando." Falei, estacionando o carro.

"Ah, estou? Não foi você que disse que faria qualquer coisa só para deixá-la mal? Não foi você que disse que não importa quantas pessoas vamos envolver nisso? Não é você que..." Ele começou.

"Nash, cala a sua boca e me escuta. Eu odeio essa garota como nunca odiei ninguém na minha vida, eu estou sendo obrigada a competir com ela para ter o que é meu por direito, Matthew acabou com tudo que tínhamos por causa dela, mas eu nunca, nunca faria nada nesse nível, nem com ela, nem com Anna, nem com ninguém. Não existe coisa pior no mundo do que ser estuprada, Nash, você acha mesmo que isso foi ideia minha? Que foi coisa minha? Isso foi, obviamente, coisa da mente doentia daquele Derek, eu ainda falei que não poderíamos confiar nele, e você nem se importou." Explodi, sentindo algumas lágrimas descendo pelo meu rosto.

"Mad eu..." Ele começou "Você está certa, desculpe ter pensando que você poderia ter algum envolvimento que não fosse o que já tínhamos combinado. Mas agora, o mais importante, o que vamos fazer com o desgraçado do Derek? Porque, quando Anna se lembrar de tudo e denunciar o bastardo, ele vai abrir a boca e vai sobrar para nós dois." Ele apontou.

"Você vai dar um jeito nisso. Você e Matthew. Você sempre consegue fazer a cabeça dele, o convença a ir atrás do maldito e dar um fim nisso." Ordenei.

"Tudo bem... o que está fazendo em Chino Hills, afinal?" Perguntou, desistindo do assunto de Anna.

"Sobre isso... estou pegando uma encomenda com minha amiga Dakota." Falei, curvando para a estrada, precisava sair daquele buraco.

"Dakota? O que pegou com ela?"

"Uma manchete, sobre nossa garota e os irmãos que ela matou a sangue frio e saiu inocente apenas por ter chorado um pouco perto da polícia." Contei ainda abalada, limpando algumas lágrimas que continuaram rolando, mencionando a história alterada.

"Madison, o que você fez?"

"Saquei um dinheiro e paguei a Dakota para escrever uma matéria diferente, deixando claro algumas coisas que tirei da minha própria imaginação." 

"E qual o seu plano para isso?" Ele perguntou.

"Meu pai tem alguns contatos no jornal."

"Espero que não esteja pensando em publicar uma noticia falsa em algum jornal de Atlanta, Madison, isso é absurdo." Ele gritou.

"Nash, volte para a Terra! Vou falar que minha professora de gramática passou um trabalho sobre manchetes e pediu para cada grupo fazer um jornal, vou dizer que a notícia é completamente fictícia, e o fato de que eu coloquei a data que saiu o original ajudou um pouco." Ouvi ele suspirar alto "Nash vou entrar na estrada, ligo para você depois."

Desliguei o celular e liguei o som bem alto enquanto via a pequena Chino Hills se afastar pelo retrovisor.

POV Angelina

17:55, domingo, 19 de março de 2016

O teatro de Anna havia começado bem. A hora e todos estávamos ali, ocupando uma fila inteira esperando e rezando para que ela reagisse bem às cenas. A história do príncipe tinha acabado de passar e eu tinha ficado admirada com a beleza da garota que estava fazendo a feiticeira, Matthew disse que ela se chamava Stassie e que era amiga de Madison, que, a propósito, ainda estava em Los Angeles. Anna entrou, usando um belo vestido azul e com o cabelo amarrado, cantou lindamente a música e todos os outros personagens começaram a gritar "bonjour!" quando ela passava, o que, por mais que ela tentasse esconder, a assustava um pouco, o que só me deixou ainda mais preocupada.

Ela entrou para trás do palco, ainda cantando e dançando, e apareceu o ator que faria Gaston, um menino alto e musculoso, com longos cabelos negros como a noite e olhos brilhantes, ele conversava com Lefou, que era interpretado por um garoto baixinho e rechonchudo de cabelos loiros escuros. Os dois caminhavam pela "aldeia" e Anna entrou novamente, todos já tinham parado de cantar e Gaston foi para cima de Bella, propor casamento novamente. Ela recusou, e ele segurou seu braço, a puxando para seus braços, nesse momento eu me alarmei, assim como Anna, que já parecia que iria surtar a qualquer momento. Olhei para Bea, que também não tinha levantado por impulso graças a Jacob, Matthew segurou meu braço e se aproximou de mim.

"Se acalme, ela vai conseguir." Ele sussurrou.

Não demorou muito para ela começar a se debater e tentar se soltar do garoto, que parecia incrivelmente confuso, já que não estava planejando que a Bella iria ter um ataque quando agarrada por Gaston, muito menos que, ao perceber que não iria conseguir se libertar, daria uma joelhada em sua parte intima e começasse a gritar e chorar em desespero. Ela enfiou os dedos no cabelos e respirava pesadamente enquanto o garoto se contorcia de dor no chão, pessoas de preto com microfones começaram a entrar no palco, e essa foi nossa deixa. Toda a fileira se levantou e nós corremos em direção ao palco, subimos pelo backstage e adentramos rapidamente, afastando todos de Anna.

"Afastem-se, deixem ela respirar!" Matthew gritou, afastando quem tentava chegar perto de Anna com Jacob e Shawn.

Bea, Melissa, Cameron e eu estávamos tentando acalma-la, tomando todo o cuidado para não toca-la, enquanto ela gritava sentada no chão, chorando muito. Ela parecia muito confusa, não sabia o que estava acontecendo, sua mente estava fazendo isso com ela, a protegendo de todo toque mesmo que ela não se lembrasse, como um mecanismo de defesa. Ela continuava respirando pesado, e percebi que ela estava tentando falar algo.

"Eu... eu vou..." Ela começou, soluçando, e nós já sabíamos o que iria acontecer.

"Alguém precisa levar ela para um banheiro." Melissa exclamou, desesperada.

"Chamem uma ambulância para essa garota!" Deborah gritou, chegando perto de nós "Levem ela daqui! Precisam fazer algo!"

"Não podemos encostar nela, só vai piorar." Bea tentou explicar, mas lágrimas começaram a sair de seus olhos.

"Não, não podemos deixar ela aqui na frente de todos!" Cameron gritou e pegou Anna no colo, o que obviamente só piorou a situação.

Ele correu com ela nos braços, se debatendo muito, e nós tentamos acompanhar seus passos, mas ele sumiu nas curvas do corredor. Seguimos para o estacionamento, esperando que ele estivesse lá, e o encontramos na escada, com Anna, segurando seu cabelo pra cima, mesmo que já estivesse preso para trás, havia uma poça de vomito na frente dela que continuava aumentando e escorrendo pelos degraus enquanto ela continuava vomitando muito.

"Como ela está?" Bea perguntou, sendo abraçada por Jacob.

"Como você acha que ela está?" Ele respondeu, e Anna voltou a vomitar.

"Se tivesse deixado ela lá..." Comecei.

"Se tivesse deixado ela lá estaríamos expondo demais ela! Ela iria ficar furiosa, e você sabe disso. Duvido que ela queira voltar para a escola depois disso." Ele respondeu, irritado.

Nos entreolharmos e Anna parou de vomitar para nos olhar, ela respirava pesadamente e sua roupa estava suja, meu coração se partiu e senti uma lágrima vazia descer pelo meu rosto, me apressei para limpa-la e funguei. Me aconcheguei nos braços de Matthew e ele encaixou a cabeça na minha, dizendo silenciosamente que estaria ali por mim para tudo o que eu precisasse. Mesmo que estivéssemos juntos há pouco tempo, eu sentia que ele sempre estaria ali por mim, afinal, começamos a namorar muito tarde, já nos amávamos há algum tempo, só não sabíamos, era algo natural procurar abrigo nele, na pessoa que eu era apaixonada, mesmo que ele nunca tivesse mostrado que merecia.


Notas Finais


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