História Bless Yourself - Can come together

Harry pov.

Casamentos.

Festa comemorativa onde se celebra a união entre duas pessoas que se amam e querem passar o resto de suas vidas juntas, tendo como ministro algum líder religioso ou alguma pessoa de importância para o casal ou até mesmo um juiz de paz para oficializar, sem contar os convidados que presenciam esse momento como testemunhas do amor compartilhado ali.

Em toda a minha vida, eu nunca havia presenciado a união de duas pessoas, seja no mundo bruxo ou trouxa. Meus tios não eram muito do tipo que me carregariam para um evento tão chique quanto um casamento e, desde o momento que eu havia conhecido o mundo bruxo, eu não havia me tornado íntimo o suficiente de pessoas que tinham idade para se casar, então eu não fazia ideia de como acontecia, como era, como funcionava nem nada do tipo.

Eu só sabia a roupa que tinha que usar porque Sirius desenhou para mim um elegante terno preto com detalhes em cinza e azul e me disse que eu devia me portar da mesma forma que me comportei no baile, com postura e elegância de um evento bruxo importante, afinal, as figuras mais próximos dos meus pais estavam se casando, eu devia me portar como o “filho” dos noivos por uma linda e longa noite.

Pelo o que eu sabia, era uma cerimônia muito triste, porque Hermione estava me contando sobre o tanto que chorou no casamento de sua prima trouxa, o que me fez pensar que devia ser algo muito desesperador e me fez armazenar uma quantidade absurda de lenços no bolso interno do meu paletó, afinal, não é nada másculo chorar na frente dos meus amigos e namorado.

Já Draco parecia não dar a mínima, dizendo que era até entediante aquele tanto de rituais, comentando que apenas se emocionava em casamentos quando os votos eram ditos enquanto a luz do ritual se tornava vermelha, o que indicava o verdadeiro amor entre aqueles que se unem, e bom, eu havia visto algumas fotos do casamento dos meus pais, me sentindo muito satisfeito em perceber que aquele brilho vermelho era da veracidade e intensidade dos seus sentimentos.

Eu queria tirar minhas próprias conclusões pois meus padrinhos estavam tão empolgados com tudo que eu estava morrendo de ansiedade com o acréscimo da curiosidade com um evento que eu nunca havia presenciado.

Então, como o bom afilhado dos noivos e, aparentemente padrinho ou porta alianças, eu tomei a liderança da organização da festa, tentando deixar tudo o mais belo possível, tendo como companhia o meu adorado namorado que além de ser um cara insuportável para organização, era perfeccionista.

Se você me perguntasse a uns meses atrás como seria a minha vida, eu juro que nunca ia passar pela minha cabeça de responder que estava tudo bem, Draco sendo meu namorado e me ajudando a organizar o casamento dos meus padrinhos, um lobisomem e um ex prisioneiro de Azkaban.

É meus amigos, aí que entra a frase que Rony estava usando repetidamente desde o momento que ouviu de um lufano na aula de herbologia:

"O mundo não gira, ele capota"

Porque, em primeiro lugar, eu nunca imaginei que eu tivesse padrinhos. Em segundo lugar, eu nunca imaginei que eu fosse ter um namorado e, em último, mas não menos importante, esse namorado fosse competidor junto comigo de um torneio mortal.

E que fosse sonserino.

E fosse Draco Malfoy.

Quero dizer, quem diria, né? Família que me ama, amigos, o cara que eu era apaixonado como namorado e um torneio mortal do qual eu não podia escapar.

Toda a alegria que eu sentia ia aos poucos sendo tomada por uma sombra do torneio tribruxo, como uma onda que estivesse apenas aguardando para me afogar.

Literalmente.

Eu nunca fui do tipo pessimista, mas enquanto me vestia para o casamento, minha mente girava em várias paranoias.

E se aquele fosse o último evento bruxo que eu fosse presenciar?

— Você está pensando em alguma coisa ruim. — Draco me assusta ao dizer de repente, aparecendo ao meu lado com a minha gravata.

— Como você... — Começo a dizer, vendo ele revirar os olhos e passar o tecido em volta do meu pescoço.

— Eu não te conheci ontem. Te conheço a uns bons anos. — Ele diz com a voz soando baixa, revirando os olhos com um pouco de deboche.

— Na grande realidade, você só passou a me conhecer esse ano. — Digo com um sorriso, vendo ele rir baixinho e negar com a cabeça.

— Harry, eu sabia sobre você antes de você mesmo descobrir quem você era. Sua história é uma lenda. Quando você veio para hogwarts, eu vigiava você. Queria aprender sobre você. Ser como você. Então é claro que eu conseguia identificar quando você ouviu alguma coisa que não gostava, quando algo te fazia rir de verdade, quando algo te chateava. Você é muito mais expressivo do que pensa. — Ele diz de forma calma e, de certa forma, aquilo me acalmou.

Eu sabia que Draco era muito observador, costumava ser algo que me impressionava bastante porque é claro que ele sabia muitas coisas sobre mim que nem eu sabia, então era reconfortante ver o quanto ele se preocupava comigo.

Ser foco dos sentimentos do loiro me enchia com uma sensação tão pura de felicidade que eu costumava não me segurar e ser espontâneo, como quando aquelas palavras saíram da minha boca.

Um silêncio caiu sobre nós dois, o rosto de Draco se tornando quase tão vermelho quanto o meu e seus olhos começando a brilhar com intensidade.

— Você o que? — Ele questiona, uma sombra de dúvida pairando sobre seu rosto, como se ele realmente não tivesse ouvido direito.

— Eu... eu... — Começo a dizer, sentindo minha voz sumir dentro de mim, o sorriso de Draco aumentando de forma bonita.

— Harry, você pode repetir pra mim? — Ele pergunta, me olhando com tanta devoção que eu senti meu rosto pegar fogo, negando com a cabeça e colocando ambas as mãos no rosto, sentindo os braços dele me envolver.

— Eu também amo você. — Ele diz com a voz muito baixa, soando próxima ao meu ouvido, o que não diminuiu a temperatura do meu rosto.

— Não sei do que você está falando. — Digo de forma abafada, sentindo o corpo dele tremer enquanto ele ria.

— Vou contar para os nossos filhos que foi você quem disse eu te amo primeiro. — Ele diz de forma feliz, me apertando em seus braços.

Era muito bom estar naquele carinho, ter Draco me envolvendo não sendo melhor do que ele me olhando nos olhos, aquele brilho bonito nas esferas azuis.

Sorrindo com os olhos.

Ele estava literalmente sorrindo com os olhos.

Tento me recompor, pousando minhas mãos nos ombros do meu querido namorado e o encarando, tentando achar minha coragem Grifinoria dentro de mim e respirando fundo.

Eu matei um dragão, eu consigo dizer que o amo enquanto olho nos olhos dele.

— Eu amo você. — Digo de forma corajosa apesar de saber que minha voz havia tremido e tinha soado muito baixo, mas o sorriso nos lábios de Draco me fez perceber que ele havia entendido.

E havia entendido muito bem, porque a empolgação que ele usou para me beijar foi quase surreal, ele me prendendo entre seus braços e selando meus lábios com tanto afinco que eu perdi o ar quase que imediatamente.

Eu só não me deixei levar pelo contato porque eu era muito responsável e tinha uma festa para cuidar, mas, para quem me conhece bem, pode traduzir essa frase para "Hermione entrou no quarto e falou que a gente estava se atrasando".

É, minha querida melhor amiga estragou nossa bolha romântica pós eu te amo.

Tudo bem, não guardo rancor.

Mas é, eu queria levar ela para dar umas voltas no céu.

Mas ela estava certa, eu tinha um casamento para enfrentar.

A pequena capela em Hogsmead estava organizada, o jardim aberto sendo coberto por vários feitiços de proteção para que a neve não nos atingisse e o chão tendo uma decoração que enchia meu peito com uma emoção muito grande.

Uma grama verde brilhante, tão brilhante quanto os meus olhos, coberto de lírios brancos em uma espécie de caminho que guiaria os noivos até o altar com pétalas no centro, deixando tudo muito delicado.

As flores que minha mãe carregou em seu nome desde o nascimento e que ficou conhecido por ela ter sido uma grande bruxa eram a maior decoração da festa, uma forma inocente de tentar reaproximar a memória da pessoa que mais torceu por aquele casal.

Eu estava emocionado e o casamento nem havia começado.

Consigo acertar os detalhes finais, preparando a banda a tempo de receber o sinal de Rony, o que indicava que os noivos estavam prontos.

Dou um ok para os músicos, ouvindo a melodia suave começar a ecoar, a cortina de flores sendo aberta e de dentro mostrando Remus, que ostentava um terno cinza grafite e uma rosa vermelha presa no bolso, parecendo radiante e caminhando com orgulho até o altar, seus cabelos loiros jogados para trás em um penteado bonito e confiante.

Logo em seguida veio Sirius, que estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo e usava um terno branco perolado, que com o único diferencial era o lírio vermelho em sua mão, um sorriso brilhante em seu rosto que apenas aumentava ao ver Remus no altar, andando de forma contida, como se sua real vontade fosse correr, mas seu corpo estivesse o limitando a aproveitar o momento, afinal, ele esperou 12 anos por aquele momento.

Eu nunca presenciei um amor tão puro quanto o deles, e ver isso se tornar concreto estava me deixando muito emocionado, o suficiente para convocar meu patrono quando eles foram trocar as alianças, fazendo o animal caminhar calmamente ao meu lado enquanto eu tinha os bonitos aros dourados na minha palma.

Eu queria que esse dia fosse perfeito.

E eu sabia, bem no fundo da minha essência, que meus pais estavam tão orgulhosos quanto eu, vendo seus melhores amigos fazerem valer o amor que cultivaram por anos, oficializando aquilo que a muito tempo os prendia.

O amor.

Sirius chorava de forma baixa e silenciosa, sua mão recebendo a aliança dourada enquanto Remus prometia o amar e cuidar de si em qualquer situação, logo Sirius fazendo o mesmo, acrescentando de forma natural que morderia qualquer um que tentasse pegar seu marido de si, fazendo todos os poucos convidados sorrirem com algo tão Padfoot de se ver.

Então começaram os rituais.

Um feitiço feito pelo homem que estava no comando da cerimônia, abençoando a união dos dois e outro para a firmar, em seguida, um feitiço dos convidados para diminuir as luzes do ambiente para o feitiço final, feito pelos noivos.

Quem começou foi Remus, que apontou a varinha para o próprio peito e sorriu de modo confiante, entrelaçando seus dedos aos de Sirius e fechando os olhos.

— Nem a dor, nem a aflição; nem as leis dos homens e muito menos as leis dos deuses. Nem a doença e muito menos a morte serão o suficiente para me impedir de amar você e passar o resto da minha vida com você. O que não te mata te torna mais forte, e nada poderia ter sido mais doloroso para mim do que a minha condição de licantrope, ter perdido minha família para o preconceito. Você foi a luz da minha vida, junto de Prongs e Lily, mas então eu os perdi. Todos vocês, de uma só vez. Eu sabia que precisava ter fé, então eu tive fé no nosso amor, e foi isso que me salvou. Então quando eu digo que não existem forças nesse mundo capaz de nos separar, eu digo sério, porque eu moverei os oceanos para estar com você, abrirei o mundo como um ovo desde que isso me permita estar com você. Hoje, na frente dos nossos amigos, na frente do nosso querido afilhado, eu te prometo que nada será o suficiente para me afastar de você. — Moony diz, a varinha apontada para o seu peito liberando um fio vermelho sangue por todo o ambiente e envolvendo ele e Sirius naquela corrente.

— A lua costumava ser algo que eu admirava, até eu perceber que sua luz amaldiçoava a pessoa mais pura desse mundo, então nesse dia eu fiz uma promessa. Eu nunca ia deixar você passar por aquilo sozinho. Então as circunstancias foram me mostrando que não se pode mudar o mundo apenas com amor, que era preciso trabalho duro. Provar minha inocência foi difícil, mas aqui estou eu, um homem livre, digno de seu amor, digno de lutar pela sua felicidade, digno de ter você e poder ter a nossa família junto com Harry. Eu acreditava que era impossível ser feliz depois da morte da minha pessoa, dos meus irmãos, dos meus pais, da mãe do meu afilhado, mas aqui estou eu, amando a mesma pessoa por toda uma vida e desejando amar pelo resto dela sem conseguir achar o suficiente, porque nenhum espaço de tempo para mim seria o suficiente para amar você, o que me faz pensar que devíamos começar com o agora. Prometo te amar todos os dias como se fosse o primeiro e o ultimo na mesma intensidade, porque você é a pessoa que salvou a escuridão de dentro de mim e me fez ver que, mesmo tendo a luz amaldiçoada da lua, você ainda aprecia a noite estrelada, porque são nas estrelas que você me vê. Então eu prometo que vamos sempre apreciar a noite, pois foram sob as estrelas e a lua que nós nos amamos por 12 anos, e será abaixo delas que irei continuar te amando. — Sirius diz tudo parecendo engasgado, olhando para as mãos de Remus com adoração, tendo seu rosto erguido para se olharem nos olhos, a forte luz vermelha inundando toda a capela e cegando os convidados.

Quando a luz do feitiço acabou, todos aplaudiram enquanto os noivos se beijavam com empolgação e amor, uns chorando e outros acalmando os que choravam, ou seja, eu chorando emocionado e Draco me abraçando e deixando beijos carinhosos em meu ombro para me acalmar apesar de eu ter visto ele limpar um canto dos olhos.

Bom, agora meus padrinhos eram casados, eu tinha motivos para me tornar uma bolha emotiva.

Eu não pude presenciar o casamento dos meus pais porque não era nascido e nem nenhum outro casamento, afinal, as pessoas não saem convidado entranhas para uma cerimônia tão bela, mas estar ali, fazer parte daquilo... era surreal, pois deixava minhas expectativas altas sobre o amor.

Meus pais se amaram tanto que um deu a vida pelo o outro e ambos deram a sua vida por mim, meus padrinhos se amaram tanto que nem mesmo a prisão e a desconfiança foram o suficiente para abalar o amor e a confiança que um tinha pelo o outro.

E eu esperava amar tanto Draco a ponto de ele sentir que estava sendo vítima de uma comoção.

Porque eu queria que ele fosse meu último amor.

E ia fazer de tudo para que isso fosse real.