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História Blind - Long Long Way


Escrita por: Nash_the_Fox

Capítulo 15 - Long Long Way


Charles Xavier tinha certeza apenas sobre uma coisa: Que nenhum dos dias que havia ficado longe do ruivo haviam sido o bastante para diminuir o que quer que seja que ele sentia. Embora ele gostasse de Erik com o visual despojado, as camisas sociais com mangas erguidas e quem sabe até as calças amassadas – elas sempre ficavam assim quando eles visitavam o orfanato juntos –, era inegável que o magnata era dono de um charme indescritível quando usava um daqueles costumes de alta costura que o bailarino sabia que valiam mais que um ano do seu trabalho. E, embora o amasse, Charles o detestava também por aquele desejo que ele quase não conseguia controlar de ir para seus braços.

– O que você gostaria de dizer, Erik? – Charles questionou de forma direta e impaciente. Ele queria ficar o tanto de menos quanto fosse possível. Cada segundo ali era um segundo que duvidava de si mesmo. Tentava até mesmo não o encarar.

– Charles... – o ruivo murmurou seu nome querendo chamar sua atenção, ele tentou não obedecer por alguns segundos, mas acabou olhando em seus olhos. E lá estavam as mesmas rugas que sempre lhe sorriam quando ele encarava os orbes verdes. – Por que você... O que aconteceu?

– Sobre?

– Não... se faça de idiota. Você entendeu, liebling.

O bailarino suspirou fundo e deu um sorriso amarelo idiota para si mesmo por achar que se fazer de desentendido resolveria aquela situação de alguma forma. Então, disse como quem anuncia que a comida está finalmente pronta:

– Eu apenas não queria mais. É simples.

– Você apenas decidiu que...

– Sim, Erik. Eu decidi que eu não queria estar mais em um caso. Eu sinto muito se você não costuma ser dispensado e normalmente faz o contrário... e isso tudo é uma situação muito nova para você, mas embora eu seja mais novo, eu também sou um adulto e posso tomar decisões.

– E nem ao menos achou que seria uma boa ideia me avisar da sua decisão?

– Eu não vi muito sentido.

– Por que não?

– Você vivia falando em como eu deveria sair do balé e ficar com você. Que eu deveria fazer uma escolha. Eu fiz.

– Por Deus...

– Você não mandou que Logan viesse até mim outro dia? Pensei que ele te diria que...

– Eu não quis ouvir.

– Então não é minha culpa.

– Por que você é tão teimoso? Eu apenas queria que você deixasse o balé porque não vejo sentindo em você continuar se desgastando diariamente por algo que te recompensa tão pouco. Eu poderia te dar muito mais.

– Eu, EU, sou teimoso Erik Lehnsherr? Não houve uma única vez que eu fui até você para que ficássemos juntos e você não tocou no assunto. Mesmo eu falando sempre que o balé era a coisa mais importante da minha vida.

– Charles... Entenda-me, eu só não queria que...

– Esse é o problema – Charles o interrompeu enquanto fazia uma careta. – Você enxerga tudo a sua volta como se fosse uma extensão da sua vontade, Erik. Eu sinto muito te informa, mas eu, Charles Francis Xavier, sou uma pessoa diferente. – Os olhos azuis que chamaram a atenção desde o primeiro instante agora brilhavam com uma determinação quase furiosa. – Como os amigos que somos, ou éramos, não sei, eu agradeço pelas conversas que tivemos, pelos momentos que você foi comigo visitar as crianças e pelas coisas que me mostrou...

– Nós ainda podemos continuar sendo... – Antes mesmo de dizer aquilo, o ruivo sabia que seria ignorado. Àquela altura do campeonato ele já deveria saber que Charles era um completo cabeça dura quando queria ser, deu um fungado tirando o ar dos pulmões enquanto tentava lembrar qual havia sido o momento exato que ele, um homem de meia idade, havia virado um adolescente bobo e apaixonado. Mas não conseguiu decidir se tinha sido desde o primeiro beijo, ou na visita que ele tinha lhe feito e tinha corrido assustado, ou... ele simplesmente não sabia.

Uma parte dele vivia como se tivesse sempre apaixonado pelo bailarino. Mesmo quando ainda não o conhecia, mesmo sem saber sempre estivera a espera dele.

– Como amantes – Charles balançou a cabeça negando a frase que o magnata havia dito e continuou seu discurso –, eu agradeço por todos os momentos que estivemos juntos. No campo, em sua casa, ou em qualquer outro lugar. Foram poucos meses, mas foram ótimos meses. De novo, obrigado. Agora eu tenho que ir...

O Xavier fez uma pequena mesura e quase ia dando meia volta para ir embora e se pôr o mais longe possível do ruivo, mas a mão de Erik segurando seu braço o impediu. Instantaneamente, ele sentiu como se sua pele estivesse pegando fogo. A sensação o deixou desconfortável e com uma raiva tão repentina que ele reagiu sem nem pensar. Apenas deu um tapa na face do mais velho.

Pego de surpresa, o Lehnsherr o soltou e levou a mão até o rosto para a área que havia sido atingida. Ele continuou calado sem dizer coisa alguma, mas Charles disse:

– Eu sinto muito. Não foi minha intenção, mas só me deixe em paz, Erik. Por favor. Não faça eu me arrepender totalmente de ter te conhecido.

Então, ele deu as costas e andou com passos apressados. O ruivo ficou o observando durante todo o tempo. Deu um suspiro e levou os dedos até a ponte do nariz. Ele já era um homem adulto a muito tempo e deveria estar fazendo coisas mais responsáveis do que correr atrás de alguém como um idiota.

 

***

 

As semanas passavam e Charles ainda tinha aquela sensação horrível no peito que simplesmente nada melhorava. Já havia discutido pelo menos duas vezes com a irmã e nenhuma com Moira – apenas porque simplesmente a morena estava evitando entrar em qualquer tipo de conversa que fosse terminar em um visível confronto –, mas ainda assim estava muito de mau humor com ela também.

Ele podia estar sendo um maldito orgulhoso, tal como Raven tinha lhe chamado, mas, por mais que tentasse ele ainda não percebia como poderia acreditar numa realidade que ele e Erik estivessem realmente destinados a ficar juntos. Era estranho assumir isso para terceiros, mas Charles sempre acreditava que seu mundo iria ser o balé, as crianças no orfanato que ele sempre visitava e se preocupava, as amigas – que incluíam a irmã, Moira, Ororo e até mesmo Jean que só via no Café sempre mergulhada nas leituras e quase nunca tinha tempo para conversa – e no futuro, quem sabe, ele seria diretor ou produtor dos espetáculos e ficaria por ali, naquele mundo do teatro, até que viesse o dia da sua morte. Erik nunca havia estado naquela conta.

Tudo agora estava vazio e escuro e ele era a única alma viva presente no teatro. Os olhos enormes e azuis encaravam o palco vazio sentado de uma das cadeiras da plateia e ele tentava conceber como seria ver os espetáculos que já haviam passado por ali daquela posição. Mas não durou muito tempo, porque logo o pensamento que ele tentava fugir com todas as forças esses tempos, lhe voltou outra vez.

E era sempre Erik.

As vezes eram as lembranças de tudo que haviam vivido, os momentos de insistência dele mandando presentes, ou dele visitando as crianças pela primeira vez, ou ainda a primeira vez que fizeram amor. Charles tentava lembrar de como havia sido inundado por uma confusão de sentimentos naquela noite e como tudo parecia ótimo e único e perfeito... mesmo que a cada dia esquecesse um pouquinho.

Outras vezes a única coisa que lhe martelava o juízo era se havia feito a decisão certa. Se pelo balé valia a pena perder o ruivo, se estava jogando no lixo aquelas histórias – a sua história – que sempre aparecem nos livros sobre almas gêmeas, grande amor da vida e todas as outras baboseiras. Ou se tinha feito o certo porque tudo não passava de um tesão incontrolável por aquela maldita barba ruiva, o sorriso charmoso e o corpo bonito e, mais cedo ou mais tarde, tudo acabaria...

Charles procurou as horas e viu que deveria ir para casa. Mesmo que a irmã fosse cabeça-quente e nem sempre a melhor pessoa para se conversar, não era justo deixa-la preocupada. Ele procurou o cachecol e o gorro e os vestiu antes de sair porta a fora. O clima havia esfriado e alguma neve já havia caído.

O bailarino continuou com seus pensamentos longe, com os pés o guiando sem que nem percebesse. O frio o deixava com vontade de tomar chocolate quente e pensava como iria fazer algum assim que pusesse os pés em casa e se enfiaria embaixo do edredom. Mas, o reconforto naquela noite gelada nunca veio porque quando ele estava cruzando a rua, um carro apareceu e a pancada que ele sentiu foi tão forte que o deixou desacordado antes mesmo que pudesse sentir alguma dor.

 

***

 

Erik estava em casa, cansado e estressado de tudo a sua volta. Havia acabado de receber uma jovem que se chamava Angel que Azazel havia lhe incomodado, mas não havia passado nem uma hora inteira para que a garota o aborrecesse e ele lhe mandasse embora. Agora, ele esvaziava a garrafa do whisky mais caro que havia achado em seu estoque, pensado que deveria tentar fazer alguma viagem de longa data já que ficar naquela cidade vinha o enlouquecendo a cada dia.

– Sabe o que eu realmente queria? – Ele perguntou em voz alta para simplesmente ninguém. – Que aquele maldito garoto parasse de ser tão idiota.

Deu um meio sorriso debochado. Ele era tão ridículo usando aquelas palavras negativas como se adiantassem de alguma coisa quando não o conseguia tirar da cabeça. Devia ser culpa daquele maldito escritório. Deveria pôr fogo nele e esperar que as lembranças desaparecessem e parassem de o atormentar. Não, ele deveria pôr fogo na maldita casa inteira e logo em seguida compraria uma nova que não lhe lembrasse Charles em tudo.

Até na maldita cozinha.

Um dia ele foi para lá na esperança que não lhe lembrasse nada, já que tinha certeza que nunca tinham transado ali, mas não demorou dez minutos para lembrar como Charles gostava da torta de frutas vermelhas que o mordomo preparava. Então, ele também começou a odiar a cozinha.

Erik virou a garrafa outra vez no copo e só aí percebeu que ela já estava vazia. Ele fez uma careta, mas ainda assim levantou e foi em direção ao bar para escolher qual seria a próxima bebida a ser esvaziada. Achava que ainda tinha algum escocês de qualidade em algum lugar.

O ruivo continuava tentando não pensar no bailarino, mas cada vez que tentava não pensar nele, era só o que acabava fazendo. Maldita ironia. De repente, o telefone tocou e o barulho incomodo o fez atender a ligação por instinto mesmo que não quisesse conversar com ninguém.

– Alô, quem está falando? – Ele questionou ríspido. Então, ouviu as palavras do outro lado da linha e sua expressão se modificou. – Qual hospital? Eu estou indo para aí agora.

Em poucos segundos, o telefone já havia sido desligado e ele apanhava o próprio casaco. Parou por um instante para notar como suas mãos estavam tremendo e então foi apressado chamar Logan para leva-lo. Charles estava machucado e o Lehnsherr não conseguia pensar numa possibilidade que ele não ficaria bem.


Notas Finais


Oi, gente, muito obrigada pelos comentários de apoio :) Eu fico feliz em saber que vocês querem que a história continue. Me dá muito ânimo <3 Agradeço também pelos novos favs!!! Novos leitores são sempre bem vindos e podem comentar e vir interagir a qualquer tempo que eu amo tbm <3

Bem, hj o capítulo de hoje rolou todo um drama, né? O que acharam? Espero que tenham gostado!
Enfim, um monte de beijos e até o proximo! o/ ~


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