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História Blind - My heart still beats and my skin still feels


Escrita por: Nash_the_Fox

Notas do Autor


Oi, gente! Eu ando com preguiça de responder os comentários, mas quero avisar que leio todos e amo cada um deles, tá? O apoio de você é muito importante. <3
Obrigada também aos novos favoritos e aos leitores fantasmas que (não) dão as caras :)
Sei que teve gente que ficou agoniada no último capítulo, então aqui vai a continuação. Espero que gostem!

Capítulo 16 - My heart still beats and my skin still feels


Abrir os olhos foi um processo lento. A sensação que Charles tinha, naquele instante, era como se estivesse fugindo de uma dor de cabeça causada por um consumo desmedido de bebidas alcoólicas; e a cada segundo que ele sentia o corpo acordando era como uma lufada de ar e alívio. Olhou ao redor estranhando o local onde estava, até reconhecer aos poucos a estrutura de um hospital e, principalmente, o cheiro costumeiro.

Em um dos cantos do quarto havia uma poltrona na qual Erik estava deitado de maneira desengonçada e com a barba maior do que era seu costume. Tentou abrir a boca para chama-lo, mas a voz estava tão falhada que não saiu nenhum som. Charles fez uma careta e tossiu.

– Erik... – seu chamado foi fraco, mas foi o suficiente para que o ruivo acordasse. Quando viu que o magnata o fitava com olhos surpresos, perguntou – O que... aconteceu?

– Não se mova, okay? – Erik disse ignorando sua pergunta. – Eu vou chamar o seu médico. – E saiu do quarto rapidamente.

Charles piscou os olhos mais algumas vezes tentando se acostumar com a luminosidade do local ao mesmo tempo que tentava lembrar do que havia acontecido para que fosse parar ali. A última coisa que se lembrava era de estar no teatro e então decidir voltar para casa, mas não lembrava de ter chegado.... Prestou atenção nas janelas e o sol alto o fez pensar o quanto Raven deveria estar preocupada. Ele precisava voltar para casa o quanto antes. Em um impulso, ele tirou o lençol que cobria seu corpo, esticou as pernas para descer e... caiu no chão.

Por um instante, o bailarino ficou tentando entender o que havia acontecido, mas a dor latejando em seu joelho direito não tardou a aparecer. Acompanhada logo em seguida, do seu pé esquerdo. Só então ele olhou para baixo e percebeu a camada de gesso envolta da sua pele nessas áreas. Charles soltou um resmungo alto e decidiu que tentaria se erguer outra vez, mas apenas o fez para cair de novo. A dor irradiava por dentro de seu corpo e o incomodava, mas ainda assim não se comparava a frustração que aumentava a cada segundo por não poder ficar em pé. Era algo tão agoniante que ele temia pesar demais em seu peito e terminar sufocando.

Tentou se erguer mais uma vez, para cair logo em seguida.

Aaaaaargh!!! – Um grito rouco acabou saindo da sua garganta. Era o resultado da dor e da frustração. Ele encarava o chão apoiado nos braços, pensando como faria para sair daquela situação.

– Charles! – A voz de Erik o chamando fez com que erguesse os olhos. – O que você...? Eu disse para que ficasse quieto, por Deus!

– Eu não posso ficar aqui, Erik – o moreno retrucou emburrado. – Eu tenho que ir para casa. Para o teatro. O diretor não vai gostar se eu faltar ao ensaio.

– Charles... – O magnata repetiu seu nome, dessa vez baixinho como num gemido e carregado de uma entonação que ele queria mais que tudo que não fosse pena. Então, o ruivo o pegou nos braços como se fosse uma criança indefesa e o acomodou na cama outra vez.

– Senhor Xavier – o médico que até então ele não tinha notado que estava ali começou a dizer –, sua situação é delicada. Você não poderá sair dessa forma.

– Erik – o olhar do moreno foi do médico para o ruivo –, por favor, explica para ele que eu tenho que ir para casa. Eu faço parte do balé, tenho um papel importante e preciso ir dançar no espetáculo que está acontecendo essa temporada.

Charles...

Por favor, Erik.

– Charles, você não pode...

– Eu preciso, droga! O balé... Eu tenho que ir...

– Você não precisa, meu amor. – Erik se aproximou com cuidado e segurou sua mão enquanto o médico o examinava. O ruivo fez uma pausa para engolir a saliva da boca e então complementou – O substituto já está no seu lugar.

– Substituto? Para que um substituo?

– Porque já fazem quase duas semanas.

– Duas semanas? – O questionamento veio carregado de incompreensão. Ele não entendia mesmo o que magnata queria dizer com aquilo. Esperava que ele lhe esclarecesse logo, mas o ruivo apenas abaixou os olhos e mordeu os lábios como se tentasse encontrar uma resposta que fosse certa.

– Um carro o atingiu na rua, senhor Xavier – foi o médico que acabou respondendo. – O senhor sofreu duas pequenas fraturas na hora do acidente, nada muito grave, mas acabou ficando desacordado. Estávamos esperando que melhorasse desde então.

Charles ficou calada compreendendo o significado das palavras ditas. Ele baixou os olhos para o próprio corpo e fitou de novo as duas áreas engessadas que haviam feito com que ele não pudesse se erguer. O desespero inicial de sair dali havia sido tamanho que ele nem tinha percebido o que aquilo significado. Seu corpo estava machucado. Suas pernas. Seus ossos. O coração se apertou de tal jeito dentro do peito que ele não entendeu como não acabou em lágrimas.

– O meu joelho... quando ele vai ficar bom? Eu preciso avisar ao meu diretor sobre quando eu estarei curado para dançar outra vez. – O bailarino tinha um falso sorriso no rosto. Afinal, ele precisava dançar. Era o que ele tinha escolhido fazer, o que ele tinha escolhido sobre todas as outras coisas. Até mesmo sobre Erik.

– Charles... – Erik chamou pelo moreno, mas como ele não o olhou, chamou com mais força – Charles! Presta atenção em mim, meu amor. A única coisa que você precisa é se curar. Escutou? Apenas isso. Nada mais.

– Não é verdade, Erik. – O Xavier disse com a voz mais embargada do que gostaria. Fez uma pausa para se recuperar, mas o resultado foram lágrimas escorrendo por sua face. Então, ele levou as mãos ao rosto para se esconder.

Herr Lehnsherr, nós poderíamos ter a sua licença? O senhor Xavier precisa se acalmar. Por favor. – O médico falou preocupado.

Ok. Estarei lá fora.

O ruivo saiu dali com passada pesadas e doloridas; sentou-se em um banco próximo ao quarto e sentiu o coração partir ao meio escutando o homem que amava machucado daquele jeito. O médico já havia lhe informado aquilo desde o início e se tinha doído nele, mal conseguia imaginar a dor que Charles estaria sentindo ao escutar que suas pernas estavam machucadas de um jeito que ele, muito provavelmente, nunca mais conseguiria dançar.

Pelo menos, ele já havia acordado. Os primeiros dias, quando Charles apenas continuava imóvel na cama como se nunca mais fosse abrir olhos, foram assustadores. E, por mais que ouvisse de Emma o quanto aquilo era uma bobagem e que precisavam dele na empresa, decidiu que não sairia daquele hospital até ter certeza que o moreno estava a salvo na medida do possível.

Então, aproveitou o tempo para fazer algumas ligações e avisar que Charles havia, finalmente, acordado. Nisso, em vinte minutos, Logan e Moira apareceram juntos. A morena tinha um semblante aflito e após uma pequena reverência em sua direção, entrou rapidamente para o quarto do amigo. Erik se levantou justo em tempo para ver os dois trocarem um abraço.

 

***

 

Raven não tinha demorado muito mais para chegar e assim que ela viu o irmão de olhos abertos, aproveitou para ralhar com ele de um jeito que nunca tinha a oportunidade. Os dois tinham aquele jeito engraçado de serem loucos um pelo outro mesmo que não fossem muito compatíveis. O resultado era sempre algumas palavras afiadas e certos comentários zombeteiros. Mas, naquele momento, ao ver o irmão bem de um jeito que não via a duas semanas, a única coisa que a loira disse era o quanto ele era um idiota por ter dado um susto daquele tamanho e que ele era muito importante para cogitar em morrer de uma maneira tão sem sentido.

Os três – Charles, Moira e Raven – ficaram conversando até que desse a hora que elas tinham que ir para a apresentação. O amor e a preocupação pelo moreno eram enormes, mas a vida dura de bailarina ainda estava aí e, como dizem, o espetáculo não pode parar.

Charles ficou uns quinze minutos sozinhos até que chamou o ruivo com um aceno pela janela de vidro. Ele achou engraçado como Erik estava ali tentando disfarçar sua posição, mas seu olhar preocupado era muito aparente. Ele entrou no quarto outra vez e ocupou a poltrona que Raven estava usando antes de sair.

– Obrigado – Charles disse quando viu que o outro estava acomodado.

– Por?

– Raven disse que você me trouxe para o melhor hospital da cidade – o moreno respondeu. Como Erik ficou calado, ele continuou – Eu vou te pagar todo o custo. Não se preocupe com isso.

– Como?

– É, eu não sei como, mas vou tentar dar um jeito. Ele não está muito no meu orçamento, mas...

– Não, Charles...

– Hm?

– Era uma maldita pergunta retórica. Eu não quero saber como você vai me pagar, porque você não vai me pagar.

Erik...

– Não adianta vir com “Erik”, Charles.

– Por que você...? Eu não preciso da sua pena, ok? E eu não quero ficar te devendo nenhum favor. A possibilidade de que...

Você é um idiota – o ruivo interrompeu sua fala enquanto revirava os olhos.

– Oi?

– Você é um maldito idiota e eu não sei como fui me apaixonar por você.

– Eu... Não...

– Por um segundo da sua vida para de ser tão teimoso e só me escute. Me escute de verdade. – Erik fez uma pausa até certeza que o moreno prestava total atenção nele e então continuou – Eu não fiz isso porque eu tenho pena de você. Ou muito menos porque eu quero que você fique me devendo um favor. Eu te trouxe até aqui para que os melhores médicos pudessem cuidar de você porque eu te amo.

Charles o encarava atentamente com a boca meio aberta entre querendo o interromper e entre querendo que o ruivo apenas continuasse a falar.

– Eu te amo e a ideia de que você morresse ou ficasse com alguma sequela por causa desse maldito acidente não me deixou fazer menos do que todo o possível por você. Entendeu?

– Sim...

– Sabe, até a minha sócia disse o quanto eu estou sendo um idiota por fazer tudo isso e não sair daqui desde o primeiro dia. E a Emma nunca opina sobre qualquer coisa além dos contratos que é responsável.

– Erik...

– Então, você pode, por favor, para de me tratar como se eu quisesse te fazer mal?

– Desculpe... Eu não quis-

– Você decidiu ir para longe e dedicar-se apenas ao balé. Eu entendo. Mas agora você está machucado e mesmo que você me xingue... eu não vou para longe. Sinto muito.

– Eu posso falar agora? – Charles inquiriu baixinho e quando Erik confirmou com a cabeça, ele continuou – É difícil para mim toda essa situação. Você é um cara que tem tudo e o que ainda não tem, pode comprar quando quiser. Eu tenho medo que você me veja apenas como... Como...

– Como o meu marido?

– Erik, não-

– Nós dois somos homens e eu sei que isso não é permitido de fato. Mas eu não dou a mínima. Eu não sei porque desde o primeiro momento que pus os olhos em você, eu sabia... tinha essa força enorme me puxando. Agora, com o passar do tempo, após todos esses meses que eu te tive na minha vida, como um amigo, como um amante, ou até todos os malditos dias que você decidiu ficar longe. – O ruivo fez uma pausa para engolir a saliva da boca enquanto prestava atenção no bailarino o olhando ansioso. – Todo esse tempo, eu sabia que você era a pessoa certa para mim. Até mesmo quando eu não sabia... Dá para entender?

– Erik, eu não acho que...

– Não é porque eu consegui dar uma reviravolta na minha vida e consegui todo o dinheiro que tenho hoje, que isso anula o que eu sinto. Eu não sei o quanto você sabe sobre a minha profissão ou quanto me julga por ela. Como eu disse antes, a única coisa que me importa é que eu te amo e quero cuidar de você. – Erik deu um sorriso amarelo – Mesmo que Emma me xingue por não dar a mínima sobre o que está acontecendo nas companhias. E aquela mulher é realmente assustadora quando quer.

– Ela não vai com a minha cara, não é?

– Isso não importa. O que importa é que você receba os devidos cuidados e eu possa dormir em paz outra vez. Falando nisso: Charles Xavier, custava olhar para os dois lados da rua antes de atravessar?

– Desculpe – o moreno sorriu encabulado –, eu estava pensando longe demais.

– Em que, eu posso saber?

– Em você – ele disse de uma vez, sem rodeio algum.

– Por que?

– Eu não conseguia parar de pensar se tinha feito o certo. Sobre você e o... você sabe... – Charles fez uma careta e não completou a sentença. – Mas parece que o destino escolheu por mim...

– Não seja tolo. Tratarei que você tenha os melhores médicos em minha casa para te auxiliar a recuperar suas forças. Se for para você voltar, darei tudo ao meu...

– Erik!

– Sim?

– “Em minha casa”?

– Sim, sua irmã fica o dia todo fora de casa por causa do trabalho que vocês têm. Eu não vou deixar que você fique sozinho e o mais óbvio é que fique lá em minha propriedade com todo o conforto e assistência que precisar.

– Você é um exagerado.

– Sua irmã já disse que concordava...

– Raven não toma decisões por mim.

– E mesmo assim, eu não aceito um não como resposta. Nem um milhão deles.

Charles acabou rindo em seco achando graça da careta que Erik fazia como se fosse uma criança birrenta que não aceitaria não ter seu desejo realizado. Ele suspirou deixando todo o ar dos pulmões ir.

– Você pode pelo menos me conceder um pedido?

– Qual? – O Lehnsherr o encarou em dúvida.

– Pode me dar um beijo. Eu sinto falta deles.

– Eu também.

Charles esticou uma das mãos e o trouxe para perto. Era um beijo cheio de cuidados e Erik tocava nele com cuidado como se tivesse medo que ele fosse se partir ao meio bem ali. Mesmo assim, o Xavier ficou feliz. Suas pernas estavam machucadas e ele não sabia se poderia dançar outra vez, mas ter o ruivo ao seu lado, fazia tudo ficar melhor.


Notas Finais


E aí? O que acharam? Comentários de vocês sempre são importantes para saber se estou conduzindo bem a história. Não esqueçam disso :3
Enfim, obrigada por lerem, um monte de beijos da Nash e até a próxima! ô/~


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