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História Blind Love - Grow Up


Escrita por: MaBelleLuna

Notas do Autor


Olá, belles!
Nossa, quanto tempo não? Eu sei que demorei, e muito, mas... Ok, eu mentiria se dissesse que não tinha motivos, porque eu os tenho. As notas iniciais estão grandes sim, então para aqueles que costumam ignorá-las eu peço que, por favor, leia tudo ok? Façam isso por mim.

-Primeiro de tudo, vamos falar sobre as últimas semanas, ok?
O que foi essa passagem das meninas pelo Brasil?Um tanto quanto, digamos.... Agitada, eu diria. Muitos acontecimentos que nem vou ressaltar aqui, mas foram bem intensos.
Eu, sinceramente, não irei me posicionar mais sobre o que está acontecendo neste fandom porque estou perto de desistir de tudo. Eu não escolhi ser harmonizer para ver um fandom tão dividido e - ninguém vê isso, mas eu sim - a ponto de entrar em colapso, algo que talvez não tenha mais volta. Não irei ser dramática e menos ainda me aprofundar nesse assunto por motivos de não aguento mais isso, então vamos pular para o próximo tópico destas notas.

-Bem, eu devo explicações a todos por estar demorando tanto a atualizar todas as minhas fanfics. O motivo é... Eu mesma. Quem me conhece, quem fala comigo nas redes sociais e tira um tempinho para conversar sabe que eu não estou bem, não estou passando por bons momentos e não tem nada a ver com as histórias que escrevo. Não existe crise na criação de capítulos, eu sei em o conteúdo que quero escrever e esse não é o problema. Eu sou o problema, entendem? Eu não estou bem, então peço desculpas por estar desapontando vocês e não dando a todos o que nos uniu aqui, que no caso são minhas histórias.
Nessa última semana consegui tive uma melhora imensa e, felizmente, consegui escrever esse capítulo enorme em apenas três dias - não sei como, mas eu o fiz. Resolvi não exigir muito de mim mesma, resolvi não forçar ainda mais minha cabeça para tentar e irei deixá-la funcionar do seu jeito. Então, se eu me sentir boa o suficiente para retomar a escrita novamente, eu o farei.
Tenho pouco mais da metade do capítulo de Madness pronto, tenho recebido cobranças e não os culpo por isso. Só peço que tentem me entender, apenas isso. Tentarei atualizá-la, mas não forçarei mais minha cabeça. Não até que eu fique melhor.

-Sei que as notas iniciais estão enormes, mas tenho uma surpresa para vocês nas notas finais. É algo bom, eu prometo.

-Sem mais delongas, aproveitem o capítulo e desculpem qualquer erro :)

Capítulo 49 - Grow Up


Fanfic / Fanfiction Blind Love - Grow Up

“Não esconda seus sentimentos para sempre, afinal morrer sufocado não é nada agradável, acredite.” – Luna (S.T)

 

 

Crescimento e amadurecimento.

Crescer não é nada fácil, e amadurecer e deixar a inocência da infância? É pior ainda, mas é necessário.

Essa é vida, não é mesmo? Você nasce, cresce e amadurece. Seus pais tentam o máximo possível preparar você para a vida adulta, tentam preparar você para as responsabilidades de ser dono de seu próprio nariz. Mas o problema é que você não quer ser responsável, você não quer ter de se preocupar com contas a pagar e se seu salário de merda irá sustentar você até o final do mês. Não. Você não quer nada disso, mas é obrigado a fazer isso pela sociedade em que vive.

Enfim, crescer é necessário sim e cheio de regras idiotas que obrigam você a seguir, mas isso não significa que você é obrigado a segui-las.

Afinal, regras foram feitas para serem quebradas, não? Você pode fazer o que quiser e bem entender, porque você é dono de sua própria vida agora.

─ Acorda!

Ou não.

─ Lily, acorda!

Emily ignorou a voz de sua irmã mais nova e cobriu sua cabeça com o lençol, resmungando alguma coisa inaudível. Não que isso fosse adiantar alguma coisa, sua irmã conseguia ser bem persistente quando queria. Puxou a mãe delas, sem dúvida alguma.

─ Lily! – Sophie gritou nitidamente irritada por ainda estar ali, para então Emily sentir a cama afundar e logo o peso do corpo da menina mais nova ir contra o seu. – Acorda! – Sophie puxou o lençol da cabeça da irmã, mas Emily apenas afundou o rosto no travesseiro.

─ Me deixa. – resmungou novamente.

─ Mama disse para acordar você, preguiçosa! Você vai nos levar para a escola hoje... E você tem aula também, esqueceu?

─ Não tenho aula hoje.

Sophie rolou os olhos e puxou todo o lençol de uma vez deixando Emily exposta, a loira usava apenas uma blusa preta de uma banda que ela nunca ouviu falar – herança das coisas de sua mãe, mas ninguém precisava saber disso – e calcinha, nada mais que isso. E sentir a friagem em sua pele não era a melhor coisa assim tão cedo.

Inferno, ela só queria dormir! Era pedir muito?

─ Que horas são? – perguntou, não sabendo se sua irmã tinha escutado alguma coisa já que ela ainda estava com a cara enterrada no travesseiro.

─ Sete e meia, vamos loooogo!

Maravilha, ela só teve três horas de sono e tinha que acordar cedo! Pelo menos esperava esperançosamente que suas mães não tivessem ouvido a hora que ela tinha chegado em casa, porque aí sim ela teria sérios problemas.

─ Me dê dez minutos, ok? – Emily retirou a cara do travesseiro e praguejou logo em seguida fechando os olhos e sentindo sua cabeça começar a latejar, o quarto estava claro demais e ela sabia que Sophie provavelmente tinha aberto as cortinas. – Merda, Soph! Por que abriu essas cortinas?

─ Primeiro, você deve um dólar a caixinha de palavrões. – a menina mais nova levantou da cama. – E depois, mamãe mandou eu fazer isso, então... Acho melhor você levantar logo porque a mama não estava com uma cara muito boa, e tenho um leve pressentimento que isso é culpa sua.

Emily grunhiu, fazendo um esforço enorme para erguer seu corpo daquela cama. Tudo o que ela precisava era de um sermão de suas mães para completar sua manhã, perfeito!

A loira espreguiçou-se e coçou os olhos, vendo pela primeira vez sua irmã mais nova que a encarava com um semblante preocupado. Emily sorriu ao notar a roupa que a irmã usava: uma blusa de mangas com estampa floral e shorts rasgados, além de um chapéu também estampado e nos pés os inseparáveis sneakers pretos. Sophie tinha apenas nove anos e tinha mais estilo no dedo mindinho que muita gente por aí, além da sorte de ter puxado os traços de ambas as famílias, tanto Cabello quanto Jauregui. Ao contrário de Emily, que não tinha o sangue de sua mãe Lauren e pouco parecia com sua mama Camila, apenas a boca, nariz e – nisso ela teve sorte, tinha de admitir – o corpo. E quando ela diz corpo ela se refere a bunda.

Ter dezenove anos e ter o corpo dos Cabello era uma vantagem enorme. Emily que o diga!

─ Lily? – Sophie tirou a loira de seu pequeno transe, fazendo-a murmurar um “hum” indicando para que ela continuasse. A menina mordia o lábio parecendo um pouco apreensiva. – Você chegou tarde ontem de novo, não foi?

─ Talvez... Mas, hey, não precisa se preocupar, ok? – fez sinal para que Sophie se aproxima-se e então a puxou para seus braços, envolvendo-a em um abraço apertado. Emily se repreendeu em pensamento por preocupar a irmã, elas duas sempre tiveram uma ligação enorme quase tão grande quanto Emily tinha com Joshua. Já Nick era mais apegado ao irmão mais velho, ambos eram calmos e já Emily e Sophie eram bem... Geniosas, por assim dizer. – Eu sou bem grandinha e sei meu cuidar, booboo.

─ Mamãe está zangada com você porque já é a terceira vez essa semana, Lilo.

Emily sorriu ao ouvir o apelido que tinha ganhado da irmã quando Sophie começou a falar as primeiras palavras, hoje ela pouco a chamava assim e quando o fazia eram em momentos raros, mas ainda mantinha o hábito.

─ Eu vou tentar melhorar, ok? Porque caso contrário serei expulsa de casa e não quero ficar longe do meu bolinho favorito. – falou, abraçando a irmã e enchendo-a de beijos por toda a face.

─ Lily, para! – Sophie tentava parar a irmã, a risada das duas ecoava por todo o quarto.

─ Não, você me acordou cedo, pestinha! Esse é seu castigo... Ataque de cosquinhas!

Emily girou na cama e jogou a irmã nela, deitando por cima de Sophie e enchendo-a de cocegas enquanto a mais nova gritava de tanto rir. A loira amava aquilo, aqueles pequenos momentos que tinha com seus irmãos mais novos, era a única hora do dia que ela não era uma adulta – ou quase uma adulta, tecnicamente – e não tinha responsabilidades. Joshua e ela estudavam na mesma faculdade que as mães um dia estudaram, assim como os amigos dos dois, então por enquanto eles não viam necessidade de sair de casa agora. Claro que Emily já estava cogitando a ideia, mas faria isso mais para frente... Ela ainda queria curtir e aproveitar essa vida de bebê de suas mães antes de encarar a realidade da vida de adulta.

─ Ai meu Deus!

Ambas pararam assim que ouviram a voz de Nicholas e olharam ao mesmo tempo na direção da porta, o menino estava parado com as mãos tampando os olhos e as bochechas terrivelmente coradas.

Hey, Nicolino. – Emily saiu de cima da irmã e levantou, puxando-a consigo. – Qual o problema?

─ Você! – Nicholas praticamente gritou, as bochechas corando mais ainda. – O que a mama falou sobre ficar sem roupa com a porta do quarto aberta? Eu não quero ver sua bunda nessa coisa pequena, eca! – o menino girou nos calcanhares e ficou de costas para as duas. – Mamãe tá chamando as duas para tomar café da manhã!

E com isso ele correu saindo o mais rápido possível dali, deixando as duas irmãs explodindo em risadas para trás. Emily amava aquele garoto, ele era bem diferente de Sophie e super tímido, o que fazia Emily achá-lo a coisa mais fofa do mundo. Nicholas lembrava um pouco Lauren, mas era um Cabello dos pés à cabeça, com exceção dos cabelos castanhos claros que ele e Sophie tinham, isso era dos Jauregui. Emily suspeitava que, com o tempo, os dois teriam mais diferenças ainda conforme cresceriam, e só podia-se saber que eram gêmeos quando alguém dizia. Diferente de Joshua e Emily que compartilhavam das mesmas características: Loiros, olhos azuis, boca carnuda e nariz afilado. Seriam típicos americanos sem graça se não fosse os traços latinos nitidamente presentes em ambos.

Emily tirou a camisa preta que usou para dormir e trocou por uma branca de mangas compridas, colocou um shorts qualquer e foi para o banheiro fazendo sua higiene matinal. Quando saiu Sophie estava jogando em seu celular, e sim, ela sabia a senha. Emily já tinha desistido de trocar a senha de seu celular porque seus irmãos mais novos sempre –e ela não sabia como – conseguiam descobrir a nova. Ela virou-se e fez um movimento com a cabeça chamando a irmã, que subiu nas suas costas e agarrou o pescoço da mais velha.

─ Vamos, pequena chicken, vamos antes que mamãe mande Chara vir atrás de nós duas. – se bem que Chara não chegaria nem ao topo da escada sem dormir, ela estava velha demais e era quase tão preguiçosa quanto a mãe um dia fora.

Emily riu ao recordar-se da antiga cadela da família, então saiu do quarto carregando a irmã mais nova nas costas.

 

 

Camila terminava de fazer as panquecas carameladas que a esposa tanto gostava, dando um último toque especial a mistura. Pelo canto do olho era possível ver Lauren e Nicholas conversando sobre a cena que o menino tinha visto lá em cima, Lauren ainda tinha as bochechas vermelhas devido ao ataque de risos que tivera assim que ouviu o motivo do filho ter descido tão rápido.

A latina acabou perdendo-se admirando a beleza de Lauren, algo que ela sempre fazia em momentos inesperados como este, pensando em quão sortuda eram por ter uma a outra. Quer dizer, olhe só para as duas! Dezesseis anos juntas e com quatro filhos, e nunca perderam a essência daquelas adolescentes de dezenove e vinte anos de idade. Lauren podia ter trinta e sete anos agora, mas estava em seu auge. A morena malhava e saia para correr regularmente – e fazia questão de levar Camila com ela, o que acabou fazendo com que a latina também criasse um corpo um tanto quanto invejável. Elas tinham que manter a forma, afinal Camila já estava com trinta e seis anos e aos poucos as ruguinhas da casa dos quarenta já começavam a aparecer, mas nada notável ainda. Felizmente.

TRINTA! – Camila virou de uma vez ao ouvir a filha mais nova gritar e logo Sophie entrou sendo carregada por Emily, ambas rindo de alguma piada interna delas. – Você tá ficando velha, Lily! Não aguentou mais do que trinta saltos dessa vez.

Nicholas e Lauren também pararam o que estavam fazendo e viraram para onde vinha as duas, Lauren tinha a sobrancelha arqueada indicando que ela estava curiosa para saber o que estava acontecendo ali. Camila acabou sorrindo sozinha, anos de convivência faz você saber até mesmo o que as expressões faciais da outra querem dizer.

─ Você que tá ficando gorda, pequena devoradora de panquecas! – Emily parou em frente ao balcão e colocou a irmã lá, Sophie cruzou os braços e fez um bico. – E nem me venha com esse biquinho, sou treinada há anos de convivência com os biquinhos da mama.

Camila arqueou uma sobrancelha sugestivamente, o que acabou fazendo a filha mais velha corar por algum motivo. Mas antes que a latina pudesse dizer alguma coisa, ouviram um pigarrear vindo logo atrás das duas onde Lauren agora estava parada de braços cruzados tendo Nicholas ao seu lado imitando os gestos da mãe.

Emily sorriu, temerosa, e virou-se lentamente para encarar a mãe. Camila deixaria a bronca da vez ser de Lauren, porque, sinceramente, ela já estava cheia de dar os mesmo sermões para Emily todas as vezes que a filha chegava tarde em casa. O que vinha acontecendo muito nas últimas semanas, e Camila e Lauren já estava preocupadas com o que poderia estar acontecendo com a filha.

A loira escorou-se no balcão ao lado da irmã e também cruzou os braços, encarando aqueles olhos verdes intensos de sua mãe. Desde pequena, Emily aprendeu algo importante sobre sua mãe Lauren: Não importa o fato de ela não poder vê-la, só bastava um mísero olhar dela para você saber que estava em maus lençóis.

E, inferno, Emily sabia que estava fodidamente encrencada agora!

─ Então... – Lauren começou, apoiando-se na cabeça do filho mais novo que fez uma careta devido ao peso, mas nada disse. – Qual a desculpa da vez?

─ Não existe desculpa, mãe. Eu deixei rolar e esqueci das horas, apenas isso.

─ Apenas isso? Apenas isso, Emily Charlote?! – Lauren aumentou o tom da voz, o que era o sinal para que os mais novos saíssem dali porque sabiam onde aquilo daria.

Em questão de segundos Sophie e Nicholas saíram da cozinha antes que a situação piorasse, não sem antes de Sophie lançar um último olhar decepcionado para a irmã mais velha. Emily suspirou baixinho e tornou a xingar-se, o que raios estava acontecendo com ela e por que ela era tão estúpida a ponto de magoar os próprios irmãos? Negou com a cabeça, sabia muito bem a merda que estava acontecendo com ela e quem era o culpado disso.

Lauren ouviu quando os mais novos saíram do local, e sabia que tanto Emily quanto Camila a encaravam agora aguardando a pequena explosão da morena.

─ Mãe, eu não...

─ Eu não é uma ova, Emily! – interrompeu-a, fazendo a loira se encolher onde estava. – Sabe quantas vezes isso aconteceu nas últimas semanas? Mais do que eu posso contar, acredite! Você tem faltado as aulas na faculdade e quase não aparece no restaurante, e quando o faz dorme mais do que trabalha! E toda vez que pedimos uma explicação para o seu comportamento irresponsável, você inventa desculpas que nem seus irmãos mais novos acreditariam! – Lauren apertou a bengala com força e tentou controlar-se um pouco, fechando os olhos por alguns segundos e quanto os abriu, Emily viu decepção também estampados ali. Maravilha. – Você não é mais nenhuma criança, Emily. Tem dezenove anos agora, precisa aprender a assumir a culpa pelo o que faz... Você confia em mim e na sua mãe? – perguntou mais suavemente.

─ Claro que confio!

─ Então por que não nos conta o que está acontecendo, hum? Não seria mais fácil falar logo de uma vez o motivo desse seu comportamento tão irresponsável?

Emily suspirou e mordeu o lábio, cruzando os braços e escorando-se no balão. Claro que ela confiava nas mães, as duas eram seu porto seguro! Mas haviam coisas que eram um tanto quanto embaraçosas demais para ela simplesmente falar abertamente com as duas. Ou vergonhosas demais, completou.

Camila e Lauren aguardavam a loira se pronunciar, esperavam que a filha resolvesse contar de uma vez o que se passava naquela cabecinha teimosa. O problema, e ambas sabiam disso, era que Emily era uma cópia de Lauren. Nada, exceto uma pessoa e que também não estava presente ali, conseguia fazer aquela garota se abrir e falar sobre seus sentimentos.

Com mais um suspiro, Emily resolveu pôr um fim naquele momento constrangedor. Não que ela fosse realmente falar o que se passava, mas ela sabia que já estava na hora de mudar suas recentes atitudes e começaria a partir daquele momento.

─ Ok, eu sinto muito por tudo. – falou. – Mas... Não existe motivo, ok? Eu só... É que com a faculdade e o curso e também o restaurante acabo ficando estressada demais, entendem? Acabei exagerando em algumas coisas, mas prometo que não agirei de forma tão irresponsável.

Emily falava movimentando as mãos, tão parecida com Lauren que chegava a ser hilário. Camila sorriu, voltando a mexer em suas panelas e conferindo a hora no celular. Emily estava mentindo, Lauren e ela sabiam disso, mas deixariam a filha ficar confortável o suficiente para falar por si e não por livre e espontânea pressão.

─ Isso é uma promessa válida? – Lauren perguntou, abrindo a bengala retrátil e aproximando-se do balcão. Acabou esbarrando no banco e praguejou alguma coisa, mas logo se recompôs e sentou no mesmo. – Não faça eu me arrepender dos doces que dei a você escondida de sua mãe durante todos esses anos, pirralha.

Hey, pensei que esse fosse o nosso segrego, sua grande traidora! – a loira protestou, sentando-se ao lado da mãe e começando a servir ambas com suco de laranja. Camila apenas sorriu e serviu panquecas para as duas. – E não se preocupe, mãe. Dessa vez prometo tentar me comportar, e... – a mais nova esticou a mão e puxou a mão da mãe. – Prometo de dedinho, se quiser.

Lauren riu, aquela risada e rouca e infantil que Emily e Camila tanto amavam. A morena entrelaçou seu mindinho no da filha e depois bagunçou o cabelo de Emily, que rolou os olhos e sorriu.

─ Ah, e a propósito. – Lauren continuou, arqueando uma sobrancelha distraidamente enquanto mordiscava uma panqueca. – Eu não sou traidora, pirralha!

─ Você é sim! Contou o nosso segredo mais importante para a mama!

─ Sua mãe já sabia disso há anos. – rolou os olhos. – E cala a boca que quem paga a sua faculdade e curso sou eu!

─ Grande porcaria!

─ Sim, você cozinhando é uma porcaria mesmo.

Emily entreabriu a boca, embasbacada e fitando acusatoriamente a mãe.

─ Mama me ensinou tudo o que sei, fique você sabendo!

Exatamente. – Lauren murmurou com a boca cheia.

Momentos depois um grito foi-se ouvido na cozinha e uma laranja agora se encontrava no chão logo depois de ter sido arremessada em Lauren, que esfregava o local da pancada – seu braço, e provavelmente ficaria roxo – com olhos arregalados e incrédula. Camila tinha a sobrancelha arqueada e estava escorada na pia com outra fruta na mão, mesmo que não fosse jogar. Lauren não precisava nem perguntar para saber quem tinha arremessado seja lá o que for nela.

Passos apressados foram-se ouvidos e logo os gêmeos pararam ofegantes na entrada da cozinha.

─ O que aconteceu?

─ Ouvimos a mamãe gritar!

─ Por que a mamãe gritou?

Eles perguntaram ao mesmo tempo, e suas caras eram tão fofas preocupados que Emily e Camila não fizeram outra coisa, a não ser rir. Lauren apenas ouvia tudo emburrada, ainda “magoada” por quase ter seu braço arrancado por um objeto voador qualquer arremessado pela sua adorável esposa.

Camila, após mandar os filhos sentarem-se para tomar café da manhã, contornou o balcão e aproximou-se da mulher, sorrindo diante o ato infantil dela. A latina tirou o braço de Lauren da sua frente e se aconchegou por entre as pernas da mais velha, os braços em torno do pescoço da mesma. Ela não resistiu e beijou rapidamente aquele bico fofo, podendo ouvir as risadinhas de seus filhos mais novos ao presenciarem a cena.

─ Pare com isso, grande bobona. Você mereceu. – disse perante a insistência de Lauren em continuar emburrada. Lauren fez menção de virar o rosto, mas Camila a impediu tomando mais uma vez seus lábios. – Pare de ser teimosa, minha professora favorita.

Nesse momento a morena arregalou os olhos e levantou do banco, quase derrubando Camila no processo.

─ Ai meu Deus, eu tenho reunião as oito em ponto! – praticamente gritou, assustando os demais presentes da cozinha. Chara latiu de algum lugar da casa e Camila podia ouvir as patas da cadela no andar de cima. – Camz, precisamos ir agora! É reunião do conselho escolar, eu preciso...

─ Calma, nós já vamos. – Camila tocou em seu ombro e aproximou-se novamente, beijando-lhe a face gentilmente. A latina viu um sorriso nascer no canto da boca da morena. – Lily, leve as crianças para a escola e depois vá para o restaurante. Ajude Ian, Ash só volta da licença daqui duas semanas.

─ Sim, senhora capitã! – Emily não parecia tão animada, mas ainda assim tentou brincar com a situação. Camila rolou os olhos.

─ Cale a boca. – ralhou, porém ambas sorriam. – Ah, não esqueça de pegar Adrian e Sarah no caminho, é a minha vez de dar carona aos dois.

─ O que? Ah, não! – só a ideia de passar na casa dos Vives Iglesias já fazia o estômago de Emily revirar, a última coisa que ela queria no momento era dar de cara com o estúpido do Derek. – Por que as mães deles não os levam para a escola? Eu não sou porcaria de babá dos filhos dos outros, mama!

Tanto Lauren quanto Camila franziram diante a atitude, digamos, estranha da filha mais velha. Porém, elas não tinham tempo para perguntar o porquê de tal atitude explosiva, estavam atrasadas demais para isso agora. Lauren saiu da cozinha e caminhava até a mesa onde tinha deixado seus pertences, Camila ouviu quando a mesma chamou por Chara.

─ Apenas faça o que eu mandei, Emily. – Camila recolhia os pratos e colocava na máquina de lavar louças, os gêmeos ainda tomavam café em silêncio. – Sabe que Ashley acabou de ter bebê e Jenny precisa ajudá-la com Tony, e Veronica ainda não voltou da convenção em Los Angeles e Lucy já deve estar no restaurante agora. O que significa que Sarah está sozinha esperando você, então... – fez um gesto indicando a porta da frente. – Acho melhor ir ou as crianças vão chegar atrasadas na escola.

─ Por que o Ben não leva a creche toda? – a melhor coisa do mundo foi sua tia Ally mudar-se para o mesmo bairro que eles, Ben era uma mão na roda quando Emily precisava. Ou melhor dizendo, um belo de um empregado. – Ele mora na esquina e...

─ Ben já leva Izzy, Mel e Thomas, está lembrada disso? E tem mais, prefere lidar com crianças de nove, dez e doze anos ou com adolescentes de quatorze e quinze anos de idade cheio de problemas de colegial?

A filha bufou, como se ambas as opções fossem terrivelmente chatas e irritantes.

─ Camila, vamos! – Lauren gritou da sala, apressando a esposa.

─ Já estou indo!

Camila pegou as chaves de seu carro e beijou o topo da cabeça dos gêmeos, para então voltar-se para a filha mais velha que ainda tinha uma expressão irritada. Ela também beijou o topo da cabeça da mesma e sorriu, Emily era um pouco mais alta que a latina, porém Joshua era mais alto que ambas.

─ Quando eu chegar no restaurante você e eu teremos uma conversinha sobre o seu castigo, mocinha. – Emily ia protestar, mas Camila continuou impedindo-a de falar algo. – Não discuta, você sabe que errou e que merece punição por isso.

─ Eu sei. – murmurou, cabisbaixa. – Boa sorte seja lá onde está indo.

A mãe riu, negando com a cabeça.

─ Eu vou ao mercado comprar produtos para o restaurante, Emily.

Oh... – a loira também riu, divertida e envergonhada. – Boa sorte em encontrar peixes frescos, então.

─ Eu preciso disso, obrigada.

A latina sorriu mais uma vez para os filhos e saiu da cozinha. Lauren gritou que amava os três e desejou um bom dia para eles, e logo as duas – ou três, se contar com Chara – saíram de casa e partiram para mais um dia de trabalho. Emily, em um suspirou teatral, virou-se para os irmãos e sorriu sem vontade encontrando olhos castanhos e azuis esverdeados fitando-a em expectativa.

─ Ok, cópias com defeito, vamos que já estamos atrasados. – falou, arrancando risos dos irmãos mais novos ao levantarem e colocarem seus pratos na máquina de lavar louças.

É, pensou, será mais um longo dia.

Ela só esperava sinceramente que ninguém o tornasse mais cansativo.

 

                                                    _________________________________________

 

Era horário de almoço e o restaurante estava consideravelmente cheio, como já era costumeiro para aquela hora do dia. Camila se encontrava na cozinha ajudando Ian e o ajudante auxiliar com os pratos, eram rara as vezes que a latina fazia isso ultimamente, mas em horários de pico e de casa cheia, era necessário. Emily estava cuidando do caixa hoje e adotando praticamente todas as funções de gerente do lugar, já que Ashley ainda estava de licença-maternidade. Ian ficava três dias da semana no C1 e outros três no C2, ele não confiava plenamente no cozinheiro do segundo restaurante o que Camila sabia que era uma desculpa para o ciúmes do irmão sobre sua cozinha.

De alguma forma, aquilo funcionava. Nenhum dos dois restaurantes sofria com isso, e para Camila estar com o irmão sempre foi bom, mesmo quando nem mesmo sabia que ele era seu irmão. Mas isso já fazia muito tempo.

─ Me diga o que acha disso, prove aqui. – disse o irmão mais velho colocando a colher na boca da latina, para que a mesma provasse o preparo. Ian esperou até que Camila degustasse o molho, e quando Camila sorriu feliz com o conteúdo, ele também sorrira. – Não acha que exagerei no agrião? Eu sempre exagero um pouco no agrião.

Nem – estalou a língua, voltando para as suas panelas – está ótimo, Ian. Melhor que seu último molho, na verdade. Ramon – ela chamou o ajudante auxiliar, que tinha estava preparando um assado no forno – o pedido na mesa 13 já está pronto?

Ramon, um jovem mexicano de pele bronzeada que Camila tinha encontrado no dia que fora matricular a filha mais velha no curso de culinária há dois anos atrás, parou o que estava fazendo e sorriu para a patroa.

─ Quase, apenas mais alguns poucos minutos. – Ramon ainda tinha sotaque, mas morava nos Estados Unidos há tempo o bastante para que seu sotaque tornar-se algo chamativo na hora de conquistar las chicas, como o mesmo dissera uma vez. – Mas o pedido da mesa 25 já está pronto.

─ Ótimo.

Camila pegou o interfone da cozinha e ligou para a recepção falando para um dos garçons ir até lá pegar o pedido, voltando novamente para as suas panelas logo em seguida. Menos de dois minutos depois, para a sua surpresa Emily que apareceu na soleira da porta da cozinha.

─ Mama, tia China está aqui. – anunciou, pegando a bandeja que estava sob o balcão e colocando um bloco de pedidos sob a mesinha de pedidos. – Não tem nenhum garçom livre, houve um incidente com a mesa 34. Uma menina vomitou na roupa da mãe porque comeu camarão escondido mesmo sabendo que tem alergia, foi nojento.

─ Nada que já não tenha acontecido aqui, e diga para a sua tia que já estou indo. Só preciso terminar uma coisa aqui e encontro ela em alguns minutos.

─ Tudo bem.

Emily saiu da cozinha carregando habilmente a bandeja com uma mão apenas, ela ajudava sua mãe no restaurante desde os quinze anos quando resolveu falar para suas mães que queria ser cozinheira e estudar Administração, assim como sua mama. Nada por influência de ninguém, muito pelo contrário. Suas mães sempre incentivaram ela e seus irmãos a serem o que eles bem entenderem, e contanto que não seja nada ilegal, elas pagariam o curso que eles escolhessem.

Enquanto Emily zapeava as mesas seu telefone tocou no bolso de trás de seu shorts, ela o apoiou entre o ombro enquanto servia uma das mesas.

─ Fala aí, mané. – disse, ouvindo a familiar risada do outro lado da linha.

─ Sempre doce como vodca, não é Lily?

─ Sempre. – a loira sorriu para os clientes e recolheu os restos do que sobrou da entrada, colocando sob a bandeja. – Mas e aí, já está voltando para casa? Essa sua história de convenção idiota no observatório no Havaí é só uma desculpa para ter férias antecipadas, sabia? – rolou os olhos e bufou, seu irmão gêmeo vivia viajando para observatórios e convenções estúpidas de Astronomia desde que entrara na faculdade, e ela odiava ficar longe dele por tempo demais. Mas nenhuma viagem durou tanto quanto essa.

Primeiro, você sabe que o Observatório Gemini Norte fica em um dos dois melhores sítios astronômicos do planeta. – Joshua até podia ver sua irmão revirando os olhos enquanto falava, o que o fez sorrir. – E só volto no final de semana, eu já disse isso mil vezes. Só liguei para perguntar o que aconteceu ontem, Hannah me ligou mais cedo e...

─ Claro que sua namoradinha ligou contando tudo, ela só esqueceu que é minha melhor amiga e que eu provavelmente irei matá-la mais tarde! – bufou, já voltando para a cozinha especial onde se era lavado apenas as coisas sujas do restaurante. – Nada aconteceu, fique você sabendo.

─ Você vem dando a mesma desculpa há semanas, Lil. Não quer conversar e me contar a verdade de uma vez?

─ Quer saber, pro inferno você e suas preocupações estúpidas! – explodiu, surpreendendo não apenas a si como também o irmão. Ela agora estava parada na porta de acesso à área externa do restaurante. – Se estivesse mesmo preocupado comigo não estava na merda do Havaí vendo estrelas idiotas!

Emily interrompeu-se ao perceber que estava ganhando a atenção de alguns clientes próximos, o que a fez enrubescer por alguns instantes. Ela sorriu sem graça e voltou para o balcão, virando-se de costas para as mesas e arrumando o celular na orelha. Mas, quando ia abrir a boca para falar com o irmão viu sua mama parada de braços cruzados e sobrancelha arqueada, uma expressão curiosa no olhar.

─ Eu preciso voltar ao trabalho, ligo depois. – falou a loira já encerrando a ligação. Ela sabia que o irmão não insistiria no assunto agora, Joshua a conhecia muito bem para saber que deveria dar tempo para a irmã pensar e refletir sobre o que tanto vinha atormentando nos últimos dias.

─ Seu irmão? – Camila perguntou descruzando os braços e, com o olhar habilidoso, procurando Dinah entre as tantas mesas ocupadas no restaurante. Emily assentiu, mas permaneceu em silêncio. – O que ele queria? Algum problema?

─ Na verdade ele só queria falar comigo, nada mais que isso.

Camila analisou-a por alguns instantes, seu olhar castanho chocolate parando nos olhos azuis cor de céu da filha. Por muito tempo, talvez por ser algo de mãe, Camila tenta sempre decifrar seus filhos e procurar compreender a personalidade de cada um deles. Joshua era calmo, porém sempre fora travesso. Sophie era geniosa e impaciente, mas era um amor de criança. Nicholas era seu bebê, sempre preferia ficar na dele e só se divertia de verdade com a irmã e primos. E Emily... Emily era uma incógnita para ela, sempre foi.

Às vezes Camila pegava-se pensando na possibilidade de Emily ter puxado a... Ele, sim, a ele. Ela tentava nunca pensar naquele monstro, mas não era estúpida, sabia que seus filhos carregavam a genética do homem que quase destruiu sua vida anos atrás. Mesmo negando sempre, ela sabia que o comportamento explosivo da filha poderia ter sido herdado dele.

Porém, ela preferia pensar que Emily apenas tinha, por pura convivência, se tornado uma versão moderna de Lauren. Ela costumava sempre dizer que a filha se espelhava na mãe para tudo, e vendo agora, ela estava certa. Emily era Lauren. Uma versão loira e de olhos muito azuis, mas a personalidade? Era de Lauren.

Camila acabou divagando e fora despertada pelo pigarrear da filha, que estranhou o fato da mãe encará-la por tempo demais.

─ Sua mãe e eu amamos você. Sabe disso, não sabe? – perguntou de repente, e viu o choque no rosto da filha pela pergunta repentina. Emily baixou o olhar e mordeu o lábio inferior em um hábito tão parecido e rotineiro com o da latina, nessas horas Camila via que a filha tinha mais dela do que podia imaginar.

─ Eu sei, mama. E amo as duas... Muito. E amo meus irmãos também, e nossa família.

Mais uma vez surpreendendo a filha, Camila a puxou para um abraço. No começo Emily parecia assustada com o ato da mãe, mas logo relaxou nos braços que tanto conhecia e amava. A loira enterrou o nariz no ombro da mãe, os cabelos de Camila estavam presos em um rabo de cavalo já que ela antes estava na cozinha.

─ Eu não sei o que aconteceu com você e prometo que nem eu ou sua mãe iremos importuná-la mais sobre este assunto, pelo menos até você se sentir confortável o suficiente para falar conosco. – disse, os braços em torno da cintura da filha. Agora ambas encaravam-se, Emily ainda assustada e confusa e Camila carinhosa e compreensiva. – Só quero que saiba que, seja lá o que aconteceu, vai ficar tudo bem.

─ Tem certeza? – a voz de Emily era baixa e insegura, e, por alguns míseros segundos, Camila viu sua garotinha atrás daquela capa de mulher intrigante e instigante.

─ Eu não posso prometer nada, mas eu sinto que sim. Isso serve?

Emily riu, afastando-se da mãe e pegando um bloquinho de pedidos para voltar ao trabalho.

─ Sim, mama. Serve e muito. – apontou para um lugar especifico na área reservada do restaurante. – Tia China tá ali, e acho que tia Ally e tia Nessa também estão com ela agora. – Camila assentiu e sorriu, já caminhando até o local. – Ah, e mama? Obrigada.

Camila sorriu mais largamente e piscou para ela, dando de ombros e indo ao encontro das suas amigas.

Dinah gesticulava animadoramente enquanto conversava com Vanessa, Ally ria das duas e Camila notou que Phoebe também tinha se juntado a elas. Assim que Dinah a viu parou de falar e sorriu, apontando para a melhor amiga.

─ Olha só quem vem aí. – falou com um bico nos lábios.

─ Cale a boca e me dê logo ela aqui. – Camila nem ao menos cumprimentou as amigas, ela estava ansiosa para ter sua sobrinha nos braços. Alani era a filha de 14 meses de Dinah e Chris, uma coisinha gorducha e de bochechas rosadas e cabelos castanhos com olhos cor de mel. Não precisava falar que Camila era tão apaixonada pela bebê quanto Dinah era pelos filhos da latina, era algo que só as duas compreendiam. Afinal, Dinah era a irmã que Camila nunca tivera. Sua família. – A titia sentiu falta de morder essas bochechinhas. – continuou com uma ridícula voz de bebê, Alani sorria alegremente para os carinhos recebidos da tia.

─ Nossa, nem um “oi” eu ganho mais? Fui trocada pela a minha própria filha, que absurdo!

Camila rolou os olhos e mostrou a língua para a melhor amiga, não importa a idade, elas sempre implicariam uma com a outra. A latina procurou uma cadeira e sentou-se ao lado de Phoebe com Alani no colo.

─ Ciúmes nessa idade, Jane? – Ally a provocou, recebendo um típico olhar mortal de Dinah.

─ Cale a boca, projeto de mesa de centro. Estou começando a me arrepender de ter escolhido você para ser madrinha da minha filha!

─ Você diz isso sempre que eu a provoco, DJ. Mas você me ama, admita!

─ Eu amo porque você é a tampa da minha minigarrafa de vinho. – Ally fez uma careta engraçada por causa da comparação e Dinah riu, o que acabou provocando risadas nas outras presentes. – Mas então, Walz. Ouvi falar que uma certa mocinha gostosona tem dado problemas ultimamente, é verdade?

Camila trocou um rápido olhar com Phoebe sabendo que ela tinha comentado algo com as amigas, afinal Hannah era a melhor amiga de Emily e também namorada de Joshua. Phoebe, Paul, Camila e Lauren sempre teriam algo interligando-os uns aos outros.

No caso, os filhos.

─ Hannah comentou alguma coisa mais cedo. – Phoebe tentou se explicar, mas o olhar carinhoso e compreensivo que recebeu de Camila a acalmou um pouco.

─ Queria que Emily conversasse comigo ou com Lauren sobre o que se passa com ela, mas isso não vai acontecer.

─ Claro que não vai. – Vanessa interrompeu as duas. Camila não pode deixar de se admirar por Vanessa estar na cidade já que ela vivia viajando, ela era voluntária em diversas instituições que cuidavam de refugiados da guerra. – Emily é adolescente, e pior, ela é uma adolescente se tornando uma adulta! Essa é a fase de guardar os problemas para si e tentar resolvê-los por conta própria.

─ Ou mandar tudo pro inferno e que se foda o resto. – Dinah completou, ganhando de Ally um tapa no ombro por falar palavrão na frente da própria filha pequena. – O que? É a verdade! Meu Tommy tem só quatorze anos e já está entrando nessa fase idiota. Juro que minha paciência some com aquele moleque, não quero nem imaginar quando ele tiver a idade da Emily!

─ Eu ouvi meu nome ser profanado? – Emily vociferou ao aproximar-se da mesa onde sua mãe e tias estavam.

As mulheres mais velhas se entreolharam por alguns instantes e então começaram a rir – e alto – daquilo. Emily parou e as encarou como se estivesse vendo um programa curioso de TV do qual não entendera nada, do que diabos elas estavam rindo afinal?

Okay, o que a tia China deu pra vocês beberem dessa vez? – perguntou lentamente e com o cenho franzido em confusão.

─ Por que raios eu sempre sou a culpada de tudo? – Dinah protestou, recebendo olhares de todas presentes.

─ Porque você é Dinah Jane, por isso.

A polinésia semicerrou os olhos para a sobrinha.

─ Vá se ferrar, filhote de camren.

─ Tanto faz. – Emily rolou os olhos e virou-se para Phoebe. – Tia Be, onde está a desnaturada bocuda da pessoa que ainda não sei se devo chamar de melhor amiga?

Phoebe riu, já estava mais do que acostumada do jeito “carinhoso” que era a amizade daquelas duas.

─ Benjamin e Hannah tinham um seminário para apresentar hoje e só devem aparecer mais tarde. Pensei que soubesse disso já que estava com os dois ontem.

─ Aqueles dois falam tanto de papo de advogado que acabo dormindo na metade da conversa, é tedioso.

─ Essa garota não nega ser filha da Lauren. – Dinah comentou mais uma vez. Emily riu e foi até a tia, sentando-se no colo da mesma. Dinah começou a protestar, na verdade ela só estava provocando a sobrinha mesmo. – Sai daqui, sua folgada! O que você tem de Lauren também tem de Camila! Essa sua bunda pesa uma tonelada, sabia?

─ Me ame menos, tia Chee.

Emily abraçou a tia de lado e ronronou, Dinah riu e a apertou em seu colo. Ela amava aquela garota, não podia negar. Ela era sua pirralhinha marrenta original, mesmo que Sophie já estivesse tomando posse desse título. Aliás, os filhos de camren tinham personalidades tão divididas e bipolares quanto as mães, Dinah sempre disse isso e agora via que estava certa.

─ Hey, onde está a tia Bear?

─ Com sua mãe traindo o Cabello’s em um restaurante italiano idiota. – Dinah bufou tentando parecer magoada, Camila apenas riu e Emily também. – Só queria lembrar a Moni que a madrinha do Tyler sou eu e não a folha A4 extra branca, e há três anos atrás eu que quase fiquei sem uma mão porque ela não tinha em quem descontar a dor das contrações.

─ Isso porque o tio Aaron desmaiou e você expulsou minha mãe da sala de parto. – a loira mais nova riu, e como resposta ganhou um beliscão de sua tia. – Ouch! Isso dói, tia!

─ Que dói o que? Aqui só tem osso! Você é igual a sua mãe quando tinha a sua idade, por Deus!

─ Então eu sou gostosa.

─ Você não tem mesa para atender não? – Dinah expulsou a sobrinha de seu colo.

Emily riu e negou com a cabeça, beijando as bochechas rosadas de Alani e piscando para a mãe antes de sair da mesa onde suas tias estavam. Sua família era louca, não tinha para onde escapar.

E ela era a pessoa mais sortuda do mundo, sem dúvidas alguma.

 

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Os olhos castanho quase pretos pareciam perdidos em algum ponto específico no jardim de sua casa, o quintal estava silencioso e destacava-se apenas o som do balanço onde a menina de cabelos negros estava há pouco mais de uma hora. Era final de tarde e o Sol já estava praticamente sumindo na linha do horizonte, ela sempre costumava ficar sozinha em casa aquele horário já que suas mães estavam trabalhando e seu irmão estava na faculdade. Claro que ela poderia ir muito bem para a casa das suas tias, afinal elas moravam todas na mesma rua/bairro, mas a menina de dez anos preferia às vezes apenas ficar... Sozinha.

Ficar sozinha não era tão ruim quanto faziam parecer, só haviam dias que a menina não era muito, digamos, sociável. Sua mãe costuma dizer que ela era o oposto de sua mama, e que parecia mais com ela nesse quesito. É que... Sua família, quer dizer, toda a sua família incluindo as amigas de suas mães e filhos, eles eram bem barulhentos e evasivos às vezes. Mas elas os amava, amava suas tias e tios, amava seus primos postiços.

A pequena garota suspirou, as correntes do balanço protestou dando ao momento um ar mais melancólico ainda, o que a fez sorrir diante aquilo. Ela era tão desnecessariamente dramática tinha momentos...

─ Que melodramática.

Sarah virou-se assustada ao ouvir aquilo, encontrando uma cabeleira extremamente ruiva encima da cerca que separava o quintal da sua casa com o da suas tias Ashley e Jenny

─ O que quer aqui, Adrian? – perguntou, rolando os olhos e voltando a mover suas pernas dando vida ao balanço. Ouviu quando Adrian pulou para o lado de dentro e logo depois o menino de doze anos estava sentado no balanço ao lado do seu.

─ Apenas fugir da minha amada casa barulhenta.

─ Tony é um bebê, bebês choram. – a menina ouviu o amigo bufar, o que a fez balançar a cabeça em negativa. – Eu gostaria de ter um irmãozinho ou irmãzinha.

─ Você tem o Derek.

─ Der é adulto, bobão. Por que um garoto de vinte anos iria querer brincar e perder tempo com uma menina de dez? – Sarah suspirou novamente, mexendo nos fios de cabelos que estavam presos em duas presilhas e divididos em duas mechas negras. – É só que... Às vezes é tão silencioso, sabe? Mamãe passa o dia inteiro fora e só volta quando eu estou jantando e mama... Ela tenta ser presente, e eu até pensei que com a tia Alessia trabalhando com ela no escritório as coisas seriam diferentes e que ela teria mais tempo. – a menina mordeu o lábio e fitou o canteiro de rosas que plantara com sua mãe anos atrás. – Mas continua do mesmo jeito.

─ Derek vai mesmo mudar para perto da faculdade? – os olhos claros do menino sardento também pararam no canteiro, ambos ficaram observando as flores concentrados na conversa.

─ Eu não sei, mas parece que ele e o Ben vão dividir o antigo apartamento da mamãe. Essa casa vai ficar bem vazia quando ele for embora...

─ Acredite, um irmãozinho não iria adiantar nada agora.

─ Minhas mães não querem mais filhos, Adri. Segundo mama, a fábrica parou quando nasci.

Adrian riu, e apesar do comentário não ter a intenção inicial de humor, Sarah acabou rindo também.

Os dois permaneceram em silêncio por algum tempo até escutarem passos e risos vindos da parte lateral da casa de Sarah, e logo um par de cabelos castanhos apareceram na linha de visão dos dois. Sarah sorriu ao avistá-los, mesmo amando a quietude aqueles dois sempre eram boas companhias.

─ O que fazem aí? – Nicholas perguntou assim que viu Sarah e Adrian sentados no balanço. Os gêmeos eram apenas alguns meses mais novos que Sarah, mas eram menores e Sarah era consideravelmente alta para a sua idade e parecia ter uns doze anos.

─ Sarah está remoendo a vida de não ter irmãos mais novos e eu estou fugindo da barulheira da minha casa. – Adrian fez sinal para que os dois se aproximassem. – E vocês?

─ Mama pediu para irmos até a casa da tia China. – Sophie se apoiou na grade do balanço e cruzou os braços. – Só que ela não está lá então voltamos.

─ Thomas está lá com o tio dele, o Seth. Estão jogando um jogo novo que Seth trouxe.

Adrian pulou do balanço, o que acabou assustando Nicholas que esbarrou na irmã, que o empurrou para longe. Nicholas lançou um olhar zangado para os dois, mas resolveu deixar para lá.

─ Jogo novo? – Adrian parecia animado. – Vamos pra lá, Nick! Aposto cinco dólares que você consegue convencer o Thomas a deixar nós dois jogarmos.

─ Eu? – Nick franziu, ficando extremamente parecido com Lauren ao fazer isso. Apesar da diferença física ser nítida, haviam certas coisas que sempre lembravam as pessoas de quem o pequeno Cabello-Jauregui era filho. – Você tá apostando que eu consigo convencer eles? Por que não me dá logo os cinco dólares de uma vez já que isso vai acontecer uma hora ou outra?

─ Porque aí não teria emoção alguma. – o ruivo rolou os olhos. – Vamos logo!

Nicholas apenas dera de ombros e seguiu o amigo, deixando a irmã e Sarah para trás. Sophie bufou e foi sentar-se no mesmo lugar onde Adrian estava minutos antes, a menina de olhos claros repetiu os mesmos movimentos de Sarah de forma que agora estavam sincronizadas.

Cinco minutos depois, Sophie bufou novamente e levantou.

─ Você quer ir lá para casa e brincar na casa da árvore?

─ Pensei que nunca ia perguntar! – Sarah exclamou, rindo da impaciência da amiga. Na verdade ela poderia considerar a pequena Cabello-Jauregui como sua melhor amiga. Sophie era sua companheira de aventuras e na maioria das vezes que Sarah aprontava, ela estava junto.

Parecia que essa cumplicidade Cabello-Jauregui-Vives-Iglesias ainda teria uma longa e louca jornada pela frente.

 

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─ Duas semanas! – Lauren ralhou ao telefone, ela falava com os pais que estavam de férias em algum lugar do mundo. Eles resolveram tirar uma segunda lua de mel passeando pelo globo e conhecendo novas culturas. – Mãe, duas semanas ainda é muito tempo!

Camila riu da voz extremamente mimada que a esposa fazia, a latina estava escorada na cabeceira da cama conferindo seus e-mails enquanto ouvia a esposa discutir com os pais sobre a repentina decisão deles de estender o período de férias. A latina até achou a ideia boa, afinal Clara e Mike mereciam passar um tempo só para eles e Camila sabia que o sonho da sogra sempre fora conhecer o mundo. O problema era explicar isso à cabeça dura da sua esposa.

Lauren estava na varanda com Chara ao seu encalço, em breve teriam de arranjar outro cão guia para a esposa já que Chara já estava velha e merecia descanso. Logo um labrador macho ainda sem nome tomaria o lugar da cadela, e Chara seria apenas o cãozinho de estimação da família. A latina suspirou, pensando em tudo o que acontecera nos últimos anos... Foram muitas perdas, muitas alegrias e muitas tristezas também... E decepções. Falar do passado sempre trazia aquele tabu à Camila, o de falar sobre sua mãe. Nunca, em todos estes anos que a mulher está presa em um hospital psiquiátrico ou seja lá o que for aquilo, Camila teve coragem de visitá-la.

Não que Sinu merecesse isso, Camila só queria ver com seus próprios olhos o que a mulher que a dera à vida tinha se tornado. Dinah foi lá uma vez, mas isso fazia alguns anos. Ela disse que Sinu estava totalmente diferente, que a mulher tinha se entregado a loucura e que vivia pelos cantos falando sozinha e carregando uma boneca de pano suja. E, mesmo depois de tudo o que aquela mulher fez, depois de quase destruir sua vida, Camila ainda conseguia nutrir o sentimento de pena para com ela.

─ Mama?

Sophie estava parada na soleira da porta usando seu pijamas e segurando o seu inseparável unicórnio de pelúcia, algo herdado da irmã assim como o dragão de pelúcia que Nicholas tinha fora presente de Joshua. Camila fez um sinal com a cabeça para que ela entrasse e logo a menina correu e se jogou na cama das mães, fazendo Camila quase derrubar o notebook no processo.

─ Ei, pequeno ser saltitante! Cuidado aqui, mocinha!

─ Desculpe, mama. – Sophie se deitou de bruços e virou o rosto para encarar a mãe, que não pode deixar de sorrir. – Eu não consigo dormir e Nick já está no décimo sono agora, Lily também está dormindo.

─ E por que não consegue dormir? – a latina guardou o notebook na mesa de cabeceira e deitou-se apoiando a cabeça na mão, de forma que agora estava encarando a filha. Ela usou a mão livre para retirar os fios de cabelos no rosto de Sophie, que sorriu timidamente.

─ Eu estava pensando na história que contei na aula hoje e por isso não consigo me concentrar no sono, eu acho.

─ Hum... Quer falar sobre?

─ Tudo bem. – Sophie mordeu o lábio e parecia pensar nas palavras certas a usar. A pequena morena mudou de posição e agora estava encarando o teto branco do quarto agarrada ao seu unicórnio. – A professora pediu para falarmos sobre alguém importante, alguém que significasse algo para nós...

─ Aposto que escolheu falar sobre suas adoráveis mães.

─ Não me interrompa, mama! Por favor!

A latina não pode deixar de sorrir, Sophie era tão irritável quanto a mãe.

─ Desculpa, sunshine. Continue.

─ Então, eu meio que falei sobre a tia Taylor.

Camila, que continuava virada de frente para a porta da varanda, viu que Lauren estava parada e escorada na porta ouvindo as duas. Também viu o pequeno vinco e sorriso formado nos lábios da esposa e sabia que estava tudo bem continuar aquela conversa.

─ Sua tia Taylor, hum? O que falou sobre ela?

─ Que ela era o nosso anjo e que ela deu a vida para salvar a sua e a do meu irmão. E que, mesmo que ninguém acreditasse nessas coisas, tia Taylor era a nossa estrela que nos protege e que sempre cuidará de nós todos... – Sophie virou-se de lado e encarou os olhos castanhos chocolate da mãe. – Eu gostaria de tê-la a conhecido, mama. Ela me parecia ser legal e... Tia Bear disse que a tia Taylor vivia implicando com a mamãe, eu gostaria de ver isso. – deu um sorriso tímido e tornou a mordeu o lábio. – A mamãe fica engraçada quando alguém implica com ela.

─ Isso é verdade. – as duas riram, e Camila acabou puxando-a para os seus braços. A pequena de nove anos se aconchegou nos braços da mãe e inalou aquele cheirinho de jardim que vinha dela, Sophie simplesmente amava o perfume da mãe. – Quer dormir comigo e com sua mãe?

─ Eu posso?

─ Claro que pode, meu amor.

A menina fechou os olhos e enterrou ainda mais o rosto no colo da mãe, que fazia leves cafunés nos longos – não havia ninguém que conseguia convencer Sophie de cortá-los – cabelos castanhos da filha. Porém, o olhar de Camila estava focado na mulher escorada na porta da varanda perdida em seus próprios pensamentos, provavelmente pensando na irmã mais nova. Em algum momento, Chara tinha saído do quarto e deixado Lauren sem sua guia e, Camila notara isso agora, a morena também não carregava a bengala.

Agora Camila não sabia se levantava e ajudava a esposa a voltar para a cama, ou se esperava para ver o que Lauren faria. Ela nem precisou esperar muito, porque pouco tempo depois Lauren pareceu despertar de seus devaneios e entrar para dentro do quarto. A morena fechou a porta da varanda e cortinas sem dificuldades, para logo caminhar lentamente até onde imaginava ser a cama. Lauren fazia aquele mesmo trajeto há tempo o suficiente para decorar e saber de todos os obstáculos que havia no quarto, então Camila percebeu que se preocupar àquela altura do campeonato era bobagem.

Lauren então deitou-se na cama em silêncio e puxou a coberta para cobrir as três. Camila apagou as luzes do quarto e logo sentiu o braço de Lauren puxá-la para o mais perto possível, já que a filha estava entre as duas. Como Sophie estava agarrada a Camila, Lauren conseguiu ficar perto o suficiente da esposa para conseguir dar-lhe um beijo de boa noite.

Por alguns segundos, Camila se viu perdida naquele mundo esmeralda que era os olhos da esposa. Agora iluminado apenas pela pouca luz que vinha das janelas do quarto, mas ainda sim Camila podia ver aqueles olhos que tanto conquistaram-na anos atrás. Seu planeta dos olhos verdes...

Dezesseis anos.

Longos dezesseis anos e elas continuavam com a mesma paixão de quando se conheceram. Durante todo esse tempo, claro que nada fora sempre perfeito. Haviam as pequenas discussões, pequenos momentos de desavenças, mas nada que não conseguissem resolver. Lauren era seu coração, Camila era os olhos de Lauren. E a latina sabia que isso duraria para sempre.

─ Eu amo você. – sussurrou, ainda encarando aqueles olhos verdes penetrantes. Lauren sorriu, beijando mais uma vez os lábios da esposa e deixando sua mão descansar por baixo da camiseta que Camila usava, os dedos dançando gentilmente na pele lisa da esposa. Com o braço livre e um pouco sem jeito, Lauren mexia nos cabelos de Camila de forma preguiçosa.

─ Eu amo você, minha menina.

Camila não pode deixar de sorrir com aquilo, podiam passar-se anos, mas Lauren nunca deixaria de chamá-la assim. E ela amava isso, assim como amava tudo relacionado a mulher incrível que era a sua esposa. A latina fechou os olhos aproveitando o carinho que recebia da morena, e sabia que logo pegaria no sono.

─ Camz?

─ Hum? – a voz da latina saiu abafada e preguiçosa, indicando o estado de sono da mesma.

─ Mani e eu esbarramos em uma ex-colega da época da faculdade hoje no restaurante, Brittany é o nome dela.

─ Você sempre encontra amigos da faculdade com frequência, Lo.

─ Não, Camz... – a mais velha suspirou, o que fez Camila abrir os olhos e notar que aquele vinco estava de volta na testa da esposa. – Brittany é uma ex-colega de outra época da faculdade.

Oh...

Camila sabia que Lauren se referia à época antes da explosão, época que a morena ainda podia enxergar. Da mesma forma que sabia que, quando tudo aconteceu, Lauren acabou perdendo os amigos que tinha. Amigos que abandonaram-na a pior época de sua vida.

─ Ela destratou você ou...

─ Não! – Lauren falou mais alto do que pretendia, o que fez Sophie remexer-se entre as duas. Ela esperou até a filha ficar quieta para continuar, não queria acordá-la agora. – Não, Camz. Brittany não fez nada comigo, nem agora nem no passado quando... Você sabe, tudo aconteceu. A verdade é que eu a afastei assim como afastei grande parte das pessoas que se importavam comigo na época, não foi total culpa dela o que aconteceu. É que... Sei lá, foi estranho esbarrar com ela depois de tanto tempo.

─ Mas não é isso que a perturba, não é? Eu conheço você, sei que não é isso que está martelando nessa sua cabecinha.

─ É, você está certa. – riu, aproximando-se mais de Camila e tocando com as pontas dos dedos toda a face da latina. Ela amava aquilo, poder sentir a cada toque a evolução dos traços da mais nova, sentir cada parte do processo de amadurecimento de Camila apenas com as pontas dos dedos... Era mágico. – Esbarrar em alguém que antes você podia enxergar e agora não pode ao menos saber como a pessoa está... É frustrante.

─ Lauren...

─ Não, Camila. Eu não estou entrando na fase “depressiva com o que aconteceu” novamente, ok? Isso é apenas uma observação, nada mais que isso. Eu sempre terei esses lapsos de frustração, inconformismo e toda essa porcaria sobre o que aconteceu, Camila. É natural, mas eu me aceito e isso é o que importa.

─ Eu sei, entendo você. Só não quero que sofra e fique triste, Laur.

─ Eu nunca ficarei triste tendo a mulher mais incrível do mundo como esposa, Camila.

E mais uma vez ali estava aquele sorriso bobo nascendo nos lábios da latina. Era o efeito Lauren, e ela não podia –nem queria –fazer algo a respeito disso. Ela era trouxa por aquela mulher, fazer o que?

─ Então... Como foi esse reencontro?

─ Nada muito extensivo, eu precisava voltar para a escola e Brittany tinha que pegar os filhos na creche. Acabou que marcamos de nos encontrar no Cabello’s no próximo final de semana, assim eu aproveito e apresento minha esposa gostosa para ela.

─ A esposa gostosa achou uma ótima ideia.

Lauren riu e balançou levemente a cabeça, fechando os olhos e inalando profundamente. Ela amava o aroma de jardim que sua esposa tinha, era o melhor calmante para ela. A morena tornou a fazer os cafunés na latina e Camila entendeu aquilo como um boa noite, então, após beijar mais uma vez a esposa acabou fechando os olhos e aproveitando o carinho que recebia da mais velha.

Não demorou muito para ambas pegarem no sono.

 

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A loira encarava o teto de madeira da casa da árvore distraidamente, estava deitada no chão coberto de almofadas e jogava uma das bolinhas de borracha de Chara para cima repetidas vezes. Era final de sexta-feira e ela não precisou ir a faculdade aquele dia, seu irmão voltaria do Havaí no dia seguinte e era tudo o que ela mais queria no momento. Joshua era a única pessoa que sabia como Emily funcionava.

Ainda perdida em seus pensamentos, a Cabello-Jauregui se pegou analisando as diversas coisas espalhadas por toda a casa de madeira construída por seu avô e tio Chris anos atrás. Era algo digno de profissionais, nenhuma falha e resistente as típicas tempestades de Miami. Claro que o tempo a tinha castigado, a madeira agora estava escura e um pouco maltratada pelo tempo. Haviam fotos dela, seu irmão e amigos espalhadas por todo o lugar, e também haviam fotos dos mais novos assim como alguns objetos que denunciavam os novos “donos” do lugar. Haviam brinquedos velhos e novos ali, um caixote onde Emily e os outros guardavam coisas que deveriam ser importantes em algum momento, mas que agora não passavam de trapos velhos.

Emily riu ao perceber que a foto de sua professora da oitava série ainda estava colada ali com vários dardos e chifres desenhados na cabeça da mulher. A Sra. Darwin era o terror da oitava série daquela época, Emily recordava-se das vezes que ela e os amigos aprontaram com a mulher de meia idade.

A loira estava tão distraída que sequer ouviu alguém subir a escada e abrir a portinhola de acesso, entrar e fechar a mesma. E fora exatamente por isso que Emily gritou quando esse alguém se jogou nada delicadamente nela.

─ Sua vadia! – vociferou, batendo na melhor amiga e tirando-a de cima de dela. – Que susto, sua puta!

─ Quanta delicadeza, Lil.

─ Vá se foder, idiota!

Hannah riu, deitando-se ao lado da amiga e ficando com a cabeça encostada na de Emily. Automaticamente, Emily se aconchegou na melhor amiga jogando as pernas por cima das de Hannah.

─ Estava pensando em que? Nem me ouviu entrar, deveria estar com os pensamentos bem distantes para isso.

─ No passado, e em como as coisas eram fáceis.

─ Fáceis tipo...

─ Tipo que, quando eu fazia algo errado só tinha que enfrentar os sermões das minhas mães e ficar alguns dias de castigo.

─ Isso tem alguma coisa a ver com seja lá o que aconteceu que você não quer me contar?

─ É... Não. – a loira riu, sem humor. – Nada do que aconteceu foi... Grave o suficiente para que haja algum tipo de punição, Nah. Só minha estúpida consciência...

Hannah analisou aquilo, pensando também na forma esquisita que a melhor amiga vinha agindo recentemente. Emily não sabia, mas Hannah vinha observando-a desde que ela mudou o comportamento, assim tão repentinamente. Mas Emily não era a única a mudar o comportamento, não mesmo. Havia mais alguém agindo um tanto quanto diferente nas últimas semanas.

─ Escuta, Lily...

─ O rei das gatinhas tá chegando! – as duas viraram o rosto ao mesmo tempo assim que ouviram aquilo, escutando também um coro de risadas. Segundos depois Thomas invadia a casa da árvore sendo seguido por Izzy e Melissa.

Emily e Hannah esperaram até que os três estivessem dentro do lugar e devidamente acomodados, ambas sorriam diante aquele trio. Thomas era uma mistura de Dinah com Chris que só vendo! Emily sabia que aquele garoto iria – e já estava – dar bastante trabalho aos seus tios. Já Izzy e Mel... Aquelas duas faziam jus aos genes que carregavam, eram duas gatas! Isabelle tinha puxado, assim como Benjamin, as mechas loiras do pai e os olhos claros também. Mel e Hannah eram bem parecidas, tinham os mesmos olhos cor de amêndoas redondos e expressivos.

─ As únicas “gatinhas” que você reina sobre é as dos seus sonhos, Tommy. – Izzy o provocou, e o garoto jogou uma almofada sobre a loira. Isabelle mostrou a língua para o mais novo e rolou os olhos. – O que minhas loiras preferidas fazem aqui sozinhas?

─ Primeiro de tudo. – Emily ergueu-se e apoiou as costas contra a parede, logo Hannah deitou a cabeça no colo da melhor amiga. – A única loira aqui sou eu, Hannah que tenta me imitar. – Hannah bateu na perna da loira, mas estava rindo. – E segundo, eu estava apenas relaxando e Hannah me fazia companhia. Agora a pergunta é, o que vocês fazem aqui?

─ Ben está com a namorada grudenta dele lá em casa e não queríamos ficar lá vendo aquilo. – Izzy ralhou, colocando uma almofada no colo de Thomas e deitando ali. Logo Melissa deitou com a cabeça descasando na barriga da amiga. – Sério, Louise é um amor de pessoa e uma ótima cunhada, mas é um grude! Não sei como meu irmão aguenta ela, sério mesmo!

─ Da mesma maneira que eu aguento essa aqui com meu irmãozinho. – Emily rebateu, ganhando mais uma vez um tapa na coxa. – Ouch, vadia! Isso dói pra porra, sabia? Minha perna vai ficar marcada!

─ Eu não ligo, bem feito pra você!

─ Vocês duas são tão engraçadas. – Melissa comentou, rindo da irmã e de Emily. – É a típica relação entre tapas e beijos, sabiam? Tipo namoradas que não transam, até porque as duas são héteros demais.

Naquele momento Emily e Hannah encararam a menina de quinze anos com a mesma expressão: sobrancelhas arqueadas e cara de quem diz “Tá de brincadeira com a minha cara?”

─ Mel, eu te amo, mas cala essa boca. – Hannah pegou a bolinha de borracha que Emily brincava e jogou na irmã mais nova. – E tem mais, você e essa coisa loira aí são do mesmo jeito, então cala a merda da boca.

─ Sabe, eu ainda estou aqui. – Thomas acenou chamando a atenção das garotas. – Esse papo de mulher... Parem com isso, por favor. Minha autoestima já é baixa o suficiente pelo fato de que meus “melhores amigos” –ele fez aspas com os dedos para enfatizar –são duas garotas.

─ Ah, Tommy! Por favor digo eu! – Emily saiu de seu lugar e se arrastou até o primo, para então apertar as bochechas do garoto com as mãos e girar a cabeça do mais novo de um lado para o outro. – Olhe esse rostinho! Você tem os genes Jauregui e Hansen correndo em suas veias, garoto! A sorte está ao seu favor aqui, moleque!

Thomas não concordava com aquilo, o que gerou uma pequena discussão entre os cinco que durou até a hora que Camila os chamou para jantar.

 

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Hannah já estava ficando tonta de tanto olhar para a melhor amiga andar de um lado para o outro naquele aeroporto. Joshua chegaria daqui a pouco e as duas tinham ido buscá-lo já as mães dele estavam no restaurante aquele horário. Hannah até entendia essa ansiedade de Emily para rever o irmão, afinal já eram duas semanas longe um do outro. Mas nem ela, que era namorada de Joshua, estava tão nervosa e ansiosa quanto Emily estava!

─ Lil, sério, para com isso ou eu vou acabar ficando tonta aqui!

A Cabello-Jauregui parou em frente a melhor amiga e ajeitou o shorts jeans que usava, puxando o celular do bolso do casaco e conferindo as horas.

─ O voo dele tá atrasado!

─ Na verdade todos os voos estão, é o tempo. – Hannah apontou para a grande janela onde podiam ver os aviões lá fora e também a fraca chuva que caia sob o chão de Miami. – Viu? A chuva deve estar atrasando os voos, então senta essa bunda grande aqui e fica quieta!

─ Você tá certa, desculpa. – a loira sentou ao lado da melhor amiga e torceu a boca, demonstrando sua frustração. – É que eu não fico tanto tempo longe dele desde que passei um final de semana no acampamento na quarta série, lembra?

─ Se lembro! Era para ser um acampamento de férias, mas você não aguentou nem dois dias no meio daquelas meninas barulhentas todas!

─ Em minha defesa, eu estava doente e queria voltar para casa antes que piorasse.

─ Você vem dizendo isso há anos e até hoje não acredito nessa desculpa idiota.

─ Mas é a verdade! – a mais nova deixou seus olhos vagarem pelo portão de desembarque. Algumas pessoas já estavam saindo o que fez Emily ficar de pé novamente. – Acho que é o voo dele.

Dito e feito, logo Emily avistou o irmão – uma versão bronzeada do irmão, na verdade – aparecer carregando uma mochila e puxando uma mala. A loira gritou, animada, e correu na direção do mesmo. Joshua, por sorte, conseguiu apará-la a tempo da irmã se jogar em seus braços e pular em seu colo.

─ Seu grande mané! – Emily encheu o irmã de beijos enquanto o provocava. – Nunca mais fique tanto tempo longe de mim, está me ouvindo? Nunca mais!

─ Eu também senti sua falta, maninha.

Joshua sorria enquanto tentava equilibrar as malas e a irmã, eles chamavam a atenção de algumas pessoas, mas não estavam nem aí. Ele também sentiu muita falta de Emily, nunca tinham ficado tanto tempo longe um do outro e ambos sabiam que isso aconteceria mais vezes futuramente. Principalmente por causa da carreira escolhida por Joshua.

Um pigarrear fez os dois se afastarem, Emily desceu do colo do irmão e rolou os olhos ao ver que Hannah estava parada ao lado dos dois. A loira balançou a cabeça de um lado para o outro e deu espaço para que a melhor amiga também falasse com Joshua, afinal ela era namorada dele.

Depois de aguentar o irmão e a melhor amiga trocarem salivas por tempo demais, Emily os arrastou para fora do aeroporto. Joshua caminhava com cada uma das meninas escanchadas de um lado e com as cabeças descansando em seu ombro, podia ver os olhares que atraiam e sorriu, orgulhoso de suas meninas. Elas eram gatas, mas isso não significava que as pessoas tinham que ficar olhando o tempo todo.

Já no carro e agora com Joshua dirigindo, Hannah resolveu ir no banco de trás e dar um pouco de privacidade aos irmãos. Emily tinha os pés apoiados na porta e estava toda torta no banco, as unhas pretas tamborilavam no painel de acordo com o ritmo da música que tocava no rádio.

─ Então. – Joshua foi o primeiro a quebrar o silêncio que se instalara. Ele lançou um olhar rápido para a namorada pelo retrovisor do carro e viu Hannah assentir para que ele seguisse em frente com aquilo. – Como foi aqui? Aconteceu alguma coisa interessante enquanto eu estava fora?   

─ Nada demais, a mesma porcaria de sempre. – Emily continuava a batucar as unhas e fitar as ruas de Miami. – Ah, mamãe reencontrou uma velha amiga de faculdade esses dias. Amanhã as duas irão se encontrar no C1 para o café da manhã, acredita? Acho que vou dar uma passada por lá, só pra garantir mesmo. Vai que a mulher resolve insultar nossa mãe e, sei lá, falar besteira? É, acho que vou passar por lá mesmo.

─ Lily...

─ E tem mais, eu não confio nessa mulher! Aparece assim, do nada e querendo marcar encontro com uma mulher casada? Aí tem coisa, tem sim!

─ Emily... – Joshua tentou mais uma vez chamar a atenção da irmã, porém Emily continuava a tagarelar.

─ Eu vou ficar de olho nela, e você deveria ir também para...

─ EMILY! – dessa vez Joshua falou mais alto e Emily imediatamente calou-se. – Eu não quero saber disso, pare de me enrolar! Você sabe muito bem o que quero mesmo saber e...

Emily se encolheu no banco, seu rosto estava vermelho e Joshua sabia que ela estava puta da vida por ele ter gritado com ela assim como ele estava arrependido de tê-lo o feito. Ele odiava gritar com a irmã, mas Emily não se calava quando queria fugir de um determinado assunto. Ótimo, agora ele seria ignorado pelo resto do dia!

─ Eu não quero falar sobre esse assunto, e se insistir eu pulo fora dessa porra de carro mesmo que ainda esteja em movimento. – foi a única coisa que Emily disse antes de virar o rosto para a janela do carro e fechar a cara.

Joshua resolveu não insistir, suspirando e lançando mais um olhar para a namorada no banco de trás do veículo. Hannah sorriu sem mostrar os dentes e dera de ombros, eles dois conheciam muito bem Emily para saber quando deixá-la quieta.

 

O carro parou em frente à casa dos Cabello-Jauregui e segundos depois Emily saiu de dentro do veículo, fazendo questão de bater à porta com força no processo. Mas assim que colocou os pés para fora do veículo sentiu seu sangue ferver ao ver quem estava parado na porta de sua casa. Hannah e Joshua apressaram-se para sair do carro antes que algo acontecesse, ficaram parados cautelosamente próximo aos outros dois.

─ Que porra você está fazendo aqui? – questionou de braços cruzados e olhar inquisidor.

─ Nós precisamos conversar, Lily.

Emily riu sem humor e caminhou até onde o rapaz estava. Mas ela passou direto por ele e entrou dentro de casa, felizmente suas mães e seus irmãos não estavam ou ela teria muito o que explicar mais tarde.

─ Está vendo a minha sombra? Converse com ela e ver se ela te responde, idiota.

─ Lily, não banca a difícil agora! – o rapaz correu atrás dela e ouviu quando seus amigos fizeram o mesmo. – Você tem me ignorado há semanas! Semanas! Precisamos falar sobre o que aconteceu e...

─ Não aconteceu nada! – Emily parou no meio da e virou-se na direção dele, ficando cara a cara com o mais velho. – Está me ouvindo? Não aconteceu porra alguma! Então cai fora da minha casa e me deixa em paz, entendeu?

─ Você sabe que está mentindo, dá para crescer e admitir a verdade para si mesma?! Você não tem mais dezesseis anos, Emily! Não pode mais correr para debaixo das asas de suas mães e fugir das coisas que você faz!

─ Fugir de que, Derek? Em? Nada aconteceu, ok? Pelo menos nada que mereça ser lembrado!

Derek entreabriu a boca e fitou aqueles olhos azuis demais, perigosos demais, da garota à sua frente. A mesma garota que ele conhecia praticamente a vida toda. A mesma garota pela qual ele...

Merda! Ele nem conseguia pensar nisso agora!

Emily desviou o olhar e fitou o chão, sua respiração já era entrecortada e ela buscava com todas as suas forças controlar suas emoções naquele momento.

─ Por que não admite a verdade, Emily? De que tem tanto medo assim?

─ Por que você não vai se ferrar, Derek? – a loira rosnou, tornando a andar e escutando os passos do rapaz logo atrás dela, o que a irritou ainda mais. Ela virou-se e quase esbarrou nele, ficando cara a cara com Derek agora. – Quer saber? Vá se foder! Nós transamos, e daí? Não é como se eu fosse me apaixonar por você só porque nós transamos!

─ Não foi apenas uma transa, Emily. Você sabe disso e eu também... – ele suspirou, encarando novamente aqueles olhos azuis. Eles enrolaram aquele assunto por tempo demais, tinham que se resolver antes que suas mães percebessem que havia algo de errado. Se já não perceberam, ele completou para si. – Eu só não queria complicar ainda mais as coisas entre nós, por isso quero resolver essa situação de uma vez por todas. Então, Emily, quero que me fale a verdade dessa vez.

Era uma pequena luta entre dois pares de olhos azuis e corações batendo rápidos demais. Derek arriscou colocar uma mecha de cabelo de Emily para trás da orelha da mais nova, que ficou imóvel. Ele suspirou novamente e tornou a fitá-la, via o brilho nos olhos claros da loira, aquele brilho de quem estava segurando os próprios sentimentos por tempo demais e se recusava a enxergar a realidade.

Mesmo que ela estivesse estampada ali, na sua frente.

─ O que aconteceu... – continuou, sua voz era baixa e cansada. – Realmente não significou nada para você?

No andar de cima, no topo da escada e tentando o máximo não ser vista, Camila prendeu a respiração e aguardou ansiosa a resposta da filha. Ninguém tinha notado sua presença, nem mesmo Joshua e Hannah que continuavam parados na porta de entrada da casa. A latina agachou-se para ter uma visão melhor do que acontecia lá embaixo, ela já desconfiava do motivo dessa mudança repentina de Emily nas últimas semanas e agora tinha a confirmação de tudo.

Camila esperava que Emily finalmente percebesse que não podemos fugir de nossos sentimentos para sempre, e que, às vezes, o melhor remédio era admitir para o seu coração a verdade.

 

 

 

 


Notas Finais


Espero que o capítulo tenha agradado a todos! Eu amei cada palavrinha dele, por sinal. Não estou desapontada comigo mesma, o que já é uma boa coisa!
Então... Temos apenas mais um capítulo para o final desta história, quem diria! Apenas mais um, e diremos adeus a Blind Love! Muitos não sabem, mas a história está perto de completar um ano de existência o que me deixa mais emocional em dizer adeus a ela :')
Eu agradeço e aprecio todos os votos, os views e favs que vocês, caras leitoras, deram a esta história incrível (pelo menos eu a acho incrível, afinal nenhuma mãe pensa negativo sobre seu bebê, não é mesmo?) e milhões de obrigada não seriam o suficiente para expressar o quanto sou grata por ter as melhores leitoras do mundo!

Ah, para mais interessados eu já tenho a substituta de Blind Love! Não, não é Madness, até porque Mad tem um gênero totalmente diferente de BL. Então.... Aqui vamos nós!
Títudo: How To Live Forever
Sinopse:
"Qual o segredo da vida?
Uma pergunta presente na vida de muitos, porém, ainda sem uma resposta concreta. A vida é uma pequena caixinha de surpresas, e, no entanto existem momentos, decisões, que podem mudá-la para sempre.
Uma decisão mudou a vida de Lauren radicalmente, mesmo que ela tenha sido forçada a tomá-la. Ela decidiu não desistir de uma vida e teve que – forçadamente – aprender a se virar no mundo lá fora. Mas quem disse que ela passaria por tudo isso sozinha?
Afinal, a vida gosta de nos pregar peças de vez em quando. E, às vezes, essas “peças” vem acompanhadas de um sorriso que ela nunca esqueceria."

A capa está disponível no meu twitter (@jaureguisbig), fiquem a vontade para dá uma conferida lá :)
Ah, HTLF será postada provavelmente antes da próxima atualização de BL, então caso estejam interessados fiquem de olho no meu perfil, ok?

Falando em twitter, irei postar uma enquete sobre Blind Love (na verdade eu já fiz antes, mas acabei esquecendo da existência dela e de conferir o resultado, sorry) e é sobre o final da história, e acreditem, irão se interessar sobre. Estarei no twitter para demais dúvidas, então não se sintam acanhados em me perturbar, conversar é tudo o que mais preciso agora :)

Ok, até a próxima atualização, belles! E, para os leitores de Mad, peço desculpas e logo irei recompensá-los :)

Beijinhos de luz estelar e amo vocês!


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