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História Blood Obsession - Prólogo;; O trem


Escrita por: Helitheno_03

Notas do Autor


✝⛦Iai seres, quem é vivo sempre aparece mesmo que na maior cara de pau, mas é a vida rsrs, aqui é Helitheno_03 e é muito bom finalmente estar de volta depois de tantos tempo.

✝⛦ Blood Obssesion é um fruto de um devaneio com a fusão de uma fanfic rejeitada anteriormente; Sendo uma interativa de universo inteiramente original ouso dizer que AHS, Marianne e Sabrina foram inspirações imensamente grandes, embora que por não terem realmente relação com tais obras é apresentada como original. Blood Obssesion apresenta e aborda temas pesados e em prol de respeitar as regras de comunidade no Spirit a interativa será postada em dualidade aqui e no "Archive of your own" onde estarão presente os capítulos brutos mais adornados de informações por isso se sentir certo desconforto é recomendado que leia apenas aqui, lembrando, novamente, que BO trás em seu enredo inúmeras referências a demonologia

✝⛦ Os méritos pelos edits nos docs de informações vão especificamente para @Ollewan e para @Benzodiasepyne, ícones que sem elas BO possivelmente ainda estaria no papel ou se adiando indefinidamente até hoje para sabe-se lá quando; Também quero agradecer a @scararmst, nada disso seria possível sem sua ajuda anja, muito obrigada por tudo

✝⛦ Todas as informações foram postas cuidadosamente nos documentos mas sempre que precisarem lembrem-se de me perguntar tudo que precisarem

Capítulo 1 - Prólogo;; O trem


Devia ser pouco mais de dez horas da noite quando pôde-se ouvir o barulho dos trilhos enferrujados sendo atravessados, um ruído de metal friccionando. A única coisa com luz que se podia ver no horizonte embebido em escuridão e pinheiros se aproximava cada vez mais da costeira cidade às margens da Baía de Hudson, o semblante do verão próximo visível aos olhos dos já acostumados com a pálida neve que se estendia até onde se podia ver, a menos, é claro, que você fosse Hector Blanchard, que, talvez a única benção de seu quase exílio, precisava voltar à cidade apenas no verão. Ao menos não haveria o risco de ser pego por uma tempestade e precisar permanecer por mais tempo do que o necessário acompanhado por seu progenitor e, que os céus e infernos o livrassem, da companhia quase insuportável de seu soberbo "irmão".

Hector, não de surpresa para ninguém, estava perdido nos pensamentos de remorso e na ânsia quase imparável de voltar o mais rápido que podia para o convento em Paris e passar os próximos anos de sua vida sem sequer pensar em pisar naquela cidade. Sem sombra de dúvidas ele detestava aquilo mais do que qualquer outra coisa e para ser franco o que mais lhe feria era a gélida traição, mas não havia sido traição, ele não tinha a tão adorada magia, então não era um Blanchard. Ele passaria mais um bom pedaço de horas encarando a relva se o miado de um inconformado gato pelo longo período sem mimos não tivesse chamado sua atenção, um sutil sorriso pintando-lhe os lábios. 

"Eu acho que te mimei demais". Riu, ao afagar o pêlo enegrecido. "Não se preocupe Raven… já fizemos isso antes, é jogo rápido". Assegurou para o felino mesmo que soubesse que o sussurro era mais para si mesmo do que para o bichano, que pouco se importava com aquilo, estando bem mais ocupado em apenas aproveitar os afagos do dono.

O resto do percurso se passou sem que ao menos percebesse, de tal forma que Hector tomou um susto ao ouvir o som do longo e prolongado apito cortando o silêncio da noite. Levantou-se de maneira sonsa e sonolenta, além de levemente desequilibrada pelo peso das poucas bagagens para pouco mais de um dia e pelo pesado gato que não parava de se debater pelo simples fato de odiar ser carregado, que após um considerável tempo finalmente se acalmou o suficiente para que pudessem sair do trem sem o risco de tombar no chão ao tentar acalmar o  endiabrado animal.

Era estranho como Montroir conseguia possuir os mesmos espectros mesmo que anos se passassem, o mesmo ar frio e úmido acompanhado pelo inesquecível cheiro dos hectares que se estendiam até onde se podia ver  campos de bordos que faziam um suspiro satisfeito escapar dos cansados e poucos visitantes que não estariam lá por mais de uma semana. Parado em frente ao vagão principal, uma figura morena e alta de cabelos curtos e barba bem cuidada ostentava uma placa de letras cursivas num horrendo eixo de simetria, onde residia simplesmente  o nome de Hector.  

"Eu sei o caminho de casa, sabia, tio?" Perguntou num tom risonho, abrindo os braços a tempo de receber o caloroso abraço de boas vindas do único parente que considerava, recebendo em resposta um gato irritado pulando no chão e ronronando.

"Eu só te vejo uma vez por ano, ao menos eu tenho que te dar uma carona." Respondeu, um tom alegre em sua voz ao apertar com força o ser presente entre seus braços "Meu doce Asmodeus, você está tão branco, a França tem feito desgraças a você"

“Bem, eu passo maior parte do tempo trancado em uma igreja, o que você queria?" Resmungou ao seguir junto ao tio no percurso, em silêncio, quebrado unicamente pelos murmúrios vagos do tio, que se prolongaram pela maioria do percurso que seguiram no velho carro. 

Héctor não conseguia se lembrar quanto tempo se passara desde que se sentara no banco do passageiro do velho Impala, a observar as negras árvores serem deixadas para trás enquanto o carro avançava pela estrada como a única luz em meio às sombras, mas tinha quase certeza de que não havia se passado o tempo necessário para parar aos pés dos portões negros que agora se encontravam à  sua frente.

"Por que esse lugar é tão sinistro?" Questionou, a ansiedade pairando em sua garganta quase a ponto de ser esmagada de forma que nem a engolida em seco que procederá sua fala havia conseguido passar.

"Que doce, fazemos o possível para sempre te apavorar," riu, ao sair do carro, lançando um rápido olhar ao sobrinho. "Você sabe que eu posso ir lá e pegar pra você…"

"Meu pai arrancaria cada pedaço de carne do seu corpo se você fizesse isso, nós sabemos que ele só quer cuspir na minha cara o quanto eu sou a desgraça da família. Eu vou ficar bem, já ouvi muito pior vindo dele," suspirou, finalmente se pondo para fora do carro acompanhado pelas bagagens e pelo adormecido Raven. "E eu apenas preciso esperar que ele esteja bêbado demais pra falar alguma coisa, não que isso seja difícil."

"Seu pai pode ser meio duro às vezes, mas…" Robert parou, não havia o que completar naquela frase. "Vamos entrar logo, você deve estar faminto." Murmurou, erguendo a palma direita sobre o ar, o estalar de dedos ecoando em um som agudo antes do barulho dos grandes portões se abrindo de forma vagarosa tomar a cena.

"Seria mais fácil automatizar esse portão.”

"Qual seria a graça disso?" Sorriu, simplista "Além de que seu pai não sabe mexer em nada eletrônico que não seja o cartão de crédito e o celular."

A grandiosa mansão Blanchard era símbolo de inegável riqueza e autoridade além da jóia da coroa de Montroir, construída num estilo gótico elegante fundido à arquitetura francesa do século XVII. Se encontrava, em sua eterna plenitude, seis fontes ao total, todas perfeitamente adornadas por roseiras tão bem cuidadas e perfeitas que dariam inveja a qualquer pessoa que alegava possuir um dedo verde. A aparência bem cuidada e imponente ganhava um ar de imensa superioridade ao se impor como única luz em meio à escuridão da floresta que cercava as grades enegrecidas do imenso casarão, que parecia pouco se importar com as contas de luz, considerando o fato de que cada janela visível estava acesa em tons claros e suaves de laranja e dourado. Contudo, Héctor apenas conseguia focar verdadeiramente em uma, a do terceiro andar, onde uma grande sombra o encarava com desgosto incontestável tal quanto o sabor da amarga bile, e Héctor reconhecia tão bem aquele desgosto que lhe era mais do que familiar.

O caminho até a maçaneta de ferro adornado pareceu infinito, como uma caminhada que se prolongava a cada vez que se aproximava do horizonte. A inquietação era algo palpável no ar próximo ao moreno, ao passo que as três figuras seguiam o mesmo caminho que já havia sido seguido milhares de vezes, mas a sensação de sentir o peso do céu sobre suas costas sempre parecia-lhe algo novo. Apenas realmente percebeu o quanto havia se perdido com tal pensamento quando já se via dentro do Solar Blanchard, observando as paredes em tons mesclados de vermelho, preto, dourado e marrom, retratando estonteantes e mirabolantes pinturas sobre a densa floresta afora.

“Ainda lembra onde fica seu quarto?”

“Não preciso. Eu sei onde fica a pousada.” Rebateu o comentário de seu tio sem olhar para este, os olhos negros percorrendo a mobília do hall de entrada, à procura do simples envelope. Estava ansioso demais para apenas ir embora o mais rápido que pudesse, seria melhor para todos se apenas não percebessem que ele estivera ali.

“Héctor, vamos, está tarde demais para eu deixar você sair andando no escuro, numa lua cheia, e se você for atacado por um lobisomem?” Retrucou em retorno, cruzando os braços sob os tecidos negros que lhe serviam de vestimentas “Além do mais, Raven não parece nem um pouco a fim de sair daqui.” Complementou, encarando o bichano se aninhar sob o luxuoso sofá na extremidade do local, ronronando em agrado. 

“Raven ficaria satisfeito em qualquer local onde ele pudesse tirar um cochilo, e como você mesmo me disse uma vez, lobisomens são lendas urbanas.” Falou, virando a face para o tio, após uma longa encarada ao redor. “Eu não pertenço a esse lugar...  Cedric e Dantes não iriam querer que eu ficasse aqui.”

“Cedric possivelmente está em uma orgia, ou levantando pesos, ou ajudando Zarina com alguma sobremesa e, bem, seu pai possivelmente só iria te notar amanhã de manhã no café e…” Ele parou, olhando para a escada, observando em silêncio.

“Falando de mim pelas costas novamente, Robert?” Questionou o recém chegado, a voz fria, enojada e carregada de tamanhas características que arrepiou até o último fio da nuca de Héctor. “O que este rato faz parado no meio da entrada?”

“Roendo a mobília, não está vendo?” respondeu, de forma impulsiva e ácida tão rapidamente que apenas minutos depois processará o que havia dito. Não que fosse se desculpar, claro.

“Eu estava me referindo ao outro animal, mas que bom que consegue reconhecer o que você é.” Cortou, ríspido e simplista, ao descer calmamente os degraus negros, a mão sobre o batente deslizando junto a ele. “Que grosseria você ir embora sem falar com o dono da residência, ratinho.”

“Não aja como se você ligasse para isso.”

“Cuidado com a forma que fala comigo, seu vermezinho, se não quiser que eu arranque suas orelhas e as coloque na tigela dos meus cachorros.”

“Que tal fazermos margaritas e mudarmos de assunto?” Palpitou Robert, se colocando à frente do sobrinho com um sorriso forçado. “Ou um bloody Mary.” Pigarreou andando até o irmão, um sorriso sapeca nos lábios “O que me diz? Você sabe que eu sou ótimo com bebidas, e o Héctor só ficaria aqui por uma noite, qual mal teria isso?”

“Eu…” Começaram ambos, Héctor e Dantes, sendo barrados pelo sorrisinho que pintava o rosto moreno.

“Eu tenho certeza que um convidado surpresa é uma ótima desculpa para Zarina vir ajudar no café.” Sorriu, um golpe baixo e tão sujo que apenas poderia ser feito por um parente a outro, afinal, era difícil não notar o fato de a presença de Zarina não ser alvo do desgosto do Blanchard mais velho. “E como eu já disse para Héctor, está muito escuro e frio para ele sair andando. E acabei de lembrar que o carro quebrou.”

“Mas o carro…” Começou o protesto, porém não teve tempo de terminar sua frase antes de ouvir o estrondo repentino vindo de fora. 

“Agora ele está." Sorriu ao ouvir a sirene alta do carro ao lado de fora.  

“Bem… uhm… creio que por uma noite eu consiga aguentar.” Suspirou, um misto de derrota na voz de Dantes, além da clara preguiça que estava em terminar aquela discussão. “Uma dose dupla para mim, Robert.” pronunciou, ao seguir rumo ao corredor profundo à leste, deixando Héctor plantando sozinho no cômodo.

A residência dos Blanchard era sem dúvida um milagre visual do exterior de seus jardins perfeitos e aparência impecável e imponente sobre o cenário praticamente deserto do território privado. Porém, em seu interior, a imensidão e escuridão se mesclavam ao excruciante silêncio que perseguia Héctor por cada corredor idêntico que virava à procura dos pontos de referência. Luzes fracas se acendiam e se apagavam magicamente a cada passo dado em direção ao desconhecido, um caminho prolongado e infinito de portas. Não haviam se passado sequer dez minutos quando ele finalmente acreditou ser aquela, era impossível ignorar o enorme “X” vermelho desenhado na porta que já havia sido sua. Era anormal ele ainda conseguir lembrar com exatidão do dia em que aquilo havia sido colocado com desgosto? Héctor conseguia lembrar dos gritos irritados de seu progenitor, das sombras por baixo de sua porta, de se cobrir assustado toda vez que o via e do sentimento corrosivo. Fora naquela noite que finalmente entenderá: ele era uma aberração e nunca poderia ser um Blanchard. Ele passaria uma quantidade razoável de tempo encarando o simbolo, perdido em suas memórias e pensamentos, se o barulho de impacientes garras não tivessem o acordado de seu transe. A cena por trás daquela porta era degradante, teias e poeira se espalhando por todos os lados, um suspiro irritado vazando dos lábios do moreno, que rumou atrás de produtos de limpeza enquanto Raven se divertia em meio às coisas menos sujas.

Héctor não se lembrava de ter estado tão cansado a ponto de apagar, ou sequer se lembrava com detalhes do que precedera a árdua limpeza do quarto, entretanto,  ali estava, desperto no início da manhã, uma cena particularmente normal se não se fosse contado o estado no qual ele se encontrava. Héctor lutava para respirar, sentado em sua cama, a respiração cansada e ofegante, ao passo que as manchas causadas pelo suor frio se fizeram visíveis enquanto o homem sentia um cansaço e inexplicável peso sobre suas costas, que o fizeram afundar no chão na fútil tentativa de se levantar - suas pernas ardiam demais para conseguir se manter em pé. Demorou um tempo considerável para que ele finalmente pudesse descer cambaleante por entre a escadaria, o cheiro de café e panquecas lhe guiando por entre os corredores até a cozinha, que aquela altura do campeonato se encontrava empanturrada de pilhas e mais pilhas de comida. Entretanto, a única pessoa presente era uma de aparência enjoada; Dantes, sentado de frente para Héctor, a presença do homem sendo o suficiente para Héctor ignorar a fome, era hora de finalmente pôr um ponto final naquilo.

“Você não dorme?” Perguntou, num tom nem um pouco educado, tomando assento de frente ao progenitor, logo notando o envelope amarelado gentilmente posicionado sobre o punho de Dantes. 

“Essa é ultima vez que sua escória esteve nesta casa, eu fui claro?” Se pronunciou, apoiando o corpo para frente para olhar a figura alheia, bile cuspida em suas palavras.

“Ainda faltam alguns meses para o natal.” Rebateu. “Não é como se eu gostasse de ficar no mesmo local que você.”

“Eu passei dezesseis anos te alimentando e te abrigando, seu ingrato, e a única coisa que precisava fazer para recompensar tudo isso era simplesmente mover algo sem tocar ou qualquer palhaçada fácil que uma criança consegue fazer com facilidade, mas até nisso você consegue ser uma total decepção. Agora, escute bem o que vai acontecer, você vai pegar esse dinheiro, ir embora e fingir que não me conhece nem a essa cidade.” Disse, numa gentileza que apenas poderia ser usada por ele.

“Não vamos prolongar logo algo que queremos acabar.” Respondeu Héctor, os braços cruzados “O envelope, por favor.” 

Dantes estenderá o corpo para entregar o envelope, estivera perto o suficiente para os dedos do mais novo roçar o papel amarelado, porém foram parados pelo barulho da quase arrombada porta ao lado; um cansado Robert surgindo na sala.

“Você não sabe bater?” perguntou grosseiramente Dantes, ao observar o estado do irmão. “Doce Lúcifer, você está horrível.”

“Não temos tempo para isso, temos que ir logo. Héctor, tranque a casa e fique nos esperando.” Ordenou Robert, exasperado, pegando um bolinho da pilha de comida antes de correr novamente para a porta.

“Robert, Héctor não…” Começou Dantes, parando em seguida ao receber um olhar fulminante de Robert, direto, ele iria querendo ou não, e Héctor não sairia daquela casa até que ele julgasse necessário, e sem muito protesto levantou, rumando atrás de seu casaco.

“Alguém pode me dizer o que está acontecendo?!” Questionou irritado o mais novo.

Robert o encarou, suspirando baixo.

“É a Linnara, Héctor, ela está morta."


Notas Finais




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