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História Bloodflowers - Como Evitar uma Luta


Escrita por: kidleader

Notas do Autor


Oi pessoal! Como estão?!
Obrigada por estarem acompanhando! <3

Capítulo 28 - Como Evitar uma Luta


 

Yuri

 

Sabia que havia acordado, mas estava presa em algum lugar entre a inconsciência e a realidade ainda, chequei meus sentidos e tive leve consciência de que havia alguém em meu quarto e não era qualquer pessoa, seu poder oprimia o meu com força, podia sentir seu instinto assassino.  Abri os olhos percebendo que agora conseguia e me vi em um ambiente quase completamente escuro, reconhecia o teto, o formato das pequenas lâmpadas embutidas ali e, mais uma coisa, reconhecia aquele cheiro que lembrava primavera e sua imagem apareceu em minha mente. Virei a cabeça e a encontrei sentada, próxima à minha cama, com os cotovelos apoiados nos joelhos, inclinada para a frente e as duas mãos apoiadas nos lados da cabeça, cobrindo o rosto. Era uma posição típica de quem está a pensar muito.

 

— Oi… — falei, sentindo a garganta incrivelmente seca. BoA levantou a cabeça para me encarar, pela primeira vez a vi cansada.  Ela sorriu de leve para mim.

 

— Acordou… — então lembrei-me do que vi na mente de Jessica.

 

— Temos que nos preparar! Chaerin está aqui… Está com Jessica… Elas estão planejando algo… — tentei levantar, mas o mundo girou diante dos meus olhos e fui obrigada a deitar-me outra vez.

 

— Calma, você já nos avisou. — sua mão voou até minha testa.

 

— Você está quente, o sangue dela era forte demais. — disse, intrigada. — É estranho, vocês deveriam ser quase iguais em força.

 

— Ela não é mais forte do que eu! — meu orgulho não me deixava ficar para trás.

 

— Por enquanto não deve ser mesmo, mas ela recebeu muito poder em pouco tempo. Quando este poder se manifestar, é provável que ela consiga te destruir, Yuri. — falou, preocupada. — Talvez você consiga enfrentá-la, agora que tomou parte de sua força.

 

— Mas não foi muito… — apressei-me em dizer.

 

— Mas é o suficiente, você tem muita experiência em batalha, coisa que ela não tem. Qualquer vampiro, por mais poderoso que seja, deve tomar cuidado contigo. — apesar de ter uma expressão neutra, eu sabia que ela estava preocupada. Forçou um sorriso. — Deves descansar agora.

 

— Mas…. A Tiffany… — eu não sabia o que faria, mas tinha que falar com minha amiga.

 

— Entendo. Vai mesmo fazer isso agora?

 

— Devo falar antes que esta guerra comece e nossas desavenças possam colocar tudo a perder. — expliquei sentindo um medo que jamais tive antes: o de decepcionar alguém.

 

— Pois bem. Isaura! — chamou e uma humana entrou em meu quarto, tímida, mal ousava levantar a cabeça para encarar nossa líder. — Chame a Stephanie, diga-lhe que Yuri acordou e deseja falar-lhe.

 

A humana saiu do quarto para cumprir a ordem e boa me lançou um último olhar gentil.

 

— Boa sorte, Yuri. — falou antes de sair.

 

Por alguma razão, a imagem de Jessica deitada com uma ferida no pescoço passava pela minha cabeça repetidas vezes e eu sentia um frio na boca do estômago. O que aconteceria agora? E se eu não fosse capaz de salvá-la? Sabia que não tinha coragem de destruí-la. Perdi-me em pensamentos e nem percebi quando a porta foi aberta e uma Tiffany preocupada entrou. Ela sentou-se em minha cama e imitou o gesto de BoA, colocando a mão em minha testa. Estava séria e seus olhos corriam por meu corpo como se para ter certeza de que nada estava faltando.

 

— Como está? — perguntou, por fim. Senti cheiro humano nela, ultimamente o cheiro de minha amiga misturava-se com o da Taeyeon. Ri internamente com isso.

 

— Inteira, se é isso que quer saber. — brinquei, ela fechou a cara.

 

— Achei que você… — começou.

 

— Omo! Que fofinha! Estava com medo de que eu pudesse ter morrido! — fiz menção de apertar suas bochechas, mas vi o perigo em seus olhos e me controlei.

 

— Medo? Tiffany Hwang não tem medo de nada. E realmente não me importo tanto assim se você… — ela foi falando e ficando cada vez mais enrolada, por fim, não teve coragem de terminar. — Ah, não importa.  O que aconteceu? Quem te atacou?

 

Fechei os olhos e respirei fundo. Era agora, eu teria de dizer toda a verdade, desde o início.

 

— Tenho que te contar algo. — comecei, sentindo-me cada vez mais nervosa. Ela me encarou com aqueles olhos negros e brilhantes.

 

— Estou ouvindo.


 

Taeyeon

 

Baekhyun pediu para que o seguisse, sem dizer nada, sem nem ao menos expressar surpresa com meu pedido inusitado. Percebi, pela primeira vez, que não sabia muito sobre ele. Já estava vivendo nesta casa há um bom tempo, mas o via poucas vezes, apenas nas aulas que tínhamos e nas poucas refeições “em família”, onde apenas nós dois comíamos, de fato.  Observava suas costas enquanto ele andava em direção à biblioteca, não sei porque diabos ele estava indo para lá, já que pedi para que me ensinasse a lutar e não a ler, mas tudo bem, o fiz sem reclamar.

 

De repente, ele parou defronte à uma das estantes de livros do lugar e correu os olhos por eles.

 

— Qual era mesmo? — falou consigo mesmo. — Ah, esse aqui, faz um bom tempo que não venho aqui.

 

Ele puxou, sem retirar por completo, um livro minúsculo e fino da quarta fileira, não consegui ler o nome, apenas vi que era verde. Então ouvi um barulho estranho, parecia algum tipo de engrenagem se movendo.  Foi então que ele colocou a mão na ponta da estante e a puxou para o lado, o mais estranho nisso tudo é que ela simplesmente deslizou.

 

— What the f…?! — isso tava parecendo com aqueles filmes de castelos antigos cheios de passagens, ou sobre múmias onde elas ficavam em pirâmides cheias de armadilhas e passagens estranhas.  Baekhyun olhou para mim com um sorriso torto nos lábios.

 

— Ora, acha que as BloodFlowers não têm um lugar para treinar? — perguntou com um tom de presunção que jamais havia visto nele, mas eu sabia que estava brincando e se divertindo com minha ignorância. — Siga-me.

 

Baekhyun apertou em algum lugar na parede e a passagem foi iluminada com aquelas lâmpadas que pareciam terem sido feitas para emergências, sabe? Tipo abrigos antinucleares ou coisa do tipo. Havia escadas descendo à nossa frente.

 

— Esta casa não foi construída aqui por acaso. — explicou enquanto descia, eu o segui de perto. — Este lugar é cheio de túneis antigos, criados pelo clã. Existe todo tipo de coisa aqui no subsolo.

 

Não duvidei, passamos por alguns corredores enquanto eu tentava lembrar o caminho que tomamos, só para o caso de me perder por aqui sozinha. Em uma das portas podia ver palavras escritas em mais de um idioma, como: “Dormitório A”, “Documentos”, “Déposito AB1”. Eram muitas e também não pude deixar de notar que em todos os lugares haviam extintores de incêndio e também que o sistema de refrigeração era bom até demais, pois já estava começando a sentir frio.  

 

Baekhyun finalmente parou ao final de um dos corredores, em frente à portas duplas de metal. Ele colocou uma espécie de código no teclado eletrônico que ficava na parede e abriu.

 

O que eu posso dizer?  Aquele salão era enorme, deveria ser do tamanho do campo de futebol da Universidade. Não estou brincando, era realmente enorme. Ao centro dele havia um grande tatame e as paredes estavam cheias de armas de todos os tipos, de brancas à metralhadoras. Mais ao canto existiam bonecos de plástico, ou borracha, não fazia ideia do material de que eram feitos, mas estavam ali para serem acertados, sem falar nos alvos que estavam posicionados até mesmo no teto. Também haviam sacos daqueles que vemos em academias de boxe pendurados próximos à entrada do lugar. Por fim,  do lado esquerdo havia uma porta, ao perceber meu olhar, ele explicou.

 

— Ali fica a academia. — falou como se não fosse nada. — Mas por enquanto você não vai para lá.

 

— Ok…. — já comentei que odeio academia? Não? Pois odeio.

 

— Vamos começar com um alongamento. — disse, tirando os sapatos e ficando na minha frente. Não sei do que diabos o corpo dele é feito, mas metade dos movimentos que ele fez não consegui acompanhar. — É assim que você quer lutar, humana?

 

— Até você vai me chamar de humana?! — perguntei, surpresa com seu tom e a palavra.

 

— Por que até eu? — perguntou quase ofendido.

 

— Você é humano. — falei, mas sabia que não poderia ser verdade, eu já o vira tomar sangue. Baekhyun sorriu e não foi pouco, ele gargalhou.

 

— Essa foi boa… Não sou humano. Achei que depois de todas as nossas aulas você já saberia o que sou. — falou, estreitando os olhos.

 

— Mas… Você come, tipo, sem fingir… Você realmente parece ter fome e, não parece tão assustador quanto os vampiros… — comecei a colocar a cabeça para funcionar. Já tinha ouvido falar de vários clãs, da história dos vampiros em geral, de alguns inimigos, da Ordem… A Ordem! Os soldados da Ordem não eram humanos ou vampiros, eles eram os Imortais. Será que…? — Imortal?

 

Ele sorriu e acenou com a cabeça.

 

— Estava começando a achar que todas aquelas aulas haviam sido em vão.

 

— Mas ninguém explicou nada sobre eles, só falou que eles lutavam pela Ordem… — como vou reconhecer algo que não conheço?

 

— Isso porque não era necessário. Nem mesmo os vampiros sabem muito sobre nós. — explicou. — A razão de você ter me confundido com um humano é porque sou metade humano e metade vampiro.

 

Minha cabeça deu um nó gigante.

 

— Como assim?! — a ideia de que existiam híbridos era meio que bizarra para mim.

 

— Existimos a fim de manter um equilíbrio entre as duas raças. Não somos tão fortes quanto os vampiros nem tão sentimentais quanto vocês, humanos.  Precisamos alimentar os dois lados para sobrevivermos. Em suma, temos sentidos mais apurados que os dos humanos, mas não tão aguçados quanto o dos vampiros e temos resistência ao calor, assim como os humanos. Podemos sobreviver sem comida por dias se tivermos sangue e vice-versa. Digamos que herdamos as melhores coisas das duas espécies. — falou, piscando para mim, como se estivesse se achando, mas ainda assim brincando.

 

Eu mal podia acreditar.

 

— Então… vocês são mais fracos que os vampiros e mais forte que os humanos? — foi isso que entendi.

 

— Depende do ponto de vista. Certamente não temos a força selvagem dos vampiros ou os sentidos tão bons, mas durante o dia, podemos vencê-los com certa facilidade, dependendo do vampiro, claro.. — comentou como se isso não fosse nada. — Além disso, o fato de não agirmos por instinto, nos dá certa vantagem sobre eles.

 

— Então… como vocês mantêm o equilíbrio? — perguntei, mas meio que já desconfiava da resposta.

 

— Quando existe alguma área onde as atividades dos vampiros estão interferindo de modo determinante na sociedade humana, nós investigamos e tomamos as devidas providências. Você sabe que existe um Código e ele deve ser seguido para que a ordem seja mantida.  Por exemplo, vampiros não podem interferir na política dos humanos e existem alguns tipos de humanos que não podem ser alvos dos caçadores como: líderes, profissionais da saúde, crianças, pessoas com doença crônica ou portadores de deficiência… Bem, um dia você irá aprender todo o código.

 

— E quando um vampiro desobedece as regras…. O que… — comecei, mas não consegui terminar.

 

— Ele é levado sob custódia para a Ordem, onde a punição adequada é decidida de acordo com uma série de coisas, desde sua linhagem, clã e poder,  até o peso dos seus crimes. Claro que, em alguns casos, existem exceções e temos que eliminá-lo antes mesmo de levá-lo a julgamento.  — ouvi-lo falar tão friamente sobre a “eliminação” de vampiros me deu calafrios.

 

— Então vocês são… caçadores de caçadores? — perguntei, sabendo que a pergunta era ridícula e que a resposta era positiva.

 

— Bem, eu sou um embaixador, não estou aqui como caçador. Sou uma mera conexão entre seu clã e a Ordem. — ele fez uma pausa. — Mas já fui caçador. Não é algo que me dá orgulho ou prazer. Vi muitas atrocidades quando caçava vampiros errantes, coisas que quero esquecer até hoje…

 

Seu olhar estava baixo, era difícil para ele falar sobre isso. Logo  sorriu tristemente para mim e mudou de assunto.

 

— Acho que já alongou o suficiente, agora já pode correr, só pare quando eu mandar. — neste momento, toda compaixão momentânea que senti por ele se foi.

 

Já falei que o lugar era do tamanho de um campo de futebol, né? Eu corro todas as manhãs, condicionamento não faltou aqui, o problema era que o Baekhyun era um psicopata maluco que gostava de ver garotas correndo, só pode. Perdi as contas de quantas voltas dei ao redor daquele “centro de treinamento”, não tinha mais pernas e suava feito maratonista. Ainda assim ele não mandou que eu parasse, assistia a tudo sentado, encostado na parede, com um livrinho nas mãos.

 

— Eu… não… aguento…. mais… — falei enquanto tentava não morrer sem ar. Ele levantou os olhos para mim e sorriu.

 

— Hm… vinte e duas voltas. Para uma humana até que você não foi tão mal assim. — disse, se levantando. — Por hoje é só.

 

— Hey! Como assim?! Eu te pedi para me ensinar! — falei, indignada. Ele olhou-me confuso.

 

— É o que estou fazendo.

 

— Mas eu já sabia correr! — ele era maluco ou o quê?! Tava me enrolando por um acaso?

 

— Não te ensinei a correr. Você precisa ser veloz, precisa correr muito mais e em menos tempo. — sua expressão estava séria, ele não estava brincando.

 

— Mas pra quê?! — não pedi para ir para as olimpíadas, pedi apenas para aprender a lutar! Quão difícil isso deveria ser?! Ele respirou fundo e inclinou-se um pouco para frente, de modo que seus olhos estivessem na altura dos meus.

 

— Antes de saber como lutar, você deve saber como evitar uma luta. — falou, antes de me dar as costas e sair do lugar. Apressei-me em segui-lo.

 

— Isso não é justo! — reclamei. Ele não me deu a menor atenção.

 

Quando chegamos à biblioteca, ele selou a porta e olhou para meu estado deplorável de corredora, ainda ofegante.

 

— Um dia, você vai precisar correr de um caçador. Neste dia, irá se lembrar de mim. — falou abrindo o sorrisinho que eu odiava e saindo da biblioteca antes que eu pudesse respondê-lo.

 

— Aish! Idiota convencido!



 

Tiffany

 

Nunca vira Yuri ter essas reações antes, ela parecia estar muito nervosa com o que estava para me contar. O que poderia ser assim tão grave? Seus olhos procuraram os meus e ela começou a falar.

 

— Você pediu que vigiasse a Jessica para descobrir o que ela estava tramando e assim o fiz. — ela fez uma pausa e respirou fundo antes de continuar. — Porém, enquanto fazia isso, tive que confrontá-la, algumas vezes. Foi aí que tudo começou, em uma de nossas lutas, nos beijamos.

 

Por essa eu não esperava, como assim? Ela não estaria… ou estaria? Claro que não! Yuri não faria isso.  Ela olhava para mim com cautela, quase medo.

 

— Continue. — falei.

 

— Continuei minha missão, cuidava para que ela não fizesse mal a Tae e vigiava seus passos. O fiz por um bom tempo, apenas como precaução, assim como você me alertara. Em outra ocasião de luta, o beijo se repetiu… — eu lutava para manter meu controle, era difícil, parte de mim estava se quebrando por dentro. Tinha medo de que Jessica machucasse a Yuri assim como fez comigo e também temia que Yuri traísse o clã por ela.

 

— Você gosta dela, Yuri?  — perguntei, pois não queria que ela enrolasse para dizer o que realmente interessava.

 

— Não vou mentir para você, Tiffany. Sinto muita atração por ela… — seus olhos mantinham-se nos meus, fui eu que não aguentei e acabei por desviá-los. Eu estava decepcionada.

 

— E por isso você chegou aqui assim?

 

— Conversei com BoA sobre minha relação com Jessica. BoA acha que há uma chance para ela. — sua voz era cuidadosa, ela temia que eu a atacasse ou fizesse alguma coisa impensada.

 

— Então BoA sabia… De que chance você está falando?! — estava ficando cada vez mais difícil controlar o monstro dentro de mim.

 

— Uma chance para salvar a Jessica desse caminho que ela escolheu. Fingi ter virado de time e consegui pegá-la de guarda baixa, foi quando a mordi e bebi seu sangue, é provável que ela tenha encontrado informações valiosas nossas também, mas duvido que vá dividir com nossos inimigos, pois se o fizer terá que dizer que falhou. Você e eu sabemos que alguns vampiros não sabem lidar muito bem com as falhas, não é?

 

Ela estava certa, se Jessica estava metida com Chaerin ou pessoas de sua laia, jamais poderia admitir que deixou que bebessem seu sangue sem sofrer consequências horríveis. Eu estava furiosa, mas estava conseguindo manter minha fúria dentro de mim.

 

— Sim. — falei.

 

— Desculpa, Tiffany. — Yuri disse e não tive coragem de olhar para ela. No momento estava usando cada gota de controle para evitar pular em cima dela e quebrar-lhe o pescoço.

 

— Agora não, Yuri, agora não. — falei, antes de sair de seu quarto. Precisava ficar sozinha, pensar, me acalmar.

 

Saí de casa em meu carro, dirigi à toda velocidade pelas ruas, sem me importar muito com os limites. Não matei nada ou ninguém, meus reflexos eram bons demais para isso.  Dirigir era algo que conseguia me distrair por algum tempo, talvez fosse pela mudança constante de cenário, ou por manter minhas duas mãos ocupadas. Não sei.  Meus pensamentos vagaram para a Taeyeon, ela estava em casa, podia sentir, mas não fazia ideia do que poderia estar fazendo, aos poucos notava que ela ficava cansada, como se estivesse fazendo algum exercício. Tentei deixar ela de lado, mas logo voltei a pensar no perigo que estaria correndo quando a guerra estourasse. Ela era a membro mais “fraca” do nosso clã, sem falar que era uma forma direta de me atacar, se a machucassem. Porém, também sabia que não aguentaria ficar longe, nem mesmo um dia sequer. Precisava dela comigo ou morreria com a distância.

 

Voltei para casa mais calma e tudo o que eu queria era vê-la, só ela poderia tirar de mim todos essa decepção e frustração que ameaçava explodir aqui dentro.  A primeira coisa que notei foi seu coração acelerado, depois sua respiração irregular. Agucei os sentidos e percebi que ela estava na biblioteca. Até aí tudo bem, o problema foi que senti que mais um coração batia ali e não era um vampiro, era um imortal. O que diabos a Taetae estaria fazendo para se ficar tão cansada, num mesmo cômodo que o Baekhyun?


 

— Um dia, você vai precisar correr de um caçador. Neste dia, irá se lembrar de mim. —ouvi ele dizer, da porta. Ele sabia que eu estava ali fora quando saiu, pois andou diretamente até mim e falou baixinho. — Não se enfureça, é melhor que ela aprenda.

 

— Que ela aprenda o quê?! — perguntei, sem entender nada.

 

— Converse com ela e saberá. — falou, saindo dali.

 

Entrei na biblioteca um pouco transtornada. Taeyeon se encontrava com os braços apoiados em uma poltrona, debruçada com a testa escorada na mesma, em pé e respirando com dificuldade.

 

— O que houve?! — perguntei, indo até ela, mais preocupada do que gostaria, porque obviamente ela não estava machucada, mas para mim era como se estivesse…

 

— Sinto-me... como...se...tivesse... corrido... uma maratona. — respondeu entre pausas.

 

— O que você estava fazendo? — todo o seu corpo estava suado, parte do seu cabelo estava colado em sua testa e pescoço. As costas de sua blusa estava molhada de suor.

 

— Bem, segundo o Baek, estava aprendendo a evitar uma luta. — respondeu com um tom inconfundível de frustração em sua voz.

 

— Por que ELE estava te ensinando isso? — não gostava do fato de que MINHA Taetae estava passando o tempo com aquele imortal.

 

— Porque eu pedi. — respondeu com naturalidade. Foi a deixa para que minha raiva explodisse de vez. Em questão de segundos eu já estava à caminho da porta, meus olhos já haviam mudado e era uma questão de tempo até que as presas crescessem. Quando minha mão tocou a maçaneta, a sua apareceu sobre a minha, macia, quente. — Não faça isso, Tippany.

 

Virei-me para ela que ofegava, deveria ter feito um grande esforço para me alcançar e não deixar que saísse do jeito que estava. Ela olhou para mim e aquilo foi decisivo para me convencer a não ir, seus olhos não mais mostravam medo, mas algo mais, eram olhos que eu não suportaria decepcionar. Fechei bem os olhos e me concentrei em voltar à forma humana. Quando consegui, olhei para ela e forcei um sorriso malicioso.

 

— Esteja no meu quarto em duas horas. — falei, aproximando minha boca da sua orelha e sussurrando as próximas palavras. — Preciso matar as saudades que sinto do seu gosto.


 

Taeyeon

 

Ouvir aquilo arrepiou-me por completo. Corri (estou odiando cada vez mais essa palavra) até meu quarto e tomei um banho, depois fiquei meia hora decidindo o que usar como se estivesse indo para algum encontro.

 

— Deixa de ser idiota, Taeyeon, você só vai até o quarto dela oferecer seu sangue maravilhoso. —falei para mim mesma, mas ainda assim caprichei no visual.  Escolhi um short jeans curto e uma blusa branca de alça fina para não “atrapalhá-la” na hora em que me mordesse.  Não prendi os cabelos, achava que ficava mais bonita com eles soltos, por mais que não fosse conveniente para sua “alimentação”.

 

Comi algumas frutas e tomei as vitaminas de costume, então segui para seu quarto sentindo o nervosismo habitual no estômago. Depois de tudo o que aconteceu, de tudo que foi dito… Essa noite seria diferente.  

 

Antes de bater ela já abrira a porta. Vestia uma camisola vermelha curtíssima e um robe de seda cor de vinho, aberto. Seus cabelos estavam soltos e seus lábios estavam muito vermelhos, como jamais vi. Fiquei sem palavras e estática quando ela veio em minha direção, pegou em meu pulso e me puxou para dentro do quarto. O cheiro de jasmim que tanto conhecia tornou-se mais intenso, ela soltou meu braço apenas para aproximar nossos corpos.

 

Poucos centímetros nos separavam, eu podia ver com clareza a perfeição de sua pele, seu rosto muito próximo do meu, mais uma vez ela aproximou os lábios da minha orelha e eu estremeci com o gesto.

 

— Você tem me desobedecido muito ultimamente. — sussurrou, senti os joelhos fracos, ela segurou em meus ombros, mantendo-me firme, de pé. Então seus lábios roçaram o lóbulo de minha orelha e, segundos depois, senti seus dentes mordiscarem o local, agradeci mentalmente por ela ainda estar me segurando.

 

— Eu… — iria responder, mas ela afastou-se o suficiente para olhar para mim e colocar um dedo em meus lábios.

 

— Shh… Você não vai falar nada hoje. — disse e segurou meu queixo com uma das mãos, levantando-o e aproximando o rosto do meu. — Deixa que eu falo para você.

 

Então ela tomou meus lábios nos seus, pegando-me de surpresa, primeiro tocando-os com delicadeza, provando-os com cuidado, nenhuma outra parte do seu corpo me tocava, apenas a mão em meu queixo e nossos lábios.  De repente o beijo foi interrompido e abri os olhos. Ela me observava, séria e pensativa. Vi quando ela engoliu em seco, seus olhar voltou aos meus lábios e depois aos meus olhos.

 

— As coisas ficarão mais difíceis a partir de agora. — começou. Pela conexão uma confusão de sentimentos passava dela para mim e eu não estava entendendo nada. Alguma coisa muito importante estava acontecendo, mas não conseguia saber o que era. — Talvez eu não tenha outra chance de te dizer isso, então escute com cuidado.

 

— Tippany… — tentei falar, estava com medo do que aquilo poderia se tornar, jamais vira tantas coisas acontecendo em seu interior assim, estava estranho demais.

 

— Shh… Deixa eu terminar. — falou, nervosa. — Eu não entendo e, talvez, jamais entenderei… Mas, você se tornou alguém importante demais para mim. — seus olhos estavam nos meus e até mesmo sua respiração estava diferente do “normal” agora, como se fosse uma humana. — Na verdade, você se tornou a pessoa mais importante… Até hoje eu só tinha amado uma pessoa em toda a minha vida de caçadora… Havia me esquecido de… como é se sentir assim. — sua voz falhava ocasionalmente e seus olhos desencontraram-se dos meus por um momento,  mas ela logo voltou o contato. — Eu não sei se é isso que chamam de amor, mas não consigo pensar em outra palavra para definir o que sinto por você…. No início pensei que isso fosse apenas coisa da conexão, mas hoje tenho certeza de que não é. Eu te amo, Taetae…

 

As últimas palavras repetiram-se como um eco na minha mente “Eu te amo, Taetae…”. Depois disso, lembro-me de ficar tonta demais e de cair em seus braços, sem saber se estava sonhando ou escutando coisas…. E então minha vista escureceu.





 


Notas Finais


Eu tinha prometido a Soo nesse, mas infelizmente não deu porque tive que dar atenção especial à essa parte então Soo fica pra próxima tá?!

Desculpem os erros!


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