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História Blooming in the Desert - GaaHina - O Girassol e o Cacto


Escrita por: Ningyo-

Notas do Autor


Mais um capítulo no ar, quem diria?!
Gente, vocês não tem noção de como estou feliz em postar este capítulo. Está quase fazendo um ano desde que comecei a publicar "Blooming in the Desert" e, este capítulo em questão está planejado em minha mente desde aquela época, incluindo o título.
Não foi à toa que escrevi mais de 6.000 palavras aqui.

Gente, lhes desejo uma leitura maravilhosa e, por favor, LEIAM AS NOTAS FINAIS!
Há várias coisinhas que quero conversar com vocês, como sempre, incluindo algumas novidades!

Boa leitura!

Capítulo 17 - O Girassol e o Cacto


Livrar-se de suas obrigações como anfitrião não era uma tarefa fácil. Desde sua breve saída da tenda para tomar um ar, algumas horas haviam se passado. Após aquele rápido momento de descanso, Gaara precisou retornar ao seu infeliz, porém necessário posto. Por um longo período, permaneceu parado ao lado da entrada e, a cada pessoa que por ali passava, tinha a obrigação de cumprimentá-la. Em alguns casos específicos onde o recém chegado era alguém influente, talvez uma pessoa pública ou um senhor feudal, o Sabaku oferecia um cordial aperto de mão.

No fundo, sabia que o ideal seria tentar criar um momento de diálogo com aqueles convidados, mas toda a atmosfera que o rodeava já era o suficiente para deixá-lo desconfortável. Se tentasse forçar um pouco mais seus limites, os resultados poderiam ser catastróficos.

Poderia deixar conversas e simpatia para um festival futuro, caso o evento viesse a se repetir nos anos seguintes.

Não sendo suficiente, recepcionar os visitantes que ali chegavam não era sua única obrigação naquela noite. Com a intenção de cativar o público, garantir simpatia e maiores colaborações financeiras, seria necessário que o Kazekage fizesse um discurso. Não estava muito satisfeito com a ideia, mas durante aquela semana, fora constantemente pressionado pelos anciãos de Suna para que o fizesse e, de certa forma, dava razão a eles. Já realizado feito muitas coisas pelo bem de sua Vila e aquele não era um momento aconselhável para regredir ou desistir.

Estava a caminho do tablado montado no centro da tenda quando percebeu a aproximação de Ebizo.

 — Gaara-Sama… — O senhor tocou-lhe o ombro de maneira suave. — Sei que pode estar um pouco nervoso e que não gosta muito de se expor em público de tal maneira, mas… — Antes que pudesse prosseguir, foi interrompido pelo jovem Kazekage.

— Sim, você tem razão… — Disse em voz baixa. — Mas este é o meu dever como Kazekage. Devo fazer tudo que estiver ao meu alcance, pelo bem de Suna.

O idoso abriu um gentil sorriso que ressaltou ainda mais suas marcas de expressão, entalhadas pouco a pouco em sua face com o passar dos anos..

— Muito bem, jovem Kage. Sinto-me feliz e satisfeito em ver seus esforços pela nossa nação. — Ele suspirou baixo. — Se me permite, desejo lhe dizer algumas coisas antes que se pronuncie ao público… — Observou a face do ruivo e tomou a expressão suavemente atenta do rapaz como uma permissão para prosseguir. — Anos atrás, surgiu a aliança entre as cinco grandes nações por decisão dos líderes de cada vila oculta, mas os shinobis em si não estavam dispostos a colaborar. Eu não estava presente, mas lembro-me bem que foi você, Gaara-Sama, que discursou e fez com que todos refletissem seus atos. Muito ouvi dizerem a respeito... Se não fosse por você, talvez a real união entre todos não tivesse ocorrido… — Ele fez uma pausa. — Sua precisão com as palavras pode ser a responsável por hoje estarmos todos vivos, e convivendo em paz. Use seu dom mais uma vez, e Suna irá prosperar. Tenho orgulho do homem que você se tornou, Gaara-Sama.

Apesar da expressão do Sabaku ter permanecido neutra, seus olhos verdes carregavam certo brilho. O rapaz realmente fora tocado pelas palavras do idoso. Relaxado, o ruivo deu um breve aceno com a cabeça em forma de agradecimento.

— Não pretendo decepcionar, Ebizo-Sama... — Disse em um tom audível.

Um pouco mais relaxado, Gaara subiu no tablado. Sem precisar dizer uma palavra, a multidão começou a ficar em silêncio. Todos estavam atentos e desejavam ouvir o que o soberano da Areia tinha a falar. Os olhos verdes do rapaz percorreram o ambiente rapidamente, desejando identificar alguma face conhecida para nela se concentrar. Ficou aliviado ao identificar Kakashi em meio a tantos rostos desconhecidos. Inspirou profundamente, pronto para enfim começar seu discurso.

— Boa noite a todos os presentes… Já se passaram alguns anos desde que a grande guerra ninja encerrou-se. Como dizem alguns sábios, há males que vêm para o bem, e foi por conta deste combate que hoje podemos afirmar que as cinco nações vivem em paz e harmonia entre si. Posso estar equivocado com o que direi, mas sou parcialmente grato por este combate, por conta da aliança formada. — O rapaz fez uma breve pausa e, enquanto recuperava o fôlego, analisou seus espectadores, tentando encontrar sinais de aprovação em sua fala. — Por outro lado, como em qualquer outra guerra, tivemos muitos pontos negativos. Acredito que não é exclusividade de Sunagakure, as demais nações também estão lidando com seus próprios problemas e consequências resultados pela guerra. São tempos difíceis para todos. Vidas foram perdidas, vilarejos foram dizimados. Há civis desabrigados e Shinobis que sofreram ferimentos tão graves que hoje são tidos como inválidos. A vida seguiu adiante da maneira possível, mas todos lidamos com fantasmas que surgiram em consequência da guerra, inclusive Sunagakure. — De maneira inconsciente, a emoção dominou Gaara. Há mais de ano, lutava contra inúmeras dificuldades que tentavam assolar a vila, mantinha-se forte e impedia que tudo ruísse. No entanto, verbalizar o que sentia o deixava inquieto, sentia um aperto em seu coração, sensação que lhe era praticamente desconhecida. Fechou os olhos brevemente e inspirou de maneira profunda, assim conseguindo retornar ao seu estado mais neutro. — Desde que a guerra acabou, Suna está sendo ameaçada… na realidade, isto vem se arrastando há mais tempo, desde antes da guerra. O país do vento deseja reduzir a zero o poderio Shinobi e, com isso, nossa existência está ameaçada. Diariamente, luto conta nossa ruína, e juntamente com os anciãos e o alto escalão de Suna, faço o possível e o impossível para que tudo permaneça bem, torne a se erguer e prospere, mas… pouco a pouco, a situação foge de nosso controle. Não nego, este festival é, de certa forma, um apelo aos nossos aliados. Mas não desejo que sintam pena de nossa situação. Só desejo aproveitar esta ocasião para reforçar a importância de nos mantermos unidos. — O ruivo tornou a abrir os olhos e, visando concluir seu discurso com certo impacto, lançou um olhar significativo aos seus espectadores. — Eu garanto, podemos não estar em nossas melhores condições, mas nós, shinobis da areia somos fortes, persistentes. Mesmo diante das mais temíveis adversidades, iremos estender o braço a quem quer que seja… — Finalmente concluindo sua linha de raciocínio, fez uma suave reverência ao público. — Agradeço a atenção de todos e tenham um bom restante de festival.

Enquanto deixava o tablado, tudo permaneceu silencioso, mas frações de segundo depois a tenda explodiu em aplausos e intensa ovação. Gaara sequer teve tempo de processar o momento e foi puxado para um esmagador abraço de Temari, que aguardava ansiosamente pelo irmão.

— Você falou tão bem! Que bom que você sabe usar essa sua voz quando necessário, porque quando eu falo com você… fico conversando sozinha, né? — Disse a Sabaku em um tom divertido, mas que carregava uma nota ligeiramente emocionada ao fundo.

Quando a mais velha soltou o ruivo e retornou para perto de Shikamaru, foi a vez de Kankuro se aproximar do caçula e bagunçar seus cabelos.

— Maninho, tem horas que você me surpreende, viu? Não é à toa que você é o líder da porra toda. — Disse o marionetista com um sorriso besta. — Só falta começar a falar em provérbios… Todos os Kages tem que saber essas frases de sabedoria de cabeça, sabia? É uma regra milenar!

Ao fundo, a loira revirou os olhos. Como poderia ter um irmão do meio tão tapado? Até Gaara, que era o mais novo, tinha mais juízo. De maneira discreta roçou as costas de sua mão contra a do Nara, tentando desligar-se do mundo ao seu redor.

Gaara suspirou baixo e ajeitou seus cabelos de maneira desordenada com a ponta de seus dedos. De maneira sutil, observou ao redor, e rapidamente percebeu que a Hyuuga não estava presente ali entre seus conhecidos. Apenas via Kankuro e Temari que estava desagradavelmente próxima de Shikamaru. Alguns metros adiante, Kakashi e Naruto conversavam com Ebizo e um outro ancião de Suna.

Mas em lugar algum havia sinal dela.

Talvez tivesse se ausentado para comprar algo em uma das muitas tendas disponíveis, afinal, lembrava-se bem de ter ouvido sua irmã falar que iria ao festival na companhia da Kunoichi de Konoha.

Deu um tapa suave na própria testa enquanto tentava espantar aqueles pensamentos. Aquela questão não era de sua conta, Hinata era livre para ir e vir e não tinha obrigação de passar a noite grudada em seus irmãos. Gaara sequer tinha motivos para se preocupar com aquilo.

Sequer eram amigos.

Kankuro, percebendo que algo se passava na mente do mais novo, tentou descontrair o ambiente.

— Calma, maninho, não pense tanto… Já estou até sentindo cheiro de fumaça saindo dessa sua cabeça.

Atordoado, Gaara fez uma pequena careta. Não se imaginava deixando tão aparentes suas irrelevantes preocupações, afinal, costumava ser ótimo em mascarar tudo por detrás de uma grande camada de apatia.

— Não sei do que está falando. — Disse lentamente, tentando retomar o controle de si.Para sua sorte, sua voz soou monótona como sempre.

O sorriso do Sabaku marionetista aumentou e o mais velho não conseguiu evitar um breve riso.

— Tudo bem, então… acho que não quer que eu te conte sobre onde está Hinata, certo? Você não se importa. — Disse lentamente enquanto dava de ombros. O moreno observava o caçula com atenção, buscando qualquer sinal vindo irmão. 

Bingo!

De maneira automática, Gaara observou o mais velho. Sua expressão estava séria, mas os olhos aquamarine exibiam um suave e interessante brilho.

— E não irei contar mesmo… porque nem eu sei onde ela está! — Concluiu o moreno em um tom divertido, sentindo-se vitorioso por compreender o cerne dos pensamentos do ruivo. — Apenas sei que ela e Naruto conversaram… depois disso, Naruto voltou sozinho...

O jovem Kage franziu ligeiramente o cenho diante da colocação do irmão. Como ele podia tornar uma situação como aquela em brincadeira? Era uma noite de comemoração e acreditava que, naquela ocasião, nada de ruim aconteceria. Também tinha ciência de que Hinata era uma Kunoichi e, caso viesse a se meter em algum apuro, poderia muito bem se defender. No entanto, duas simples palavras martelaram instantaneamente em sua cabeça e, junto a elas, um mar de possibilidades.

“E se…?”

Incomodado, sentiu pela segunda vez naquela noite um peso em seu peito. Novamente aquela sensação que todos costumavam chamar de “aperto no coração”.

Expirou lentamente e observou Kankuro de maneira vazia.

— Já passei bastante tempo preso nesta tenda. — Declarou Gaara. — Tenha um bom festival, Kankuro.

Sem aguardar resposta, o Sabaku mais novo retirou-se da do local. Não sabia ao certo o que faria ou onde iria agora que estava livre. Poderia aproveitar as atrações do festival, mas sentia-se cansado. Também havia as inúmeras barracas com petiscos, mas não estava com fome.

Talvez estivesse fadado a vagar sem rumo até que encontrasse um bom propósito para preencher sua noite…

 

——————X——————

 

Não esperava que a festividade terminaria daquela maneira para si.

Durante aquelas semanas de preparação, havia aguardado a chegada do festival de Suna com muita ansiedade. Dera tudo de si na preparação daquilo que estivesse ao seu alcance, com maior ênfase nos arranjos florais, alegrara-se com os mínimos detalhes… Até havia se arrumado para a comemoração como nunca fizera antes, e tudo que havia planejado para aquela ocasião, era a ideia de passar um tempo agradável ao lado de Temari e Kankuro, seus novos irmãos de coração.

No entanto, as coisas desandaram e acabaram não saindo como planejara, e, por conta disso, agora estava sozinha na residência da Família Sabaku, jogada no confortável sofá enquanto abraçava seu mais novo lagarto de pelúcia. Ao menos esperava que Kankuro conseguisse se divertir o tanto quanto estivesse disposto, e que Temari passasse boas horas na presença de Shikamaru. Desejava com toda a sinceridade que a amiga conseguisse enfim resolver sua embaraçada situação com o Nara e pudesse se inundar de leveza e apenas bons pensamentos e sentimentos.

Naquele momento, Hinata não estava se sentindo triste, pelo contrário. Sua conversa com Naruto era tudo que poderia ter desejado nos últimos anos e, agora que ambos os pontos de vista haviam sido expostos, debatidos e esclarecidos, sentia uma pontada de felicidade em seu interior.

Por outro lado, a descarga emocional e de informações fora tão intensa, que toda a sua disposição para aquela noite havia se esgotado.

Mesmo que o festival não estivesse acontecendo tão próximo da residência Sabaku, ainda conseguia sentir a aura da festividade. O delicioso aroma de temperos ainda pairava no ar, e as agradáveis melodias soavam de maneira distante, fazendo tudo assemelhar-se a um sonho agradável.

Aos poucos, a realização começava a cair sobre a Herdeira Hyuuga e, só de pensar no assunto, seu coração começava a bater mais acelerado.

— Eu coloquei um ponto final com Naruto. — Sussurrou com ligeira incredulidade. — E mesmo sabendo que provavelmente não terei outra chance para tê-lo… Eu me sinto muito bem. — Concluiu e algumas lágrimas de alívio lhe desciam pela face, enquanto um singelo sorriso surgia em seus lábios. 

Começando a sentir um pouco de sede, Hinata largou o lagarto de pelúcia no sofá e foi até a cozinha. Uma vez que apenas a lua já iluminava o cômodo de maneira suficiente, não se deu ao trabalho de acender a luz. Foi diretamente ao armário, onde pegou um copo que, em seguida, encheu na torneira da pia.

Enquanto sorvia o líquido, ouviu a porta da frente sendo delicadamente aberta. Estranhou este fato, uma vez que supunha que todos os irmãos Sabaku permaneceriam no festival até o fim. Ela própria o faria se a conversa com Naruto não a tivesse deixado tão exausta.

Apreensiva, retornou à sala silenciosamente, preparada para atacar alguém, se fosse necessário. Assim que adentrou no cômodo, toda a sua preocupação se dissipou.

Parado diante da porta, estava Gaara, completamente absorto na tarefa de desafivelar a pequena cabaça de areia que estava presa ao seu cinto.

A garota não esperava vê-lo ali, afinal, tratava-se o anfitrião do festival. Um tanto confusa, aproximou-se do rapaz e abriu um pequeno sorriso amigável.

— Boa noite, Gaara-Sama. — O cumprimentou rapidamente, apenas tentando ser cordial.

De maneira automática, o rapaz ergueu o olhar e a observou. A expressão dele mostrava-se suave e, mesmo que o ambiente estivesse tomado pela penumbra, Hinata pode notar certo brilho nos olhos dele.

— Eu já lhe disse para deixar a formalidade de lado, não lhe disse, Hyuuga? — Ele respondeu de maneira serena. — Me chame apenas de Gaara. — Pediu lentamente, sua voz saía suave. Toda a angústia e preocupação que haviam tomado conta de si desde que saíra da tenda, agora se esvaiam.

— É, você já disse, mas... isso também deveria valer para você. — Expôs de maneira incerta. Apesar de Gaara tocar naquele assunto, ele ainda era um Kage e, portanto, a Hyuuga sabia que lhe devia respeito. Hesitante, concluiu. — Se deseja as coisas desta maneira, por favor, me chame apenas de Hinata.

Por alguns instantes, o rapaz permaneceu em silêncio. Intercalava seu foco entre processar as palavras femininas e analisar a maneira como as vestes típicas de Suna haviam caído bem nela. Devido à escuridão, não conseguia ter certeza sobre a cor que ela vestia, mas algo em seu interior dizia que era vermelho e, de alguma forma, aquela ideia o agradava.

— Tudo bem, você tem razão... Hinata. — Ele desviou ligeiramente a atenção e colocou sua cabaça de areia no chão, recostada contra a parede.

Naquele momento, a garota sentiu-se ainda mais leve do que antes. Desde que chegara a Suna, havia sentido um muro entre ela e o Kazekage, mas apenas ouvindo-o chamá-la por seu nome, sentiu como se aquela imponente barreira estivesse prestes a ruir. Sentia que o rapaz enfim estava pronto a dialogar com ela de maneira pacífica.

Mas Hinata só saberia a verdade se tentasse.

— Gaara... — Ela o chamou em voz baixa, enquanto ajeitava uma pequena mecha de cabelos atrás da orelha. — Você... Você vai retornar ao festival? — Questionou timidamente.

O rapaz arqueou o cenho de maneira ligeiramente curiosa.

— Por que quer saber...? Digo, eu poderia lhe perguntar o mesmo, não poderia? — Ele rebateu com um questionamento.

— É complicado... — Ela disse em voz baixa e sentou-se no sofá, empurrando o grande lagarto de pelúcia para o canto. — Eu até queria, mas... Já não estou me sentindo com muita disposição. — Explicou de maneira superficial.

Naquele momento, o ruivo teve a confirmação de que algo havia ocorrido com Hinata. Não sabia ao certo o que, mas talvez a situação estivesse incomodando a garota. Um pouco desconsertado, tentou lembrar-se de como seus irmãos agiriam ao se depararem com uma pessoa que está passando por problemas. Fechou os olhos por algum tempo e massageou a própria testa. Geralmente as pessoas demonstravam preocupação e se ofereciam como ouvintes, se ele bem se lembrava. Hesitante, aproximou-se do sofá e encarou a Hyuuga por breves segundos.

— Eu posso me sentar? — Ele pediu um pouco sem jeito.

Surpresa com o pedido do ruivo, a garota arregalou os olhos.

— Mas é claro que pode, Gaara. Até porque, esta é a sua casa, se alguém aqui está sendo um intruso, esse alguém sou eu. — Ela acabou rindo baixo com a própria colocação.

— Você não é uma intrusa. — Ele rebateu de maneira direta, enquanto acomodava-se ao lado da Kunoichi. — Aceitá-la nesta casa foi decisão unânime... Sabe o que isto significa? — Ele lançou um breve olhar na direção da garota. — Eu também concordei que você morasse conosco.

O rapaz ainda se lembrava com clareza das cartas que havia trocado com Kakashi semanas antes. Recordava-se de cada palavra com precisão e, portanto, tinha em mente que quando Hinata chegou a Suna, ela já tinha problemas e preocupações em mente que a incomodavam. Mesmo que não fosse o melhor em demonstrar seus sentimentos e preocupações, desejou acolher a Herdeira Hyuuga com toda a sinceridade, assim como teve esperanças de que este gesto seria uma boa maneira de ajudá-la assim como poderia fazê-la se sentir acolhida em seu novo lar.

Por outro lado, os breves diálogos que tiveram desde então, reforçaram ainda mais o vazio que a morte do primo havia deixado em Hinata. Mas apenas aquilo não parecia tudo. Gaara sentia que havia algo mais causando a repentina ausência da jovem no festival.

Ele repousou as mãos sobre o próprio colo, e as encarou. Em seu interior, sentiu um súbito impulso que o fez tornar a falar.

— Sabe, Hinata... Nem sempre sou muito bom com as palavras e com os gestos. Confesso que me falta um pouco de tato e conhecimento ao lidar com as pessoas, então prefiro me manter calado... Apenas digo algo quando julgo necessário e quando estou convicto de que minha intervenção será positiva, mas... Com o passar dos anos, aprendi a escutar. Não sei se é disto que você está precisando neste momento, mas se for, eu irei lhe ouvir.

Tocada com as palavras, Hinata observou o rapaz. De certa forma, estava surpresa ao ver aquela a eterna máscara de indiferença que Gaara vestia caindo por terra. Aquela era a primeira vez que sentia que ele estava lhe questionando algo com interesse genuíno e não por mera educação.

— Eu pareço estar mal com algo? — Ela questionou, cruzando as pernas sobre o sofá. Cuidadosamente, ajeitou a saia vermelha.

— Não sei dizer com precisão... — O rapaz deu ligeiramente de ombros. — Mas sinto algo irregular vindo de você.

— Ah, bem... Não é como se eu realmente estivesse mal. — Enquanto falava, ela inclinou a cabeça ligeiramente para o lado. — Alguma vez você esperou tanto por algo que, quando esta coisa realmente aconteceu, você até mesmo sentiu dificuldades para processar a informação e acreditar que, agora aquilo era real?

Ele permaneceu em silêncio enquanto algumas memórias lhe atingiam.

Mais de uma vez havia se sentido daquela maneira, mas duas memórias lhes eram mais claras. A primeira delas foi a primeira vez que sangrou, durante uma das provas do Exame Chuunin. Já a segunda, foi quando foi resgatado por Naruto e ressuscitado por Chiyo. Nunca esperou que tantas pessoas fossem um dia se preocupar com ele, e muito menos um dia imaginou que a pessoa que fora responsável pelo selamento de Shukaku em seu corpo seria a mesma que daria a própria vida para salvá-lo.

Um pouco atordoado com as memórias, nada pronunciou. Apenas limitou-se a acenar com a cabeça, gesto que foi imediatamente compreendido pela Hyuuga.

— Então... — Ela fez uma pausa e questionou-se internamente se deveria contar a realidade para Gaara. Por fim, decidiu dar um voto de confiança ao Sabaku, assim como ele estava lhe dando uma oportunidade. — Acho que muitas pessoas já sabem... Por muitos e muitos anos, eu tive sentimentos por Naruto... São sentimentos que carrego comigo há muito tempo, desde aquela época na qual a maior parte de Konoha o desprezava por... Bem, você deve compreender sobre o que estou falando, certo? — Ela lançou um olhar significativo a Gaara. Sabia bem que o passado do rapaz fora tão difícil quanto o do Uzumaki, se não pior.

— Sim... Eu compreendo. — Respondeu ligeiramente tocado com a preocupação da garota em não abordar um ponto que realmente lhe era complicado, por vezes, tão doloroso quanto um ferimento.

— Então... Antes eu admirei a força e a determinação dele. Os anos foram passando e estes sentimentos aumentaram, evoluíram para o que eu passei a chamar de amor. Mas demorei para confessar... Eu preferi guardar para mim, em partes por timidez, mas também porque sabia que ele gostava de outra pessoa. Só que chegou um momento… Você deve se lembrar de quando Konoha foi atacada por Pain, certo?

— Eu me lembro… após aquele ataque, prestamos alguns auxílios à sua vila… Também foi um marco para o início da guerra. 

— Exatamente… — Ela baixou o olhar. — Nesta ocasião, Naruto lutou bravamente contra Pain, mas ficou em grande perigo… Eu acabei intervindo na luta, estava disposta a morrer para salvá-lo e… nesta ocasião, acabei confessando meus sentimentos. Passei algum tempo hospitalizada após isso, mas Naruto nunca veio me ver ou falar comigo. E então, a Grande Guerra Ninja começou. — Naquele momento, a Hyuuga estremeceu, sendo atingida pelos mais dolorosos lapso de memória. — Foi um momento difícil para todos, o perigo estava presente por toda parte. Shinobis lutaram para proteger suas vilas e seus amados, assim como eu… Mas tinha algo a mais. — A garota fez uma breve pausa e suspirou. — Naruto-Kun era o principal alvo do inimigo e eu queria protegê-lo a todo custo… estava disposta a morrer por ele, e… Bem, em campo de batalha, houve um momento em que ele seria atacado pelo Juubi e eu me coloquei entre eles, daria meu corpo como um escudo, só que… — A voz lhe faltou naquele momento e lágrimas de tristeza começaram a verter de seus olhos, acompanhadas de discretos soluços. — Neji-Nii-San foi mais rápido e tomou este dano em meu lugar, e então… Ele se foi, nos braços de Naruto-Kun e diante de meus olhos… Ele deu sua vida por nós dois e confiou minha segurança a Naruto. Não houve tempo para lamentações, estávamos em meio à batalha… apenas unimos nossas forças e lutamos até o final, até que tudo estivesse resolvido. — Novamente, ela soluçou, e então enxugou as lágrimas com as costas das mãos.

— Ah, sim… me lembro bem de seu primo. — Comentou Gaara um pouco pensativo, enquanto unia as novas informações com as memórias que tinha do exame Chuunin. — Mas e após a guerra…? — Questionou em voz baixa.

Com um suspiro, ela tornou a falar.

— Após a guerra, retornamos para Konoha e, a primeira coisa que ocorreu foi uma cerimônia em homenagem a todos aqueles que morreram em campo de batalha. Foi quando minha mente finalmente começou a processar o que havia acontecido e entrei em processo de luto. — Conforme falava, a voz feminina tornava-se mais sussurrada. — Aos poucos entendi que não teria mais meu Nii-san e que… em partes, a culpa é minha. Ele deu sua própria vida para me proteger e para proteger Naruto-Kun. Mesmo que eu estivesse disposta a fazer isso, não consigo aceitar o fato dele ter feito a mesma coisa que eu planejava…

Gaara cruzou os braços e observou a garota calmamente. Os olhos dela brilhavam mais que de costume, por conta das lágrimas e, mesmo que ficassem mais atraentes por conta daquele brilho, o Sabaku percebeu que não gostava de ver Hinata triste.

— Me perdoe, eu irei interromper… — Ele anunciou, e quando a garota assentiu com a cabeça, o rapaz prosseguiu com seu discurso. — Sei que não é agradável perder alguém que você respeita, ou que você… ama…, Mas é preciso entender que, se alguém arriscou sua vida pela outra, não foi com a intenção de fazer com que o sobrevivente se sentisse culpado. — Em um gesto lento, ele trocou o próprio tórax. — Talvez você não saiba, mas eu morri anos atrás… lutei com todas as minhas forças e gastei até as minhas últimas reservas de energia para manter Suna em segurança e em momento algum me senti assustado com a ideia de perder minha vida. Eu só conseguia pensar no bem de meu povo, isso era tudo que me importava naquele momento. — Ele fez uma breve pausa pra recuperar um pouco do fôlego e da compostura. — Na grande guerra, eu estava disposto a morrer pelo meu povo e por Naruto, meu primeiro amigo assim como você também estava disposta a morrer… me diga, Hinata… Se fosse você a perder a vida por alguém, você iria desejar que esta pessoa sofresse e se culpasse eternamente pela sua partida? — Os olhos aquamarine observaram a figura feminina com atenção, aguardando retorno.

— Claro que não, mas… — Ela logo foi interrompida.

— Não há espaço para justificativas. Uma pessoa não arrisca sua vida sem motivos. Eu ainda me lembro daquele dia, Hinata… Você quase morreu pelas mãos de Neji naquele exame chuunin e não havia hesitação ou remorso em seu primo naquela ocasião. — O ruivo declarou. — Ele era, claramente, uma pessoa que concretizava tudo o que desejava. E pelo pouco que lhe ouvi dizer além de algumas outras coisas que sei, vocês se tornaram bastante próximos nos últimos anos, não?

— Sim… acabamos crescendo praticamente como irmãos… Neji-Nii-San cuidou de mim e me ensinou muitas coisas no decorrer dos anos. — Um sorriso melancólico formou-se em seus lábios enquanto lembrava-se com saudades de todos aqueles momentos agradáveis na companhia do primo.

— Não sou um sábio… Mas vejo que, assim como mudei muito nesses anos, Neji também. Não deixe que o sacrifício dele seja em vão… Eu realmente acredito que ele deu sua vida pra que você tivesse a chance de permanecer viva e correr atrás de seus sonhos e de sua felicidade quando a guerra acabasse. — Um pouco incrédulo, Gaara concluiu a própria linha de raciocínio. Não compreendia de onde estava tirando tamanha disposição para falar e aconselhar, mas o ambiente estava agradável e a serena presença da Hyuuga o relaxava. A garota era uma boa companhia e ele percebia naquele momento que não se importaria de conversar mais vezes com ela. — Mas, de qualquer maneira… acredito que Naruto entre nesta parte, ou estou equivocado? — Disse por fim recordando-se do assunto inicial.

— Ah, é… Naruto-Kun… — Ela disse um pouco atordoada. Em toda a sua vida, poderia esperar conselhos de muitas pessoas, mas nunca se imaginou sentada em um sofá, tendo suas inseguranças debatidas com ninguém menos que Sabaku no Gaara, o quinto Kazekage e soberano da vila da areia. Piscou algumas vezes e inspirou profundamente enquanto tentava lembrar da parte na qual havia parado. — Então… depois de todas as cerimônias, acho que… passou um mês até que a vida retornasse a algo mais normal. Já estávamos voltando a trabalhar em missões e a Vila estava sendo reconstruída… O que aconteceu foi que a guerra passou e… Naruto-Kun nunca veio falar comigo… até hoje.

Mesmo em meio àquela escuridão, Hinata percebeu a maneira como os olhos de Gaara se arregalaram ligeiramente. Ele parecia sentir algo diante daquela situação, o que era incomum sob o ponto de vista da Hyuuga.

E ele realmente sentia algo. Estava um tanto surpreso, e agora conseguia compreender o comportamento estranho do Uzumaki na tarde anterior, ao ouvir o nome de Hinata sendo mencionado. Por outro lado, a ideia de que Naruto havia deixado aquela garota sem resposta por tanto tempo era algo inconcebível, afinal, o portador da Kyuubi não era o tipo de pessoa que se calava diante de qualquer que fosse a situação.

— Mas a Guerra acabou dois anos atrás... — Ele disse em voz baixa, seu tom demonstrava que estava pensativo.

— É... demorou um pouco, mas... Agora está tudo bem. — Ela respondeu com um delicado sorriso estampado nos lábios. — Nós conversamos e finalmente nos resolvemos.

— E você... foi por isso que fugiu do festival... Está triste? — Questionou, tentando encontrar as respostas necessárias para compreender o que se passava com a Hyuuga.

— Triste? — Ela piscou algumas vezes enquanto assimilava a informação. Repentinamente, começou a rir, achando fofa a maneira como o Kazekage se mostrava curioso e confuso em partes iguais. Talvez fosse apenas impressão sua, mas também sentia como se o rapaz realmente estivesse interessado e até mesmo preocupado diante de tudo aquilo que ela havia contado. — Não, Gaara, na verdade, eu estou muito feliz!

— Mas se está feliz... Por que saiu do festival? — Ele endireitou um pouco a própria postura e inclinou a cabeça para o lado.

— Ai, como explicar? — Ela ajeitou os cabelos para trás das orelhas enquanto procurava uma maneira menos confusa de expor as coisas. — Mesmo que fosse algo que eu queria muito no passado, eu recentemente percebi que estava confundindo meus sentimentos. O que um dia eu chamei de amor, hoje é respeito e admiração, mas, mesmo assim, acabei deixando de seguir minha vida adiante, agarrada em minhas últimas esperanças... Então, estou sentindo como se tivesse me libertado de uma prisão na qual eu me coloquei por vontade própria. — Ela suspirou lentamente. — É por isso que saí do festival. Apesar de ter tirado este peso de meus ombros, foi uma sobrecarga de emoções e informações e, de certa forma, acabei me sentindo um pouco... vazia, esgotada. Algo assim... — Ela deu de ombros.

Novamente, o rapaz foi atingido por uma breve memória. Compreendia exatamente a sensação que a garota descreveu, afinal, já havia sentido isto na pele.

Durante anos, Shukaku esteve selado em seu corpo e, para impedir que o bijuu tomasse conta de seu corpo, o jovem Sabaku cresceu cheio de preocupações e sempre se privou do sono. Após ser sequestrado pela Akatsuki, Gaara deixou de ser Jinchuuriki e poderia finalmente levar uma vida mais normal e entregar-se ao sono. No entanto, na primeira noite que se deitou para tentar dormir, não conseguiu, tamanho o choque da realização.

Na realidade, ainda tinha dificuldades para adormecer. Até conseguia tirar breves cochilos, mas nunca esteve desacordado por mais que três horas seguidas e não tinha muitas esperanças de que algum dia conseguiria descansar plenamente.

Finalmente tornando “ao mundo real”, olhou a garota nos olhos e assentiu lentamente com a cabeça.

— Eu compreendo... Eu passo... — Interrompeu-se rapidamente para corrigir sua fala. — Digo, passei por uma situação assim.

Mesmo que tivesse escutado a garota porque assim desejou, não tinha certeza se ela desejaria ouvir sobre seus problemas. Gaara acreditava que ela provavelmente ficaria entediada.

— Hm... Há algo lhe incomodando? — Ela questionou, percebendo o a confusão na fala do rapaz. — Foi muito gentil da sua parte me ouvir e terei muito a refletir, então… Muito obrigada, e... se você desejar, eu também estou disposta a ouvi-lo.

— Podemos fazer isso outro dia. — Respondeu rapidamente, de maneira descompromissada, apenas desejando tirar o foco de si.

A garota, percebendo que Gaara parecia um pouco desconfortável, preferiu não insistir. Apenas acenou levemente com a cabeça e sorriu.

— Tudo bem, tome o seu tempo... Estarei pronta para lhe ouvir a qualquer momento, está bem?

Lentamente, o rapaz assentiu com a cabeça. Um pouco reflexivo, abriu ligeiramente a boca, ensaiando dizer algo, mas em seguida a fechou de maneira desistente. No entanto, ao perceber que a garota ainda o observava com seus olhos que brilhavam tanto quanto a lua, criou coragem para enfim dizê-lo.

— Nós... Conversamos bastante, em relação às outras vezes... — Comentou em voz baixa.

— Realmente... — Ela acenou com a cabeça de maneira tímida. — Estou feliz com isso. — Confessou. — Fazia algum tempo que eu queria me aproximar de você, e... Me tornar sua amiga, Gaara. — Disse enquanto sentia seu rosto aquecer-se e, naquele momento, tinha certeza de que suas bochechas estavam coradas.

— Nós somos amigos...? — Ele sussurrou levemente incrédulo. Em seu interior, sentia-se ainda mais leve do que antes, e seu coração parecia bater mais acelerado que de costume.

— Quer dizer, eu vejo assim... Conversamos bastante e, para mim, está sendo um momento agradável. É assim que me sinto quando estou com meus amigos, mas... — A Hyuuga foi interrompida enquanto tentava se explicar.

— Sim... Agora nós somos amigos. — Lentamente, o rapaz arrastou-se no sofá, chegando um pouco mais perto da princesa do Byakugan. Ele então estendeu uma mão na direção da garota, oferecendo-a para um aperto.

Hinata, compreendendo o gesto dele, sorriu. Timidamente, ela apertou a mão de Gaara e surpreendeu-se ao sentir o calor do rapaz. Mesmo que ele remetesse ao árido deserto, o silêncio masculino sempre fez com que Hinata o imaginasse como uma pessoa fria.

Mais uma vez, descobria suas suposições acerca do Kazekage como equivocadas. Por um lado, se envergonhava por suas conclusões precipitadas. Por outro, desejava conhecer mais sobre Gaara.

Aquele homem era uma caixinha de surpresas.

Mesmo que o aperto de mãos fosse um gesto simples, nenhum deles desejou desfazer aquele toque. Ambos sentiam-se confortáveis daquela maneira. No entanto, foi Gaara quem quebrou o contato, receando que a garota se incomodasse com a situação.

Agora, a mente do rapaz era invadida por milhares de dúvidas. Nas últimas semanas, havia declarado que desejava a amizade de Hinata, mas... e agora que a tinha conquistado, como deveria proceder? O que exatamente faziam amigos? Ele sabia que o diálogo era uma boa base, mas certamente havia coisas além. Mais tarde, teria que questionar seus irmãos para tentar descobrir.

Naquele momento, se limitaria a apenas conversar. Inspirou profundamente, preparando-se para tentar iniciar uma nova conversa, mas, ao ver a garota bocejando, sentiu-se desanimado.

— Você está cansada... Talvez seja melhor que você apenas vá dormir. — Ele constatou em voz baixa.

— Estou com um pouco de sono sim, mas... Eu não queria ir dormir, estou gostando de conversar com você. — Ela respondeu com um pequeno sorriso.

— Então o que deseja fazer?

— Eu não sei... Você realmente quer continuar conversando? Não quero te atrapalhar, você não deveria voltar ao festival? Afinal você é... — Mais uma vez naquela noite, o rapaz a interrompeu. Daquela vez, no entanto, ele tampou a boca feminina com a ponta de seus dedos.

— Você é mais falante do que parece, Hinata... — O ruivo esboçou um sorriso e logo continuou. — Eu também desejo continuar conversando e o festival não me é problema. Estive lá por tempo o suficiente e não estou com tanta vontade de permanecer em meio a tantas pessoas. Acho meio sufocante. — Ele deu ligeiramente de ombros. — Podemos conversar até que você adormeça, e eu cuidarei do resto. — Naquele momento, a voz do rapaz carregava um toque diferente, fato que não passou despercebido pela Herdeira Hyuuga. Além de calma, havia algo mais.

Havia ternura.

— Isso não seria um incômodo para você? — Ela questionou, observando a face masculina com atenção e admiração. Notava naquele momento o quanto Gaara havia mudado nos últimos dias. Mesmo que ainda fosse sério, a expressão masculina agora era mais leve e suave, livre dos traços fortes e marcados pelo ódio e pela sede de sangue que o dominavam no passado.

— Se eu estou oferecendo, não é um incômodo. — Rebateu o Sabaku de maneira simplista.

— Tudo bem, espero que seja sincero, Gaara. — Ela se ajeitou de maneira mais confortável no sofá e observou o rapaz um pouco pensativa. — Sabe... Se eu começo a refletir, concluo que você é um cacto. — Ela comenta em voz baixa.

Confuso, o rapaz fez uma pequena careta, não compreendendo exatamente onde a garota queria chegar com aquela linha de raciocínio tão repentina.

— Como assim...? — Questionou em voz baixa.

— Não me leve a mal, ainda não conheço você tão bem, embora eu deseje conhecer, só que... Assim como você, os cactos nascem no deserto. Não sou nenhuma especialista neles, mas sei que são ótimos em crescer e se desenvolver mesmo diante de todas as dificuldades que enfrentam... Também sei que eles têm espinhos que podem ferir aqueles que se aproximam sem cautela, mas... — Ela se interrompeu, um pouco incerta se deveria concluir. Talvez o rapaz a achasse uma tanta boba, ou até mesmo se irritasse ao ouvir aquelas analogias.

— Mas...? — Ele repetiu, incentivando-a a continuar. Realmente desejava saber onde a garota chegaria.

— Apesar de tudo, os cactos escondem dentro de si, um dos mais valiosos bens àqueles que sofrem no deserto... a água. — Continuou. — Só que não é apenas isso. Apesar dos cactos serem inicialmente visto como hostis e talvez um pouco sem graça, alguns deles também florescem. — Ela fez uma breve pausa. — Você mudou muito, e noto isto se relaciono seu eu atual com as memórias que tenho de você, Gaara. Você é um cacto que floriu lindamente!

Surpreso, o rapaz assentiu lentamente com a cabeça e, em seu rosto, sentiu algo estranho. Era como se suas bochechas estivessem formigando, mas não compreendia o significado daquilo. Por outro lado, sabia que realmente havia mudado para melhor, mas ouvir tal confirmação vinda de alguém de fora o pegou de guarda baixa.

— Eu poderia dizer o mesmo de você... — Ele sussurrou. — Você era apenas um pequeno botão quando lhe vi no exame Chuunin. Confesso, achei que você não chegaria tão longe, mas chegou... — Por breves segundos, parou pensativo. — Se sou um cacto, eu então diria que você é como um girassol. Surpreendeu a todos com sua exuberância e parece que... Não importa quão escuros sejam os dias, está sempre buscando pela luz.

Aliviada, a Hyuuga arregalou os olhos. Havia começado aquela conversa, mas não achou que Gaara daria corda às analogias e que até as continuaria. Sendo então comparada a um girassol, sentiu seu coração acelerar de maneira positiva. Apenas uma pessoa até então a havia comparado com tais flores: Neji.

Sorriu de maneira gentil enquanto sentia sua alma ser inundada pelas melhores memórias que poderia ter e aquela foi abertura que ambos precisavam para que o diálogo pudesse fluir e se prolongar noite adentro.

Enquanto conversavam, sequer se recordavam do jardinete de Gaara, um lugar especial onde os cactos de Suna e os girassóis de Konoha se encontravam, fosse sob o sol ardente, fosse sob a pálida luz do luar.

Este esquecimento, no entanto, não era um real problema, pois o não tão distante futuro faria questão de lembrar a Gaara e Hinata que Girassóis e Cactos tendem a ficar melhores quando estão juntos.

 


Notas Finais


E aí, o que acharam?
Quais são seus palpites para futuro de Gaara e Hinata? Contem aí!
Como podemos ver, eles finalmente deram o primeiro passo para a aproximação entre eles e, de agora em diante, a tendência é que estejam cada vez mais unidos! 💖 Ou seja, sim, muito em breve, eles começarão a descobrir novos sentimentos ainda mais intensos!

Agora, vamos lá.

🌵 Como sempre, quero agradecer muuuuuuito pelo apoio de todos vocês que me acompanham! Seja você alguém que comenta ou apenas um fantasminha, saiba que já mora em meu coração. Hoje Blooming tem 454 favoritos, está em 159 listas de leitura e, a cada capítulo postado, recebo muito carinho e comentários de encher o coração de amores! Então, de verdade, muito obrigada por continuarem aqui, esta fic não existira sem vocês!

🌻 Continuo semi ausente e incapacitada de retornar ao antigo ritmo de postagem, mas, felizmente, tenho estado mais presente no site. Ultimamente comecei a responder alguns comentário e meu ritmo de escrita está aumentando, o que é muito positivo... Agradeço muito por toda a paciência e compreensão que recebo de vocês!

🌵 A quem gosta de fics em universo alternativo, estou publicando uma Shortfic GaaHina de temática colegial... Na realidade, falta apenas um capítulo para que a fic seja concluída, mas vou divulgar aqui, afinal, pode interessar a alguém!
https://www.spiritfanfiction.com/historia/depois-do-inverno--gaahina-19569678

🌻 Por fim, hora de dar a notícia que eu mais estava ansiosa para dar. Eu e a @MenteNebulosa criamos aqui no site, um projeto que visa enaltecer o casal GaaHina, o @Projeto_GaaHina !
Pretendemos reunir por lá, todo mundo que, assim como nós, é louco por este casal. Por meio de tags especiais e listas de leituras, iremos divulgar muito este casal, mas não para por aí! O projeto está com inscrições abertas, assim teremos mais pessoas nos ajudando a produzir conteúdo GaaHina de qualidade para o fandom!
Sugiro que deem uma olhadinha nos jornais postados, e lembrem-se, todo mundo é bem-vindx!
https://www.spiritfanfiction.com/jornais/o-que-e-o-projeto-gaahina-19694668
https://www.spiritfanfiction.com/jornais/inscricoes-abertas-19782148

Enfim, por hoje é isto... Agradeço a todo mundo que leu e...
Até a próxima! 💖


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