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História Blooming in the Desert - GaaHina - Admiração


Escrita por: Ningyo-

Notas do Autor


O que é isto?

Um pássaro? Um avião? Não!
É uma atualização!

Olá meus docinhos de coco, quanto tempo!
Sumi? Sim!
Me envergonho? Também...
Mas infelizmente faz parte, algumas coisinhas da vida me fazem sumir, mas sempre volto!

Nesta linda noite de sexta-feira, estou finalmente trazendo uma atualização para vocês e, acreditem, escrevi este capítulo com muita alegria, amor e empolgação!

Ah, e não se preocupem! Diante de meu sumiço, o início do capítulo tem um "Recap" com tudo que ocorreu na fic até agora!

Also, peço encarecidamente para que leiam as notas finais, elas são importantes!

Boa leitura!

Capítulo 19 - Admiração


Até agora, em Blooming in the Desert

 

Devido a uma crise que assolava Suna, Gaara, o Kazekage, precisou recorrer à ajuda das nações aliadas, visando evitar que o legado Shinobi de seu país se extinguisse por completo. Para auxiliar, Kakashi enviou Hyuuga Hinata para a Vila da Areia, onde a jovem teria como missão, lecionar na academia ninja. Esta decisão motivou-se não apenas pela competência dela para cumprir a tarefa, mas também pelo julgamento do Hokage: Segundo ele, seria bom que a Princesa do Byakugan se afastasse um pouco de Konoha para que assim pudesse se resolver com seus “demônios interiores” além de livrar-se dos fantasmas do passado que tanto a atormentavam desde o término da Grande Guerra.

Enquanto se adapta à vida em Suna, Hinata está hospedada na própria residência da família Sabaku e, mesmo com as poucas semanas de convivência, já sente como se tivesse ganhado dois irmãos mais velhos: Temari e Kankuro. Para sua infelicidade, no entanto, parece que nem todos os moradores de Sunagakure estão dispostos a recebê-la de braços abertos. Seu colega de trabalho, Akira Hata, é uma destas pessoas. Ora enigmático e grosseiro, ora simpático e gentil, o homem parece querer virar a sanidade da Hyuuga de pernas para o ar.

Não havendo desafios o suficiente, aproximar-se de Gaara, foi outra tarefa complicada para Hinata. Apesar dos dois jovens desejarem aproximar-se e formarem uma amizade, a timidez feminina e a inabilidade social do Kazekage tornaram o caminho muito mais longo.

Para a sorte de ambos, a chegada do Festival de Suna trouxe os tão aguardados ventos da mudança. Durante a noite de comemoração, a Herdeira Hyuuga teve a oportunidade de ficar frente a frente com Naruto e, consequentemente, conseguiu resolver todas as questões sobre o amor não correspondido que, por muitos anos, a impediu de seguir sua vida com naturalidade. Esgotada devido à sobrecarga de informações, porém feliz com a solução de seus problemas, a jovem optou por retornar à Residência Sabaku, onde acabou encontrando-se com Gaara. Pela primeira vez, foram capazes de conversar adequadamente e, dentre diálogos e desabafos, uma nova amizade floresceu. Após algum tempo, Hinata acabou por adormecer, mas o jovem Kazekage permaneceu acordado, tentando encontrar respostas sobre o real significado de uma amizade. Inesperadamente, uma conversa com Kankuro durante aquela madrugada foi capaz de lhe trazer algumas das respostas pelas quais procurava.

Com uma página virada, agora os caminhos do Girassol e do Cacto passam a se entrelaçar.

 

[...]

 

Sem obrigações a cumprir, Hinata despertou naturalmente, apenas quando seu corpo se cansou de repousar. Não abriu os olhos, apenas sentiu a luminosidade passar através de suas pálpebras e deixou-se ser acariciada pelo agradável calor e a suave brisa que passavam por uma fresta de sua janela. Poderia permanecer ali para sempre, tamanha a paz interior que sentia naquele momento. Pouco a pouco, imagens da noite anterior passavam-se em sua mente como um filme, fazendo com que a Princesa do Byakugan degustasse novamente todas as realizações que alcançara durante festival. Lembrou-se de como, durante a festividade, sentiu-se bonita naquele traje típico de Suna. Recordou-se de toda a sua conversa com Naruto, cada palavra dita, cada limite estabelecido e, sobretudo, a forma como foi capaz de manter-se tranquila e firme em suas decisões.

E então, seus pensamentos foram invadidos pelos profundos e enigmáticos olhos Aquamarine de Gaara.

Aquele final de noite na companhia do Kazekage foi algo tão inesperado que chegou a parecer irreal. Ela e o Sabaku mais novo finalmente foram capazes de dialogar, entretanto foram tão profundos e desenvoltos com as palavras que mais pareciam amigos de longa data. E por falar em amizade, em voz alta haviam enfim se declarado amigos.

“Como se isto fosse possível”, pensou Hinata ao se sentar na cama. Um delicado tilintar ocasionado pela movimentação fez com que ela abrisse os olhos repentinamente. Baixou o olhar para o próprio corpo e surpreendeu-se ao notar que ainda vestia os trajes da noite anterior.

Não se lembrava de ter retornado ao seu quarto e jamais fora tão descuidada ao ponto de adormecer com as roupas do corpo.

Ergueu os braços lentamente em uma tentativa de espreguiçar-se e, repentinamente, a Hyuuga sentiu um suave e incomum perfume impregnado em sua pele. Tratava-se de um aroma amadeirado e com um ligeiro toque de especiarias. Aquele cheiro lhe era familiar, embora fosse incapaz de se lembrar onde já o havia sentido antes.

Novamente os olhos aquamarine surgiram em sua mente e, em seguida, a memória de um aperto de mão veio como um lampejo, fazendo com que um sorriso se formasse nos lábios de Hinata.

Talvez sua amizade com Gaara fosse, de fato, uma nova e palpável realidade.

Repleta de bons pensamentos e esperanças, a jovem se levantou, motivada a viver aquele dia ensolarado e aproveitar cada segundo ao máximo. Não precisava se um festival para ser feliz e se divertir.

Finalmente conferiu o horário no relógio que repousava na cômoda ao lado da cama. Eram apenas nove da manhã e, provavelmente, Hinata era a única pessoa acordada na casa, tanto por ser domingo quanto por ser o dia posterior ao festival.

Não querendo incomodar ninguém, decidiu que passaria mais algum tempo em seu quarto, da maneira mais silenciosa possível. Por instantes, considerou a possibilidade de escrever para Hanabi, mas rapidamente lembrou-se que ainda estava aguardando a resposta de sua carta anterior. Mesmo que tivesse muito a contar, não seria legal bombardear a mais nova com tantas informações, então teria que esperar.

— Se ela e papai estão em viagem, ainda vai demorar até que Hana-chan me responda. — Pensou em voz alta e caminhou até seu guarda-roupas. Olhou rapidamente em direção à janela e, após certificar-se de que o clima realmente estava bom, optou por escolher roupas leves e casuais, assim passaria o dia confortavelmente.

Finalmente, foi ao banheiro para que pudesse tomar um banho refrescante e agradável.

 

[...]

 

Um ruído vindo da entrada da residência alarmou Gaara, que, até então, estava em seu jardinete aproveitando a companhia de suas plantas e apenas deixando que o tempo passasse. Por precaução, adentrou na casa para que pudesse ver o motivo da repentina movimentação. Bastaram alguns passos em direção à sala de estar para ver Temari jogada no sofá, abraçada ao enorme lagarto de pelúcia que ali fora esquecido.

A primogênita Sabaku parecia exausta e ainda usava os trajes típicos de Suna que havia vestido na noite anterior. Entretanto, certo desleixo era notável na forma como aquelas vestes foram trajadas, quase como se elas tivessem sido colocadas com pressa. O ruivo fechou os olhos com força, tentando dissipar suas observações sobre o estado em que se encontrava sua irmã. Finalmente, ele se aproximou de Temari e cruzou os braços enquanto contemplava a Kunoichi.

— Você finalmente voltou para casa. — Pronunciou em voz baixa, seu tom soava apático, como de costume.

A mulher murmurou coisas inaudíveis antes de abrir um dos olhos preguiçosamente, analisando a expressão do irmão mais novo.

— É, voltei... E você finalmente parece se importar com o que faço ou deixo de fazer. — Ela riu baixo. Havia percebido que, apesar da expressão vazia, Gaara parecia estar sentindo ao menos um pouco de preocupação.

— Kankuro disse que você e o Nara desapareceram do festival. — Ele continuou a falar, ignorando por completo a observação de Temari.

— Ah, sim... — A moça corou ligeiramente e um sorriso sutil brotou em seus lábios. — Foi bom, nós conversamos, nos acertamos e... Ah, deixa pra lá, você não costuma se importar com essas coisas. — Ela jogou o lagarto de pelúcia no irmão como reação para tentar se livrar do próprio constrangimento.

— É, eu realmente não preciso saber destes detalhes. — O ruivo baixou o olhar um pouco pensativo, encarando a face abobada da grande pelúcia esverdeada. Sem compreender o exato motivo, sentiu vontade de rir.

Na realidade, não precisava compreender. Já tinha plena ciência de que estava estranho nos últimos dias, sofrendo de alguns sintomas que, antigamente o incomodariam, mas que agora só o faziam sentir-se bem.

Gaara sentia-se leve.

— Você está feliz? — O Kazekage tornou a falar, pegando Temari desprevenida com o questionamento.

— Se eu estou feliz? Claro que estou, tive uma noite maravilhosa! Ainda mais, porque finalmente consegui resolver algumas questões importantes com a pessoa que eu am... Digo, que eu gosto. — Ela pigarreou e desviou o olhar, sentindo-se estranha por falar destas coisas justamente com Gaara, um ponto fora da curva em se tratando da compreensão de conceitos ligados a sentimentos e emoções. — De qualquer modo, obrigada por perguntar. — Complementou, reconhecendo o esforço e avanços que seu irmão vinha fazendo em relação a interações sociais. — Mas e você Gaara, como está se sentindo? — Ela arriscou a questão, enquanto se ajeitava no sofá, buscando uma posição mais confortável.

O silêncio apossou-se da sala de estar e, a cada segundo que passava, Temari se arrependia de ter feito aquela pergunta.

Talvez Gaara ainda não estivesse tão preparado para falar sobre o que sentia. Talvez sequer fosse capaz de identificar o que se passava dentro de si, em seu coração.

— Quer saber? Apenas ig... — Tentando voltar atrás, a garota tornou a falar, entretanto, foi surpreendentemente interrompida pelo jovem Kazekage.

— Eu também... Eu estou... — Ele murmurou, levando uma mão à altura do coração. Encarando o chão, continuou a falar. — Sinto um peso bem aqui. É uma sensação estranha, mas não é tão ruim.

Um sorriso formou-se nos lábios de Temari ao perceber um leve rubor no rosto do irmão. Mesmo incapaz de definir com precisão, sentia que algo diferente havia acontecido. O bem-estar de Gaara, suas perguntas, sua desenvoltura...

Não poderia ter sido apenas obra do festival, poderia?

— Isso é ótimo, Gaara. Não sou profissional no assunto, mas acredito que você também esteja se sentindo feliz. — Ela riu baixinho e deu uma piscadela para o irmão. Era agradável vê-lo com um ar mais leve, diferente da constante apatia e dos frequentes lapsos de melancolia. — Mas e aí, algum motivo em especial para estar assim?

Novamente, o silêncio fez-se presente. No fundo, Gaara sabia precisamente a resposta para aquela pergunta, mas as palavras pareciam morrer antes que pudessem ser pronunciadas. Entretanto, as írises aquamarine carregavam um brilho terno e, por elas, todos os bons sentimentos que envolviam o jovem Sabaku pareciam transbordar.

O som de passos delicados descendo a escadaria veio como a salvação para o Kazekage, uma vez que Temari mudou completamente o curso de sua atenção para poder cumprimentar a pessoa recém-chegada.

Em questão de segundos, Hinata apareceu ao pé da escada, um delicado sorriso estampava seus lábios e uma sacola de tecido pendia de uma de suas mãos..

— Bom dia! Eu não esperava encontrar alguém de pé a este horário pensei que fossem descansar até tarde por causa festival. — A Hyuuga disse delicadamente enquanto aproximava-se dos irmãos Sabaku.

— Bom dia, Hina! — Temari retribuiu o sorriso e olhou discretamente para seu irmão caçula, que parecia estar com o rosto ligeiramente corado. — Na verdade, você deu sorte que parei para conversar com Gaara, senão eu já estaria em meu quarto. Sabe como é, acabei de voltar do... do festival. — Ela riu discretamente, cobrindo a boca com as mãos. — Meio que... muitas coisas aconteceram, mas deixa que depois eu te conto tudo! Agora, se me dão licença, eu vou descansar um pouco. — Em um gesto rápido, a Sabaku colocou-se de pé. — Gaara, trate de fazer companhia para Hina! — Concluiu em um tom de ordem e, sem esperar por respostas, foi em direção à escadaria, desaparecendo do ambiente em questão de instantes.

Por longos segundos, Gaara e Hinata se limitaram a uma intensa troca de olhares, enquanto ambos tentavam encontrar coragem para iniciar um diálogo.

— Você conseguiu descansar bem após eu ter levado você para o quarto? — O rapaz quebrou o silêncio, surpreendendo a Hyuuga com a confirmação de suas teorias de mais cedo.

Gaara e ela haviam de fato se aproximado na noite anterior.

— S-sim, eu dormi muito bem, obrigada por se preocupar. — Mesmo estando um pouco desconcertada, um sorriso formou-se nos lábios femininos. — Mas e você, Gaara... conseguiu dormir?

— Sequer tentei. — A resposta veio curta e direta.

— Então você deveria ir descansar também. — A expressão da Herdeira Hyuuga transformou-se imediatamente, transbordando da mais sincera apreensão.

— Não preciso. — O Kazekage observou a expressão da garota e percebeu que algo no brilho daqueles olhos perolados faziam com que seu interior se aquecesse e seu coração batesse mais rápido. Sentia como se estivesse prestes a derreter. — Hoje estou me sentindo mais relaxado do que nunca, fique tranquila.

Não se convencendo com a argumentação de Gaara de imediato, Hinata estudou o rapaz com atenção. Não havia um traço sequer na postura e no rosto dele que indicassem mentira. Pelo contrário, tudo nele parecia mostrar o quão verdadeiro ele era no que dizia.

— Certo. Mas se em algum momento você sentir o mínimo cansaço que seja, quero que vá repousar, está me ouvindo? — Ela expirou pesadamente e cruzou os braços, tentando parecer intimidadora. Entretanto, sua pose de “durona” não durou mais que alguns segundos.

Uma onda de insegurança atingiu Hinata. Sabendo que ela e Gaara haviam se tornado amigos a havia deixado mais confortável e confiante na presença do ruivo, mas talvez ela estivesse ultrapassando alguns limites ao agir tão intimamente com ele, uma vez que aquela amizade tinha menos de vinte e quatro horas de existência.

Preocupada, ela observou o rapaz, esperando por alguma reação negativa. No entanto, o inesperado aconteceu.

Gaara sorriu.

— Tudo bem, Senhorita Hyuuga. Eu farei isso se eu acabar sentindo cansaço, mas acho que você vai se decepcionar, pois já passei anos inteiros sem dormir e não será um final de manhã que conseguirá me derrubar.

A garota suspirou aliviada e o gentil sorriso retornou aos seus lábios.

— Então está bem, Senhor Sabaku. — Hinata retribuiu no mesmo tom. — Mas me diga, está planejando fazer alguma coisa agora? — Ela arriscou uma conversa casual.

— Não exatamente... — Ele levou uma mão ao queixo enquanto pensava em seus planos para o dia. — Terminei de cuidar do jardim agora há pouco e só preciso ir para o meu escritório durante a tarde.

— Ah, entendo. Fico feliz que as flores e os cactos já tenham recebido a dose de amor diária. — Disse enquanto cobria as bochechas com as mãos, repentinamente lembrando-se de ter comparado o Kazekage a um cacto na noite anterior.

— Amor... É, eu acho que sim... — Ele concordou, sem realmente refletir sobre o assunto que ainda lhe parecia ser algo complicado e fora de seu alcance cognitivo. — E você, o que pretende fazer neste momento?

— Para ser sincera, eu estava pensando em começar a preparar o almoço. — Disse calmamente, já recomposta de seu pequeno lapso de timidez. — Hoje está quente e ensolarado, pensei em preparar onigiris!

Onigiris são... Aqueles bolinhos de arroz, certo? — Questionou, embora tivesse certeza quase absoluta acerca do que disse. — Me lembro de ter comido algo assim em Konoha, os recheios eram bem interessantes.

— Exatamente, Gaara! Eu costumo recheá-los com peixe ou ameixas em conserva. Você tem aversão a algum destes sabores. — Questionou receosa.

— De jeito nenhum. Eu me sinto um pouco incomodado com alguns doces em particular, mas nada relacionado a peixes ou ameixas. — Repentinamente, uma expressão confusa formou-se na face do rapaz. — Entretanto, Hinata... Acho que não temos todos os ingredientes necessários aqui em Suna.

A Hyuuga riu delicadamente, achando adorável a preocupação de Gaara.

— Isso não é problema, eu tenho o que preciso bem aqui! — Com um sorriso gentil, ela ergueu a mão, evidenciando a sacola que carregava. — Eu trouxe alguns ingredientes de Konoha, dentre eles, algas, ameixas em conserva e temperos! Digamos que eu já previa que em algum momento eu sentiria falta de alguma coisinha de lá. — Disse ligeiramente constrangida.

— Bem pensado, Hinata. — Comentou em voz baixa e, por alguns instantes, os orbes aquamarine fixaram-se na parede enquanto o Sabaku lembrava-se dos conselhos que Kankuro lhe deu mais cedo. Passar algum tempo juntos e fazer algo. Antes que o jovem Sabaku pudesse refletir sobre o assunto, as palavras lhe escaparam com facilidade. — Eu quero ajudar... Você pode me ensinar a fazer os... os onigiris?

Hinata arregalou os olhos, incapaz de esconder a surpresa, afinal, o pedido de Gaara era algo completamente inesperado.

— Sim, é claro que posso! — Ela respondeu com empolgação. — Você tem alguma experiência na cozinha? — Questionou a fim de se situar do quão específica precisaria ser em suas explicações.

— Nenhuma. — Gaara rebateu com prontidão. Internamente, começava a se perguntar se havia cometido um equívoco com seu pedido. Talvez sua presença fosse atrapalhar Hinata. Inspirou profundamente em uma tentativa de espantar os pensamentos negativos e tornou a falar. — Sendo sincero, quando eu era pequeno costumava acompanhar meu tio enquanto ele cozinhava para mim, mas nunca cheguei a ajudar, sempre me limitei a observar.

— Não se preocupe com isso. — Hesitante, Hinata tocou as costas da mão direita de Gaara e, ao perceber que não houve resistência ao toque, entrelaçou seus dedos aos dele. — Vai dar tudo certo. — Com um sorriso gentil e motivador nos lábios, ela o guiou até a cozinha.

O Sabaku sentiu um arrepio percorrer seu corpo, mas não era uma sensação ruim. Pelo contrário o toque daquela mão macia e delicada contra a sua era confortável.

Assim que adentraram no ambiente, a Hyuuga afastou-se do rapaz, apoiou a sacola sobre a mesa e começou a retirar tudo que havia armazenado ali. Um a um, os ingredientes foram organizados caprichosamente sobre a superfície.

Um melódico riso escapou repentinamente da garota.

— O que foi? — Um pouco confuso, ele franziu a testa, arqueando a região da sobrancelha.

— Nada de mais, é só que... Eu nunca tentei ensinar alguém a preparar Onigiris, não sei bem como vou fazer isso. — Ela respondeu sem desviar sua atenção de todos os itens que tinha diante de si, enquanto tentava conferir o que mais precisaria pegar para preparar a comida.

— Hm... Entendo. — Atento, o Sabaku analisou todos os ingredientes reunidos por Hinata. Estava surpreso com a quantidade de elementos que compunham um alimento que parecia ser tão simples.

A Hyuuga pegou um filé de salmão que estava armazenado no refrigerador e voltou para perto da mesa.

— Acho que podemos começar! — Ela anunciou. — A primeira parte é bem simples, vamos preparar o arroz. Como temos a panela elétrica, basta ligar ela e adicionar em seu interior uma medida dos grãos e o dobro de água.

— Só isso? — Questionou.

— Por enquanto, sim. Enquanto o arroz estiver cozinhando, vamos fatiar o peixe e as ameixas. Depois disso quando o arroz estiver pronto, teremos que adicionar um pouco de tempero nele. Finalmente, só vamos precisar montar e rechear os bolinhos. — Hinata narrou o passo a passo com simplicidade. — Você poderia ligar a panela por favor? — Pediu com delicadeza.

Gaara limitou-se a um breve aceno de cabeça antes de aproximar-se da bancada. Assim que plugou o aparelho na tomada, não se passaram mais que alguns segundos até que Hinata se aproximasse para adicionar os ingredientes na panela.

— Obrigada! — Cuidadosamente, ela fechou a tampa da panela. — Agora, os recheios. Com o que você prefere mexer? — Os orbes perolados fixaram-se no semblante masculino, buscando por algum sinal de resposta.

O Sabaku encarou ambos os ingredientes em confusão. Mesmo que tivesse que optar por um deles, não faria muita diferença, uma vez que não sabia lidar com nenhum. Por uma fração de segundos, lembrou-se do tamanho exagerado da faca que seu tio costumava usar para fatiar carnes.

— Eu ficarei com o peixe. — Declarou convicto. Não duvidava da competência da Herdeira Hyuuga, pelo contrário, confiava plenamente em sua capacidade. Entretanto, algo em seu interior desejava proteger Hyuuga Hinata e poupá-la de qualquer risco, por mais banal que este fosse.

Gaara limitou-se a concluir que aquele era algum efeito colateral da amizade tentando se manifestar.

— O peixe? Está bem! —Ela abriu a gaveta de utensílios e selecionou uma das facas. — Essa peça de salmão está perfeita, sem um espinho sequer. Tudo que você precisa fazer é fatiar alguns filés e cortá-los em tirinhas. — Explicou rapidamente. — Alguma dúvida?

— Não... Parece ser bem simples, na verdade. — Cuidadosamente, ele pegou a faca que Hinata o oferecia.

— Certo, mas me avise se ficar com alguma dúvida. — Ela voltou a mexer na gaveta e selecionou uma faca de menor porte para lidar com as ameixas.

Por alguns instantes, a cozinha foi tomada pelo silêncio, tanto Gaara quanto Hinata estavam completamente focados em suas tarefas.

Entretanto, mais uma vez as palavras de Kankuro voltaram a assombrar os pensamentos do jovem Kage.

“...Sentem e conversem, assim irão se conhecer melhor...”, havia dito o marionetista durante a madrugada. De fato, precisava seguir as palavras de seu irmão em prol do desenvolvimento daquela amizade, mas qual seria o caminho certo a tomar? Sobre o que deveria falar?

Nunca foi do feitio de Gaara iniciar conversas, principalmente em se tratando de casualidades, mas ele teria que dizer algo eventualmente.

Mais do que isso, Gaara queria de fato falar.

O ruivo optou por não pensar muito. Deixou apenas que o momento guiasse seus pensamentos e, sem controle algum sobre si, deixou que as palavras lhe escapassem.

— Eu jamais teria imaginado que você sabe cozinhar, levando em conta que você é a Herdeira de um dos maiores clãs de Konoha. — Ele fez uma breve pausa e ajeitou as fatias de peixe sobre a tábua para que pudesse continuar com seu trabalho.

— Assim como eu jamais imaginaria que você consegue cuidar tão bem de plantas. — Ela respondeu com um sorriso delicado nos lábios. — Você não está exatamente errado, realmente há uma equipe de serviçais na mansão de meu pai, incluindo pessoas responsáveis pela cozinha, mas... Isso não me impede de querer cozinhar.

— Faz sentido... — Ele murmurou sem desviar sua atenção do que estava fazendo. — Eu acho isso admirável. — Declarou mais para si do que para a garota de fato.

— Perdão, poderia repetir? — Ela questionou, não tendo certeza se o havia escutado corretamente. Mesmo assim, sua face já passava a exibir a tonalidade corada diante da possibilidade.

— Eu disse que acho sua atitude admirável. — Gaara repetiu. — Uma pessoa que, mesmo diante da possibilidade de determinadas regalias opta por se manter com os pés no chão, seguindo com uma vida normal ao invés de uma existência banhada de certos luxos dos quais poderia desfrutar.

— Acho que... acho que entendo seu ponto de vista, Gaara. — Ainda mais corada, ela abaixou a cabeça e encarou fixamente as ameixas com as quais estava lidando.

As palavras do rapaz a haviam tocado profundamente, sendo aquela uma das raras ocasiões em que seus esforços para ter uma vida comum foram reconhecidos. Hinata sentiu-se transparente aos olhos do Sabaku, como se ele tivesse a capacidade de enxergar diretamente as questões mais profundas de seu coração, aquelas que ela jamais ousaria demonstrar em palavras, limitando-se sempre a demonstrá-las em pequenos e sutis gestos.

Desnorteada e desejando tirar o foco de atenção de si, a princesa do Byakugan tornou a falar.

— Não sou a única pessoa aqui presente que mantém os pés no chão, certo? — Ela riu baixinho. — Há muitas pessoas que, ao assumirem um papel de liderança, sentem que estão expostas sobre um pedestal de ouro e permitem-se viver de todos os luxos e regalias possíveis. Veja a si mesmo, Gaara. — Com um sorriso gentil em seus lábios, Hinata repousou a faca sobre a bancada e suas írises peroladas fixaram-se sobre a figura masculina. — Após todas as coisas ruins pelas quais passou, você tornou-se o líder de Sunagakure, o inabalável pilar que sustenta todos os sonhos e esperanças deste vilarejo. A soberania lhe trouxe muitos direitos, mas também muitas responsabilidades. Teoricamente, você poderia estar desfrutando de certos benefícios que sua posição de poder lhe garante, poderia estar atuando de modo a punir todos aqueles que um dia lhe causaram algum mal. Entretanto, aqui está você! Certamente, é um dos Kazekages mais admiráveis que Sunagakure já teve. — Hinata interrompeu seu discurso por breves segundos e inspirou profundamente em uma tentativa de recobrar o fôlego e conter a ardência em suas bochechas. — Você é justo e dedicado, vive uma vida simples e limita-se apenas a ter o que precisa. Não mede esforços pelo bem de seu povo e, por mais que os tempos estejam difíceis, você é perseverante e está sempre procurando a forma mais sábia de lidar com toda esta situação. Seu altruísmo sim, é admirável. Você não é Kazekage pelo simples fato de ocupar o cargo e sim por levar seu trabalho com tamanha seriedade e dedicação.

Gaara manteve sua atenção fixa sobre a Hinata durante todo o discurso. As palavras proferidas por aquela voz doce como uma canção de ninar o atingiam com leveza. Em seu peito, algo se movia com intensidade e o aquecia por completo.

Sim, novamente era seu coração batendo em uma velocidade maior que a usual.

O Sabaku poderia assumir que as palavras o haviam tocado, pois esta era a realidade. Entretanto, via-se incapaz de assumir algo assim em alta voz.

— É assim que me vê, Hinata? — A resposta foi curta e desprovida de pistas. Por outro lado, o brilho presente no olhar masculino foi o suficiente para que a Hyuuga compreendesse o quanto suas palavras haviam pesado para Gaara.

— Sim. — Ela assentiu rapidamente e desviou sua atenção para a panela de arroz. Suspirou aliviada ao perceber que o alimento já estava pronto e que poderiam enfim mudar de assunto. Hinata não sabia se conseguiriam trocar mais uma leva de declarações de admiração sem um deles entrar em colapso, mas sabia que em algum momento, no futuro, aquele diálogo precisaria ser retomado. — Veja, o arroz está pronto! Agora é a hora em que começaremos a montar os onigiris! — Anunciou.

Igualmente tranquilizado por poder escapar daquele diálogo, Gaara acenou com a cabeça. Dedicaria toda a sua atenção em montar os bolinhos, deixando para expressar toda a sua gratidão e admiração quando fosse oportuno.

Tinha pela frente uma longa caminhada. Ainda precisava amadurecer muito para conseguir lidar com um assunto tão sério e ao mesmo tempo composto de extremas sensibilidade e delicadeza.

Hinata finalmente terminou de temperar o arroz e bateu as mãos com suavidade, apenas para despertar o Sabaku de seus devaneios. Assim que ela explicou o passo a passo da montagem dos bolinhos, ela e Gaara começaram a trabalhar.

O silêncio dominou a cozinha, mas isto não era realmente um problema para a Hyuuga e para o Sabaku. Mesmo sem a troca de palavras, sentiam-se confortavelmente acolhidos pela mera presença um do outro.

Eventualmente, trocaram algumas palavras e, conforme os onigiris prontos eram acomodados sobre uma travessa, divertiam-se analisando o formato dos bolinhos. Claramente, os de Hinata estavam perfeitos enquanto os de Gaara mostravam-se um pouco disformes, mas a garota assegurou que era questão de prática e que, mesmo um pouco tortos, não estariam menos saborosos que os dela.

Diante das palavras de incentivo, Gaara não conseguiu conter um tímido sorriso, detalhe que não passou despercebido pela Princesa do Byakugan. Naquele momento, um breve pensamento lhe ocorreu.

Temari tinha razão no que dissera semanas atrás. Gaara realmente era um rapaz muito bonito.


Notas Finais


E este foi o capítulo da vez!
O que acharam? Teorias do que virá a seguir? Me contem!

Como vocês podem ver, os sentimentos estão crescendo em ambas as partes, mesmo que nem Hinata nem Gaara tenham percebido até o momento kkkk

Vamos às considerações que sempre gosto de fazer?

🌵 Desde a última atualização, o número de favoritos na fic aumentou ainda mais e agora estamos rumo a 700 favoritos! Vocês não tem noção de como isso me deixa feliz, não apenas pelo reconhecimento pela fic em si, mas por poder ver quanta gente tem algum apreço por GaaHina. Como vocês já devem imaginar, este shipp é o que há de mais precioso para mim, então saber que tem tanta gente que também curte ver estes dois juntos faz meu coração bater mais forte!

🌻 Como sempre, quero agradecer por todo o carinho e compreensão recebido por vocês. Mesmo que eu continue um pouco complicada em relação a responder comentários, sigo lendo tudo que vocês comentam e, acreditem, leio com muito carinho e suas palavras fazem meu dia! Por isso, obrigada por todo o apoio e amor, ainda irei agradecer um por um, apenas aguardem que tirarei um tempinho para retribuir!

🌵 Após ter publicado este capítulo, publiquei uma One Shot GaaHina que escrevi para o @Projeto_GaaHina. Gostaria de convidar vocês para conferirem esta fic que, cá entre nós, amei muito escrever!
https://www.spiritfanfiction.com/historia/tempestade--gaahina-20185963

🌻 Ainda estou me ajeitando, mas estou com planos de, em breve, voltar a atualizar minhas fanfics com maior frequência. Postei maiores informações neste jornal:
https://www.spiritfanfiction.com/jornais/welcome-e-novidades-21997515

Acho que por hoje é isto... Agradeço imensamente pelo leitura e pela atenção.

Beijocas e feliz páscoa!!!


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