História Blue Eyes - Caleb! He is back.

''Muitas vezes eu fico triste por pensar demais''

Luke Hemmings

A luz do sol entrava pela janela me impossibilitando de enxergar alguma coisa. Virei para o lado procurando algum modo de me esconder de toda essa luz, mas nada adiantava. Levantei com raiva e puxei a cortina, fazendo com que ela batesse no despertador o derrubando no chão e causando um grande estrondo.

— Luke que barulho é esse? — Minha mãe abriu à porta. Seus olhos claros me fuzilavam, ela encarou o despertador nos meus pés, a cortina balançando e por fim meu rosto.

Não a respondi, apenas peguei e sentei na cama, coloquei minha cabeça entre meus joelhos fazendo pressão. Parecia que minha cabeça ia explodir.

— O que está acontecendo? — Liz caminhou em minha direção e sentou-se ao meu lado.

Nada, não estava acontecendo absolutamente nada comigo. Mas eu não conseguia dizer uma palavra se quer que justificasse o meu nada.

Tinham turbilhões de pensamentos na minha cabeça. A melhor coisa que eu poderia fazer era tomar um banho e pensar, colocar tudo isso no lugar novamente. Levantei rapidamente e fui em direção ao banheiro. Deixando minha mãe ali.

Só o barulho do chuveiro sendo ligado fazia tudo melhorar, quando a água tocou em mim tive certeza que só um banho poderia arrumar o que estava acontecendo aqui dentro.

Ontem à tarde eu liguei para Maisie com intenção de saber como ela estava. Me sentia totalmente culpado de ter a convidado para uma festa e ela nem ao menos ter se divertido. Mas eu não falaria isso, soaria como se eu fosse uma menininha, então decidi falar do casaco. Maisie disse que traria ele aqui, mas eu não gostaria que ela caminhasse tanto por causa de uma bobagem minha, então me prontifiquei de ir buscar. Quando estava perto de sua casa, me lembrei que meu irmão havia me pedido para devolver um filme que ele havia alugado para assistir com a namorada e então tive a brilhante ideia de assisti-lo com Maisie. Já que seus pais não estavam em casa, que mal teria nisso? Seria uma tarde de diversão como um pedido de desculpas pela a festa e os transtornos que fiz ela passar.

E foi isso que aconteceu, nós olhamos o filme, ela parecia incomodada com a minha recente aparição na sua casa e ainda mais com a escolha do filme. Mas por incrível que pareça tudo ocorreu bem. Até esse momento. Conversa vai e conversa vem estávamos no seu quarto, sentados um de frente para o outro, ouvindo uma música hippie, bem diferente do que eu costumava escutar. Maisie ali parecia tão leve, seus olhos fechados, nenhum problema do mundo poderia a incomodar. Obviamente não há problemas para a incomodar. Sua vida parece ser perfeita.

Toda a calma que ela exalava me deixou com as mãos formigando, não de ficar parado a encarando, mas sim de vontade de toca-lá. Eu não podia me controlar, eu estava em um lugar fechado com uma garota bonita, é mais do que normal sentir necessidade disso. Eu queria toca-lá e foi isso que eu fiz. No momento inicial ela não queria, mas logo Maisie mudou de opinião e então a beijei.

Sai de lá com uma felicidade inexplicável. Cheguei em casa e olhei um jogo com meu pai, comemos pizza e logo eu fui dormir.

Dormir, dormir, dormir... Como se fosse fácil quando parece que sua cabeça vai explodir.  Tamanha felicidade que eu sentia não existia mais. Eu sentia culpa em meus ombros, como se tivesse alguém me empurrando para baixo.

Eu tenho dezenove anos, e querendo ou não já cometi muita burrada na minha vida, mas nenhuma que me impedisse de dormir. Acho que é a culpa é a maior do que tudo. E por que raios eu estava sentindo culpa? Beijar alguém não tem nada demais. Já fiquei com muitas garotas e nunca me senti assim. Eu sentia que devia uma explicação para Maisie, mas eu não queria que fosse uma explicação qualquer.

E de volta, estou eu no banheiro, a água escorre pelos meus cabelos. E eu não sei o que fazer, parece que todo o tempo que perdi ontem à noite, não adiantou em nada. Eu queria beijar Maisie novamente mais algo me diz que ela gostaria de algo sério e eu gosto da minha liberdade.

Maisie Carter

Sinto a água bater nos meus pés e dou um pulo. Por mais que fosse calor hoje, a água ainda estava gelada por ser de manhã. Eu estava caminhando pela orla da praia. Hoje não tinha aula e minha alma sorria. Convidei Zoye para caminhar comigo e ela concordou, mas ainda não apareceu.

O céu estava limpo, coloquei algumas músicas para tocar e continuei caminhando. Já fazia tempo que havia saído de casa, mas eu não estava ligando, eu precisava caminhar, eu precisava pensar sobre Luke, sobre o beijo. Mesmo eu não querendo pensar, eu sentia que precisava.

Já havia me acostumado com a sensação que a água juntamente com a areia faziam nos meus pés. Minha música parou e eu rapidamente tirei os fones, alguém estava me ligando. Era um número desconhecido. Com todo o ódio do mundo, arranquei os fones e atendi o telefone.

— Alô?

— Maisie? — Uma voz desconhecida disse.

— Quem é?

— Como quem é? Você não tem meu número novo? Não acredito criatura. — Aquela voz.

— Caleb?! — Perguntei quase gritando na praia, por sorte não tinha ninguém muito perto.

— Maninha! Você está na praia? — Caleb disse. — Há que saudades desse lugar.

— Meu Deus, jurei que onde você estava nem pegava celular. — Sentia as lágrimas chegando.

— Não começa com o chororó se não desligo na tua cara. — Isso me fez dar risadas, Caleb sempre sendo Caleb.

— Como você está?! E sim estou na praia, morra de inveja. — Eu continuava caminhando pela orla.

— Estou bem e com muitas saudades, eu comprei um celular novo, porque perdi o meu em um furação que teve aqui. Mas estou bem! — Arregalei os olhos.

— Aonde você estava? Por Deus, papai ainda quer te matar, por que você ficou duas semanas sem mandar notícias?!

— Estou nos Estados Unidos e tem locais aqui que não pegam o celular Maisie. — Jurei que ele estava revirando os olhos.

— Que locais Caleb?

— Muitos, você sabe que a gente não para em um lugar só. — Ele ria. — Mas você nem perguntou por que de minha pessoa estar ligando, que interessada que você está.

— Por que você está ligando? — Perguntei a ele, notando que fui meio grossa, o que me deu vontade de rir.

— Para avisar que estou esperando vocês amanhã aqui no aeroporto, estou voltando para a faculdade, maninha. — Não sabia o que falar, eu não via Caleb há dois anos.

— Meu deus, você está falando sério? — As lágrimas escorriam, eu não conseguia segurar mais nada.

— Para de chorar Maisie, você vai ver como eu estou maravilhosamente lindo. — Ele riu.

— Estou chorando de felicidade seu idiota, me manda uma mensagem com o horário que aproximadamente você vai chegar?

— Mando sim, você vai ver como é ter um irmão novamente, voltei só pra te incomodar. Agora preciso desligar, estou chegando aqui e vou me despedir do pessoal, se cuida criatura. Te vejo amanhã bebezinho. — Ele fez barulho de beijo no telefone.

— Beijos, até amanhã e muito bom vôo, bebezinho é a tua cara. — Ouvi a risada da Caleb e desliguei o telefone.

Puxa, Caleb voltaria para casa, eu ainda estava em choque de tanta felicidade. Quando levantei minha cabeça, percebi que havia caminhado tanto que estava quase no centro, Zoye não havia me ligado, então resolvi voltar, ela devia ter dormido novamente.

Caleb saiu de casa quando completou vinte anos, ele trancou a faculdade e disse que queria conhecer o mundo, meu pai entrou em choque, mas logo o apoiou. Ele fez vinte e dois anos no início do ano, Caleb sempre foi uma pessoa bem descontraída, sempre querendo ver as pessoas felizes mesmo sem ele estar. Apesar de gostar de ser o centro das atenções, ele sempre foi e sempre será o melhor irmão do mundo. E agora ele estava de volta, não podia negar que estava muito feliz para vê-lo novamente.

Estava quase chegando perto do lugar que havia saído, quando me deparo com Zoye caminhando em minha direção.

— Oi! Me desculpe pela demora, você ainda quer caminhar?

— Oi, já caminhei Zoye, mas tudo bem! — A abracei de canto. Zoye sorriu.

— Você normalmente me xinga quando eu me atraso, o que houve?! Você disse que precisava conversar! — Zoye me encarava atenta. Eu bufei e continuei andando, não sabia se queria falar sobre Luke. Então decidi falar sobre Caleb.

— Estou feliz porque Caleb vai voltar! — Encarei Zoye que franzia as sobrancelhas.

— Você não me fez acordar antes da uma hora da tarde, para contar que Caleb vai voltar. Tipo isso é super legal, mas eu te conheço Maisie! O que houve?! — Zoye me olhava com aqueles imensos olhos que ela tinha.

Continuamos caminhando e às vezes Zoye me cutucava, esperando minha resposta, mas eu não estava com nenhuma vontade de contar a ela sobre Luke. Sentamos na areia e eu podia ouvir ela bufando.

— Não acredito que minha melhor amiga não quer me contar às coisas. — Ela sussurrou encarando o mar.

— Não é nada demais, não é uma coisa que tem muita importância. — Zoye agora me olhava atenta.

— É sobre Luke? — Encostei minha cabeça em seu ombro.

— Nós nos beijamos. — Falei quase como um sussurro, quase impossível de se ouvir. Mas Zoye escutou, eu sentia que ela estava sorrindo.

— E isso é nada demais? Você está louca, o cara é maravilhosamente lindo, se não fosse nada demais não estaríamos aqui e conversando sobre isso. — Levantei minha cabeça e encarei Zoye. Ela tinha razão, não era nada, era algo, mesmo que talvez eu não quisesse que fosse, estou fora literalmente de gostar de alguém.

— Tudo bem, talvez seja algo. — Zoye concordou com a cabeça e então contei toda a história para ela, do telefone até o beijo. Cada pausa que eu dava para respirar Zoye me dizia que Luke estava interessado e blá blá blá.  

— Você está confusa?! — Zoye me perguntava, seus belos olhos cor de mel me encaravam, ela sorriu assim que viu minha expressão. Eu não estava confusa, eu estava frustrada. Talvez Luke fosse um tanto importante para mim, ele me passava proteção e liberdade. E eu gostava muito disso.

— Preciso responder? — Zoye abriu um meio sorriso.

— Não precisa não.

Ficamos quietas apenas ouvindo o barulho das ondas batendo contra as pedras, até o telefone de Zoye receber uma mensagem. Quando olhei para ela podia ter certeza que algo muito maravilhoso estava por vir. Zoye agilmente virou seu rosto em minha direção, ela tinha um sorriso que eu não sabia descrever.

— Você gosta de água? — A louca me perguntou e eu sorri.

— Sim, amo água, amo tudo relacionado à água. Você sabe disso!

— Michael me mandou uma mensagem. Você tem algo para fazer este fim de semana?

— O cara do cabelo colorido. Meu deus você é muito rápida Zoye! — Zoye me cutucou.

— Ele pediu meu número aquele dia na festa e eu dei, não era muito importante, não é uma coisa que precisa se contar. — Ela riu.

— Vocês se beijaram? — Sorri, talvez fosse importante sim. Mas Zoye era dura na queda.

— Não fizemos nada Maisie, ele não é um Luke da vida que sai beijando às pessoas. — Não me contive e dei uma gargalhada.

— Luke não beija outras pessoas, eu espero! Também tanto faz, ele faz o que ele quer. — Bufei. — O cara do cabelo colorido é tão fofo.

— Ver você com ciúmes é uma coisa surpreendentemente fofa! — Ela riu.

— Eu disse que o cara do cabelo colorido é fofo! Talvez você devesse dar uma chance a ele, sei lá só conhecer. — Zoye revirou os olhos.

— E eu disse que você está com ciúmes! — Ela sorriu. — Estou dando uma chance, Michael tem uns amigos e eles vão ir para o Parque aquático que tem perto da praia, aquele que tem o maior tobogã daqui de Sydney. — Encarei Zoye.

— Não estou com ciúmes e isso soa até engraçado, pena que não vou rir. E sobre o parque aonde eu me encaixo nisso?! — Sorri.

— Não se faça de burra Maisie! Você vai junto, eles vão ir sábado!

— Caleb vai estar aqui sábado, talvez não dê. — Zoye revirou os olhos. Tudo bem, eu não queria atrapalhar o encontro de Zoye com o tal Michael.

— Você fica com seu irmão outro dia. Vocês têm todos os outros dias! Nós vamos nesse parque sim, já estou até vendo. Vai ser muito divertido!

— Como vamos pagar?! — Perguntei a ela.

— Michael disse que consegue os ingressos de graça. Está tudo combinado! Posso confirmar? — Ela me olhava, com uma grande expectativa nos olhos. Então eu sorri e concordei com a cabeça.

Zoye confirmou mandando uma mensagem para Michael e nós levantamos e continuamos caminhando.  Ela me deixou em casa e foi embora, estava com o carro do pai dela novamente, Zoye insistia dizendo que o carro praticamente já era dela.

Entrei pela porta dos fundos e dei de cara com minha mãe cozinhando o almoço. Tudo bem que era estranho e muito raro ver minha mãe fazendo qualquer coisa na cozinha.

— Bom dia Mãe! — Sorri, passando por ela.

— Bom dia filha!

Subi as escadas e quando encontrei minha cama, instantaneamente deitei. Meus olhos pesavam, mas eu me recusava a dormir agora. Então coloquei meus fones de ouvido e apertei play nas músicas.

Ouvi muitas até parar em sweet perfection, eu não conseguia passar a música porque queria ouvir, mas eu não queria me lembrar de nada, então tirei os fones, me levantei e os coloquei em cima da minha escrivaninha. Desci as escadas colocando todo o tipo de pensamento pra bem longe e fui ajudar a minha mãe.

Como se fosse adiantar. Luke não saia da minha cabeça, o que já estava me dando uma leve raiva.

[ ... ]

A única coisa que eu escutava era a música saindo do rádio. Era uma mistura de pop com rock e era incrível. Estávamos indo em direção ao aeroporto, eram duas e meia da tarde, quase três. Meus pais precisavam dar aula e como eu estudo de manhã me ofereci para buscar Caleb com Zoye, no início ela negou dizendo que meu irmão podia vir a pé, mas no final aceitou e cá estamos nós, duas adolescentes indo até o aeroporto buscar um cara que mais parece com uma criança.

Zoye estacionou o carro em uma das poucas vagas que ainda tinha no estacionamento e nos direcionamos até o local onde as pessoas desembarcavam. Caleb já havia me mandado uma mensagem dizendo o horário que o avião que ele estava pousaria.

Não posso negar que estar em um aeroporto não é uma coisa que eu goste muito, mas por Caleb eu vim.

As pessoas desciam e abraçavam seus familiares e uma angustia enorme começou a tomar conta do meu corpo, de todo o meu corpo, eu já estava pulando de ansiedade.

— Calma Maisie, ele já está chegando! — Zoye pegou um copo de água e colocou na minha mão. Tomei aquela água rápido demais.

Então enxerguei Caleb. Ele me enxergou também e já caminhava na minha direção. Ele estava diferente, mais forte. Seus cabelos escuros estavam um pouco grandes. E agora ele tinha um piercing no canto do nariz. Rapidamente seus braços envolveram minha cintura.

— Ual Maisie você cresceu muito, cadê aquela pirralha que existia quando eu fui embora?! — Zoye ria. Imediatamente Caleb me largou e abraçou Zoye, ela ficou estática no começo, mas logo se soltou. — Você não está nada mal Zoye! — Eu ri, Zoye ficou com vergonha e isso era muito engraçado já que ela nunca corava.

— Você está mais forte, isso aqui é músculo ou é gordura? — Perguntei a Caleb e ele sorriu.

— Isso é músculo, existem academias ao redor do mundo sabia? — Revirei os olhos e então nós caminhamos em direção ao carro.

— Você dirige também? — Caleb perguntou arregalando os olhos.

— Logo, logo sim. Mas esse carro é da Zoye ou do pai dela.

— Quem dirige sou eu, então o carro é meu! — Zoye disse, abrindo a parte de trás do Jipe. Caleb sorriu colocando as malas ali e logo sentou-se.

— Adorei esse piercing. — Disse, encarando Caleb. Era diferente e o deixava fofo.

— Sério?! Não sabia que você gostava de piercing's. — Caleb disse sorrindo.

— Agora ela gosta e muito, principalmente quando o piercing é no lábio, agora ela ama. — Zoye disse e eu a cutuquei, ela deu uma gargalhada. Encarei Caleb e ele tinha uma expressão de quem não havia entendido nada e é melhor assim.

Zoye parou em uma sinaleira e logo um carro estacionou no nosso lado. Ela me encarava querendo dizer alguma coisa, mas eu não estava entendendo nada. Isso até virar minha cabeça para ver quem era o motorista ao nosso lado. Podia sentir meus olhos marejando de raiva.

Luke estava ali, no carro ao lado, seu carro preto conversível estava com a parte de cima aberta e eu podia enxergar nitidamente a garota ao seu lado. Não era qualquer garota, era a maldita daquela Amanda. Quando ele me enxergou, ficou estático, ele não falou nada, apenas ficou me encarando com a maior cara de espanto e eu não conseguia falar nada também, então desviei meu olhar para a frente. Eu podia sentir a tensão no ar enquanto o sinal não abria. Estávamos lado a lado, muito perto, tanto que eu podia ouvir a música que ele estava escutando, eu podia sentir o cheiro de seu perfume babaca.

Quando o sinal abriu, Zoye arrancou o carro. Mordi meu lábio inferior de raiva. Se ele estava achando que eu iria chorar estava muito enganado. Eu aprendi há muito tempo que a vida é dura com a gente, mas se conseguirmos segurar a barra e enfrentar tudo de cabeça erguida, por mais estranho que seja, as coisas melhoram.