História Blue Neighborhood - Should I fall for u?

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Com dezesseis anos
- Oi amor - falou Laurie me dando um selinho.
- Oi - falei sorrindo minimamente.
Ela segurou em minha mão, entrelaçando nossos dedos. Eu ainda não me sentia confortável com isso, mas eu precisava aprender a lidar. Porque era o melhor a se fazer.
Caminhávamos para casa, e ela conversava sobre alguma coisa a qual eu não tinha interesse algum. Até que o avistei de longe.
Jimin.
Ele andava em nossa direção de cabeça baixa, com fones de ouvido brancos. Ele usava aquele moletom preto usual, com mangas que cobriam suas mãos, um jeans azulado e rasgado… E seus tênis, que ele usava em suas aulas de dança. Meu coração palpitava, e comecei a sentir minhas pernas amolecerem, e minhas mãos suarem.
- Está bem, Jungkook? - perguntou Laurie.
- Sim - menti, engolindo seco.
Continuei andando, tentando ignorar o turbilhão de coisas que estavam se passando por minha mente naquele instante. Até o momento que ele passou ao meu lado, e me olhou.
Senti como se aquele olhar estivesse me atravessando… Como uma navalha. Seus olhos encontraram com os meus, e aquele momento passou como se estivesse em câmera lenta. Observei todos os detalhes de seu rosto, o qual estava mais magro, e seus olhos aparentavam cansaço… Ao julgar principalmente pelas olheiras roxas e profundas que circundavam seus olhos… Seus maravilhosos olhos. Ele não tinha mais seu sorriso de sempre esboçado em seus lábios...
A beleza dele era incomparável. Eu não sei como alguém poderia ser tão lindo daquela forma…
Aquele olhar, que durou um segundo, pareceu uma eternidade. E logo Jimin desviou o olhar para minha mão dada com Laurie. E depois voltou a encarar seus pés. Assim que ele passou, eu parei. Tentando respirar normalmente.
- Jungkook? - falou Laurie.
- Oi? - perguntei, olhando-a.
- Tem certeza que está bem? - perguntou ela se aproximando mais.
- Sim, fique tranquila, apenas me bateu um cansaço - falei sorrindo.
Ela sorriu de volta.
Definitivamente, ela não me conhecia nenhum pouco.

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O tempo passou tão vagarosamente quando eu não estava com Jimin, que até mesmo meu rendimento na escola caiu. Muito. Eu o via, mas não podia conversar com ele. E ele apenas ficava a maior parte do tempo sozinho. Ia em suas aulas de dança, depois voltava para sua casa. Todos os dias. Mas no fim, ele parecia estar bem. Ele havia feito um amigo, por causa da dança. Não posso dizer que aquilo não me incomodou. Porque me incomodou, muito. Eu queria ser aquele menino que conversava com ele animadamente… Eu queria ser o motivo de seus risos… Eu queria abraçá-lo em suas frustrações.
Bom, acredito que se passaram uns três meses assim. Porque chegou o dia do aniversário dele.
Eu precisava, de qualquer maneira, falar com ele. E a minha desculpa, era seu aniversário, claramente. Acontece que em todos seus aniversários, desde quando éramos apenas crianças de oito anos, eu levava um pequeno cupcake, ou bolo… Ou qualquer doce que contém chocolate. E uma vela pequena. Era a coisa mais idiota e simples do mundo. Mas, todas as vezes ele ria de mim e por fim me abraçava fortemente, dizendo “obrigada Kookie, é o melhor presente”. E não digo que isso aconteceu uma vez… Isso acontecia todos os anos.
Então eu apenas dei meu jeito… Porque eu não aguentava mais aquele inferno.

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Com dezesseis anos
Fui até a padaria mais próxima que tinha da escola, matando as primeiras aulas. Eu não sabia se Laurie viria hoje para voltar comigo para casa… Por isso eu precisava fazer isso antes que as aulas acabassem. E sim, tem que ser hoje.
Comprei um brigadeiro consideravelmente grande, gastando as poucas moedas que eu havia levado em meus bolsos. Improvisei uma vela pequena, posicionando-a no meio do doce, deixando ele o mais bonito que consegui.
Eu nunca fiquei tão nervoso em toda minha vida. Eu não tinha nem ideia se ele iria gostar daquilo… Eu não sabia se ele iria querer me ver, ou falar comigo. Eu não sabia… Tudo que eu sabia é que eu precisava tentar.
Fiquei sentado debaixo da árvore que ele sempre ficava na hora do intervalo, agradeci mentalmente por ser um lugar tranquilo, que ninguém vem. Até que ouvi o sinal tocando, anunciando que os alunos estavam liberados para lanchar. Senti meu coração acelerar e minhas mãos tremerem. Eu não sei porque isso acontecia toda vez que tinha a possibilidade de eu estar perto de Jimin.
E então eu o avistei.
Ele andava lentamente com um livro na mão, não prestava atenção por onde ia, com seus fones de ouvido mantendo-o em seu mundo interior… Sua blusa fina branca, e sua calça preta o deixavam magnífico. E eu apenas preciso ter esse contato com ele novamente. Quando ele estava a alguns passos de distância, percebeu a presença estranha em seu lugar favorito, e ergueu a cabeça, fazendo com que nossos olhares se encontrassem.
E nesse instante meu mundo parou.
Jimin me olhava surpreso, enquanto eu continuo completamente parado, como uma estátua inútil, segurando o brigadeiro maior do que um brigadeiro normalmente é, com uma pequena vela que parece mais um pedaço de ferpa.
Mas, no segundo seguinte, o medo foi substituído por alívio. Ao vê-lo começar a se aproximar de mim, com um mínimo sorriso esboçado em seus lábios desenhados. E, quando ele estava em minha frente, simplesmente me envolveu em seus braços pequenos, fazendo meu coração disparar, mais ainda. Retribui seu abraço, envolvendo-o com um de meus braços fortemente, enquanto o outro eu mantinha um pouco longe por causa do doce que eu segurava. As mãos de Jimin agarraram minha blusa, como se isso fosse mudar sua vida.
- Me desculpe - falei baixo.
Ele afundou seu rosto em meu pescoço, e ficamos assim por um tempo, apenas abraçados. E Jimin chorava. E eu queria muito pedir que ele não chorasse, mas eu não tenho direito… Na verdade eu não tenho direito nem de tê-lo comigo nesse momento. Não tenho direito de ter sua presença.
- Kookie, eu não aguento mais - falou ele baixo, e sua voz abafada por causa da minha blusa.
- O que? - perguntei, afastando-o um pouco para poder olhar em seus olhos cheios de lágrimas.
- Não aguento ver você distante… Não aguento ver você com ela… Ver você me ignorando, passando longe como se eu fosse estranho… Eu não aguento mais lembrar daquelas palavras que você me falou quando nos vimos da última vez em sua casa, eu achei que você quisesse que eu saísse de sua vida, mas eu não consigo tirar você da minha - falava ele de uma vez, me deixando pior do que eu já estava.
- Jimin - falei baixo.
- Por favor, não me abandona - ele voltou a encostar a cabeça em meu pescoço.
- Eu nunca te abandonei, pequeno - falei, tentando esconder a voz de choro - eu apenas fiz algo que precisei, porque senão alguma coisa horrível poderia acontecer com você, entenda, eu jamais quis deixar você mal… Eu preciso de você Jiminie, não me abandone.
Ao falar isso, senti seus lábios quentes nos meus. Coloquei minha mão livre em sua nuca, sustentando o beijo, e aquela sensação incrível tomando conta de mim… Aquela mesma que senti daquela vez. Então aprofundei nosso beijo. Tirei seu fone de ouvido, colocando minhas mãos em seu pescoço, enquanto nossas línguas brincavam como se fizéssemos isso sempre…
Mas eu apenas sei… Que somos feitos um para o outro.

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Bom, essa foi a melhor coisa que me aconteceu em meses. O problema, é que ficamos nisso. Ficou na lembrança daquele beijo embaixo da árvore favorita do amor da minha vida. Porque depois, apesar de que não nos ignorávamos mais, eu ainda continuei “namorando” com Laurie.
Não conversávamos, não ficávamos juntos. E ele ainda continuava falando com aquele novo amigo dele… E eu não podia reclamar, porque estava também com alguém. Mas, apesar disso, todos os olhares que trocávamos eram de compreensão. E calorosos.
Continuamos com isso por mais um mês.
Até que chegou a vez de eu fazer aniversário.
Jimin sempre fora muito desligado, e na maioria das vezes ele esquecia o meu aniversário. No começo e ficava bastante emburrado,  e depois de dois anos, eu entendi que ele não fazia por mal… Mas, ainda assim, eu fico meio estressado, porque mesmo que não seja intenção dele, eu me sinto deixado de lado, ou esquecido.
Dessa vez ele não esqueceu. Na realidade, ele se esforçou para que pudéssemos ter algum tempo apenas nós dois. Tudo que sei, é que aquele amigo dele morava sozinho e cedeu a casa dele para Jimin no dia do meu aniversário, para que ele pudesse fazer uma surpresa para mim. Jimin sabia, contudo, que seria complicado conseguir com que eu pudesse sair de casa naquele dia, porque provavelmente Laurie iria querer ficar comigo o dia todo, assim como meu pai. E foi por esse motivo que eu recebi um pequeno bilhete dele, com um endereço e um horário. Um horário no início da madrugada, quando meu pai estivesse dormindo, e com certeza Laurie não estaria comigo.
E esse é um dos motivos dos quais eu o amo tanto. Ele deu um jeito. Apenas porque queria passar um pouco do meu aniversário comigo.
E aquilo fez com que fosse o melhor aniversário de minha vida.