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História Blue Rock - Beijo, festa e Rock in Roll


Escrita por: linetonkin

Capítulo 6 - Beijo, festa e Rock in Roll


Fanfic / Fanfiction Blue Rock - Beijo, festa e Rock in Roll

1983

 

Há exatamente cinco meses atrás meu pai faleceu.

Lembro que não chorei, mas fiquei  triste. 

Sim, eu  tive uma relação um pouco complicada com ele, mas não podia esquecer de todas as outras vezes em que me “ajudou”. Era ele que colocava comida em casa, que pagava a maioria das contas, foi ele que comprou a primeira guitarra..., e por ficar me refletindo sobre esses pensamentos, sobre meu passado, achava que eu fui um péssimo filho.

Por ficar me refletindo que fui um péssimo filho também pensava que sou uma péssima pessoa. Um péssimo ser humano!

Sério, às vezes nem eu me entendia por esses pensamentos. 

Meu pai faleceu lutando contra o câncer colorretal, e de acordo com o médico não tira cura.

Lógico que fiquei chocado com a notícia e minha mãe chorar de desespero por perder o marido. 

Com a morte de meu pai, de repente me vi num mundo invertido. Rapidamente, ocorreram mudanças em minha vida. Tinha saído do meu cantinho de conforto para me aventurar no mundo real, agir mais, ter mais atitudes e ir em busca das coisas... sozinho.

Minha mãe vendeu a casa em que morávamos, contudo não me mudei junto com ela. Enquanto dona Louise resolveu morar com a irmã, no caso minha tia Isabel, comecei a morar com os garotos. Na verdade, com o Raphael. 

Rapha morava num pequeno apartamento no centro de Londres. Não era grande e nem pequena, mas pelo menos era confortável o suficiente para caber duas pessoas.

Nunca entendi direito a história de meu amigo. Raphael nunca foi de falar muito dos pais. Na verdade, parecia que não gostava deles – o que dava a entender que meu amigo não tinha uma boa relação com eles, contudo nunca ousei perguntar.

— Harry. 

 

Saí de meus pensamentos e encarei meu amigo, que parecia assustado com alguma coisa. O que no caso não era nenhuma novidade. Richard Watson vivia preocupado com praticamente tudo, até com coisas que não tinham tanta importância. Fala sério, uma vez ele ficou preocupado porque achou que um dos shows iria dar tudo errado, pois uma das luzes neons não estava funcionando e não sairia tão emocionante – ele estava errado! O show deu super certo, e saímos satisfeitos.

— Fala, Watson. — Tirei o maço de cigarro na boca, e tentei ser paciente com meu amigo. Pronto para ouvir alguma reclamação.

— Onde está Raphael e Luke? 

Eu estava praticamente jogado no sofá, perto de uma janela, encarando as estrelas daquela noite. A única pessoa presente naquela mesma sala comigo  era Chris. 

Meu amigo estava sentado em um pequeno sofá, um pouco desanimado e mexia no violão ao colo, tocando lentamente as notas com os olhos fechados.

Era para a gente estar animado, feliz naquele dia e horário, mas tudo o que mais queria era estar numa boa cama e descansar um pouco, porém, não estava. 

— Não sei. Eles não estão na festa? — Perguntei sem tanto interesse. Sabia que aqueles dois idiotas devem estar em qualquer lugar do lado de fora animados com a euforia da festa. 

Blue Enilok tinha sido convidado – convidado não, pago. Nós fomos pagos para tocar numa festa de aniversário, que, de acordo com Chris, era de um jovem ator mirim que estava começando a fazer sucesso. Não perdemos aquela chance de tocar na festa. Era o oitavo show que fizemos em menos de uma semana, eu estava esgotado, cansado e um pouco preguiçoso para fazer qualquer coisa, por mais não queria desperdiçar aquela grande oportunidade. 

Olhei para a janela refletindo sobre minha vida naqueles últimos meses desde que meu pai faleceu; como minha mãe devia estar se sentindo, das discussões que tive com ela, o que seria de mim caso ele não tivesse falecido. 

Fiquei pensando naquilo e, quanto mais pensava, se acumulando em meus pensamentos, aos poucos começava a sentir uma dor de cabeça.

— Se não me engano vi Rapha com alguma garota na festa e não faço a mínima ideia onde Luke possa estar. — Chris respondeu ainda um pouco desanimado.

Sim, nós dois estávamos numa festa e desanimados. Pela primeira vez me senti daquela maneira em um ambiente um tanto agitado.

Eu, de alguma maneira, me sentia triste!

— Estou preocupado, não encontrei nenhum dos dois. E se aconteceu alguma coisa com eles? — Richard indagou e, no mesmo instante, me levantei do sofá fui até a mesa do centro pegando uma pequena sacola verde, no caso maconha.

Queria poder melhorar meu humor!

— Tenho certeza de que eles estão bem! 

Sai da sala. 

No momento que sai, a música Suspicious Minds de Elvis Plesley dominou completamente meus ouvidos. Por mais aquela música não tinha um ritmo tão agitado, sendo um pouco romântica, tinha o som da guitarra o que animava um pouco.

As pessoas estavam muito animadas e até gostavam da canção, pois exibiam aqueles sorrisos enormes enquanto dançavam com alguma bebida em mãos.

Havia muitas pessoas tanto dentro quanto fora da mansão. No quintal dos fundos tinha uma enorme piscina e havia tantas pessoas dentro da água e fora, mesmo assim, estavam usando roupas de banho. Eu poderia ser um deles, trocaria de roupa e me jogaria, contudo, mesmo que eu quisesse, estava ali a trabalho mesmo que o dono da festa tivesse permitido a banda de se divertir. 

Enquanto andava no meio de uma aglomeração de gente, encontrei um dos meus amigos desaparecidos. Luke. 

Sabia que não precisava se preocupar.

Luke estava muito bem, e como estava bem. 

Em lados diferentes de Peterson havia duas garotas que sorriam travessas passando a mão pelo corpo dele até uma delas o beijo. Arregalei os olhos ao ver a intensidade daquele beijo. Aquilo não deveria nem ser considerado beijo, pareciam que estavam quase se comendo em público. A outra garota não demorou muito e resolveu se intrometer na festa dos dois, curtindo junto. 

Ah nem pensar que ficaria ali observando aquela selvageria. 

— Ei, você deve ser Harry.

Ouvi uma voz diferente ao meu lado. 

Encarei uma garota que exibia um sorriso malicioso. 

— Eu mesmo. — Me sentei em uma cadeira perto da mesa do barman.

A garota se aproximou mais de mim ainda com aquele sorriso. Era impossível não reparar nas segundas intenções. 

Ela me queria. Talvez eu também quisesse, porém não me sentia bem o suficiente para ter mais uma noite com uma amante. Fazer sexo enquanto ficava lembrando de assuntos  pessoais com certeza não era nem um pouco emocionante. Mas, sim broxante. 

Não sou mais a porra de um adolescente, não tinha mais um pai e estava há meses sem ver a minha mãe. Uma garota não iria me fazer esquecer eles. Meu coração estava ferido. 

Era naqueles momentos que queria estar sozinho, num cantinho confortável e fumar pra caralho até esquecer meu nome.

Não sou aquele homem em que meu pai pensou e queria que fosse.

Eu tinha a porra de vinte anos de idade, e ainda estava em busca da fama. Não era um rapaz fazendo uma grande faculdade e encontrar uma incrível garota, me apaixonar e ter filhos para assim criar uma linda  família. Uma família.

Será que um dia eu seria capaz de criar e ter a própria família?

Eu até pensava em poder ter filhos algum dia, mas muito lá na frente. Meus planos naquele instante era construir uma carreira junto ao lado dos garotos. Ainda me sentia que não estava no momento certo para entrar em um relacionamento, mas…. será que algum dia vou entrar a garota? Será que sou capaz de me apaixonar por alguém?  

Ótimo! Efeito Elvis Presley. 

Por que esse cantor me deixava triste e me fazia pensar nessas coisas? Quem me coloca Elvis para tocar numa festa? 

— Desculpa. 

Tirei a mão dela de mim e fui saindo não me importando por ter a deixado. Na verdade, não me importava nem um pouco.

Estava indo para o quintal dos fundos quando dou de cara com Raphael com a roupa amassada com uma garota morena ao lado. Eles sorriam um para o outro, e estavam molhados. 

Raphael olhava para aquela garota de uma forma estranha. Ele estava feliz, muito feliz! Bom, alguém devia estar feliz pelo menos.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou arrumando a camisa branca.

Estava prestes a responder quando senti uma mão em meu ombro, e, ao me virar, me deparei com Luke 

— Richard quer a gente na sala. Vamos tocar daqui há pouco. 

Suspirei fundo fortemente me sentindo desconfortável. É. Definitivamente, eu era o único desanimado e sem interesse em alguém naquela noite. 

Precisava me animar, esquecer um pouco dos problemas. Ninguém quer saber de um rapaz depressivo com seus problemas pessoais. 

— Onde vocês estavam? — Ouvi ao entrar naquela sala.

Por que tudo parecia tão chato e nem um pouco interessante? 

Era para ser uma noite agitada, mas nem isso estava. Quem sabe tocar um pouco me anime? 

— Não começa, Watson. Estávamos aqui e começamos a nos arrumar. Já ajeitou as coisas? — Raphael se impôs.

— Como sempre se achando o líder da banda. — Ouvi naquela vez o Luke.

Levantei uma das sobrancelhas sabendo o que aquelas provocações podiam acabar os levando.

Odiava quando Luke e Raphael ficavam de provocação um ao outro. Parecia que só sabiam fazer aquilo, e aquilo estava me enchendo a porra do saco há semanas. Ninguém merecia aquilo. Ninguém merecia estar no meio daqueles dois.

— O que você disse? — Rapha direcionou um olhar irritado para nosso amigo.  Pelo jeito aquela felicidade dele acabou sendo substituída pela raiva em questão de segundos. 

— Vou precisar desenhar para você entender? — Luke respondeu de volta com um olhar cínico e debochado. 

Na hora vi que Rapha fechou um dos punhos e se aproximou do nosso amigo com um olhar severo. Na verdade, não sabia se eu poderia chamar Luke de amigo. Quer dizer, não acho que Fletcher considere Luke um amigo desde que o rapaz entrou em nossa banda.

Luke ainda tinha aquele olhar do tipo “você sabe que estou certo”.

Ah, não!

Chega!

Olhei para o lado e vi Richard, furioso.

— Estou de saco cheio de vocês dois! Resolvem logo o problema que tiverem, pois daqui há pouco vamos subir no palco. Não quero saber, estão me entendendo? Não quero saber de nenhum problema vindo dos dois quando estivermos lá em cima. Porque senão, eu vou resolver esse problema aqui e agora! Raphael melhora essa cara carrancuda e Luke para de encher a porra do saco também. Harry já se arrumou? Christopher já está pronto? — Richard bateu palma várias vezes. — Vamos! Faltam cinco minutos.

Não falei nada, apenas ajeitei um pouco a camisa social, colocando um pouco embaixo da calça e separando um pouco os botões do centro, foi quando vi minha mais nova tatuagem. A tatuagem de uma enorme coruja com as duas asas abertas, em preto e branco em meu abdominal.

 Tinha feito há duas semanas, e até o momento não me arrependi. 

Coloquei minha jaqueta de couro.

Me olhei no espelho. Não... Não estava legal.

Tirei a jaqueta e a camisa social, coloquei de novo a jaqueta ficando com o peitoral à mostra.

Richard me entregou um microfone depois que pegou as baquetas dele. No exato momento a música do lado de fora parou e ouvi algumas vozes reclamando.

Calma, calma, pessoal! Quem disse que a festa acabou? Na verdade, só estamos ainda começando. 

— Prontos? 

— Eu nasci pronto. — Raphael se pronunciou.

— Na verdade, quero que vocês conheçam Blue Enilok. Bate palma aí, pessoal. 

Richard abriu a porta e fomos saindo da sala indo para atrás do palco. Subimos a escada correndo para nos ajustar e vi o pessoal da festa gritar cada vez mais, animadamente. 

Encarei  o dono da festa e me impus na frente de todos. 

Levantei os braços e estalei os dedos.

— Cantem comigo!

Então, comecei com a música Problem Girl.  Uma nova música que eu mesmo compus. 

Ei, garota, lembra quando você disse que me ama?

Pois, é. Eu lembro como se fosse ontem.

Sobre as estrelas da noite

Em meu carro.

Nos abraçando.

Percebi o quanto te amo.

E ao sentir isso, soube

Garota, você é um problema.

É muito louco eu ter composto uma música sabendo que nem encontrei a garota ainda. E vendo tudo aquilo de mulherada, me perguntei: Quanto tempo? Quando vou encontrar ela?

Não lembrava por quanto tempo cantei, mas para mim os minutos se tornaram horas.

Já me encontrava suado e cansado, contudo agitado, me sentindo um pouco melhor. Eu dançava ao som que meus amigos tocavam, além de cantar. 

Pegava o microfone e sempre tentava me aproximar da plateia que gritava agitado e feliz. Me senti, senti não, eu estava naquele meio, bagunçando meus cabelos com algumas pessoas me dando espaço para um pequeno show no centro da pista com todos ao meu redor, mas não fui o único. Luke, Richard, Chris e Raphael também. Todos eles também tiveram seus momentos, cansados e suados. Cantando tanto quanto eu.

Christopher sem se importar tocou agitadamente a guitarra no meio do povo com os joelhos no chão. Raphael apareceu ao meu lado e juntos cantamos, bebemos cada vez mais e fumamos algumas.

Eu já me sentia um pouco melhor.

Estar com eles, com meus amigos. Tudo era incrível! 

Eu não seria nada sem meus amigos. Eles também eram uma família para mim, por mais temos nossos problemas às vezes eu os amava! 

Cantei. Cantei até cansar. Até não aguentar mais.

Aquela noite conseguiu se tornar incrível! A música parecia estar começando a se abaixar, a diminuir ao mesmo tempo em que eu fechava meus olhos, e, assim, me vi completamente jogado, descansando.

***** 

Havia uma batida. Essa batida incomodava meus ouvidos, não, atormentava minha cabeça.

Abri meus olhos rapidamente, sentindo uma forte luz solar me incomodar, porém não era a única coisa que me incomodava. Minha boca estava seca e com uma forte dor de cabeça. Sentia-me sem energia para absolutamente nada, parecia que gastei todas as energias na noite passada.

Não havia nenhuma batida.

Não tinha acontecido nada. O que aconteceu?

Me vi de novo naquela sala com os garotos por perto, jogados no chão. De novo a batida. Onde?

Cocei meus cabelos ao bocejar. 

Eu estava destruído tanto por dentro quanto por fora. Levantei  lentamente e fiquei olhando para aqueles quatro que dormiam que nem anjos, nem parece aqueles quatros filhos de uma mãe que amavam me atormentar.

De novo a batida. Vinha da porta.

Alguém estava batendo na porta da sala.

Me ajeitei um pouco tentando dar um jeito em minha imagem – sem sucesso. Caminhei sem jeito, batendo em tudo a frente até a porta para saber o que estava acontecendo.

Ao abrir, vi um homem.

Ele, ao olhar para mim, me encarou de baixo para cima e depois olhou para dentro da sala, como se estivesse à procura de alguém, contudo, rapidamente, se virou para me encarar e deu um sorriso.

Ele é muito alto, tinha cabelos castanhos escuros e uma pequena-curta barba. Tinha os ombros muito largos e olhos castanhos – para mim um pouco intimidadores, por mais sejam pequenos. Branco, um pouco endormofo, sobrancelhas finas e encurvadas. Conclusão: Nunca o vi na minha vida.

Finalmente, resolveu se pronunciou:

— Com licença, gostaria de conversar com os rapazes da banda. — Aquela voz era um pouco grossa.

Olhei para ele de baixo para cima, ainda um pouco incomodado com a ressaca e a profunda dor de cabeça.

Achei que ele reparou o modo que o encarei, pois rapidamente deu um sorriso e estendeu uma das mãos para mim.

— Prazer. Sou Michael Smith. Eu estava na festa de ontem, assisti ao show. — Assenti ainda muito quieto, ainda tentando entender o que estava acontecendo. — Eu trabalho numa gravadora, e gostaria de ter uma reunião com Blue Enilok. 

 

 

 


Notas Finais


• meu twitter: @linetonkiin
• meu Wattpad: @linetaylor


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