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História Blueberry - Open sore


Escrita por: Tae-Chim

Notas do Autor


Cheguei para sanar um pouco da curiosidade de vocês, hehe.

Obrigada a todos os favoritos recentes ^^ e desculpem a demora, tive muitos trabalhos e também tava escrevendo pra outra fanfic e me enrolei, não minto kk.

Mas enfim, boa leitura.

E desculpem alguns erros que possam ter passado ):

Capítulo 10 - Open sore


Fanfic / Fanfiction Blueberry - Open sore

Jimin POV

Foi difícil pregar os olhos naquela noite. Rolei por mais de vinte vezes na cama, fechava os olhos a força, mas só conseguia pensar em Taehyung e naquele maldito beijo. Se é que podemos chamar de beijo né, foi mais um selinho... Mas ainda assim os lábios dele entraram em contato com os meus. Maldição!

Na manhã seguinte Jin nos chamou bem cedo para tomar o café da manhã. Não fiz nem questão de me olhar no espelho e me decepcionar com a minha feiura por não ter dormido direito. Cheguei na cozinha e todos já estavam sentados na enorme mesa da sala onde costumavam fazer as refeições. Além de imensa, ela era bem farta, deveria ter pelo menos três tipos de bolo para escolhermos. Ao me aproximar para buscar um lugar à mesa, ouvi a voz estridente de Taehyung chamar o meu nome.

- ChimChim! – Balançava um garfo com uma fruta na ponta – Bom dia! – Seu sorriso era tão radiante que me deixou sem graça e sem uma resposta imediata. Ele não estava tão mal ontem? Como poderia estar sorrindo e berrando o meu nome logo cedo?

Desviei o meu olhar enquanto sentia as minhas bochechas pegarem fogo, estava tão desconcertado que não conseguia nem lhe provocar ou xingá-lo, como sempre. Ainda movi os lábios tentando pronunciar um “bom dia” mas nada saiu.

- Está tudo bem, Jimin? – Perguntou Jin colocando uma jarra de suco sobre a mesa.

- Estou... – deixei que meus olhos rapidamente desviassem de volta para Taehyung, e ele permanecia me olhando fixamente. Não aguentei e virei o rosto novamente tentando fugir daquela mirada penetrante.

- Sente-se aqui, hyung! – Jungkook me chamou, e assim que ouvi a sua voz, um sorriso se abriu em meu rosto e corri para a cadeira ao seu lado, lhe dando um abraço apertado. – Bom dia.

- Bom dia! – Respondi de forma doce, acariciando os seus cabelos bagunçados depois de me separar do abraço. Jungkook estava sempre lindo, até mesmo logo de manhã, e eu não cansava de admirar isso.

Depois de cumprimentar a todos – até mesmo à Taehyung – começamos a nos servir. Estava com fome, e confesso que ver tanta comida boa e bonita - sim, bonita, porque a da base militar era horrível, tanto no gosto, quanto na aparência – minha barriga roncou, parecia que tinha um animal selvagem dentro de mim. Escolhi um bolo de chocolate. E já fazia muito tempo que não comia algo que não fosse frango insosso com macarrão cru e arroz queimado.

Percebi que ao meu lado Jungkook parecia muito contente também, pegou quase dois quilos de arroz para comer. Já Taehyung tinha o prato quase todo vazio, comia apenas uma maçã. Achei curioso, ele sempre teve muita fome antigamente, e quando eu falava que ele ia virar uma bola, ele respondia que ainda seria a bola mais bonita e simétrica de Busan. Jin pegou um bolo de cenoura só para ele, e Hoseok também preferiu comer arroz.

- O que devemos fazer hoje? – Perguntou Hoseok cortando o silêncio. Dirigiu o seu olhar para Jin, esperando que o mesmo desse alguma sugestão, já que era o anfitrião.

O mais velho colocou um pouco de arroz na boca enquanto pensava. Eu não tinha muita noção das coisas que havia para fazer em Seul, mas deu para notar que a cidade era bem grande e agitada, impossível não ter nem um karaokê aqui.

- Podemos dar um passeio por um parque aqui perto, ele é famoso por ter uma subida e lá do alto temos uma vista linda. – Falou por fim – Eu pensei em levar vocês para jogar algo mas, a gente já jogou muito vídeo game ontem. A vista de vocês vai torrar.

- Por mim tudo bem. – Respondi. Não estava afim de ser humilhado por Jungkook na droga do jogo de corrida mesmo.

- Tá bom. – Jungkook concordou focando a atenção no próprio prato.

-  E você, Taehyung? – Jin olhou em direção ao Kim, e o mesmo ficou surpreso e atento ao ouvir o próprio nome. – Vai querer ir com a gente?

Sem deixar transparecer minha indignação, lancei um olhar fatal para Seokjin sentado na ponta da mesa. Ele ia mesmo convidar esse garoto? Nem amigo nosso ele era! Mas claro que eu não faria uma confusão naquela mesa tão linda, só queria que Jin se mancasse de que Taehyung tinha somente que comer e ir embora dali.

- Eu... – Ele coçava a cabeça intercalando o seu olhar entre Jin e eu.

- Você tem algo programado para hoje? – Quis saber Hoseok, e Taehyung somente negou com a cabeça enquanto olhava para baixo acanhado. – Então tudo bem você vir com a gente, não é? – Ele assentia e Hoseok sorria.

- Agora vai ser mais divertido. – Taehyung olhou para Jungkook ao ouvir a afirmação, e abriu um sorriso tímido. Tratei logo de dar um cutucão nas costelas do meu irmão. – Ai!

- E antes não ia ser? – Questionei tentando controlar a minha irritação.

- Ia... Mas agora que o TaeTae vai, será melhor.

Minha vontade era de levantar da mesa, pegar o meu prato de bolo e jogar na cabeça dele. Mentira, o bolo estava delicioso demais para eu desperdiçar assim, mas queria muito sair dali batendo os meus pés para todo mundo ver o quanto Park Jimin estava irritado, indignado e revoltado com o rumo daquela conversa. Quando eu achava que ia me livrar de ver a cara de Taehyung, ele dava um jeito bem aleatório de aparecer de novo e não ir embora. Que ódio.

Mas claro que não sou nenhum doido varrido, tenho classe e sou educado. Expirei com força encarando o meu irmão e dei um gole no meu suco. Delicioso, por sinal.

Prosseguimos com o café da manhã, vez ou outra Jin fazia alguma piada estranha, e Hoseok contava algumas curiosidades sobre a base militar. Descobri que no inverno era costume os soldados dormirem agarrados para se aquecerem. Espero não ter que passar por isso.

 

No começo da tarde, fomos para o parque que Jin sugeriu mais cedo. Não estava a fim de ficar caminhando, ainda mais subir uma ladeira, mas era melhor passar o tempo com os amigos -e Taehyung- do que ficar mofando na base. De toda forma, o local era lindo, cheio de árvores e flores, o que me remetia muito à Busan. O clima também estava fresco, levei um casaco porque sabia que mais no alto faria muito frio. A estrada pela qual caminhávamos era de terra, e tinha pequenas pedrinhas que demarcavam o caminho. Enquanto eu prestava atenção nesses detalhes, Jungkook e Taehyung corriam na frente fazendo bagunça.

- Vocês correndo desse jeito, não vão nem aguentar chegar no final. – Falou Hoseok enquanto caminhava ao lado de Jin.

- Ai, Hobi, deixa eles, se eles morrerem só pra subir essa estradinha, imagina quando estiverem nos treinamentos de sobrevivência? – Interveio Jin.

Mais à frente os dois caçulas continuavam a brincadeira.

- Se esconde, eu sou um sniper! – Jungkook simulava com as mãos o ato de segurar o que talvez seria um rifle. Animado e imerso na brincadeira, Taehyung correu até uma árvore e se escondeu atrás dela. – Eu ainda estou te vendo... – correu então para trás de um arbusto. – O seu cabelo vermelho é muito chamativo! – Rindo, o alfa saiu do esconderijo e foi correndo pela estradinha tentando desviar dos tiros de mentira que Jungkook disparava, fazendo os barulhos com a boca. Distraído, Taehyung acabou esbarrando em um casal que caminhava na direção oposta a nossa.

- Oh menino, está cego?! – Perguntou o alfa irritado, massageando o braço após a trombada.

- Desculpe. – Taehyung se curvou imediatamente, mas a carranca no rosto do homem não se desfez por nada. A mulher ao seu lado parecia tranquila.

- Esses moleques da fronteira. – Resmungou dando um cascudo em Taehyung que pousou as mãos na cabeça em reação a dor. Ao ver aquela cena, no impulso, corri até os três afastando Taehyung do casal.

- Ei! Ele já pediu desculpas! – Vociferei juntando as sobrancelhas e sem me importar que o homem poderia me bater também.

- Você quer apanhar também, moleque? Sorte sua que eu não bato em ômegas.

- Bate para você ver! – Mandei de volta.

- P-parem! – Pediu a beta ao lado do homem que bufava ao me encarar. Ao perder a paciência, ele segurou na gola da minha blusa e me arrastou para perto dele, porém antes que me desferisse algum golpe, Jungkook segurou a sua mão já com o punho fechado.

- Já chega, senhor. Foi só um acidente. – Meu irmão fez com que ele me soltasse a força. Jin e Hoseok se aproximaram vendo que o alfa estava exaltado até demais.

- Palhaçada. – O alfa passou as mãos pelas roupas abanando a sujeira e saiu andando arrastando a beta consigo – Agora esse zé povinho da fronteira acha que pode ficar fazendo baderna aqui por Seul. Essa cidade já foi melhor. – E em meio aos resmungos ele se foi.

Quando já não estava mais em nossas vistas, Hoseok suspirou aliviado.

- Um doente desses acha que é quem para ficar batendo nos outros? – Indaguei irritadíssimo. Odeio injustiça, e ainda mais abuso de poder. Olhei para Taehyung e ele me encarava quieto. Desviei o meu olhar, e por mais que ele fosse ele, ainda não conseguia admitir aquele tipo de atitude.

- O Exército da Fronteira não tem uma fama muito boa por aqui. Muitas pessoas têm medo ou desconfianças com as atividades da base, então é normal que ajam com rispidez com nós, soldados de lá. – Explicou Hoseok – E antes que você pergunte como ele reconheceu o Taehyung como um soldado... Bom, nós temos um cheiro peculiar por causa do ambiente no qual convivemos.

- Entendi...

Ao meu lado Jungkook cheirava a própria roupa tentando achar algum cheiro diferente em si.

Passado o stress, voltamos a nossa caminhada. Jungkook e Taehyung voltaram a correr na frente brincando enquanto eu caminhava ao lado de Jin e Hoseok.

Ainda não entendia como os dois alfas caçulas se deram tão bem em tão pouco tempo. Pareciam amigos de longa data e pareciam compartilhar das mesmas bobeiras. Aquilo me causava um sentimento estranho e me irritava. Taehyung um dia já foi o meu amigo, e fazia bobeiras comigo. Jungkook era o meu irmão que fugia de mim, e agora brincava com o meu ex-melhor amigo. Aquilo de certa forma era tão injusto...

Apertei os punhos injuriado com os meus próprios pensamentos. Queria que Jungkook ainda fosse como era quando mais novo, e corresse atrás de mim com aqueles olhos enormes e brilhosos. Para ele eu era quase como um herói. Agora ele preferia passar o tempo com aquele embuste de cabelo vermelho que não deveria nem estar aqui.

- Está com dor de barriga, Jimin? – Hoseok pousou a mão sobre a minha barriga e eu o olhei assustado com a pergunta estranha.

- Não. Por que?

- Está com uma cara tão feia, pensei que estivesse se sentindo mal.

- Eu estou bem. – Cruzei os braços emburrado e desviei o meu rosto, pois era claro que não estava nada bem. Mas não ia falar aquilo, ninguém precisava saber que eu estava me remoendo por dentro vendo a dupla dinâmica se divertindo.

- Hum... Jimin deve estar com ciúme do novo coleguinha do irmão. – Provocou-me Jin.

- Nem ligo.

- Jimin! – Chamou-me Jungkook pulando logo a minha frente e agarrando um de meus pulsos. – Vem!

- Vem o que, garoto? Me solta. – Tentei puxar o meu braço de volta, em vão.

- Vemmmm! – Insistiu de modo manhoso – não quero que fique aqui pra trás!

- Vai lá brincar com o Taehyung, vai.

Como Jungkook era uma criança muito da birrenta e insistente, não deu o braço a torcer e simplesmente se virou de costas e se abaixou. Com força puxou os meus dois pulsos, me forçando a cair sobre as suas costas e assim ele saiu me carregando como se fosse um cavalinho.

- Jungkookie! – Eu o repreendia enquanto ele pulava comigo em suas costas animado, e não demorou muito para que logo eu estivesse rindo, e até mesmo me escondendo enquanto brincávamos de pique esconde e Taehyung nos procurava.

Eram raros aqueles momentos em que a minha única preocupação era não ser pego e perder a brincadeira. Lá em Busan eu sempre tinha a preocupação de ficar na minha carreira de bailarino, enquanto meus pais insistiam para que eu pegasse a liderança do bando. E na base, bom, não tinha como ser feliz com nada lá.

A tarde ia caindo e com ela íamos terminando a nossa caminhada, finalmente chegando ao pico da estrada elevada. Havia uma espécie de píer, onde as pessoas iam para tirar fotos e apreciar a vista. Eu olhava todas aquelas luzes que piscavam na cidade de Seul, nas mais variadas cores. Essa era realmente uma cidade muito ativa. Era uma pena não poder aproveitar nada dela e viver trancafiado numa base militar encarando só um monte de alfas e plantas.

- As suas bochechas estão vermelhas. – Taehyung se aproximou ficando ao meu lado perto da varanda do píer.

- É porque a gente correu demais. – Sorri descontraído colocando as mãos sobre as minhas bochechas gordas – devo estar parecendo aquelas crianças de dez anos que ficam correndo caçando Pokémon por aí.

- Nah... Está fofo. – Ficamos nos encarando numa troca de olhares curiosos e desinibidos. Deixei escapar uma risadinha tímida com o seu comentário. Eu... Fofo. Até parece.

- Talvez um pouquinho. – Deixei escapar baixinho.

Espera. Eu estava mesmo flertando com Taehyung?

Ao cair na real, mudei totalmente a minha expressão e fechei a cara. Não falei mais nada, girei os calcanhares e fui para longe. Onde já se viu, ficar dando trela para esse garoto.

Passei por Jin, que contava algumas histórias -que pareciam ser engraçadas, pelos risos- para Jungkook, e depois segui até Hoseok que tirava algumas selfies, usando a bela vista de Seul como o fundo da foto.

- Vem aqui, Jiminie, vamos tirar uma foto juntos.

Ele me puxou e me deu um abraço de lado, fazendo várias caretas para a câmera enquanto eu tentava esboçar um sorrisinho simpático.

- Own, você é tão fofinho, vai me render várias curtidas.

- Vou falar para os meus amigos de Busan curtirem a nossa foto. – Brinquei enquanto passava   as fotos na tela do celular com o dedo.

- Jimin.

- Hyung?

Hoseok agora tinha um semblante severo, bem diferente de anteriormente. Estranhei aquela mudança repentina. Será que ele estava bravo com alguma coisa?

- Queria conversar algo com você.

- Conversar sobre o que?

Ele hesitou por um momento e notei o seu olhar desviar para um ponto sobre os meus ombros. Me virei para trás e notei um Taehyung parado logo atrás de nós, sozinho, observando a vista da cidade. Entendi que ele seria o assunto.

- Quero falar sobre você e Taehyung.

Fiquei calado.

Hoseok fez um sinal com a mão e me chamou para acompanhá-lo até um banco próximo e vazio. Sem questionar, me sentei com ele. Um frio na barriga me invadiu, temendo o rumo que tomaria aquela conversa.

- O que você quer saber, hyung?

- Olha, desde que você e o seu irmão vieram para a base, venho observando vocês. E Taehyung eu já conhecia há mais tempo porque ele surgiu primeiro. Mas eu não imaginava que vocês se conheciam.

- Acontece, muitas pessoas passaram por Busan.

- Eu sei, Jimin, mas a questão é que eu não entendo de jeito nenhum essa relação de vocês. Você diz odiá-lo mais que tudo, mas ele parece gostar muito de você, e hoje vocês estavam brincando como melhores amigos.

- Hyung...

- Jimin. – Ele segurou a minha mão de modo firme sem desviar os seus olhos dos meus – me conte o que aconteceu entre vocês. Eu quero entender toda essa frustração e tensão entre duas pessoas que parecem carregar tantos sentimentos, isso não é normal. Parece que há um assunto mal resolvido.

- E eu não quero resolver nada. – Deixei a minha voz sair um pouco ríspida. Aquele assunto me desagradava demais. Ainda tentei me levantar do banco, mas Hoseok me impediu segurando o meu pulso.

- Não fuja, Jimin. Vamos aproveitar que estamos aqui sozinhos. Eu quero te ajudar. Se eu não puder te compreender, não poderei ser um bom amigo.

- Um bom amigo não força o outro a falar sobre coisas que não o fazem bem.

- Pode ser uma troca mútua. Se você quiser que eu compartilhe algo com você, eu o farei.

- Não tenho interesse no seu passado.

Ouvi um suspiro ávido de Hoseok.

- Essa teimosia só vai te magoar.

- Eu já acostumei.

- Conversar com alguém pode ajudar a aliviar o que você sente.

Por um momento aquela ideia me pareceu plausível. De fato, não havia ninguém com quem eu pudesse partilhar as histórias do meu passado. Nem mesmo Jungkook. Não me sentia à vontade para falar sobre, me sentia mal e não queria que ele me visse fraquejar lembrando de tudo. Era algo tão pessoal que as vezes sentia vergonha de mim mesmo.

Mas talvez naquele momento, Hoseok pudesse ser a primeira pessoa que iria me escutar solenemente.

Algo em meu interior dizia que eu podia confiar nele. E eu esperava não me arrepender desse julgamento.

Suspirei me dando por vencido.

- Tudo bem. – Ele arregalou os olhos – mas prepara o ouvido porque a história é longa.

- Claro. – Sorriu se ajeitando no banco.

..

.

Há mais de 10 anos atrás...

 

Eu conheço Kim Taehyung desde que me entendo por gente. Mas sei que ele e a sua família vieram para Busan quando ele tinha pouco mais de 3 anos. Desde então, morando na vizinhança próxima a meu bando, ele e eu acabamos nos tornando bem próximos. Crescemos correndo pelos campos de flores, arrumando brigas nos parquinhos e inventando os mais variados passatempos, que por vezes só tinham graça para nós dois.

Embora possuísse muitos amigos, Taehyung era o único que eu deixava passar o dia todo lá em casa. Meus pais o amavam, e ele era sempre muito bem recebido. Acontecia dele passar a semana toda hospedado, já era parte da família. Foram poucas as vezes que fui à sua casa, pois ele não gostava muito de ficar lá, mas nessas raras ocasiões, seus pais foram muito atenciosos comigo, inclusive a sua mãe era muito bela e seu pai muito simpático.

 

- Levanta daí. – Falei para o garoto estendido no chão. A camiseta branca do uniforme de educação física colada no corpo suado, enquanto o seu tórax subia e descia de forma acentuada devido ao esforço feito anteriormente. Os cabelos castanhos colados na testa, e ainda assim ele não parecia feio aos meus olhos. – Está parecendo um pano de chão. Vou pisar em você e te usar para limpar o banheiro masculino. – Brinquei enquanto simulava movimentos com os pés como alguém que esfregava o chão. Vi brotar um sorriso em sua face cansada.

- Não consigo, ChimChim.

- Pare de besteira, vamos.

- Eu sou fraquinho.

Deixei escapar um riso me mostrando incrédulo diante da sua cara de pau.

- Um homem nessa idade fazendo manha. Cria vergonha na cara, Taehyung. – Me agachei próximo a si, o suficiente para segurar nas suas mãos. – Jogamos vôlei por meia hora e você já parece morto. Está tanto assim querendo ser um ômega que já está agindo como um?

- E está funcionando? – Pôs as mãos abaixo do queixo e deu um sorriso com uma expressão fofa, me deixando um pouco sem graça. Se Taehyung fosse um ômega, com toda certeza ele seria o ômega mais bonito e gracioso de Busan. Mas é claro que eu não diria isso a ele.

- Talvez um pouco. Mas bem pouquinho, quase nada. – Ele riu de modo convencido com a minha resposta, e então com gentileza o puxei pelas mãos, fazendo-o ficar de pé. Como ele ainda fazia corpo mole e não estava disposto a facilitar a nossa ida para o banho pós-aula, tive de dar o meu jeito. O segurei num abraço de lado e saí carregando em meu colo, como uma criancinha. E ele, satisfeito, não parava de sorrir, já que mais uma vez eu estava cedendo aos seus caprichos.

Taehyung era de longe a melhor companhia que eu poderia ter. E eu sabia que ele também pensava o mesmo de mim. Quando ele dormia em minha casa, eu sempre fazia a sua cama ao lado da minha, pois ele tinha medo de dormir sozinho. Algumas vezes durante à noite, já era um habito acordar e encontra-lo dormindo agarrado a mim, na mesma cama.

-Tae... – resmunguei enquanto abria os olhos, sentindo aquele aperto em volta do meu corpo. – Vai pra sua cama...

- Hmm... Não... – resmungou de volta colando ainda mais o seu corpo ao meu. Aquela era a resposta que eu queria ouvir, pois claramente não queria que ele saísse do meu lado. Só fazia o seu colchão ao lado da minha cama por fazer, mas sabia que ele sempre correria para dormir comigo, e amava como o seu corpo era quentinho e eu conseguia me abrigar em seus braços. Seu cheiro era bom, não era doce e nem muito forte, mas sim uma fragrância que poderia tragar continuamente sem enjoar.

Assim éramos Taehyung e eu. Não precisávamos fazer muitas coisas para passar o tempo juntos. Qualquer pequeno momento era único e incondicional.

Posso dizer que sem dúvidas, essa foi a melhor parte de minha vida, e eu nunca fui tão plenamente feliz como era naqueles dias. Os dias em que eu olhava todas as manhãs para Taehyung, o cara mais divertido, descolado, engraçado, e legal que você poderia encontrar em Busan, aquele que todos queriam ter pelo menos um minuto de conversa, e sorriam apenas com o seu “Olá”, mas os seus olhos só brilhavam quando estavam direcionados a mim, e o meu coração só batia forte quando eu estava com ele.

Foram longos mais de 10 anos assim, até que no seu último ano ainda em Busan, as coisas começaram a mudar. A nossa rotina era a mesma: passávamos o dia na escola juntos, fazíamos a maioria das atividades juntos, ele ia para a minha casa, dormia lá, e tudo mais.

Um dia, voltando da aula de dança, o avistei acompanhado de um grupo de meninos que eu desconhecia até então. Eles pareciam conversar, formando uma rodinha descontraída.

- TaeTae! – O chamei pelo seu apelido carinhoso. Ele se virou de uma vez, assustado, como se tivesse visto um fantasma.

- Chim... J-Jimin? – Sorriu um pouco sem graça, mas deixei passar.

- Quem são? Seus amigos? – Perguntei já me enfiando ao seu lado próximo a rodinha. – Você vai lá pra casa hoje?

- Eu não sei...

- Como assim? A gente já tinha combinado, esqueceu? Quer dizer, não combinamos, mas já é quase uma tradição toda sexta assistirmos algum filme né. – Falei de modo óbvio, enquanto ele intercalava o olhar entre seus amigos, que nos encaravam inexpressivos, e eu, autoritário logo a sua frente.

- É... – Me colocou de lado e se voltou para os rapazes – A gente pode se falar depois? Tenho algumas coisas para resolver ainda.

- Claro. – Um dos meninos deu de ombros e então o grupo se dispersou.

- Fez amigos novos e já está me trocando, é? – Brinquei lhe dando um soco de leve no ombro, mas ao contrário do que eu esperava, ele permaneceu quieto, como se não estivesse num clima bom. – O que foi? – Refiz a minha postura me pondo sério – Quem são eles? Nunca os vi aqui pela vizinhança.

- São de Daegu.

- Daegu?

- Sim... Jimin...

- O que? – Peguei uma de suas mãos e comecei a brincar com os seus dedos, distraído, esperando para saber o que ele queria falar. Provavelmente ia me pedir alguma lição de casa para copiar, ou que lhe ensinasse algo sobre matemática.

Fazia um ano que Tae havia se descoberto como um alfa. A princípio ele ficou extremamente chateado, mas no fim, estava aprendendo a lidar com essa nova situação. Não era de todo mal, e o seu jeito não mudou muito, continuava o mesmo manhoso e preguiçoso, somente seu cheiro que ficou um pouco mais acentuado. Cheiro de café. Bem típico de alfas.

- Eu vou voltar para Daegu.

- Ah tá. – Respondi automaticamente. Depois pensei de novo, o encarei e dei uma risada. – Como assim? Você vai e volta quando?

- Eu não vou e volto, Jimin, eu simplesmente vou. Não vai ter volta.

- O-o que? – Meu coração acelerou, aquele era a pior brincadeira que Taehyung poderia fazer comigo naquele momento. – Mas por que isso? Aqueles meninos têm algo a ver com isso? Por que depois de tantos anos você vai voltar para lá? Sua família não está bem aqui? Por que?

- Porque sim, Jimin. Você não entende como é viver exilado numa terra que não é sua. Infelizmente o lugar dos Kim não é aqui, em Busan, e sim em Daegu. Meu bando acha melhor voltarmos para lá, agora que já temos bons laços por aqui e uma boa estabilidade, e buscar o nosso território que nos pertence por direito.

- Mas...

- Não sou eu quem quero. Eu só tenho que ir.

- E quando você vai? Talvez ainda possamos fazer algo... Talvez eu possa falar com os seus pais!

- Eu vou amanhã.

- Amanhã? – Minha boca se abriu em um “O” incrédulo. Taehyung simplesmente iria embora para todo o sempre de minha vida, e resolveu me contar um dia antes. – E quando você ia me contar isso? Quando já estivesse em Daegu?! – Vociferei tentando chamar a sua atenção. Seu rosto sem nenhuma emoção virou-se de lado, desviando o olhar de mim com descaso. Parecia que para ele aquela situação não era nada demais, e eu era o louco ali. – Taehyung! – Dei um empurrão em seu ombro para que me olhasse, e só o que recebi foi um olhar de lado, vazio. – Idiota! – O empurrei para o lado para que saísse de meu caminho, e segui correndo rumo à minha casa, que não estava tão longe dali.

Ao entrar em casa, bati a porta e fui direto para o meu quarto, me jogando na cama, deixando que despencasse toda a minha pose forte e inabalável. Não demorou muito para que a minha mãe aparecesse preocupada.

- Jiminie? – Ouvi sua voz logo após abrir a porta – Você chegou que nem um furacão, me assustou. – Não respondi nada. Tinha um nó em minha garganta. – O que houve? Por que está chorando? – Mães...

- Não é nada. – Tentei falar de modo firme, mas a minha voz embargada entregava a verdade.

- Filho... – ela se sentou ao meu lado na cama, acariciando os cabelos de minha nuca, enquanto eu escondia o rosto no travesseiro que aos poucos ficava molhado com as minhas lágrimas. – Você brigou com o Taehyung?

- Por que diz isso? – Perguntei ainda com o travesseiro abafando a minha voz.

- Eu só te vejo muito feliz por causa dele, do mesmo jeito que para ficar assim, a causa só pode ser a mesma.

Levantei o meu tronco e a encarei. Ela tinha um ar preocupado, e por mais que eu não quisesse que ela me visse naquele estado, não tinha mais como fingir que nada estava acontecendo. Ela era a minha mãe, saberia de uma forma ou de outra.

- Ele vai voltar pra Daegu, mãe. – Despejei de uma vez caindo em seus braços – E ele vai embora amanhã... Taehyung vai embora, mãe. – Ela me abraçou forte enquanto eu soluçava e encharcava a manga de sua blusa com as minhas lágrimas – Eu não sei o que fazer. Não quero que ele vá... Mas eu saí de lá com tanta raiva, também não quero mais falar com ele. – Ela deu uma risadinha apoiando o queixo sobre o topo da minha cabeça e me apertando em seus braços calorosos.

- Talvez ele tenha os motivos dele. Você deveria ao menos se despedir. Vocês são amigos desde pequenos, vai deixar que ele vá embora sem lhe dizer nada?

Me separei dela e a encarei confuso. Dizer o que? “Até nunca mais?”

Fiquei pensativo e ela saiu do quarto para que eu pudesse ficar sozinho. Um pouco mais tarde, meu celular vibrou, e havia uma mensagem de Taehyung. Nela perguntava se amanhã nós poderíamos conversar antes que ele partisse. Pensei a noite toda se deveria ir ou não ao seu encontro. Pensei nas palavras de minha mãe e em todo o nosso tempo juntos, na nossa amizade, e nos bons momentos que vivemos. Talvez eu não devesse ser tão radical assim.

No dia seguinte, acordei decidido a ir me despedir de Taehyung, e tentar ter uma última conversa. Fui ao local de encontro que ele pedira, mas, não entendia porque precisava ser num lugar tão escondido e afastado, mais precisamente num bosque, já bem nos limites do nosso bairro.

- Taehyung? TaeTae? – O chamei enquanto adentrava o bosque, e passava pelos arbustos e árvores.

- Estou aqui.

Nos encaramos por alguns instantes. Ele carregava um semblante abatido, seu cabelo um pouco desgrenhado, e trajava um casaco preto de tubarão que eu havia lhe dado de aniversário. Vendo o quão aquilo seria difícil, não esperei que ele falasse nada. Corri e o abracei de uma vez em um ato de desespero.

- TaeTae, por favor, não vá! A gente pode dar um jeito, você pode morar na minha casa, você já é da família!

- Eu não posso, Jimin...

- Eu estou te pedindo, vamos tentar! – Meus dedos agarravam com força o pano grosso do casaco, temia que de algum modo ele escapasse de minhas mãos – Eu não vou conseguir ficar aqui sem você, eu não vou.

- Não torne isso mais difícil. – Num fio de voz ele tentava me cortar, mas era inútil.

- Você não se sente mal? – Me afastei ligeiramente para poder fitar o seu rosto, que carregava uma tristeza profunda nos olhos – Você é muito importante para mim, Tae. – Tentava me segurar ao máximo para não chorar e desabar ali mesmo – Me desculpa por não querer te deixar ir, mas eu já não sei mais o que estou sentindo. Queria ficar feliz por você poder voltar para o seu território junto com a sua família, queria estar feliz pelo meu amigo, mas eu não estou. – Aquelas palavras precisavam sair há muito tempo, e aquela seria a minha última chance – Eu te amo, Tae. Eu deveria ter dito isso antes, mas não tive coragem, pois achei que isso nunca fosse acontecer...

- Pare, Jimin.                                                                                      

- Por favor, Tae.

- Para! – Ele gritou me empurrando para longe dele. Fiquei atordoado com o seu modo brusco. Seu olhar vidrado e frustrado em minha direção me desnortearam. Ele se aproximou, e me agarrou pelo pano da minha blusa, me prensando com força contra uma árvore. Agora que ele era um alfa, sua força estava relativamente maior, e com isso acabei por sentir uma dor em minhas costas ao me chocar com o tronco de árvore. – Você não tem vergonha? Da onde tirou que esse tipo de coisa iria me fazer ficar aqui? Você quer que eu seja o seu alfa, é? Quer me fazer de empregadinho para o seu bando?

- D-do que está falando?

- Me esquece, Jimin. Tira da sua cabeça qualquer ideia que teve de me ter ao seu lado. Eu não vou me prestar a esse papel. – Ele vomitava as palavras em minha cara com tanto escárnio e desgosto que me faziam querer sumir por motivo nenhum – Eu não quero nunca mais te ver, nunca mais olhar na sua cara, e espero que você também me apague da sua memória.

- Por que você está falando isso, seu idiota?! Você quer me fazer ficar com raiva de você? – Gritei irritado enquanto as lágrimas escorriam e se misturavam aos meus berros. Inesperadamente, senti o estalo da palma de sua mão contra a minha bochecha me levarem ao chão, quase num nocaute. – TaeTae? – Pus a mão sobre a bochecha sem entender o motivo do tapa, enquanto o via estendido a minha frente de punhos fechados.

- Você me dá nojo, seu fraco.

O sangue ferveu em meu interior, e num pulo, avancei em Taehyung lhe desferindo um soco no rosto, sem ao menos me importar quem ele era. Não ia tolerar aquela humilhação descabida e sem sentido, muito menos ficaria sendo machucado de todas as maneiras por alguém que deveria ser o meu amigo.

- Seu babaca!

Vi os seus olhos mudarem para um escarlate intenso, até que o seu punho, agora fechado, veio com tudo em meu queixo. E assim que caí no chão, ele aproveitou para desferir uma série de socos e mais socos enquanto gritava e me xingava.

Aquelas foram minhas últimas lembranças dele nesse dia, pois acabei apagando com tanta dor.

Ao recobrar a consciência, já era noite, e fazia muito frio. Olhei ao meu redor, estava sozinho. Só eu, e as dores, externas e internas. Mal conseguia tocar no meu rosto, e com delicadeza passei as pontas dos dedos sobre o sangue ressecado em minha pele. Me levantei com certa dificuldade, ainda atordoado. Sai do bosque, e só pensava em voltar logo para casa. Queria me jogar na cama e acordar no dia seguinte sabendo que tudo não passava de um pesadelo.

Todavia, infelizmente o pior ainda estava por vir.

Notei uma certa movimentação ao passo em que me aproximava de minha casa. Muitas pessoas correndo e alguns olhares assustados para mim. Via pessoas ensanguentadas e outras sendo carregadas. Meu coração acelerou e apressei o passo. E cada vez que eu corria mais rápido para chegar em casa, mais as cenas ficavam piores. Haviam corpos estendidos no chão, e toda a vizinhança era coberta por uma nuvem de fumaça intoxicante. Pensei logo em meus pais, eles deveriam estar preocupados comigo.

- Jimin! – Fui puxado pelo braço antes que pudesse atravessar a rua que daria finalmente em minha casa.

- Me solta! Minha casa! Meus pais!

- Jimin, você não pode ir, é perigoso. – Reconheci que se tratava do líder dos Jeon, um dos melhores amigos dos meus pais – Você tem que sair daqui.

- Por que?! O que está havendo? Eu preciso ir para casa, você não entende?

- Não, Jimin, se você ficar aqui, eles vão te matar, assim como fizeram com todos...

- C-com todos?

Sem completar a frase, ele me abraçou. Minha mente parecia ter entrado em colapso. Todos? Todos aqueles corpos? Aquilo incluía os meus pais também? O que aconteceu nesse tempo em que fiquei fora de casa? Por que era perigoso eu ficar ali? Por que iriam me matar?

- Graças aos céus você não estava aqui na hora.

- Mas... – ele saiu me arrastando na direção oposta a qual eu queria ir. Frustrado, tentei me desvencilhar de seu aperto em meu pulso. Não entendia que caralhos estava acontecendo. Só entendia que havia acontecido uma chacina ali, no meu quintal. – Eu preciso ver a minha mãe!  Me deixe ir! Ela está em casa!

- Não, Jimin. Não há ninguém para você falar, nem uma casa para você ir. Eles destruíram tudo. Está tudo queimado. – Seus olhos brilhavam com o reflexo do luar em suas lágrimas. – Eu sinto muito, Jimin. Eu também não estou entendendo nada, só sei que se eu deixar que você morra também, não me perdoarei nunca.

Todo o meu bando e minha família foram assassinados das formas mais cruéis e covardes possíveis. O nosso território foi invadido, e todas as casas foram queimadas com os seus moradores dentro. Ninguém foi poupado. Aqueles que não estavam em casa, foram mortos na rua mesmo. Não havia um Park vivo além de mim. O único que não estava presente naquela hora.

Ouvi em algumas conversas de que puderam ouvir os gritos de minha mãe em casa, pedindo por ajuda, enquanto a casa incendiava. Mas não havia ninguém que pudesse ajudá-la, o fogo já havia se alastrado quando os bandos aliados chegaram.

Agora eu estava sozinho no mundo. Tudo meu fora arrancado a força, estava devastado. Muitas vezes tive vontade de tirar a minha própria vida por não ver motivos de continuar tendo que acordar todos os dias e lembrar dos corpos caídos no chão, o cheiro de queimado, a fumaça sufocante no céu, e a pista vermelha banhada em sangue. E saber que o sangue dos meus pais estava misturado ali também.

Esse era o passado que eu guardava comigo, e que tive que enfiar goela a baixo para poder voltar a ter uma vida normal. 


Notas Finais


Satisfeitos??!! Vocês me perturbaram tanto pra saber desse, passado, olha ai! snif snif! TT^TT
Mas essa é a parte da história do Jimin né. huhu.
E não se preocupem, não esqueci Jikook no churrasco. ;3
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Fiz uma fanart nova de Jikook. Pra quem lê "Castelo de Vidro", vai gostar :D
Twitter: https://twitter.com/chappy_suey/status/878819596266078209
Tumblr: https://68.media.tumblr.com/a17fa6da032f3be85229484334b46199/tumblr_os323ilIzB1qi90lzo1_1280.png
Facebook: https://www.facebook.com/chappysueyart/photos/rpp.272965786410360/453464608360476/?type=3&theater

Obrigada pelos comentários do cap anterior!
Até mais ♥ ♥


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