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História BNHA - Por Tudo que Eu Te Fiz - No jardim


Escrita por: Deby0

Notas do Autor


A aqueles que forem sensíveis aos temas descritos nas tegs, por recomendação não leiam.

Capítulo 1 - No jardim


Fanfic / Fanfiction BNHA - Por Tudo que Eu Te Fiz - No jardim

Seus dias eram um inferno, eu sei, sei disso porque eu era a causa do seu sofrimento. E eu não parei, não parei em nenhum momento, seus cadernos, sua mochila, seu uniforme, seu par de tênis vermelho preferido, eu os explodi. Você sofreu em todos os seus dias dentro de Aldera, todos sabiam, todos viam, todos riam, e ninguém nunca levantou um dedo por você. Sua dor, seu desespero, você os aguentou sozinho, conteu seu grito de agonia até seu último dia, sofreu em silêncio e caiu em silêncio, e agora continua em silêncio incapaz de acordar de seu sonho, de seu longo sonho, espero que seja um sonho bom, um sonho colorido e alegre. Um sonho no qual eu não esteja para te machucar.

Me desculpe. Me desculpe. Me desculpar é a única coisa que posso dizer, mas isso é imperdoável, são apenas palavras inúteis, elas não vão te trazer de volta, não vão te alcançar. E o pior de tudo é que eu sei que se você estivesse aqui, e eu me desculpa‐se, você ia me perdoar, por você é um maldito idiota que é incapaz de acumular ódio. Eu não reclaria se ele quisesse me espancar para descontar sua raiva, eu mereço, mas ele não faria isso, ele é gentil demais pra isso.

Um peculiar querendo ser um herói, um garoto sorridente e gentil que queria ser o herói símbolo da paz, ele poderia ser um símbolo, um símbolo de esperança e de conquista para aqueles que não tem uma individualidade. O seu grito alcançaria até o mais fundo buraco, até a ilha mais distante, até as águas mais profundas, seu calor e carinho iriam alcançar todas as almas vivas, sei que ia.

Eu queria, eu queria ter sido o seu herói e não o seu vilão, percebo isso agora. Se eu tivesse te protegido, te incentivado, te ajudado, talvez assim você estaria ao meu lado, talvez assim eu poderia ter a honra de estar ao seu lado. Mas é como diz o ditado, só se dá valor quando perde. Antes eu achava esse ditado uma grande mentira criada por um velho aleatório que tinha fumado um bagulho, mas a verdade é que esse velho estava absolutamente certo, e isso destrói meu orgulho.

Demorei demais para perceber que eu era um monstro, tudo por inveja de você, pelo que você podia alcançar só com seu sorriso.

Me lembro de tudo.

Me lembro de estar olhando para a janela de forma distraída, apoiando meu queixo na minha mão, olhando para o horizonte além dos portões da escola. Até ver o vulto do seu corpo pela janela, foi rápido demais, se eu tivesse piscado eu não téria notado, por um instante tudo ficou em câmera lenta, e tudo que pude ver foi seu corpo caindo, olhos fechados com um sorriso doloroso.

Achei que você havia ido para casa mais cedo já que não voltou para a sala depois do intervalo. Eu estava no primeiro andar naquele dia, quando pisquei após ver seu vulto na janela, vi seu sangue que espirrou no vidro da janela e um som estranho que fez um sentimento gasturento passar pelo meu corpo - como se fosse um arrepio preso - o som de uma mochila pesada caindo no gramado, e o quebrar de algo dentro dela, esse foi o som que Izuko Midoriya fez ao cair do quinto andar e quebrar o pescoço.

Uma queda completamente livre, seu corpo não quicou nem nada, ele apenas se jogou livremente em um espaço gramado do jardim de trás da escola. O seu sangue espirrou na janela e manchou as flores do jardim, e uma poça de sangue se fez na grama verde. Ao mesmo tempo que tudo aquilo era um cenário de filme de horror, ver um corpo estendido, com algumas partes distorcidas de forma anormal, com sangue destacando a imagem inocente que o local tinha, era como ver um cachorro maltratado. Aquilo manchava a ética, era, revoltante.

Meu corpo apenas estremeceu levemente com o baque do seu corpo no chão, meus olhos ficaram arregalados e meus lábios tremiam, fiquei estático por um momento, até olhar em volta da sala e perceber que ninguém tinha reparado no que acabará de acontecer, ninguém viu ou aprestou atenção em você nem quando tinha acabado de morrer publicamente. O líquido quente subiu pela minha garganta até encherem minhas bochechas desejando despejar o meu almoço ali mesmo na mesa em cima das minhas anotações, mas engoli o líquido amargo de novo, fazendo um barulho estranho.

Não pude conter o meu nojo por todos ali, eu não era melhor que eles, muito pelo contrário, eu era igual a eles, eu fui o responsável por aquilo tanto quanto qualquer outro ali dentro. Todos olhando para frente, para eles nada estava errado, o nojo que senti de todos eles, de mim mesmo, senti a segunda remessa subir pela garganta de novo, meu estômago embrulhado com o fato de ter engolido meu própria vômito e pelo seu ex amigo de infância estar literalmente quebrado ao seu lado, sendo separado apenas por uma parede de gesso. Eu fiz o meu esforço e apenas o engoli de novo com muito esforço e limpei o canto da boca que tinha escorrido um pouco do líquido com a manga da blusa.

Eu provavelmente tinha perdido completamente a cor com aquilo, meus olhos esbugalhados e pele pálida, em estado de completo choque. Minha mão se móvel para cima trêmula, com o meu corpo gelado como se o calor tivesse sido sugado quase como mágica e o coração quase pulando de seu peito. Quando finalmente meu braço estava erguido, o professor me deu atenção, reparando minha cor e ficando imediatamente preocupado. Aquilo me enoja.

—Katsuki Bakugou, você está bem? — perguntou o adulto e os outros colegas o encararam curiosos.

A mão que estava erguida apenas apontou em direção a janela completamente engessado e trêmulo, as lágrimas começaram a brotar em seus olhos e transbordando fazendo sua visão ficar embasada e um soluço escapar de sua boca.

—I.Izuku Mi.Midoriya.... ele, ele acabou de pular.

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Essa foi a primeira vez em dez anos que te chamei pelo nome.



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