História Boneca de Luxo - Convite

Bryan tinha me mandado terminar o serviço da Lucy de secar vidrarias enquanto ela faria um favor a ele. Essa blusa transparente já me irritava, então resolvi ignorar o quanto aquilo poderia parecer estranho e vesti o jaleco que eu havia levado esperando trabalhar. Minha prima chegou pouco depois pisando firme, logo soube que aconteceu alguma coisa com ela. Ela veio direto em minha direção ignorando totalmente Bryan. Antes que ela abrisse a boca pra me dizer o que aconteceu, Bryan me chamou.

Maya: Posso ajudar? (me aproximei)

Bryan: Entrega para o Jin. (me entregou outro papel sem nem me olhar)

Peguei o papel dobrado e coloquei no bolso. Olhei pra minha prima que gesticulou para que eu voltasse até ela.

Bryan: Anda logo! (esbravejou)

Eu levei um pequeno susto e logo me coloquei a andar até a sala de Jin. Bryan me intimida, não consigo desobedece-lo. Fui rapidamente até a sala de Jin Kazama, eu queria voltar logo pra saber o que Lucy teria pra me dizer. Cheguei na porta da sala de Jin, respirei fundo e bati na porta. Ouvi o rapaz dizer um “entre” de dentro e então eu abri a porta devagar e fui entrando. Jin me olhava dos pés a cabeça como se estivesse se perguntando o que eu estaria fazendo ali mais uma vez.

Maya: Com licença... (me aproximei devagar)

Jin me olhava enquanto eu me aproximava.

Maya: Bryan pediu que eu te entregasse. (entreguei o papel a ele)

Jin pegou o papel, leu rapidamente, abriu um meio sorriso, amassou e jogou o papel no lixo. Aquela reação me deixou intrigada. Ele voltou a olhar pra mim e eu confesso que tremi um pouco.

Maya: Bem... é só isso... (me preparei pra sair)

Jin: Por que tanta pressa? (disse sério)

Maya: É que... eu preciso voltar e trabalhar, senhor Kazama... (fiquei confusa)

Jin: Você trabalha pra mim agora. (mantinha os olhos fixos em mim)

Maya: Mas minha função não é no laboratório? Bryan me parece uma pessoa bem impaciente, senhor...

Jin: Bryan não vai ficar chateado se eu roubar você um pouco pra mim. (deu um sorriso discreto e eu suspirei pensando na próxima desculpa) Sente-se. (disse firme e apontou a cadeira a sua frente)

Eu não tive escolha. Me sentei na cadeira que ele me indicou. Eu fiquei tensa, muito tensa. Não sabia o que fazer e tinha medo de imaginar o que ele queria. Depois de um suspiro ele começou a falar.

Jin: Por que esse jaleco? Se bem conheço o Bryan, você ainda não está nos experimentos... (me surpreendi com a pergunta)

Maya: Ah... (corei) Não me leve a mal, mas... o senhor sabe o que aconteceu...

Jin: Entendi... (ele me olhava dos pés a cabeça)Tem medo de mim? (abriu um meio sorriso novamente)

Maya: Por que a pergunta? (falei no automático)

Jin: Você não parece muito confortável...

Maya: É meu primeiro dia... (pensei numa desculpa) Tenho medo de todo mundo...

Jin: Não precisa. (suspirou e levantou da cadeira) Se você for uma boa garota não vai ter com quem se preocupar aqui... (andou até a janela de sua sala devagar)

Eu fiquei um tempinho pensando no que ele tinha dito. Eu ser “uma boa garota”. Eu acho que sou uma pessoa legal... se for então tá tudo certo. Fiquei olhando pra ele por um tempo. Como ele pode ser tão bonito e ameaçador ao mesmo tempo? O cabelo desse cara, junto com o rosto, corpo, tudo forma um conjunto incrivelmente belo. Mas eu não consigo ficar normal perto dele. Parece que alguma coisa me diz que ele não é de confiança, então eu fico acuada. Quando parei de divagar, notei que ele me olhava novamente e então começou a se aproximar de mim.

Jin: Você queria muito esse estágio não é? (ficou de frente pra mim encostado na própria mesa)

Maya: Sim... é muito importante pro meu crescimento profissional. Eu e minha prima.

Jin: Ah sim... a sua prima também. Você sabe que você trabalha pra mim e sua prima trabalha pro meu irmão não sabe?

Maya: Mesmo? (fiquei confusa) Ninguém mencionou isso antes...

Jin: Em outras palavras... você é minha e sua prima é do meu irmão...

Eu fiquei meio inquieta quando ele disse isso. Ficou estranha essa frase e eu tinha medo do que ele poderia fazer.

Jin: Já te disse que não precisa ter medo...

Maya: Não é medo... (pensei numa desculpa) Mas por que tá falando assim? (me levantei meio trêmula)

Jin: Só ia te contar... que era isso que Bryan tinha colocado no bilhete. (sorriu de lado) Sei que ficou curiosa.

Nesse momento ele acabou se aproximando de mim um pouco mais e tocou meu rosto de leve com uma das mãos. Eu comecei a ficar nervosa e com a respiração rápida e pesada. Queria fazer alguma coisa pra sair dali logo antes que ele resolvesse fazer alguma coisa. Ele me olhava como se estivesse se divertindo com o meu desespero. Eu então num reflexo levei minha mão até o braço dele fazendo que ele tirasse a mão do meu rosto e então ouvimos batidas na porta. Jin então voltou a expressão séria de sempre e disse pra que a pessoa entrasse. Eu respirei aliviada quando vi Shin na porta dizendo que precisava falar com Jin.

Shin: Estou atrapalhando? (disse da porta)

Jin: O que você quer? (disse claramente mal humorado)

Shin: Me disseram pra ver com você o salário da nova estagiária. (olhou pra mim) Oi de novo, Maya. (acenou sorrindo)

Maya: Oi... (acenei de volta depois olhei pra Jin) Posso ir agora?

Jin: Espera, o salário é seu mesmo.

Eu então suspirei e fiquei de pé perto da porta esperando eles conversarem sobre quanto eu receberia. Jin levou em conta a minha função, o quadro de funcionários, o tempo que eu trabalharia e no fim chegou a uma conclusão que deixou Shin visivelmente intrigado.

Shin: Olha... não é que eu esteja sendo mal agradecido... mas esse valor é o dobro do que eu e os outros estagiários recebemos!

Jin: E daí?

Shin: Não seria injusto?

Jin: São funções diferentes. (cruzou os braços e se recostou na cadeira) Além disso, ela é minha funcionária e lida diretamente comigo, não acho que seja um valor tão injusto assim.

Shin: Bem... que seja então. (anotou na folha)

Jin: É esse valor, com possíveis aumentos. (olhou pra mim) Só vai depender dela.

Eu senti um arrepio estranho quando ouvi isso, mas não pude deixar de responder.

Maya: Não quero ser mal agradecida, mas... Eu não quero receber só por trabalhar pra você diretamente. Quero ser tratada como os outros, é errado desmerecer eles...

Jin me olhou, suspirou e mandou que Shin mantivesse este salário. Ele praticamente ignorou o meu posicionamento e mandou que a gente saísse. Eu respirei aliviada e saí o mais rápido possível da sala, mas antes que eu pudesse seguir o meu caminho, ouvi Shin chamar o meu nome.

Shin: Como está sendo a primeira experiência aqui? (disse sorrindo)

Maya: Um pouco confusa, mas tudo bem. (sorri de volta) Ah e desculpe por esse negócio do salário...

Shin: Não se preocupe. (riu um pouco) Não é culpa sua, além disso ele é o dono disso tudo, ele paga o que quiser pros estagiários.

Maya: Obrigada por entender... mas eu me senti um pouco mal.

Shin: Bem... quer uma forma de se redimir? (olhou pra mim com um tom de brincadeira)

Maya: Como? (fiquei curiosa)

Shin: Bem... (notei ele um pouco tímido) Almoça comigo hoje e tá tudo certo. (riu baixo)

Maya: Como? (fiquei um pouco corada) Tá me chamando pra sair?

Shin: Mais ou menos... (coçou a nuca) Aceita almoçar comigo? Só pra conversar mesmo...

Maya: Bem... eu até iria... (tava da cor do meu cabelo de vergonha) mas não queria deixar minha prima sozinha... é o primeiro dia dela também.

Shin: Ah... chama ela também então.

Maya: Não vai ficar chateado?

Shin: Claro que não. (sorriu) É até legal que conheço ela também e passo umas dicas de estagiário pra vocês se virarem aqui. (rimos juntos)

Maya: Vou falar com ela então.

Shin: Até mais tarde? (estendeu a mão)

Maya: Até mais tarde. (sorri e ele me deu um abraço)

Eu não acredito que isso acabou de acontecer. Acabei de aceitar um convite de um cara pra almoçar... to vendo que esse estágio vai ser mais doido do que eu imaginei que seria. 

Continua...