1. Spirit Fanfics >
  2. Boneless >
  3. A Fúria do Ragnarsson

História Boneless - A Fúria do Ragnarsson


Escrita por: DoctorCase

Capítulo 1 - A Fúria do Ragnarsson


Fanfic / Fanfiction Boneless - A Fúria do Ragnarsson

Ivar rastejou pela sala do trono. As duas cadeiras estavam vazias, no alto de um pequeno palco. Todos estavam dormindo e era nessa hora que o aleijado agia. Com o restante das forças, ele se ergueu e sentou.

  O poder parece se transferir do trono para todo o seu corpo, queimando dentro dele, dando-lhe forças maiores do que, seu pai, Ragnar Lothbrok, jamais tivera. 

Ele não tinha movimento nas pernas. Nem muito menos poderia satisfazer as mulheres. Os deuses o deixaram assim, a míngua da própria sorte enquanto todos tinham pena do que ele era. Mas afinal, o que Ivar Boneless era além do que o filho mais novo da Rainha Aslaug e o tão lendário e agora fracassado Ragnar Lothbrok?

Ele aspirou o ar, enchendo os pulmões, estufando o peito. Ivar, o desossado, pode ser o que ele quiser. Ele queria ser mais. Queria ser mais do que um mero Rei. Muito mais do que seu próprio pai, Ragnar Lothbrok já foi um dia. Porque tem o que ele nunca possuiu. Ivar tinha fúria em seu ser. Era mimado pela mãe, que embora o amasse muito, também sentia pena da falta de movimentação nas pernas do filho. Ivar era tratado como um pobre coitado desde o nascimento, quando Aslaug cogitou, por um milésimo de segundo, abandonar o filho aos lobos. Todo o tratamento diferente, as humilhações o deixaram irado, alimentado com a mais pura e genuína fúria que um homem pode possuir dentro dele. Boneless não deixava que a deficiência o incapacitasse totalmente. Treinava junto com os irmãos. Era melhor no arco e flecha, nas espadas e até conseguia lançar facas nos alvos sem olhar para eles. Entretanto, mesmo assim, era excluído por eles. Porque o achavam fraco, inútil. Era o aleijado, renegado e rancoroso do quarteto Ragnarsson. O caçula rejeitado e que Lothbrok quase nem sabia que existia.

As portas se abriram e seu irmão entrou vociferando:

-SEU ALEIJADO!

Ivar o encarou de olhos bem sorridentes e esperou que ele dissesse o resto.

-MARGRERTHE! 

-Sim?

-Ela está morta!

-Era só uma escrava, Sigurd. - falou ele inteiramente indiferente, abanando as mãos em desprezo.

-SEU PÊNIS NÃO FUNCIONA!

O irmão de Ivar não pôde conter o segredo e com a barulheira, Ubbe tinha acordado, já que tinha o sono leve. Caminhava direto para a sala do trono, de festas, onde todas as comemorações eram feitas e também as refeições com a família incompleta. Depois do sumiço do pai, os irmãos Ragnarsson tiveram que crescer sem sua presença, com a ajuda do meio irmão mais velho Bjorn, filho de Lagertha, eles conseguiram sobreviver com a visão do homem mais velho, a figura paterna que nunca teria senão fosse por ele. Sua trança ia até o quadril, balançando de um lado para o outro, loura, ensebada. As tatuagens sobre Valhalla cobriam seus braços e pescoço com tinta negra. A carranca era fechada, fria, uma máscara que esconde a verdadeira preocupação pelo futuro das terras vikings. Ele empurrou as portas do grande salão.

-O que está acontecendo?

Sigurd virou para o irmão e apontou para Ivar, sentado no trono de Ragnar. Aslaug não deixava ninguém ocupá-lo, porque tinha esperanças que o Rei, um dia, pudesse voltar. E ele tinha voltado. Mas não para seu trono.

-Nosso irmãozinho! Matou Margareth. -diz Sigurd, cuspindo as palavras, odiando-o com todas as forças que tinha em seu ser.

Ivar deu de ombros quando Ubbe o encarou buscando respostas.

-Saia do trono do nosso pai. -foi tudo o que o mais velho disse.

Ivar balançou a cabeça. Ubbe quase não sentia medo de nada, mas desde que viu os olhos do irmão pela primeira vez sabia que os deuses tinham injetado violência no garoto. Ele era sinistro, quase a própria definição de fúria, o olhar é perverso, puramente maléfico e psicótico. Um bárbaro com uma raiva interminável. Um verdadeiro guerreiro viking sem pena das histórias dos nórdicos. Nem tinha noção do que aconteceria se os deuses não tivessem tirado os movimentos das pernas do caçula. Ivar era violento, o homem mais forte e assustador que conhecia. Os outros irmãos também compartilhavam do mesmo receio e o inferiorizavam simplesmente porque ele era um aleijado, muito mais forte do que o trio Ragnarsson jamais seria. Eles tinham medo.

Ivar tinha a própria força em seu olhar, carregado de uma vontade nunca vista. A vontade de matar.

-O que você fez, Ivar?

Ele respondeu com os ombros.

-Nada, Ubba.

-Nada? O que Sigurd está falando é mentira então?

-Não. Eu a matei. Ela era uma escrava.

Ubba mordeu o lábio, indignado, engolindo os palavrões.

-Você não pode matar qualquer um!

-Essa é a sua desculpa? Ou porque você também gostava dela?

Sigurd olhou para Ubba, os olhos vermelhos do choro:

-O quê?

-Claro que vocês sabem que ela dormiu conosco. - disse Ivar e a dupla de irmãos olhou para ele. Ivar mostrou os quatro dedos. - Nós quatro.

Sigurd se aproximou ainda mais, enraivecido.

-Você é impotente!

Ivar riu no fundo da garganta. O barulho contínuo fazia eco na sala. Ele estava calmo demais para alguém que tinha matado. Tranquilo demais para um homem que não poderia satisfazer uma mulher com seu pênis. Não poderia procriar. Ainda haviam respingos de sangue em seu rosto e mais de perto, Sigurd viu as unhas sujas do sangue de sua amada.

Ubba o segurou pelos ombros, impedindo que ele fizesse uma atrocidade.

-EU VOU TE MATAR, BONELESS!

Ivar, então, desceu cautelosamente do trono do pai e se arrastou até a mesa. O olhar de raiva fria estampava o seu semblante. Ele não ligava para quem tinha acabado de matar. Ele amava fazer isso. Sentia-se superior. Porque quando ele matava, não importava se tinha as pernas ou não, todos morriam pelas suas mãos.

Ele se apoiou na cadeira, se erguendo com a ajuda dos braços. Apoiou-se na mesa com os nós dos dedos. Suas pernas se arrastavam no chão, mas ele estava de pé, mesmo não sentindo nada abaixo da cintura, Ivar Boneless estava de pé para seus irmãos. As luzes das velas ao redor do lugar faziam sombra na feição sinistra e sem piedade de Boneless, as labaredas vacilam por um momento. Apoiado nos braços corpulentos, Ivar não só mostrava força, como superioridade para os irmãos. Ele era o aleijado, o mais novo da família, que era carregado pelos servos quando criança, também abandonado por Ragnar, Ivar precisava muito mais dele do que os outros. Talvez toda a sua raiva não tivesse aparecido se Lothbrok fosse presente. Mas com ele sumido de sua criação, a raiva do garoto Boneless triplicou e ele se tornou uma ameaça até para seus próprios irmãos, para o reino de sua mãe, Aslaug. Ivar Boneless é a própria definição do sinistro, do bárbaro, cruel, do destruidor. Seus olhos carregavam a selvageria e a insanidade de um viking no campo de batalha, mas a perversidade quente de um assassino cruel. O olhar que nem o próprio Ragnar possuía em seus anos de ouro. Feroz e aparentemente indestrutível, Ivar Boneless sorriu friamente para seus irmãos enquanto Ubba dava passos para trás, afastando-se, do que os cristãos chamariam de demônio sem ossos. Afinal, como um aleijado teria tanta força? 

-Tente.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...