História Bookcase - Devaneios da Noite

Faz um bom tempo que eu não paro para observar as estrelas ou elas pararam de aparecer? Devo estar com a cabeça muito ocupada para não reparar nas mesmas. Consigo ver o brilho intenso delas, está ofuscando os meus olhos, mas isso apenas atrai minha grande curiosidade. Estou deitada no chão, literalmente. Posso toca-las com as minhas mãos, o chão está frio, eu sinto o frio, mas eu sei que se isso realmente acontecesse eu estaria com calor e provavelmente morta. Minha respiração fica ofegante, é uma sensação boa. Gosto de observá-las sem mesmo entendê-las. Tento saber se estou vendo alguma constelação. Não consigo diferenciar ou saber onde elas estão, mesmo que eu tenha estudado. Os seus brilhos são diferentes, talvez eu esteja olhando para alguns planetas e confundindo com estrelas.  

Eu não sei decifrar essa sensação, essa excitação de ver algo tão maravilhoso. Não sei o que é um orgasmo verdadeiro, mas se for comparado a isso que estou sentindo, quero sentir mais vezes. Estou com o coração acelerado, respiração cansada, pupilas dilatadas, tremendo, sentido todo meu corpo elétrico. Eu não sei, mas seria resultado do meu remédio? Eu costumo ficar mais imperativa do que o normal quando o tomo. Costumo ficar descontrolada, mas eu seria agora uma descontrolada apaixonada, por quem? Pelas estrelas, elas brilham de acordo com as batidas do meu coração e quanto mais rápido eu sentia bater, mais eu me sentia mais viva, estou na cama agora sobre essa luz forte em cima do meu rosto, queimando meus olhos e me fazendo recuar e fechá-los. Estou sentindo apenas meus batimentos e minha respiração. Estou ficando louca!  

De olhos fechados eu consigo me lembrar do tempo e infância. Eu costumava coçar meus olhos e via varias estrelas em meio a um escuro, aquilo era a coisa mais incrível que eu achava, mas com o tempo você se cansa de viver fantasias e busca a realidade. Hoje eu as observo como velhas amigas e futuras companheiras, pois eu sei que por mais a noite seja longa e escura, elas vão estar lá. As nuvens podem cobri-las, mas elas logo passam. Haverá noites que você não vai poder vê-lãs, mas é só a poluição luminosa da cidade, então é melhor você ir para a floresta ou o tão bom interior.  

Acho que te devo uma explicação. Podemos dizer que você tem um amor ou um amigo, você escolhe. Agora, ele some por um tempo, mas depois de sumir ele volta como um velho amigo, mas você sabe que ele(a) sempre esteve presente na sua vida. E vai ter dias que vocês não poderiam se ver, mas só se vocês marcarem de sair para um lugar confortável, um lugar de vocês, o encontro ou o reencontro. 

Costumo dizer que sou como as estrelas ou as pessoas são como as estrelas, principalmente aquelas que eu quero carregar pela vida, seria elas o conjunto que formaria as constelações. Podemos brilhar intensamente, o mais forte que podemos, mas vai ter uma hora que vamos apagar. Sei que estrelas são diferentes de estrelas cadentes, são meteoritos brilhantes (me corrija se eu tiver errada). Porém, depois que seu brilho acaba, você se torna uma estrela cadente e com isso você vira o desejo de alguém. Você se torna o objetivo de alguém, a força e a superação. Só que algo que nunca devemos esquecer é que por mais que as estrelas possam sumir, elas sempre vão estar no céu para iluminar a sua noite, elas sempre vão estar te observando. Assim como as estrelas iluminam a lua, elas te iluminam toda a noite. 

Na manhã o sol é minha estrela, a noite a lua é meu satélite. E as estrelas? Elas são a luz que me ilumina.