História Born To Die - Estou aguentando firme

"E estou aguentando firme, não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus olhos, vou deixar meu copo cheio até de manhã, porque estou aguentando firme essa noite..." Chandelier

PDV JUSTIN

Acho que nunca fiquei tão feliz na vida. Estávamos dentro de uma casa, diria até um barraco, a casa fedia, todas as janelas eram cobertas com lonas e havia apenas um quarto, uma cozinha com uma geladeira e um fogão que além de velhos estavam sujos e engordurados, havia uma mesa redonda com três cadeiras... Foi ali que ela passou as duas semanas.

Assim que recebi aquele e-mail meu mundo parou e fiquei alguns minutos sem saber o que dizer, sem saber o que pensar, ela estava na minha frente, lá estava a menina pelo qual eu me apaixonei, seu lábio superior estava sangrando, seu olho direito estava fechado e havia manchas roxas nele e o supercilio dela também sangrava, seus braços estavam roxos e havia marcas nos seus pulsos, como se durante todo esse tempo ela tivesse ficado com braçadeiras. Sua blusa estava rasgada, conseguia ver seus seios pelo sutiã, mas o que me chamou atenção foi sua barriga com manchas muito grandes roxas, aquilo me deu calafrios... Pelo o que você passou meu amor... Ela olhava pra câmera com medo, ela parecia ter perdido uns 5 quilos... Minha menina... Lembrar disso me dava raiva, uma raiva que nunca senti na vida. Sentia nojo, nojo de ter olhar para aquela casa e a imaginar ali, sofrendo... Depois de ficar olhando aquela foto, mostrei para o Nolan e minutos depois estávamos rastreando o e-mail e ele nos levou até essa casa. Praticamente toda a equipe do FBI de Atlanta está aqui, mas não há nada, nenhuma pista, nenhuma alma viva.

A felicidade que eu sentia por finalmente ter algo pra procurar havia se transformado em desespero, meu desespero veio maior que antes. Me sinto inútil por estar aqui sem poder fazer nada enquanto ela está por ai nas mãos daquele cara. A vontade que sinto é de matar ele, é de bater tanto nele até eu ver ele morto, é sentir que eu matei quem fez mal ao amor da minha vida. Acho que sentiria um grande alivio se eu o matasse... Tento não pensar na minha mãe, tento não me lembrar que ela trabalha pra ele, não acho que ela deve ter feito algo com a Madison, ela pode até ter o ajudado a sequestrá-la, mas isso deve parar por ai... Ela não seria capaz de fazer mal a uma pessoa que eu amo tanto.

- Tem marcas de pneus em algumas ruas próximas daqui, vamos ver até onde elas nos levam mais tarde. - Diz Nolan pra mim, me desconcentrando dos pensamentos. - Vai querer ir?

Estava parado em frente ao quarto onde ela ficou... Ali era o lugar mais nojento daquela casa, havia comida jogada no chão e baratas por todo canto, na cama também tinha comida e fedia a vomito, como se ela tivesse vomitado ali e ali mesmo ficou, pensar nisso faz com que eu me sinta mais enojado ainda, "onde você ta Madison?" penso em desespero.

- Acho que sim. - Respondo depois de um tempo.

- Justin. - Nolan me chama. Olho pra trás e ele esta parado me olhando. - Pelo menos ela ta viva cara. Ficar pensando em como ela deve ter sofrido ou em como ela ta sofrendo não vai ajudar. - Ele diz.

- Difícil não pensar nessas coisas quando não tem nada para que me distraia disso tudo. - Digo pensativo.

- Vou ligar para a Lili. - Nolan diz dando as costas.

Deve ta rolando algo com esses dois, não se desgrudam mais... Mas foda-se, no momento eu realmente não me importo se o mundo explodir a minha volta, eu só quero ela aqui, só quero cuidar dela, só quero ficar com ela e sentir o cheiro dela... Me acostumei tanto com a presença dela, que a cada dia que passa parece mais uma eternidade, e pior uma eterna merda que nunca vai passar.

PDV MADISON

~ UMA SEMANA DEPOIS ~

- Ela só precisa ficar de repouso. - Diz o médico olhando para Pattie. - Agora passa a grana que eu não quero mais ficar um segundo nesse lugar. - Ele diz saindo do quarto.

- Nenhum remédio? - Pattie pergunta indo atrás do médico. - Não posso deixar esse peso morto aqui nesse estado, se ela morrer fode tudo. - Ela grita.

Tento virar a cabeça pra ver eles mas ela pesa tanto, então acabo desistindo. Fecho os olhos e sinto a dor na cabeça voltando. Desde aquele dia eu não ando muito ligada, é como se estivesse em coma, algumas vezes ouço vozes e tento abrir os olhos mas não consigo e logo depois volto a escuridão. Meu corpo dói como nunca doeu, minha cabeça está latejando, minhas costelas estão doloridas, minhas pernas e braços estão imóveis, é como se eles não tivesse força ou como se eles estivessem se tornado inúteis.

[...]

Acordo e dou de cara com Pattie me olhando, ela está parada na porta do quarto se escorando na porta e de braços cruzados. Estou me sentindo melhor da dor forte na cabeça e isso é um alivio, olho para meu braço e tem uma agulha enfiada nele e olhando para cima vejo soro. Soro? Quando colocaram isso mim? Por quanto tempo eu dormi?

- Quanto tempo estou aqui? - Pergunto olhando o teto de metal acima de mim. Minha voz sai baixa, e percebo que estou com sede, muita sede.

- Por que importa? - Ela pergunta.

- Eu só quero saber a quanto tempo estou aqui. - Digo irritada.

- Acordou de mau humor? - Ela pergunta, e mesmo sem olhá-la sei que está sorrindo. Eu sinto tanta raiva dessa mulher.

- Estou com sede. - Digo.

- E eu estou cansada de ver uma pirralha quase morta na minha frente.

- Se você ta tão cansada assim por que ainda está aqui? Por que se ajuntou com aquele cara? Por que ficou contra seu filho? - Digo a ultima palavra olhando para ela, e na mesma hora me arrependo.

- Eu acho muito bom você calar essa porra dessa boca! - Pattie diz se aproximando de mim rapidamente.

- Há quanto tempo eu estou aqui? - Pergunto tentando mudar de assunto.

- Você acha que é boa pra ele? - Ela pergunta irritada. - Você é uma vadia que prendeu ele, é a vadia que fez meu filho ficar preso e se juntar com o FBI, se não fosse por você garota eu estaria com ele ainda e você talvez ainda estivesse feliz com o Nolan, ou melhor, já estaria morta!

Engulo a seco, sinto a raiva dela transparecer pelos olhos e percebo também que ela começa a respirar pela boca, ela está ofegante, isso não é um bom sinal. Mas o que ela disse, merda, eu sou boa sim pro Justin! Ela que não é! Ela que fez o filho dela ser quem é.

Como não digo nada ela da um passo pra trás e em um piscar de olhos ela já está longe, ela já está na porta, e antes de fechá-la ela diz:

- Você está aqui a três semanas! - E fecha a porta.

Três semanas... Caralho... Três semanas é tempo pra caramba...

[...]

Droga... Eu não consigo ficar muito tempo acordada, deve ter alguma coisa dentro desse soro. Abro os olhos e novamente vejo Pattie, mas dessa vez ela está ao meu lado trocando a bolsa do soro e pondo outra, como ela sabe fazer isso?

- Por que vocês estão me mantendo assim? - Pergunto a olhando. - Não seria mais fácil pra vocês se me matassem logo?

- Seria mais fácil pra mim. - Ela diz sem me olhar. - Você merece passar por isso, e eu sei que no final você vai ter uma bela morte, mas antes vai sofrer um pouco, sabe? - Ela se agacha e fica na minha altura. - O Marshall adora torturar as pessoas, e eu não vejo a hora dele começar com você.

- Se ele adora tanto assim por que não o vi ainda? Ele tem medo, isso sim.

- É incrível como você não tem medo de falar merda. - Ela diz e se levanta. - Deveria começar a falar essas coisas mais baixo, vai que ele aparece por aqui de surpresa e ouve você dizendo isso, ai ao invés de atrasar sua tortura ele vai adiantar pra mesma hora.

- Ele é ridículo, eu não tenho medo dele Pattie, do mesmo jeito que não tinha medo do Justin... É o mesmo sentimento que eu sentia pelo Justin no começo, ódio, raiva...

- Você não deve ter feito sua tarefa direito não é mesmo? Não deve ter pesquisado sobre ele, não deve ter conversado com o Nolan.

- Não preciso conversar com ninguém, ele é ridículo, igual você. - Digo sem me dar conta do que digo.

- Como é que é? - Ela pergunta tombando a cabeça pro lado e me olha irritada.

Encolho os ombros, por que merda eu to falando tanta coisa pra ela? Eu tenho que começar a controlar minha boca... Mas acho que no fundo sei porque eu to falando tanto com ela, eu estou precisando conversar com alguém, estou precisando esquecer a maldita dor física e emocional que estou sentindo... E de onde eu tirei que não tenho medo do Marshall? Eu tenho pavor daquele cara, aquele cara que é meu pai. Difícil compreender.

NARRADOR

Nolan andava de um lado pro outro dentro da sala do Eric, já era a quarta vez que ele tentava ligar para Josh, ele era o cara de ouro, e pelo que se lembrava sempre foi fiel ao Marshall, nesse momento Nolan gostaria mais que tudo na vida que ele ainda fosse.

- Nolan? - Atende Josh surpreso. Eles não se falam a meses.

- Josh, oi, eu preciso de favor seu, na verdade preciso que você seja sincero. - Diz Nolan sendo direto.

- O que que foi cara?

- Marshall mandou você pesquisar pela Madison Scharlott Scooter?

Josh fica parado surpreso. Ele ficou ali por duas semanas pesquisando por várias Madisons, optou por digitais parecidas com as do Marshall, mas acabou encontrando uma certidão de nascimento falsa, então ele resolveu invadir o sistema do FBI, e procurou por alguma Madison, e lá descobriu algo que o deixou aterrorizado. A famosa Madison Scharlott, sequestrada pelo Marshall é a filha dele. Ele sequestrou a própria filha sem saber.

- Não Nolan, faz tempo que não falo com Marshall. - Menti Josh. Ele não poderia entregar Marshall, por dois motivos o primeiro é que ele gostava de trabalhar pra ele, e o segundo e mais importante, ele não queria ser morto.

- Tem certeza disso Josh? - Pergunto Nolan desconfiado.

- Sim Nolan, o que ta acontecendo? - Pergunto Josh curioso.

Nolan para de andar de um lado para o outro e pensa se fala ou não para Josh o que ta acontecendo, e decide contar.

- Estamos tentando encontrar a Madison, e estamos quase conseguindo, mas eu precisava saber se Marshall entrou em contato com você.

- Quase conseguindo? - Pergunta Josh surpreso.

- Sim, encontramos a casa onde ela estava a duas semanas, e quando eles fugiram com ela deixaram marcas de pneus nas ruas, conseguimos rastrear os pneus, mas estão nos levando a três lugares diferentes, estamos saindo daqui a pouco pra ir atrás das pistas.

Cacete... Pensa Josh.

- E você acha que pode encontrar ela? - Ele pergunta.

- Acho que sim, Marshall é esperto, mas dessa vez ele vai dançar.

- É cara. - Diz Josh nada feliz. - Espero que você consiga Nolan, desculpa não poder ajudar, agora eu tenho que continuar trabalhando.

- Tudo bem.

Assim que eles se despedem, Nolan coloca o colete dele a prova de balas e sai da sala do Eric, Eric está no meio de vários agentes explicando o plano. Por outro lado, Josh se levanta rapidamente da cadeira tentando entrar em contato com o Marshall, porém ele não atende.

- O QUE? - Grita Marshall para o celular.

Ele está falando com a Pattie e está mais do que irado pois além de terem espancado a garota ainda chamaram um médico e o deixaram sair vivo.

- PATTIE EU ESTOU INDO PRA AI, E QUANDO EU CHEGAR EU VOU MATAR TANTO VOCÊ QUANTO ESSA GAROTA! - Diz ele irado.

- Marshall se acalme. - Pattie diz tentando não demonstrar pavor. - Eu não bati nessa garota! Só venha pra cá e veja o que podemos fazer, comece logo a fazer alguma coisa com essa garota, afinal já faz três semanas e até agora nada!

- Não me diga o que fazer! Você as vezes se esquece que você não é porra nenhuma!

Marshall nunca esteve com tanta raiva, ele odiava quando as coisas não saiam como ele planejava.

[...]

Justin nunca se sentiu tão ansioso, se tudo desse certo ele estaria com ela dentro de algumas horas e isso o deixava ansioso, o deixava bem. Ele precisa da Madison mais do que qualquer um, ele precisa ver ela novamente, precisava sentir seu cheiro, seu corpo junto ao seu...

Nolan estava ajudando Eric a coordenar os grupos, como havia três pistas de onde Madison poderia estar eles se separam em três, Nolan iria comandar um dos grupos e era nesse grupo que Justin estaria. Os outros dois seguiriam para onde as pistas indicam. Estava tudo certo, dentro de meia hora eles estariam na estrada.

Josh saiu correndo de casa, ele sabia que era errado rastrear o celular do próprio chefe, mas não se importou. Marshall estava indo justamente para o mesmo lugar onde o FBI estaria dentro de algumas horas, isso o preocupava, ele estava a cerca de vinte minutos atrás de Marshall, então pisou fundo no acelerador indo a mais de duzentos quilômetros por hora.

[...]

- Que porra ta acontecendo aqui? - Marshall diz entrando no galpão.

Pattie esta sentada no meio do galpão olhando alguma coisa no celular, enquanto o outro cara, o mesmo que bateu na Madison com a arma estava sentado ao lado do quarto onde ela estava.

- Marshall quanto tempo... - Pattie diz irônica.

- Estou totalmente sem paciência para as suas ironias! - Ele diz ríspido. - Agora fala, que merda ta acontecendo aqui?

- Marshall fizemos tudo o que você pediu. - Pattie tenta se defender.

- Sim, até a parte que vocês a trouxeram pra cá sim, mas eu não sabia que vocês haviam espancado tanto ela a ponto de chamar a porcaria de um médico! - Ele diz. - Eu estou acima de você Pattie, quando é que você vai aprender que tem que me manter informado? - Marshall diz se aproximando dela.

Ele esta a ponto de enche-la de porrada, mas tenta não fazer nada, por enquanto.

- Você não aprendeu nada com a porra do seu falecido marido? - Ele pergunta baixo para que ela ouça. - Ou você era tão inútil quanto seu filho? Só queria saber da porra do dinheiro dele?

- Do que você ta falando Marshall? - Pergunta Pattie confusa.

- Me diz ai Pattie, me fale o que Paul fazia quando algo que ele planejava e mandava alguém fazer dava errado?

- Ele matava a pessoa que fez o serviço errado. - Ela diz se lembrando.

- Interessante... E quando ele não era informado de que a vitima que ele sequestrou tentou fugir mais de uma vez, o que ele fazia?

- Ele matava a pessoa que não passou a informação pra ele.

- Então eu estaria certo se matasse você e aquele verme ali? - Pergunta Marshall em um tom de voz baixo, isso é ruim.

Pattie o olha sem acreditar. Marshall ergue a sobrancelhas e espera uma resposta.

- Responda! - Ele diz ríspido mas ainda com a voz baixa.

- Sim, estaria... - Ela responde com medo.

- Ótimo, agora você sabe bem o que vou fazer caso você dê mais uma mancada como essa!

Ele da um passo pra trás e olha em volta e Pattie finalmente respira aliviada, ela não era obrigada a aguentar Marshall e sua ameaças, porem ela precisava proteger Justin dele, ele estava mais louco que nunca ultimamente e isso poderia prejudicar muito Justin.

Josh finalmente chega no lugar onde indica o rastreador do seu celular, e se vê em uma espécie de galpão de metal no meio da estrada. Há dois carros na frente do galpão e a porta da frente está entreaberta, ele sai do carro e a abre, não tem certeza do que vai ver a seguir.

- Vou ver a garota. - Diz Marshall abrindo a porta do quarto onde Madison está, ela dorme.

- MARSHALL! - Grita Josh antes mesmo do Marshall conseguir abrir totalmente a porta, ele olha pra trás irritado.

- QUE PORRA VOCÊ TA FAZENDO AQUI JOSH? - Marshall grita confuso.

- Acho melhor você correr, pois o FBI está vindo ai. - Josh diz o olhando.

Marshall o olha confuso e dois ou três segundos depois corre de volta ao seu carro dando ordens para tirar a garota dali e levá-la para sua nova mansão.

  Continua...