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História Boulevard of Broken Dreams - Capitulo 4


Escrita por: CorregioKL

Notas do Autor


Olá pessoas, demorei mas cheguei!

Tema da semana: Lugar
Palavra-chave escolhida: Corpo d'agua

Vamos lá que eu sei que vocês tão ansiosos hahuahahha'

Capítulo 4 - Capitulo 4


Tantas coisas passaram em sua cabeça nos segundos que sucederam o tiro que Temari não conseguiu se mexer. Ela só conseguia sentir forte em seu peito a mesma agonia que havia sentido na floresta, quando achou que Shikamaru estava morto pela primeira vez. A mesma vontade de chorar, a mesma vontade de desistir e entregar o jogo. Ela viu em câmera lenta Gouzu gritar que ela era uma vadia e que iria matá-la ainda em meio às ondas de dor que seu chute havia causado, e ele engatilhou a arma que estava pendurada em seu peito, apontando para si.

— TEMARI! — a voz de Shikamaru soou alta e clara e seus olhos piscaram, ela desviou o olhar por um único segundo para vê-lo em uma luta corporal com Meizu, onde ambos rolavam pelo chão, e depois voltou seus olhos novamente para Gozou, recuperando os movimentos do próprio corpo a tempo de chutar a mão que segurava a arma, que disparou o tiro passando tão perto de sua orelha que ela pode escutar o ar se movendo.

Tudo voltou a velocidade normal, parecendo até mais acelerado enquanto ela sentia uma onda de fúria tomá-la. Agora ela podia reagir e o abuso que sofrera não ia passar impune, ela não era nenhuma alma piedosa para não querer quebrar cada pedaço do corpo daquele estuprador maldito pelo que quase tinha feito com ela e o que provavelmente tinha feito com outras mulheres. Via pela visão periférica Haku olhar para trás e depois correr para a direita, para fora de sua vista. Ele provavelmente ia chamar Zabuza e eles precisavam dar um jeito nos dois irmãos antes que os outros dois chagassem. Gouzu tentou fazer mira nela novamente, se arrastando para trás e uma sensação de jubilo se apossou de si quando ela chutou o homem no rosto, com força, seu coturno batendo na boca aberta dele e ele caiu, soltando a arma. Ela se abaixou, um novo tiro soou e, apesar de seu coração se apertar em preocupação por Shikamaru, ela sabia que precisava se focar em Gouzu e confiar mais em seu parceiro, as duas vezes que achou que ele estava morto e ele estava perfeitamente bem provavam isso.

Gouzu rolou, se pondo de joelhos, tentando levantar, mas novamente Temari não deixou, acertando uma joelhada na lateral do corpo do homem e ele voltou ao chão, caindo de barriga para cima ao lado da porta de vidro, rosnando de raiva. Ele tencionou pegar a arma novamente, mas Temari pisou em sua mão, lançando um olhar de puro ódio para o homem. Ela se abaixou, esmurrando o nariz dele com um soco certeiro, fazendo-o gritar, e puxou a arma que ele portava no cinto que se soltou do corpo caído, Temari levantou-se, o olhando de cima, decidindo o que iria fazer, escutando a briga atrás de si.

Uma sucessão de tiros ecoou do lado de fora e ela levantou o olhar, Zabuza e Haku surgiram em seu campo de visão, com zumbis vindos da direita, onde Haku tinha sumido há alguns instantes, e ambos atiravam, sem nem sequer prestar atenção na parte de trás. Logo seguidos deles, o que veio fez Temari empalidecer.

— SEUS FILHOS DA PUTA, EU FALEI PRA VOCÊS NÃO FAZEREM NENHUMA MERDA! — Zabuza gritava, recuando de costas, tentando diminuir o número de mortos que vinha pra cima deles.

Haku se virou por um momento e deu de cara com ela, mas não pareceu se importar que um dos amigos estivesse ofegando no chão, com a mão embaixo de seu coturno. Ele se virou de novo para frente e Temari soube que ele estava mais interessado em sobreviver aquilo do que fazer algo contra ela e Shikamaru. Ela olhou para baixo, atirou na perna do homem jogado no chão, fazendo soltar um berro alto, e virou-se, correndo para onde Shikamaru estava socando o rosto de Meizu, sentado em cima de suas pernas.

— Vamos! — ela chamou, em desespero, o segurando pelo braço e puxando.

Shikamaru levantou o olhar, seu rosto estava inchado na bochecha e seu lábio inferior cortado, e percebeu a horda que se aproximava rapidamente da entrada. Ele arregalou os olhos e se levantou; Meizu tentou segurá-lo, mas ele chutou a mão do mesmo e correu atrás de Temari, pegando rapidamente seu taco de beisebol que tinha colocado atrás do balcão antes de ir tomar banho, e ele e Temari saíram pela porta dos fundos.

Pararam por um momento, o carro estava a poucos passos, mas os mortos se aproximavam pelos dois lados. Temari disparou com a arma em sua posse, derrubando os mais próximos do carro enquanto Shikamaru protegia sua retaguarda, batendo o taco com força nas cabeças pelo caminho. Chegaram no carro mais rápido do que achou possível, Shikamaru entrou pelo lado do motorista enquanto ela ainda atirava. Ele abriu a porta do passageiro para ela e Temari se jogou para dentro enquanto ele acelerava, a porta bateu em um zumbi antes de fechar e o carro cantou pneu antes de disparar, desviando de um número incontável de mortos.

Shikamaru desviava dos mortos com maestria e um pensamento que ele provavelmente dirigia viaturas quando atuava como policial cruzou sua mente enquanto ela agarrava a alça de segurança em cima da janela com uma mão e a poiava a outra mão no painel do carro.

— Coloca o cinto. — a voz dele soou e Temari obedeceu imediatamente sem nem pensar.

Shikamaru deu um cavalo de pau, quase batendo em uma parede de mortos-vivos que avançava e acelerou para frente, jogando o volante para esquerda, depois para a direita. Temari via tudo aquilo com os olhos arregalados, a respiração presa na garganta e o coração batia como louco em seu peito. Ela olhava para todos aqueles zumbis, sem acreditar que ela e Shikamaru conseguiriam sair dali vivos. Shikamaru deu mais uma guinada para direita, ela viu uma passagem entre os mortos-vivos que fez seu coração falhar uma batida, Shikamaru também viu e se aproveitou daquilo, jogando o carro para cima de alguns que estavam no caminho, trocando de marcha e acelerando. O pneu cantou de novo e o carro pareceu voar conforme ele ganhava de novo a rodovia, se afastando daquela montanha de corpos que andavam.

Temari encarou a estrada, onde alguns zumbis passavam pelas laterais do carro tentando agarrá-las, sem acreditar que eles tinham conseguido escapar, suas mãos agarradas firmemente as laterais do banco. Ela lançou um olhar pra Shikamaru, mas ele olhava a estrada concentrado, desviando dos errantes perdidos da manada. Ela então olhou para trás e viu ao fundo o posto, totalmente dominado pelos zumbis, começar a ficar distante. Conseguiu respirar novamente.

Ela olhou para frente de novo e para Shikamaru, que ainda estava concentrado na estrada, o cenho franzido. Temari notou que ele apertava com força o volante com as duas mãos, as juntas dos dedos ficando brancas. Ela desviou novamente o olhar para a estrada, não haviam mais zumbis, apenas a estrada vazia, mas ela sabia que Shikamaru queria dar a maior distância possível entre eles e aquela horda. O coração começou a desacelerar, junto com a respiração, entendendo que estavam vivos e em segurança. Ela soltou o banco, sentando-se mais reta, olhou para Shikamaru de novo e, de novo ele não devolveu o olhar. Ela se remexeu um pouco desconfortável, sentiu os seios para fora do sutiã, colocou as mãos por dentro de sua regata, arrumando-os. Temari respirou fundo uma vez, sua mente trazendo as memórias de minutos atrás, sua garganta pareceu fechar, ela respirou fundo uma segunda vez, seu cérebro enfim pareceu processar o que quase aconteceu com ela, seus olhos arderam e ela respirou fundo uma terceira vez, mas não conseguiu impedir as lágrimas de começarem a cair. Temari abaixou o rosto, fechando os olhos e suspirando de forma profunda e tremida, toda a frieza e calma que teve que manter na hora substituída por aquele choro sentido. Sentiu sua mão, que estava apoiada no banco, ser segurada, e abriu os olhos para ver a mão de Shikamaru na sua, apertando com força. Ela subiu os olhos para o rosto dele, ele ainda olhava a estrada, mas tinha a expressão como se também tivesse vontade de chorar com ela. Soluçou, o fluxo das lágrimas aumentando, e ele afagou sua mão.

— Chora tudo que precisar. — ele murmurou num tom carinhoso. — Eu estou aqui... Vem aqui.

Ela não entendeu, mas ele a puxou de leve de encontro ao seu ombro e Temari encostou a cabeça um pouco desajeitada, ainda chorando copiosamente, Shikamaru não soltou sua mão e ela se sentiu confortada, o contato de sua bochecha com a pele do braço dele era acolhedor e tudo aquilo fazia sentir-se segura para continuar chorando. Ela não achou possível que pudesse chorar tanto assim, mas também nunca achou que passaria pela situação de ser quase estuprada e que isso seria tão humilhante e assustador. Shikamaru às vezes sussurrava palavras de conforto, sem tirar o foco da estrada, dirigindo numa velocidade maior do que estavam usualmente nos outros dias. Ela não prestava atenção em mais nada além de seu pranto e no acalento dele, confiando nele cegamente. Continuou chorando em abundância pelo tempo que se passou, a tarde começou a ceder para noite e tons alaranjados começaram a surgir no céu. Suas lágrimas cessaram, porém ainda soluçava vez ou outra e não se distanciou de Shikamaru.

A estrada ficou escura, Shikamaru acendeu o farol, ainda não querendo parar. Ela se sentia aos poucos de volta ao seu estado emocional normal e se surpreendeu por não se sentir envergonhada por ter quebrado dessa forma na frente dele, recebendo seu apoio daquele jeito. Temari se desencostou dele devagar, recebeu uma olhada pelo canto do olho, passou a mão livre no rosto para limpar o resto do rastro de lágrimas, a final parando de soluçar. As mãos continuaram entrelaçadas e Shikamaru dirigiu apenas mais alguns minutos até parar o carro no acostamento, soltando sua mão para puxar o freio de mão.

Ele ligou a luz interna e desligou o carro, o motor era o único barulho e findá-lo fez o silêncio abater-se entre eles. Shikamaru sentou-se em cima de uma de suas pernas, ficando de lado e olhando para ela, o olhar indecifrável, o rosto ainda inchado e o lábio cortado, o cabelo solto. Ela virou um pouco o corpo também, soltando o cinto de segurança.

— Você se machucou? — foi a primeira coisa que ele perguntou e ela se sentiu grata por ele não perguntar se estava bem.

— Não. — ela respondeu, a voz um pouco arranhada por conta do tempo chorando — Mas você sim... De novo.

Ele soltou uma risada pelo nariz, dando de ombro. Temari levantou a mão até o rosto dele, tocando delicadamente a pele machucada. Ele não pareceu que sentia dor, mas ela sabia que sim. Ele segurou a mão dela, colocou-a inteira em sua bochecha machucada e fechou os olhos, beijando sua palma. Ela sentiu o coração falhar uma batida, os olhos se encheram novamente, mas ela não derramou novas lágrimas. Não iria chorar por uma demonstração de carinho tão bonita.

— Eu sinto muito. — ele disse, sem soltar sua mão — Fui um idiota em...

— Já passou. — ela o cortou, entendendo que ele se culpava por estar dando em cima dela enquanto tinham que se preocupar com a segurança.

— Não diga como se fosse fácil. — Shikamaru repreendeu com a voz ainda suave, fazendo uma leve careta. — Você não precisa erguer suas barreiras comigo. Sua força é admirável Temari, mas ser humana não tem nada de errado.

— Eu sei. — ela respondeu, ele baixou a mão, tanto a sua quanto a dele, sem soltarem. — Eu não pretendo me fingir de inabalável. Mas eu espanquei aquele filho da puta, atirei na perna dele, ele deve estar morto agora e já tive meu momento. Não estou bem, mas estou viva, você está vivo. Saímos de novo de uma situação impossível. O resto, de verdade, não importa.

Shikamaru deu um leve sorriso de canto e hesitou um momento antes de levar a mão ao rosto dela e toca-lo de leve. Temari sentiu seus lábios se curvarem de leve também, quase involuntariamente, e ela se aproximou, fitando o rosto ferido com ternura.

— Acho que você tem razão. — ele disse.

— Eu sempre tenho razão. — ela afirmou, mais perto.

— Problemática. — ele resmungou, mas já não parecia prestar atenção no que falava.

Pela primeira vez, a atitude partiu de si em encostar os lábios de leve nos dele, apenas um roçar tímido, temendo machucar ainda mais a boca ferida. Shikamaru escorregou a mão que estava na bochecha até a base do pescoço dela, pareceu meio impressionado com sua atitude, mas correspondeu o beijo, pressionando os lábios um pouco mais como em um aviso de que não estava ligando para seu machucado. Ela deixou que ele aprofundasse o beijo de forma lenta e, quando se separaram, ele a encarava com intensidade, parecendo não acreditar que ela o tinha beijado. Ela deu um sorriso pequeno para ele e disse:

— Deixa eu cuidar de você agora, você já cuidou de mim o caminho todo.

Ele sorriu de canto e concordou, Temari se enfiou entre os bancos, pegando uma das bolsas onde sabia ter os itens de primeiros socorros e tirou o necessário dali, colocando em seu colo. Começou limpando o ferimento do estilhaço da granada, que tinha voltado a sangrar com toda a confusão, e fazendo o curativo que tinha que ter sido feito há horas atrás. Depois ela limpou com delicadeza o lábio inferior dele, sujo de sangue, e sentiu os olhos dele pregados em seu rosto durante todo o processo, e encarou o inchado do rosto dele e sua costela, onde ele havia sido chutado, com desgosto.

— Não tenho gelo para por aí. — resmungou, tocando de leve o rosto dele no inchado.

— Merda de apocalipse. — ele disse com ironia e ela soltou um riso fraco, ele a acompanhou.

O riso morreu e o silêncio voltou. Temari guardou as coisas que tinha usado dentro da bolsa novamente e se endireitou no banco, olhando para fora. Shikamaru ligou o carro para desligar os faróis e desligou de novo, deixando apenas a luz interna do carro acesa, e apoiou ambas as mãos no volante, olhando para frente; ele suspirou. Temari o encarou por um momento, admirando a beleza que a fazia perder o rumo, os cabelos soltos e bagunçados, o torso nu, os olhos castanhos e aparentemente desinteressados em qualquer coisa. Ela sentiu o coração disparar, tendo mais certeza do que nunca de seus sentimentos naquele momento, depois de tudo que tinham passado do ataque ao acampamento até ali. Ele se inclinou entre os bancos, remexendo em uma bolsa jogada nos pés do banco, alheio as reflexões que passavam dentro da cabeça dela, de trás e voltou com uma regata e uma blusa nas mãos. Ele levantou os braços, vestindo a regata, mas, quando os levantou de novo para vestir a blusa, Temari, em um impulso impensado, segurou o braço dele. Shikamaru olhou para a mão dela e depois pra ela e Temari sentiu seu coração disparar. Ela fez ele baixar o braço com um leve empurrar de sua mão e, antes que ele pudesse questionar o que estava acontecendo, ela se inclinou e o beijou.

Shikamaru parecia surpreso novamente com sua ação, demorando alguns segundos para largar a blusa no chão do carro e segurar a parte de trás de seu pescoço com a mão, trazendo-a para mais perto, mesmo que a posição ficasse desengonçada. Temari sentiu a língua dele em contato com a sua, acariciando de leve e depois enlaçando na sua. Seu corpo foi puxado para mais perto dele quando Shikamaru passou o braço em sua cintura e ela estava quase fora de seu próprio banco. Shikamaru chupou seu lábio inferior de leve e ela suspirou, enlaçou o pescoço com os dois braços e, sem desgrudar os lábios dele, tomou impulso e foi parar no colo dele, uma perna de cada lado das deles.

— Temari! — Shikamaru chamou contra seus lábios, um pouco exasperado, as mãos seguraram sua cintura com força e ela suspirou de novo. — O que...?

Separaram os lábios, se encarando, as respirações aceleradas. Ela passou os dedos pelos cabelos dele, sentindo a textura dos fios negros, encostou sua testa na dele, fechou os olhos e suspirou. Ela sabia que agora já era tarde demais para se preocupar em se envolver. Se manter distante de Shikamaru não faria o que ela sentia diminuir e, com tudo que acontecia o tempo todo ao redor deles, não fazia mais sentido ela querer se afastar.

— Me faz esquecer... — murmurou, segurando o rosto dele com as duas mãos.

— Eu não acho que essa é a melhor forma de lidar com isso... — ele respondeu, pondo as mãos em cima das dela. Temari franziu o cenho, mas entendeu que ele estava se referindo ao abuso que ela sofrera — Eu...

— Não, Shika — ela interrompeu, o apelido soando tão natural que o fez sorrir — É só... Amanhã eu posso estar morta... Amanhã você pode estar morto.  Acho que vai doer em qualquer um de nós dois, mas vai doer mais ainda se a gente não se permitir viver seja lá o que temos aqui. Não quero deixar para depois.

Ele respirou fundo e apertou as mãos dela nas suas, inclinando o rosto e beijando a palma de uma delas. Suspirou e olhou nos olhos de Temari, os castanhos profundos pareciam mais claros assim de perto.

— Eu estou apaixonado por você. — Shikamaru disse.

Ela sentiu o coração bater mais rápido, ele estava nomeando o que tinham e Temari achou que seria difícil admitir em voz alta o que já tinha admitido para si mesma, mas não foi:

— Eu também estou apaixonada por você.

Ele sorriu e os lábios se juntaram de novo, as mãos dele voltaram para sua cintura. Sua respiração acelerou, sentindo as mãos dele subirem e descerem, levando sua regata junto. Os lábios de Shikamaru deixaram os seus e escorregaram por sua bochecha e queixo, seguindo até seu pescoço. Ele beijou e passou a língua suavemente por sua pele, enviando arrepios para sua coluna, fazendo-a suspirar. Sentia os toques de Shikamaru em sua pele, as mãos dele já tinham encontrado o caminho de sua cintura por debaixo da regata e os lábios escorriam para seu colo e voltavam para o pescoço, buscando seus lábios vez ou outra, junto com a quantidade de tempo que estava sem ter um contato mais íntimo com alguém, tudo isso fazia seu corpo esquentar rápido. Shikamaru se afastou um pouco e olhou-a nos olhos, dando um sorriso bonito que a fez sorrir de novo e beijá-lo.

— É estranho que eu esteja feliz nesse momento? — Shikamaru perguntou quando seus lábios desgrudaram.

Ela riu e tentou ficar mais confortável no colo dele, a falta de espaço não ajudava. Ele percebeu e deu um jeito de puxar o banco mais para trás, aumentando o espaço entre suas costas e o volante.

— Não sei. — Temari respondeu com sinceridade, seus dedos passaram pelos fios de cabelo soltos e um tanto embaraçados. — Mas eu também estou.

Ele suspirou e a puxou para um novo beijo, Temari sentiu seu estômago se revirar, as mãos de Shikamaru começaram a ter mais liberdade por seu corpo e ela não conseguia evitar os suspiros que saiam de seus lábios todas as vezes que os dele não estavam colados nos dela. Ela sentia entre suas pernas a manifestação do desejo dele, mesmo com toda a roupa no caminho, e de novo se arrumou melhor, buscando mais contato. Shikamaru soltou algo entre um gemido e uma exclamação, ele ainda parecia não estar acreditando que estava acontecendo aquilo e Temari soltou uma risada leve contra os lábios dele, capturando o inferior com os dentes, ao constar isso. O espaço limitado fazia tudo um pouco complicado, mas ela começou a tocá-lo também, por cima e depois por dentro da roupa, sentindo os músculos do abdômen quase definido dele. Seu corpo clamava por mais contato, e ela puxou a barra da regata dele para cima, revelando-o aos seus olhos. Shikamaru levantou os braços, um pouco desengonçado por conta do teto do carro, e deixou que ela o despisse. Ela o olhou por um momento depois de tirar a peça de roupa, ele deu um sorriso safado que fez seu baixo-ventre se contrair, e novamente os lábios se grudaram em um beijo mais sôfrego.

As mãos de Shikamaru tocaram seus seios e ela gemeu na boca dele, deixaram de se beijar por um momento para ele passar a regata por sua cabeça, para logo depois ele escorregar os lábios pelo canto de sua boca, fazendo um caminho de caricias com a língua até seus seios. As mãos soltaram o fecho do sutiã com habilidade, ele fez a peça escorregar por seus braços e a jogou para o banco do passageiro junto com as duas regatas. Ela não teve tempo de fazer ou dizer nada e a língua dele estava rodeando seu mamilo numa tortura deliciosa que a fazia se remexer no coloco dele e escutá-lo suspirar. O mamilo foi aprisionado entre os lábios ao mesmo tempo em que ele tocava o outro seio com a mão e ela jogou a cabeça para trás, um gemido escapando de seus lábios. Ela puxou o cabelo dele de leve enquanto ele sugava seus seios, se concentrando nos mamilos, mas não deixando de beijar e acariciar os montes. Temari se perdeu nas sensações que a boca e as mãos do Nara causavam, sentindo-se entregue àquele momento, o calor espalhando-se por seu corpo e se reunindo em seu baixo-ventre.

— Vamos pro banco de trás, Problemática. — ele murmurou, os lábios passeando de volta para seu pescoço, subindo até sua orelha onde ele mordiscou.

Ela bufou, o afastando e olhando-o com censura pelo apelido. Ele deu aquele sorriso safado de novo e ela revirou os olhos.

— Você não vai parar, não é? — Temari perguntou.

— Não. — ele respondeu, apoiando o rosto nos seios dela e olhando para cima.

Temari o olhou de cima e não conseguiu continuar com a expressão zangada. Shikamaru sabia ser fofo quando queria. Ela encostou a boca na dele devagar e se separou.

— Vamos para o banco de trás antes que os zumbis resolvam que não vão deixar a gente transar... de novo. — ela determinou.

Shikamaru riu enquanto ela deixava seu colo, passando entre os bancos.

— Você está dizendo que teríamos transado na cabana se aquele zumbi não tivesse tombado na porta? — Shikamaru perguntou, ainda do banco da frente, olhando-a pelo espaço entre os bancos, a sobrancelha erguida.

— Provavelmente. — ela assumiu, sentindo o rosto esquentar.

O sorriso safado voltou aos lábios dele e ele se virou, se inclinando em direção ao porta-luvas e mexendo lá dentro. Temari levantou uma sobrancelha, sem saber o que ele procurava ali, mas aproveitou o momento para descalçar os pés do coturno, até que ele pareceu achar o que procurava e se virou de volta. Percebendo que ela tinha tirado o sapato, ele fez o mesmo, sem se pronunciar sobre o que procurava, e passou pelo vão entre os bancos, jogando a mala que estava do lado dela para o chão e a empurrou em direção ao banco, fazendo-a deitar de costas. Temari suspirou, perdendo um pouco o foco da conversa quando Shikamaru se colocou em cima dela, o rosto a centímetros do seu, suas pernas estavam encolhidas para caberem no banco e ele estava entre elas.

— Zumbi inconveniente. — ele resmunou, voltando a beijá-la.

O espaço ainda era limitado, mas menos que na frente. Temari queria sentir a pele de Shikamaru em contato com a sua e se esforçava para isso, tocando-o de todas as maneiras que conseguia. Enquanto a mão dele trabalhava em abrir sua calça, ela explorava o peito, ombros e barriga com as mãos, as bocas se esbarravam, também procurando a pele um do outro. Os vidros do carro já estavam embaçados, a intimidade entre eles parecia certa, fácil. Shikamaru a beijou e ela o agarrou pelo pescoço, sentindo a mão grande invadir sua calça e sua calcinha, os dedos passaram por entre os grandes lábios, sentindo a humidade em sua entrada e a espalhando. O primeiro toque em seu clitóris fez Shikamaru ter de beija-la mais forte para impedi-la de gemer alto demais. Mesmo deitada, sua cabeça pareceu rodar com as ondas de prazer que os dedos dele a estimulando causavam e ela não conseguia se concentrar em mais nada, nem mesmo nos lábios dele que buscavam os seus. Temari se agarrou a ele num movimento súbito que o fez soltar uma pequena risada que só foi captada por uma pequena parte de sua atenção, seu corpo estremeceu e ela sentiu a onda de prazer que explodiu em seu baixo ventre e se espalhou por seu corpo, fazendo sua intimidade pulsar, mordeu o ombro de Shikamaru para conter o grito que quis escapar de seus lábios.

Ele não se mexeu enquanto ela ainda estava perdida nas sensações do orgasmo. Temari o soltou, encostando as costas de volta no banco e encarou os olhos que a fitavam de volta. Shikamaru sorriu e se abaixou para beija-la de novo, mas ela o afastou. Ele franziu o cenho, sem entender o que acontecia, e ela saiu de baixo dele. Shikamaru olhou-a sem entender. Ela se ajoelhou no chão do carro e o olhou de forma insinuativa.

— Vem. — ela mandou, indicando para ele sentar no banco.

Ele levantou uma sobrancelha, mas atendeu a ordem. Temari sorriu, beijando a barriga dele enquanto suas mãos desafivelavam o cinto. Shikamaru arfou, conseguiu abrir o cinto, o botão e o zíper da calça, puxando-a para baixo. Shikamaru levantou os quadris para facilitar e não sem alguma dificuldade ela conseguiu despi-lo, deixando-o apenas de cueca. Ele fechou os olhos quando a mão dela se dirigira ao volume na cueca e ela sorriu mais, sentindo-o sob o tecido antes de empurrá-lo para baixo e puxá-lo para fora.

— Ah, Temari... — ele murmurou quando ela bombeou com a mão uma vez, sentindo toda a extensão do pênis dele lentamente.

— Você é um crime, homem! — Temari murmurou, movimentando a mão novamente e aproximando seu rosto.

— O que? — ele suspirou, parecendo não estar muito concentrado no que ela dizia, mas querendo saber mesmo assim.

— Bonito, inteligente, charmoso, tem uma pegada incrível e ainda é... — ela começou a listar, passando os lábios devagar pela glande, quase sem encostar, Shikamaru gemeu em antecipação, ela se afastou um pouco e sentiu a mão dele em sua cabeça, empurrando suavemente em direção ao pênis dele — Bem dotado. — ela completou, envolvendo a glande com os lábios e sugando, Shikamaru apertou seus cabelos, soltando um ofego, segurando um gemido.

Não demorou a ela se adequar a um ritmo que o agradava e o fazia apertar seu cabelo mais forte, segurando os gemidos, soltando sons baixos que a estimulavam a continuar a sugá-lo com vontade. Temari gostava. Gostava de sentir o membro em sua boca, pulsante, o seu nome saindo pelos lábios de Shikamaru, a mão dele em sua cabeça incentivando a continuar, sua mão a ajudando na empreitada de satisfazê-lo como ele fizera com ela. Os suspiros longos, o olhar que ele dirigia a ela e, quando encontrava os seus o olhando de volta, pareciam brilhar em malicia, as expressões de deleite que ele fazia quando fechava os olhos.

Shikamaru soltou seu cabelo e segurou-a pelo braço, puxando ela para cima. Temari o tirou da boca, lambendo toda a extensão e bombeando mais uma vez antes de ceder ao pedido mudo dele. Ela também gostava disso: De como Shikamaru sabia ceder e se impor ali tanto quanto estavam lutando juntos por suas vidas, de como ele se igualava a ela até ali, sem querer apenas submetê-la, mas se submetendo a ela também. Os lábios voltam a se encontrar quando ele a trouxe para seu colo novamente, mas por pouco tempo. Ele a virou de costas para si, sentando-a em seu colo, o pênis rijo pressionado a sua intimidade ainda coberta. Shikamaru agarrou seus seios, os massageando e apertando os mamilos, ela apoiou as mãos nos encosto dos bancos da frente e rebolou, gemendo baixinho, os lábios dele percorreram toda a parte de trás de seus ombros e pescoço em beijos e arrastar de língua que a faziam sentir arrepios por toda a coluna.

As mãos de Shikamaru deixaram seus seios e levantaram seu quadril para que ele pudesse abaixar sua calça e calcinha. Sentiu o baixo-ventre pulsar em antecipação e escutou um barulho de plástico rasgando, enquanto usava os pés para terminar de remover a peça de seu corpo. Virou o rosto para trás, a tempo de ver Shikamaru jogar o pacote da camisinha no banco, levando-a para vesti-la em seu pênis.

— Onde você arrumou isso? — ela perguntou, surpresa, mas também aliviada de terem algum método contraceptivo.

— No posto. — ele respondeu, desviando os olhos dos seus.

— Você é um tarado, Shikamaru! — ela acusou, rindo de leve.

Ele terminou de vestir a camisinha e guiou-se para sua intimidade.

— Senta. — ele mandou num tom firme e aquilo fez ela se arrepiar. Ela atendeu, sentindo-o preenchê-la devagar, ela mordeu o lábio, segurando um gemido, enquanto ele sussurrava em seu ouvido de maneira rouca e um tanto entrecortada: — Queria isso praticamente desde que coloquei os olhos em você. — ele lambeu sua orelha, as mãos na sua cintura a fizeram terminar de descer e ambos soltaram um suspiro alto — Você era a mulher mais bonita e problemática que eu já tinha visto na vida e tudo que eu deveria querer fugir, mas você me atraiu como um imã.

Ela soltou uma risada pelo nariz misturada com um gemido, se apoiando no encosto do banco e se movendo para cima e para baixo de novo, lentamente, o peito dele colou mais as suas costas, a sensação de preenchimento, os movimentos lentos, faziam-na sentir ondas de prazer que começavam em seu baixo-ventre e percorriam todo o seu corpo.

— Você não parecia tanto assim querer fugir. — ela murmurou entre suspiros, ele ajudava no sobe e desce de seus quadris com as mãos que apertavam sua cintura.

— Eu sou preguiçoso, Temari. — ele afirmou e suspirou, mordendo seu pescoço — Nem me esforcei muito.

Ela soltou outra risada entrecortada e virou um pouco o corpo, passando um dos braços pelo pescoço dele e trazendo o rosto dele para próximo do seu, o beijando. Shikamaru agarrou mais forte sua cintura, dando mais estabilidade aos movimentos. Temari fechou os olhos, voltou-se para frente de novo, apoiando melhor os pés para que pudesse se mover com mais força contra Shikamaru, escutou ele rosnar um palavrão, sorriu, segurando os gemidos, rebolando e friccionando a pelves contra a dele.

A atmosfera dentro do carro já estava totalmente carregada, uma fina neblina parecia envolvê-los. Shikamaru a tirou de seu colo, ela soltou um protesto curto, e a jogou de encontro ao banco novamente, puxando as penas dela para cima, se ajoelhou entre elas e, antes que ela pudesse se quer raciocinar, ele se projetou para dentro de si novamente, segurando-a pelos joelhos. Temari tapou a própria boca com a mão, segurando o gemido alto que queria escapar enquanto Shikamaru estocava firme, sem muita pressa. Ela sentia como se desfalecesse cada vez que ele se retirava e a invadia de novo e precisou apertas mais forte a mão na própria boca quando ele acelerou as investidas, os olhos fechados e o cenho franzido, ele arfava e ela percebeu que ele estava próximo de alcançar o ápice. Ela sentia o formigamento que se espalhava novamente, sabendo que ela própria não demoraria também, e fechou os olhos, se entregando de forma completa ao momento. Shikamaru abriu suas pernas de maneira afobada, passou os braços por suas costas, trazendo o corpo dela pra cima, colando-a ao dele. O outro braço apoiou-se no banco, dando alguma estabilidade, e ela agarrou o pescoço dele, sentindo seu interior se contrair ao redor dele e sua intimidade pulsar, enterrou o rosto no ombro dele, mordeu o lábio com força gemendo, Shikamaru a apertou mais forte e grunhiu em uma última estocada, o braço dele quase cedeu, mas ele conseguiu se manter firme e os dois ficaram abraçados daquela forma um tanto desengonçada por alguns segundos, até que ele a soltou com delicadeza, voltando o corpo dela para o banco, a respiração ofegante dos dois se cruzavam e os olhos se encontraram e eles sorriram um para o outro.

Temari fechou os olhos logo depois, tentando acalmar seu coração que batia descontrolado, ainda sentindo o corpo entorpecido. Shikamaru se moveu, mas ela não prestou atenção ao que ele fazia.

— Consegue me dar um espaço? — ele murmurou.

Ela assentiu, se afastando mais para a beira do banco e deitando de lado. Shikamaru deitou atrás dela, enlaçaram as pernas, ocupando o pouco espaço sem ficar desconfortáveis. Ele tirou o cabelo da frente de seu pescoço e beijou a pele antes de levantar um pouco o corpo e puxar o travesseiro que estava no chão do carro para colocá-lo abaixo da cabeça dele. Os braços dele a circulavam, e Temari estava quase em cima do corpo dele, mas era uma sensação gostosa que a deixava sonolenta.

— Hey — Shikamaru chamou, ela virou um pouco o corpo para olhá-lo — Não dorme não! — ele riu de leve — Precisamos colocar a roupa, Tema. — ela sorriu, agora também tinha um apelido além do “problemática” — Você não quer enfrentar zumbis pelada se acontecer algo, né? Era uma visão que eu gostaria de ter, mas acho que você não ia achar legal...

Ela levantou uma sobrancelha para ele, mas riu da imagem que se formou em sua mente.

— Idiota! — ela exclamou — Você está ficando abusado, Shikamaru.

Ele sorriu, a abraçou e ficaram mais algum tempo daquele jeito até se levantarem a contra gosto. Tudo parecia normal e deserto do lado de fora e Temari se impressionou com o fato de mesmo com toda a comoção dentro do carro, nenhum zumbi ter aparecido pelos arredores. Sorriu, pensando em como havia sido bom, enquanto procurava as roupas pelo carro, esbarrando em Shikamaru vez ou outra e rindo. Terminaram de vestir as roupas, calçaram os sapatos e deixaram tudo meio organizado. Voltaram para os bancos da frente, Shikamaru arrumou o banco que tinha colocado para trás e ficaram em silêncio por alguns minutos, olhando pelas janelas. Temari não se sentia constrangida pela situação, mas também não sabia muito bem o que falar depois de tudo. Desde que se deixara viver uma situação como essa já havia algum tempo, e ela sentia que podia ser insensível ou sensível demais e acabar deixando o clima desconfortável.

— Temari... — Shikamaru chamou e ela virou o rosto para olhá-lo — Eu... Eu só sou grato por ter tido a oportunidade de te conhecer, mesmo com toda essa merda.

Ela sorriu, sentiu o rosto corar. Se inclinou e o beijou, Shikamaru correspondeu, acariciando os fios de cabelo em sua nuca. Ela pulou para o banco do motorista, Shikamaru voltou a afastar o banco, ela puxou o coberto e dois travesseiros lá de trás, fazendo-os confortáveis.

— Eu fico com a primeira vigia. — ela avisou, acomodando-se no peito dele.

— Vai dormir assim. — ele resmungou, colocando o travesseiro atrás da própria cabeça.

— Não vou. — ela riu. — E eu também sou grata por conhecer você.

Ele beijou sua cabeça e se acomodou no banco, fechando os olhos. Temari estava cansada e, depois do que tinham acabado de fazer, se sentia relaxada, mas sabia que não conseguiria dormir com o tanto de coisas que passavam por sua cabeça. Os acontecimentos de mais cedo ainda a perturbavam de certa forma, mesmo o carinho com que Shikamaru havia a tratado tornava mais fácil de pensar, quase como se tivesse acontecido há muito tempo e fosse só uma lembrança ruim. Também havia a questão Shikamaru. Ela podia ter cedido ao que sentia, cedido a ele, mas o receio com a relação que os dois teriam dali em diante ainda estava presente. Ela gostava de estar nos braços dele, gostava de como ele a tratava e de como estavam sempre em pé de igualdade, mas seu receio era que agora que tinham um envolvimento amoroso Shikamaru mudasse. Não seria a primeira vez que isso acontecia com ela e Temari suspirou pesadamente com esse pensamento, olhando para cima, para o rosto de expressão serena e adormecido. Shikamaru parecia confiar nela de forma plena, dormindo profundo e deixando sua vida nas mãos dela sem nem mesmo pestanejar. Sua preocupação vacilou naquele momento, entendendo como era sem sentindo desconfiar dele quando ele confiava tão plenamente nela. Suspirou de novo, decidindo que daria uma chance de coração aberto e decidiria o que fazer conforme o que acontecesse.

Ela se acomodou melhor no peito dele com essa decisão, a luz interna do carro ainda ligada dava uma breve visão de fora, mas muito mais que um metro. Atentou-se aos sons e, apesar de alguns barulhos de animais como grilos e até mesmo uma coruja, não havia nada que parecia digno de preocupação. Quando deu o horário estipulado para trocarem a vigia, ela o cutucou de leve.

— Shika... — chamou e ele se remexeu, quase a jogando para fora do banco — Ei! Eu estou aqui!

Ele soltou uma risada pelo nariz, ainda de olhos fechamos.

— Desculpe... — ele murmurou, abrindo os olhos e passando a mão no rosto. — O que foi?

— Seu turno. — ela respondeu.

Shikamaru a olhou e assentiu. Tocou seu rosto, beijou de leve seus lábios e a abraçou, acomodando-a em seus braços.

OoOoOoOoOoOoOo

Pela primeira vez desde que tinham conseguido o carro, Temari acordou e Shikamaru ainda estava dentro dele, no exato lugar onde estava quando ela adormeceu. Já estava claro lá fora, mesmo que o sol mal havia despontado no horizonte. Ele percebeu que ela acordou e beijou sua testa.

— Bom dia. — desejou.

— Bom dia. — ela resmungou, sentindo os músculos do corpo doloridos. — Não sei se foi uma boa ideia dormirmos desse jeito.

Shikamaru riu.

— Sei do que está falando. — ele respondeu, ela se afastou, passando para o banco do passageiro e se espreguiçou, sentindo os músculos doloridos estralarem. — Mas é bom.

— Sim, é. — ela respondeu e suspirou.

Olhou para fora, notando que estavam em uma estrada cercada por árvores altas dos dois lados. Ela não tinha prestado atenção no caminho até ali no dia anterior e, quando podia fazê-lo, estava escuro demais para ver qualquer coisa. Parecia tudo calmo e Shikamaru saiu do carro, provavelmente para esticar o corpo e fumar e ela resolveu fazer o mesmo. Espreguiçou-se de novo do lado de fora, vendo Shikamaru puxar um cigarro e o isqueiro, o acendendo, e andar até a frente do veículo, onde estendeu o mapa em cima do capo. Ela se dirigiu até lá, examinando o mapa junto com ele. Discutiram por alguns minutos sobre a rota que tinham que tomar, tendo desviado do caminho para Nara na pressa de se afastar do posto de gasolina. Quando Shikamaru jogou a bituca do cigarro fora, já tinham uma rota em mente.

Os dias começaram a passar, mas nada na vida na estrada é rotina: Havia horas que eram apenas eles e a estada, conversas sobre a vida do antes, sobre os sonhos; Temari descobriu que Shikamaru tinha vontade de casar e ter filhos, mas não se aprofundaram muito no assunto, ela contou que seu sonho era correr o mundo ajudando-o a torná-lo um lugar melhor. Descobriram coisas em comum e gostos opostos, ele gostava de coisas amargas e ela detestava, principalmente café, mas ambos gostavam de literatura e jogos de estratégias, mesmo ele preferindo shogi e ela xadrez. Temari gostava de sair as sextas à noite, Shikamaru preferia ficar em casa, mas ambos gostavam de beber socialmente, ele preferia cerveja, ela, sakê. Tinham o gosto música um tanto eclético por ambas as partes, em comum, e por filmes também.

Havia as horas de pânico, onde mais de uma vez precisaram retornar um caminho ou desviar totalmente a rota por conta de hordas enormes que surgiam ou acidentes e cemitérios de carros que causavam arrepios, ou quando estavam longe do carro e se encontravam cercados, precisando por vezes recorrer às armas de fogo. Mais de uma vez, Temari achou que não escapariam de alguma situação com vida, mas o destino parecia querer que sobrevivessem. Apesar de zumbis e a falta de suprimentos acessíveis serem uma grande dificuldade, não tiveram problemas com outros sobreviventes.

Algumas vezes, quando precisavam entrar em alguma cidade ou loja de beira de estrada, as horas se tornavam de apreensão. Procurar suprimentos era vital, comida, água e combustível eram prioridades e eles tinham certa vantagem em ser apenas dois nesses momentos, pois era mais fácil sair e entrar dos lugares sem chamar atenção e os suprimentos duravam mais. Como Temari temia, acabou virando algo mecânico: Entrar em casas ou lojas, matar zumbis, vasculhar, as vezes ir embora logo em seguida.

Às vezes conseguiam passar uma noite em alguma casa e conseguiam descansar um pouco melhor do que no carro, visto que era mais aberto e a vigília precisava ser constante. Quando se convenciam que o local era seguro o suficiente, se entregavam um para o outro, vivendo a intimidade daquela relação ainda sem nome que desenvolviam. Temari se sentia satisfeita, mesmo sem uma clareza sobre o que eram um para o outro. Ela se sentia cada dia mais apaixonada por ele, mais envolvida e isso fazia sobreviver mais fácil. Estar nos braços de Shikamaru e tê-lo para si ajudava a manter a sanidade, ajudava a pensar que tudo podia ser melhor, que podiam encontrar um local realmente seguro em Nara e que podia achar seus irmãos e Tenten no meio do caminho ou lá. Ela sentia a cada dia também que seus receios eram infundados: Shikamaru se mantinha o mesmo, um pouco mais protetor e um pouco mais carinhoso, tocando-a e beijando-a sempre que isso não comprometesse de alguma forma a segurança deles, mas era bom e não era exagerado. Temari não achou que poderia encontrar uma relação como aquela em sua vida, ainda mais quando o mundo era uma avenida de sonhos despedaçados, mas ali estavam eles: Lutando por um novo dia, por alimento, por sobrevivência e, mesmo assim, vivendo e não mais apenas existindo.

E nesse ritmo o inverno chegou, junto da neve, e os zumbis começaram a ficar mais lentos, assim como o progresso dela e de Shikamaru. Apreensivos que o carro não pudesse aguentar andar na neve nos dias mais frios e um tanto desesperados, se enfiaram em uma cidade a procura de abrigo e quase morreram. Tinha noites em que não podiam fazer nada além de se enrolar nos cobertores que tinham no carro no banco de trás, o mais próximo possível um do outro para se aquecer. Passaram quatro dias com uma roda do carro atolada na neve e, quando estavam cansados de passar frio e a comida estava começando a ser uma preocupação, uma loja de beira de estrada surgiu na frente deles.

Sabiam que podia ser uma enrascada tão ruim quanto a cidade em que quase morreram, mas resolveram arriscar e não se arrependeram: As prateleiras mais altas da loja estavam quase intocadas e conseguiram um bom estoque de comida, além de mais alguns suprimentos. Acharam uma sala num andar superior que era reforçada e, com um aquecedor a baterias e um pequeno estoque por ali, conseguiram passar as duas piores semanas do inverno aquecidos, alimentados e seguros.

Em uma noite onde tinham saído apenas para encontrar as portas da loja cobertas de neve quase até a altura da cintura e sem nenhum sinal de zumbis do lado de fora, fizeram amor no colchonete que estavam usando para dormir, aproveitando o calor do aquecedor e dos próprios corpos e os momentos de calmaria. Temari deitou-se no peito de Shikamaru, confortável e sonolenta, e escutou a respiração dele se regularizar enquanto o coração também diminuía a velocidade, até que ele disse:

— É natal.

Ela levantou um pouco a cabeça, o cabelo solto caiu sobre os olhos e ela os tirou da frente, o olhando.

— O que disse? — ela perguntou, sem saber se tinha entendido corretamente.

— Eu disse que é natal. — ele repetiu e Temari franziu o cenho.

— Como sabe? — perguntou, levantando uma sobrancelha.

— Tenho contado os dias desde que tudo começou. — Shikamaru confessou. — Faltava pouco tempo pro aniversário da Mirai quando saímos de Konoha e eu a distraia às vezes dessa forma e, mesmo depois que passou, eu continuei contando.

— Contando... Na cabeça? — ela perguntou divertida.

Ele revirou os olhos.

— Sim.

— E você tem certeza que hoje é natal? — continuou o questionando.

— Sim. — ele respondeu com um bufo — Duvida de mim?

— Não sei, você pode estar querendo ganhar um presente. — ela riu e o beijou de leve.

Ele riu, descrente, e acariciou cabelo dela. Ficaram alguns instantes em silêncio antes dele dizer:

— Posso pensar em um presente.

— Tá vendo? — ela perguntou — Você é um interesseiro, Nara!

— Problemática. — Shikamaru resmungou e se calou.

Ela revirou os olhos, impaciente.

— Diga logo o que você quer! — mandou.

— Você. — ele respondeu e sorriu maroto.

O coração de Temari falhou uma batida para aquela afirmação. Ela não se incomodava por não terem algo definido, apenas uma declaração antes de se entregarem ao desejo pela primeira vez, mas aquela única palavra que saiu pelos lábios de Shikamaru mudava muita coisa. Temari não sabia se tinha a conotação que ela achava que tinha e se sentia insegura, sem saber se devia perguntar ou fingir que entendeu. Queria responder que já era dele, mas também não sabia se era a melhor resposta para aquilo.

— O que quer dizer com isso? — ela murmurou, desviando um pouco o olhar, se sentindo repentinamente acanhada.

Ele segurou seu rosto com as duas mãos e a fez olhá-lo.

— Quero dizer exatamente o que eu disse. — Shikamaru respondeu — Quero que você seja minha. Minha namorada, minha mulher, esposa... Não sei como chamar isso exatamente. Estamos no meio do fim do mundo, não sabemos nem se existem outras pessoas vivas além de nós dois, por mais que seja dramático pensar dessa forma, e nem sei se um dia vamos encontrar algo, por mais que eu deseje e acredite do fundo do meu coração que Nara está de pé e que nossas famílias estão bem. Mas eu quero isso: Quero que seja claro o que nós temos aqui e que se voltarmos a viver um dia em uma sociedade ou algo do tipo, nós podemos usar um nome que caiba.

Temari piscou, sentindo-se emocionada e perdida ao mesmo tempo. Encarou os olhos que pareciam pedir uma resposta e riu como uma reação ao nervosismo que sentia.

— Uau! — ela exclamou — Você meio que me pediu pra namorar e casar na mesma frase.

Ele revirou os olhos e ela sentiu estupida com aquela fala descabida. Era inteligente, mas seu cérebro estava meio travado com o que Shikamaru tinha acabado de dizer.

— Que problemático, mulher! — ele exclamou — Eu estou falando sério, sabe?

Ela respirou fundo, tentando clarear a mente para tudo aquilo e decidiu dar a resposta por fim que tinha pensado no início, sem se importar com mais nada:

— Eu sei. — ela respondeu — Eu já sou sua. E você é meu. Não importa como vamos chamar isso, mas não me importo de dar um nome tão pouco.

Ele voltou a sorrir e a trouxe para um beijo apaixonado que fez o pequeno cômodo ficar ainda mais quente.

OoOoOoOoOoOoOo

A neve deu uma trégua, mas a temperatura continuou baixa. Foi com pesar que Shikamaru e Temari deixaram o refúgio para trás, mas não sem levar no carro uma grande quantidade de suprimentos. Ainda estavam preocupados com a questão da gasolina, mas pelo menos ainda tinham bateria no aquecedor portátil e comida o suficiente para não se preocuparem por algum tempo. Definiram a rota antes de sair e pegaram a estrada com Temari no volante e a atenção redobrada.

Conseguiram continuar por mais dois dias, tendo que desviar uma rota por conta de uma grande quantidade de corpos semicongelados andando na estrada, foi uma cena grotesca que Temari preferia não ver novamente, quando encheram o tanque até a metade com o último galão de gasolina.

— O que vamos fazer? — Temari perguntou, preocupada. Estava bem agasalhada e agradecia por isso, com uma touca, blusa e luvas, assim como Shikamaru, que fumava um cigarro.

Ele soltou a fumaça em um bufo. Encostou-se ao carro, pensativo. Temari sabia que não iriam muito longe com apenas aquilo de gasolina e a perspectiva de ela acabar bem num momento onde encontrassem uma horda.

— Não tem o que fazer. — ele respondeu — Temos que seguir e torcer para encontrarmos mais gasolina. Se não, vamos ter que continuar a pé.

A perspectiva de ter que seguir a pé não era boa. No carro avançavam mais rápido, além de terem uma proteção extra contra o frio e os mortos e poderem carregar mais coisas. Shikamaru estava preocupado e ela também, tendo um bom caminho ainda para percorrer até Nara. Temari suspirou, olhando em volta, atenta a qualquer coisa que pudesse estar espreitando e, quando não viu nada que pudesse ser uma ameaça, se aproximou de Shikamaru. Ele a olhou, sorriu e abriu os braços, ela se aproximou mais e ele a envolveu, fazendo se encostar nele. Depois de um tempo ali, começaram a escutar movimentos próximos que indicavam que precisavam ir.

Com a cabeça cheia, deixou que Shikamaru dirigisse enquanto ela examinava o mapa, pensando se podiam achar gasolina em algum dos postos que tinham sinalizados em umas estradas secundárias. Ao mesmo tempo em que parecia a única opção, também podia ser uma completa perda de tempo. Estava concentrada, pensando, mas um tranco do carro e ele desacelerando devagar até parar completamente a fez olhar para frente e depois para Shikamaru.

— O que foi isso? — ela perguntou, mas não teve resposta, olhou para frente, para onde Shikamaru olhava com cara de desgosto, e encontro o capo do carro começando a subir fumaça pelas suas laterais. — Ah, inferno! Isso é sério?

Shikamaru não respondeu. Ele parecia algo entre bravo e infeliz, saiu do carro sem dizer nada, batendo a porta. Temari nunca tinha presenciado uma atitude assim partindo dele e ficou ali no banco, encarando-o abrir o capo pelo vidro, mais fumaça saiu e sua visão foi comprometida. Ela se sentia um tanto espantada, mas saiu do carro também, um machadinho nas mãos além da pistola no coldre na perna. Ela foi para o lado de Shikamaru, mas não olhou o que ele fazia, atenta ao redor. Mecânica não era sua praia.

Demorou alguns minutos para que ela escutasse Shikamaru soltar um suspiro cansado e se virar, apoiando-se no carro.

— Não tenho ideia do que aconteceu. — ele admitiu, passando a mão no rosto, nervoso.

Ela sabia o que aquilo significava. Antes o que era uma possibilidade ainda um pouco distante, agora era um fato: Teriam que seguir a pé. Ainda estava frio, as noites congelantes e a perspectiva de passar elas ao relento era angustiante, mesmo que isso significasse que os mortos estavam mais lentos. Também havia o fato de estarem com um bom carregamento de suprimentos e nem em sonho conseguiriam carregar tudo nas costas. Ela suspirou, passando por ele de volta para o carro.

— Vamos separar o que dá pra levar e o que vamos ter que deixar para trás. — ela disse. — Logo vai escurecer também, podemos passar essa noite aqui e partir ao amanhecer. — Temari levantou os olhos quando não teve uma resposta e encontrou Shikamaru parado exatamente no mesmo lugar — Qual o problema?

Novamente, ele não respondeu. Temari franziu o cenho, achando o comportamento dele muito anormal. Ela voltou para perto dele, olhando em volta com atenção para não acabarem em uma situação ruim por conta de uma distração, e tocou no ombro dele. Shikamaru a olhou, os olhos castanhos estavam duros, mas amoleceram quando encontraram os dela.

— O que foi? — ela perguntou novamente, com paciência.

— É frustrante, Temari. — ele confessou por fim, abaixando o capo e sentando nele, suspirando. Ela sentou ao lado, encostando seu ombro no dele — Parece que o mundo não quer que eu chegue em Nara.

— O mundo não nos quer vivos amanhã de manhã, Shika. — ela respondeu com uma pontada de humor negro. — Mas todo dia a gente levanta e vive. Contrariar o universo é o que mais temos feito. E se levantamos todo dia para viver, não é ter que andar que vai fazer-nos desistir de chegar lá.

Ele a olhou, ela ofereceu um pequeno sorriso para ele e ele encostou de leve seus lábios nos dela. Separaram-se rápido, não querendo se distrair demais, mas Shikamaru não deixou de tocar o rosto dela onde sua mão tinha ido enquanto se beijavam.

— Você tem esperança? — ele perguntou.

— Você me ensinou a ter. — ela respondeu e beijou rapidamente os lábios dele novamente.

Shikamaru desencostou do capo e, puxando-a pela mão, foram para a parte de trás do carro. Começaram a separar tudo que conseguiriam levar sem sobrecarregar demais, alimentos e água eram prioridade, mas também precisavam se manter quentes. Quando estava tudo pronto, o sol já descia no horizonte, alaranjado. Entraram no carro para dormir aquecidos pelo aquecedor portátil uma última vez, olhando o mapa para traçar uma rota que parecesse ser segura, à luz da lanterna.

— Depois dessa lagoa... — Shikamaru apontou no mapa um extenso corpo d’água que ia até o fim dele. — Não vou precisar mais de um mapa. Nara é logo depois.

Temari sorriu.

— Mil e quatrocentos quilômetros. — ela disse e riu — Estou rindo, mas é de nervoso.

Shikamaru riu com a fala dela e a beijou de leve. Estavam no banco de trás, aproveitando o calor um do outro. Mesmo com tudo dando errado, mesmo com o mundo acabando, mesmo que tivesse que percorrer um caminho difícil e sem saber o que tinha no final e, se havia só segurança ou só desilusão, mesmo sem saber com certeza que seus irmãos estavam vivos, Shikamaru a tinha ensinado a ter fé.

E com essa fé, essa esperança, eles venceriam aquela avenida de sonhos despedaçados, não importa como.


Notas Finais


Chegamos ao fim com esse final totalmente aberto!
Eu espero que vocês tenham gostado de verdade dessa shorts fics! Eu amei escrever isso! Eu amei misturar ShikaTema e apocalipse zumbi e e já deixo avisado que a probabilidade de eu lançar uma long como tema é muito grande <3

E com isso encerramos essa aventura! Beijos e deixem comentários por favor!


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