História Boy In Luv - Capítulo 3

Depois da confusão entre Sun Hee e Clara, todos os alunos decidiram colaborar com o professor mantendo-se em silencio para prestarem atenção na explicação da mateira. Porem, nada impediu certos olhares, uns destilando rancor, provocação, e outros significando certo interesse e fascínio, ou algo indecifrável. Até que o sinal indicando o intervalo do almoço toca e os alunos arrumam suas coisas para irem ao refeitório.

Clara apesar de faminta acaba arrumando suas coisas de maneira lenta, quanto Bia se apressa indo até sua irmã. Sun Hee encara sua nova rival antes de sair da sala, mas não fala nada somente se limita em sair para o almoço com suas seguidoras em seu encalço.

Jin e seus amigos também saíram da sala, mas dessa vez ninguém tentou olhar as estrangeiras,somente se apressando em ir para o refeitório.

Sem mais ninguém na sala, Clara se levanta já colocando sua mochila no ombro.

-Não precisa levar a mochila. – disse Bia se postando ao seu lado. – Vejam! Ninguém levou nada.

Clara olha a sua volta percebendo que sua irmã estava certa, então recolocou a mochila em cima da cadeira abrindo a mesma e pegando sua carteira com o dinheiro do almoço.

-Não deveria ter feito o que fez. – Bia voltou a quebrar o silencio fazendo Clara  olhá-la com a expressão de tenha dó. – Foi arriscado.

-Credo Bia! Você fala como se eu tivesse feito algo terrível... Mas seja como for, você me conhece, sabe que jamais iria abaixar a cabeça para aquele aborto de Satanás. Além do mais, tudo deu certo, porque aquele lindinho coreano me defendeu. – Clara sorri não escondendo ter achando Jin bonito.

Bia abre a boca para rebater, mas uma voz que não pertencia ela ou sua irmã soou próximo a elas.

-Se eu fosse você não criaria esperanças pelo lindinho coreano. – Tanto Clara e Bia olham para trás rapidamente vendo uma garota que apesar de seus olhos coberto por óculos de grau e seus cabelos presos em um rabo de cavalo desajeitado num estilo moderno, era bem bonita. Porem o que deixou as irmãs surpresas foi o fato de constatar que a garota não era como as demais da escola, e sim estrangeira como elas.

-Espere... – Clara fala deixando a surpresa inicial de lado vendo a garota se aproximar dela e de Bia. – Onde é que você estava que não te vimos? Sem ofensas!

A garota sorri divertida, logo respondendo.

-Estava bem aqui nesse sala. Especificadamente sentada bem ali naquele canto... – apontou para o lugar próximo a janela quase no final da sala.

Clara e Bia franziram a testa encarando uma outra antes de voltarem a olhar para outra estrangeira.

-Eu juro, juro mesmo que assim que entrei nessa sala olhei a todos, mas não sei como não te reparei. – Bia confessou ainda chocada e Clara assente com a cabeça em concordância.

-Vamos observar por esse angulo... Está claro que estavam nervosas por ser o primeiro dia de aula de vocês. Já fui como vocês, e por mais que seja óbvio, não enxergamos um palmo diante de nosso nariz quando estamos nervosas.

-Uau! Pior que é verdade – Clara concordou. – Mas diga... De onde você é? Quer dizer, você é brasileira como nos duas? Até que fala português bem fluente...

 -Como se chama? – Bia logo perguntou curiosa sem deixar que a garota respondesse primeiro as perguntas de sua irmã. – Meu nome é Beatriz, mas pode me chamar de Bia, e essa é minha irmã Clara.

-Prazer Bia e Clara, me chamo Emília de Castilho, mas pode me chamar de Emi. Sou da Espanha, mas como meu pai é diplomata, acabei por morar alguns anos no Brasil, até que mais uma vez tive que me mudar, só que dessa vez para Coreia.

-Puxa... Mesmo sim ainda consegue falar português super bem. – Clara comenta admirada. – E quanto tempo estar morando aqui na Coreia, Emi?

-Três anos. E por conta dessas mudanças estava afetando nos meus estudos, meu pai acabou decidindo ficar fixo na Coreia até pelo menos eu terminar o colegial. 

-Isso é barra né? – Bia disse imaginando se seus pais fossem diplomatas ao invés de médicos, pois se já foi ruim abandonar tudo para morar em outro país desconhecido, imagine ficar se mudando de ano em ano para um país diferente como aconteceu com Emília.

-Sim é horrível. Mas agora estou bem...

Clara observa incerteza nas palavras de Emília, e como nunca foi de ficar na sua resolveu questionar.

-Emi..., você não me parece bem apesar de tudo. O que se passa?

-Clara não seja enxerida. – Bia a repreende, mas Clara que dar de ombro.

-Não... Tudo bem. Clara está certa. – Emília afirma. – Não é que tenha algo ruim acontecendo, mas já esteve pior.

Bia e Clara voltam a franzir a testa se entre olhando rapidamente e voltando a encara-la.

-Como assim pior? – Bia perguntou curiosa.

Emília solta um suspiro começando a caminhar em direção a saída da sala e tendo as duas lhe seguindo enquanto começava a responde.

-No começo quando tentei fazer amizade não foi como esperava. O pessoal da escola me tratavam com certo racismo por conta de ser bem mais morena...

-Espere, você sofreu bullying?- Clara perguntou com seus olhos arregalados.

-Sim e não. Na verdade escutava algumas piadinhas, mas já passou e hoje sou somente ignorada, então resolvi abraçar a causa me mantendo no escuro. Por isso não me notaram. – brincou mesmo vendo Clara negar com a cabeça.

-Pode parando. Como você disse, estávamos nervosas e seria impossível reparar em você, ainda mais sentada quase no fundão da sala. Veja por exemplo! O Lindinho coreano, eu não tinha reparado nele e só o vi quando ele me defendeu.

Emília morde seu lábio inferior, mas não poderia rebater quando sabia que o argumento de Clara tem coerência.

-Tudo bem. Tem razão.

-Temos sim... – Bia afirmou sorrindo e acrescentando. – Mas a partir de agora não precisa se esconder. Pode ficar conosco, ser nossa amiga. Se quiser é claro...

-A menos que seja uma espiã seguidora de Satã. – Clara falou deixando Emília confusa a encarando com a testa franzida.

-Satã? Eu não curto essas coisas...

Clara nega.

-Não to falando disso... To falando de você ser uma das amiguinhas da Sun sei lá o que. – Emília sorri entendendo onde a morena queria chegar.

-Eu amiga de Sun Hee?

-Exatamente. Sun Hee Satã, aborto de Satanás... – Clara confirma torcendo o nariz em nojo ao mesmo tempo em que fez um sinal da cruz causando em Emília uma sonora gargalhada divertida.

-Não se preocupe. Não sou amiga dela e nunca pretendi ser, muito menos sua seguidora. Além do mais, Sun Hee fez o mesmo comigo o que tentou fazer com você, só que como eu não tinha coragem de enfrentá-la igual... E por sinal, você mandou bem... – Emília mostra o quanto amou ver Sun Hee ser posta em seu lugar por Clara.

-Pois é, Sun Hee se meteu com a pior barraqueira do Brasil. – Bia brincou fazendo Clara rolar os olhos.

-Não exagere, tá bom? Eu só não ia abaixar a cabeça pra uma chata como essa garota. Se não aturei piores que ela, porque faria agora? Sem chance.

-Sim, mas apesar de tudo você conseguiu arrumar uma inimiga que já deixou claro que não vai deixar barato. – Emília disse observando aquele fato.

Clara bufa em desdem.

-Não importa quantas vezes aquele encosto tentar não deixar barato, porque estarei lá pra aumentar mais meu debito com ela.  Só que mudando de assunto... – Clara olha para Emília com uma sobrancelha erguida, lembrando de algo... -  O que você quis dizer quando falou para eu não ter esperanças com aquele lindinho que me defendeu?

Emília pondera sobre como responder, mas não hesita em falar.

-Disse porque Jin apesar de ser um dos caras lindos dessa escola e que faz parte do grupo popular, ele tem uma namorada que é tão linda e cruel quanto a Sun Hee.

Clara fica seria, mas não esconde sua curiosidade.

-Ela é dessa mesma classe? Da escola?

-Da escola sim, mas está no terceiro ano. A Sook é um tipo prodígio daqui, apesar de ter a mesma idade que Jin. Mas não é só o fato dele namora-la que deva desistir.

-Não? Tem mais coisas? Tipo o que? – Bia quem pergunta também curiosa apesar do alerta ser para sua irmã, mas por dentro queria que aquela informação chegasse sobre algo do tal garoto de cabelos cinzas que lhe encantou apesar de seu olhar serio para ela.

-Bom, o Jin como já disse faz parte do grupo popular da escola, e digamos que nunca vi nenhum deles namorar ou ficar com alguma garota estrangeira. O irmão dele, Jungkook, é o mais popular entre as garotas, mesmo que não seja um amor de pessoas...

-Espera! – Clara a interrompeu confusa. – Cê tá dizendo que as garotas daqui curtem serem mulher de malandro?

Emília afirma.

-É... quase isso. Jungkook não sai batendo em nenhuma garota, mas ele meio que é estupido quando alguma delas se torna muito grudentas. Sun Hee é tipo uma ficante dele, quase namorada. Só que para infelicidade dela o Jungkook não gosta de rótulos e tão pouco se prender a um namoro, então quando Sun Hee se comporta como se eles fossem namorados, ele não importa se possam está na frente de seus amigos ou da escola toda, e acaba dando um fora nela de maneira humilhante. Tem momento que até tenho pena dela, porque vejo o quanto gosta dele, mas Jungkook é como é, e mesmo assim todas aceitam seu jeito e se iludem com sua beleza, postura cafajeste, seu jeito safado de sorrir... – a espanhola não consegue evitar que seus olhos brilhassem ao descrever o que faz Jungkook ser tão irresistível.

Clara e Bia se entre olham percebendo que Emília não é tão imune aos encantos do coreano.

-Vejo que nem você pode escapar desa paixão platônica por Jungkook. – Bia comenta com um sorriso divertido.

Emília pisca seus olhos percebendo que havia falado demais.

-Er... eu.. Não...

-Ei! – Clara a interrompeu colocando sua mão no ombro direito da garota a tranquilizando. – Não precisa negar sua paixão por Jungkook pra gente. Não vamos te criticar que se sinta atraída por ele. Eu ainda não sei quem ele é, e nem reparei, só no Jin que parece um príncipe coreano... E sendo irmãos, não duvido que Jungkook seja tão lindo quanto...

Emília dar de ombro apesar de seu olhar triste e resignado.

-Tanto faz. Gostando ou não, Jungkook jamais irá querer algo comigo, a menos pra me humilhar que nem acontece nesses filmes americanos. O cara popular do nada chama a feiosa pro baile, e lá a humilha diante de todos.

-Nossa, mas esse cara é tão babaca assim a ponto de fazer uma coisa dessa? – Clara perguntou chocada, apesar de saber que tem garotos que quando querem ser cruéis capricham em seu desempenho maldoso.

Emília encolhe seus ombros percebendo que talvez tenha exagerado em sua concepção.

-Esquece o que disse... Jungkook tem seus defeitos, mas nunca o vi fazer uma coisa dessa com alguma garota, seja da escola ou não, nem mesmo seus amigos...

-E sem contar que... – Bia fala acrescentando seu ponto de vista sobre tudo o que Emília acabou de conta-las. - Se Jungkook é esse poço de arrogância e prepotência, mas até hoje não fez nada contra você, porque faria agora?

-Isso é verdade. - Clara concorda, mas logo retorna o assunto chamado “Jin”. – Mas voltando ao Jin... Ele é igual ao irmão?...

Emília nega.

-Aparentemente não. Na verdade a maioria dos rapazes do grupo tem seu jeito simpático, mas não são ao estremo como o Jungkook. Só que da mesma forma como ele, até hoje nunca os vi saírem com alguma garota que não fosse coreana nata. E mesmo quando muitos soltavam piadas racistas pra mim, eles agiam como se eu nem existisse, e ainda fazem...

Clara não sabia o que dizer diante daquele fato, mas ainda sim, sua mente questionava do porque dela sendo uma estrangeira como Emília, Jin a defendeu quando poderia ignora-la como os demais amigos que só observaram tudo sem se manifestar.

-Agora... – Emília voltou a dizer atraindo o olhar de Clara e Bia. – Jin realmente fez algo por você hoje que nem eu mesmo esperava. Ele nunca foi de dar a cara a tapa pra defender alguém que ele não conheça, muito menos uma estrangeira.

-E isso me faz ser especial? – Clara falou com um sorriso otimista em seus lábios, mas Emília analisa a pergunta levando a serio aquele mero detalhe antes de responder.

-Não sei... Mas no seu lugar eu tomaria cuidado, e não me deixaria iludir... Jin pode ser diferente do seu irmão no caráter, mas não significa que seja incapaz de magoar alguém. E não esquecendo que ele tem uma namorada que seria uma inimiga muito pior que Sun Hee.

Falando isso Emília segue para fora da sala sendo acompanhada por Bia. Clara sente sua testa franzir diante daquele alerta da nova amiga, não tinha medo de nenhuma garota popular metida a poderosa, mas em hipótese alguma desejaria ser alvo de piada de um garoto e muito menos deixa-lo pisar em seu coração, ainda que esse garoto tenha sido a causa do seu coração falhar uma batida e engolir em seco somente por conta de seu olhar...