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História Boy Problem - Accidentally Or Not...


Escrita por: ROCKETTQUEENN

Notas do Autor


Oii, e sério eu iria postar esse capítulo só no dia 18, mas tudo bem...
Bom, a ansiedade foi maior rsrsrs.
Mesmo com o braço doendo eu consegui colocar mais um capítulo.
E essa nova capa maravilhosa, já sabem de quem é né...... Da maravilhosa da @Kaizzz que sempre é uma amiga talentosa e incrível.
E eu espero que vocês realmente gostem, não se esqueçam de comentarem.
Beijos♡︎♡︎♡︎♡︎

Boa leitura 🍃

Capítulo 18 - Accidentally Or Not...


Fanfic / Fanfiction Boy Problem - Accidentally Or Not...

June, 1980

Jefferson High School


Felizmente o dia havia amanhecido quente e permanecido desta maneira, com um belo sol, deixando Sophie de bom humor. Pela primeira vez naquele mês havia sol, e pela primeira vez no mês, sua mãe também estaria ali. Talvez alguns problemas fossem finalmente resolvidos, ou não. Entretanto, Sophie poderia sentir que havia algo mudado. Definitivamente uma parte sua havia amadurecido, provavelmente pela verdade arrebatadora sobre seu pai. 



Sophie levantou-se preguiçosamente de sua cama, e então seguiu para o banheiro. Trocando seu pijama largo, por uma camiseta preta de mangas compridas e com um decote pequeno. Em seguida, vestiu uma saia xadrez plissada, juntamente da bota Over preta. E sem muita pressa, passou um pouco de maquiagem e endireitou os cabelos. Saindo do cômodo.



Com cautela, Sophie percebeu que quase não havia movimento ao longo dos corredores e muito menos no pátio. Sua mãe disse que chegaria por volta das 9 horas da manhã, e mais uma vez Sophie verificou seu relógio de pulso, 9:05. E então, encostou-se no muro da Jefferson, enquanto acendia um cigarro. Durante algumas tragadas, um carro vermelho aproximou-se dela, parando em sua frente. 



Sophie expeliu a fumaça tediosamente, esperando que a pessoa do carro se identificasse. E como esperado, o vidro do motorista abaixou-se, revelando sua mãe. Definitivamente deixando-a surpresa, o carro de sua mãe era vermelho, mas não era aquele carro.



– Roubou o carro? – ironizou, aproximando-se da janela.



A Senhora Bennett rolou as orbes, rindo internamente da piada de Sophie.



– Desculpe, mas meu nome não é Sophie Bennett – rebateu-a.



Sophie demonstrou uma careta, como se realmente houvesse sido atingida pelo comentário.



Touché – jogou o cigarro na rua. – Agora estou sendo sincera, onde arranjou o carro?



– Depois te conto, vamos em algum lugar. Estou morrendo de fome – desviou mais uma vez do assunto, deixando o suspense no ar.



Uma linha de expressão surgiu entre as sobrancelhas de Sophie, definitivamente nada estava-lhe cheirando bem. Entretanto, deu de ombros e seguiu para o outro lado do carro, abrindo a porta e sentando-se no banco do passageiro. 



– Podemos ir no Casey's, se você quiser – sugeriu, e sua mãe sorriu.



– Qualquer lugar que tenha comida está de bom tamanho – respondeu com um sorriso, demonstrando que a viagem havia sido longa para ela estar morta de fome.



Dando partida no carro, ambas seguiram o caminho em silêncio. Apenas escutando as músicas tocando no rádio, definitivamente elas teriam muito do que conversar em breve, poderiam poupar um pouco disso agora. Sem muitas distâncias entre as ruas de Lafayette, não demorou nem 10 minutos para ambas chegarem ao Casey's. 



Ao estacionar o carro, Sophie entrou no estabelecimento primeiro, inspecionando onde sentaria. E então, escolheu sentar-se ao lado da janela. Sentiu o acolchoado laranja dos bancos, e confortou-se no encosto estofado. Observando quando sua mãe aproximou-se da mesa, sentando-se ao lado da janela, ficando na frente de Sophie. 



Havia uma certa camada de tensão no ar. Ambas estavam prontas para qualquer confissão, o que seria muito mais fácil desse modo. E finalmente, após tantos anos, Sophie queria ter uma reconciliação com sua mãe. Não seria certo insistir em uma guerra pela qual a Senhora Bennett não possui culpa.



– Quer me contar algo? – começou, encarando Sophie. – Sobre seu pai?



Sophie suspirou, e então mirou os olhos em sua mãe.



– Eu sinto muito por ter sido rude com você durante todos esses anos, eu definitivamente estava errada sobre tudo. Talvez eu estivesse cega, pensando que meu pai poderia ser uma boa pessoa, para bem no final, perceber que acabei inventando alguém que não existe – soou com franqueza.


 

Sua mãe deixou um pequeno sorriso de canto à mostra, finalmente Sophie havia descoberto a verdade.

 


– Todos nós erramos, mas a culpa foi minha por nunca ter te contado a verdade sobre ele – assumiu, e Sophie negou com a cabeça.



– Por quê você nunca me contou nada? Não é como se pudesse esconder a verdade para sempre.



Senhora Bennett suspirou pesadamente, não era como se ela não soubesse disso. Porém, ocultar aquilo de Sophie fora apenas para protegê-la de qualquer sofrimento. Quanto mais ela soubesse sobre o seu pai, pior seria.



– Sabia que se contasse para você a verdade, você negaria e iria querer ir atrás dele tirar satisfações. Quando me telefonaram dizendo que você iria para uma excursão em Los Angeles, sabia que você o encontraria – declarou, encarando o garçom aproximando-se da mesa.



Sophie aguardou sua mãe pedir um café, e ela apenas pediu uma porção de batatas fritas. E assim que o garçom afastou-se de ambas, Sophie encarou sua mãe, um tanto quanto desconfiada.



– Se sabia que eu encontraria ele, por que me deixou ir? – estava cética.



Sua mãe deu de ombros.



– Porque você poderia ver com os seus próprios olhos a verdade, então não poderia gritar na minha cara que eu estava mentindo – comentou, e então cruzou os braços. – E você? Conheceu a mulher dele?



Sophie suspirou, observando o vidro quente ao seu lado direito.



– Sim, o nome dela é Liz. E aparentemente eu tenho um meio-irmão, Luke – lembrou-se do nome de ambos. – Você sabia disso há muito tempo, não sabia?



O garçom colocou os pedidos em cima da mesa, e sua mãe apenas bebeu um gole de café.



– Caso você não tenha entendido, seu pai me traiu com Liz. Ela era uma das minhas amigas – confessou, e então fez uma pausa. – Mas não sabia que ele tinha um filho com ela, você deve ter ficado em choque, não é?



Sophie encarou seu prato com batatas fritas, sem saber ao certo o que dizer. Conhecer a família de seu pai havia sido um verdadeiro balde de água fria, nunca havia sentido tantos sentimentos melancólicos em uma única noite como sentiu naquela noite de verão em Los Angeles. 



– Claro, fazia 8 anos desde que eu o vi. E quando o encontro, ele tem uma mulher e um filho – declarou, ainda desacreditada. 



Sua mãe encarou o vidro, percebendo que prosseguir naquele assunto não seria a melhor decisão. E então, resolveu mudar de assunto.



– E você, achou algum garoto dessa cidade interessante? – indagou, bebendo outro gole de café. – Aposto que os acha caipiras demais.



Sophie sorriu maliciosamente, era bom saber que ainda conseguia surpreender sua mãe. No início, ela pensou isso mesmo. Mas, por sorte, Axl e Izzy estavam ali para lembrar-lhe de que estava completamente errada.



– Para falar a verdade, tem 4 garotos bastante interessantes nessa cidade – contou, comendo uma batata.



Com a sobrancelha arqueada, sua mãe sorriu descrente. 



– E não vai me descrever como eles são? 



Sophie deu de ombros, não havia muito o que dizer. Todos possuíam o mesmo traço pelo qual sua mãe detestava; eram delinquentes.



– Bem… tem o Axl, e antes que pergunte, o nome dele é William, mas ele prefere Axl. Ele tem olhos azuis e cabelos ruivos, é maravilhoso e inteligente, porém tem um gênio complicado. É o tipo de cara que consegue fazer você andar na corda bamba – ditou, sorrindo calmamente.



Sua mãe cruzou os braços, nenhum pouco surpresa com a declaração.



– Não é muito difícil perceber que ele parece ser um garoto problema, com certeza foi esse o que você mais gostou, não é? – debochou.



Sophie negou com um sorriso dócil, Axl até poderia ser problemático, mas estava bem longe de ser o “seu garoto problema”.



– Na verdade, não. O meu garoto problema é o Jeffrey. Ele é extremamente complicado, com certeza ele foi o primeiro que me chamou a atenção. Ele tem o cabelo bem preto, e tem os olhos castanhos esverdeados mais lindos que já vi. Toca guitarra que nem eu e um pouco de bateria, ele é realmente talentoso. Mas simplesmente não consigo descrever a sensação que sinto quando estou perto dele, mas sei que é algo que nunca senti antes – soou calma, falar o nome de Izzy estava-lhe acalmando ultimamente.



Senhora Bennett analisou o sorriso bobo de Sophie, notando a divergência na voz dela ao descrever Jeffrey.



– Vejo que alguém está apaixonada – deixou a provocação no ar, fazendo Sophie mirá-la.



Ela negou sutilmente.



– Não seja boba, eu apenas acho ele bonito – desconversou, e sua mãe sorriu ainda mais.



– Foi ele que te deu isso? – questionou, encarando o pingente de Sophie.



Sophie desceu o olhar, observando o pingente com uma pequena pedra verde. Logo, segurando-o com uma mão.



– Sim, acho que enfim conseguimos um pouco de paz em meio a um furacão – murmurou, ainda pensativa.



– Sabe, não vejo problema algum em você assumir que sente algo por ele, ou por qualquer outra pessoa. Você parece muito mais alegre e madura desde a última vez em que vi você, e isso me deixa muito aliviada – afirmou, sorrindo.



Sophie segurou levemente a respiração por uma fração de segundos, não contaria para sua mãe sobre as suas dores de cabeça. Se nem mesmo Kate sabia sobre o ocorrido, não era necessário contar isso à sua mãe. Ainda mais agora, que ainda havia uma pendência a ser resolvida.



– Mãe, preciso te contar uma coisa – resolveu pronunciar-se, chamando a atenção de sua mãe.



Sua mãe respirou fundo, sabendo que nada de bom sairia.



– Ah não, Sophie. Odeio quando faz isso. Da última vez que você começou com essa frase, você foi presa – argumentou.



Sophie a olhou, com um pequeno sorriso.



– Dessa vez eu não fui presa – disse, fazendo sua mãe soltar um suspiro de alívio. – Apenas fichada.



O suspiro de alívio logo tornou-se em uma face furiosa.



– Você está brincando comigo, certo? – indagou, cética.



Sophie bufou, cruzando os braços.



– Dessa vez não estou brincando, realmente fui fichada. Mas a culpa não foi minha. Axl se envolveu em uma confusão na estação de metrô, e acabamos sendo levados junto com ele. Apenas nos ficharam, nada demais – respondeu, tentando explicar-se.



Sua mãe entreabriu os lábios, definitivamente chocada com a declaração de Sophie.



– Nada demais? Ah, é. Esqueci que isso virou uma rotina para você – alterou levemente o tom de voz. – Como você foi fichada e ninguém me telefonou?



Sophie observou que algumas pessoas do local estavam prestando atenção nelas, e então mirou firmemente sua mãe.



– Será que você pode falar um pouco mais baixo, aqui não é igual à Califórnia. Todas as pessoas vão fofocas isso aqui – Sophie sussurrou levemente irritada. – E se quer saber o porquê de não terem te ligado, meu pai que assinou os papéis.



Senhora Bennett encarou Sophie, analisando completamente a face solene de Sophie. 



– Você ligou para ele e não para mim? – questionou descrente. – Por que fez isso?



Sophie a encarou surpresa.



– Acha mesmo que eu iria ligar para ele? Não foi como se eu tivesse escolha, eles apenas verificaram que ele era o responsável mais próximo, por isso – respondeu.



Ainda desacreditada, sua mãe negou com a cabeça.



– Por que só agora você resolveu me contar? – questionou aflita. – Por que não me contou por telefone?

 


Sophie suspirou.



– Porque essa é a primeira vez que te vejo desde que você me colocou nessa cidade, não queria estragar esse momento. Entendo que falar sobre o meu pai ainda te deixa muito mal – ditou, encarando-a.



Sua mãe encarou-lhe, não sabendo ao certo o que dizer.



– Sinto muito pela forma como falei com você, mas quando se trata do seu pai, tudo muda – disse, com a respiração profunda.



Sophie assentiu em silêncio.



– Não precisa se desculpar, não queria a ajuda dele. Mas ele me ajudou muito, e também ajudou muito os meus amigos – contou.



Senhora Bennett escolheu o silêncio, afinal, sabia que não adiantaria remediar a situação. O sentimento de impotência lhe dominou, a fazendo sentir-se ainda pior. Queria poder ter ajudado Sophie, esse era o seu papel durante todo aquele tempo. Sophie percebeu uma certa tensão no rosto de sua mãe, queria acabar com aquele clima pesado.


 

– Você vai sair hoje? – interrogou, mudando o assunto.



Sophie suspirou, não adiantaria tentar voltar àquele assunto, seria pior ainda.



– Talvez, por quê? – demandou, curiosa.



– Por nada, você sabe que não posso ficar aqui por muito tempo – declarou, deixando Sophie surpresa.



– Pensei que fosse ficar mais tempo… você mal chegou – disse, entristecida.



Sua mãe suspirou, também decepcionada. No entanto, pegou a chave do carro e entregou-a para Sophie. 



– Queria ficar mais tempo, mas infelizmente a Califórnia ainda existe. E tenho muitas coisas para resolver. Sinto muito – levantou-se, acariciando os cabelos dela. – E se quer saber, esse carro é seu. Dirija com cuidado.



Sem dar mais explicações, sua mãe deixou o dinheiro em cima da mesa, junto de uma boa gorjeta. Sophie suspirou, observando sua mãe afastando-se do estabelecimento. E então, percebeu o momento em que um táxi a pegou, ela provavelmente voltaria para casa de trem. 



Em sequência, Sophie notou gotas de chuva pingando sobre o vidro do Casey's. Fazendo-a respirar fundo e segurar mais uma vez o colar que Izzy havia lhe dado. E então, mirou seu novo carro vermelho.


                     

♧︎︎︎ ♧︎︎︎ ♧︎︎︎



Sophie seguiu o caminho de volta para a Jefferson, sentindo-se curiosa com tudo o que havia ocorrido. Era engraçado o fato de sua mãe ter lhe presenteado com um carro, principalmente pelo fato de não ter carteira de motorista. Contudo, não seria em Indiana que ela seria pega por estar dirigindo sem uma habilitação, caipiras faziam isso o tempo todo.



Logo que aproximou-se dos muros da JHS, ela estacionou o carro em uma das vagas. E após travar o carro, seguiu para a sua aula de história. Estava levemente atrasada, entretanto o professor deixou que ela entrasse. Sophie sentou-se ao lado de Izzy, e ele sorriu levemente, aproximando-se da orelha dela.



– Por que se atrasou? – sussurrou, assim mirando-a.



Sophie deu de ombros, encarando o quadro na esperança de compreender do que tratava-se o tema da aula.



– Minha mãe veio me visitar, finalmente conseguimos ter uma conversa civilizada. E adivinha só… – deixou o suspense no ar. – Ela me deu um carro.



Sophie mostrou a chave presa em seu dedo anelar, e Izzy deixou um belo sorriso no rosto.



– Que bom, caso você perca as suas chaves no banco de trás – aproximou ainda mais do pescoço dela. – Podemos procurar juntos por ela. 



Os lábios de Sophie se entreabriram em surpresa, Izzy era realmente um canalha.



– Idiota – murmurou, revirando os olhos.



Izzy continuou sorrindo, e em seguida, passou o braço em volta do ombro dela, deixando-a aconchegada. E sem que ambos percebessem, o sinal ressoou. Izzy despediu-se de Sophie, depositando um beijo nela e seguindo em um dos cantos do pátio. Provável que fosse jogar cartas com Axl. 



Enquanto Sophie, apenas procurou Kate pelo refeitório, o que tornou-se uma tarefa difícil considerando a quantidade de pessoas que encontravam-se ali. Como a chuva havia ocorrido na parte da manhã, agora o sol estava fervendo a todo vapor. As pessoas queriam esconder-se dele, ou seja, sem lugar para sentar dentro da cantina. Logo que pegou sua comida, dirigiu-se para fora, observando Blondie e Kate sentadas em uma mesa.

        

     

E com um movimento sutil, sentou-se ao lado de ambas. Blondie encontrava-se bela como sempre, com seus cabelos negros e os seus olhos verdes cativantes. Enquanto Kate mantinha-se um pouco mais reclusa em seu canto, deixando a brisa calma bater em seus cabelos loiros. 



– Hoje vai ter uma festa na casa da minha amiga, Diana – Blondie comentou, com um sorriso. 



Sophie sorriu alegremente. 



– Sério? Com certeza nós vamos, não é, Kate? – questionou, encarando-a.



Kate parou de encarar sua comida, e então elevou o olhar para mirar os olhos de Sophie. Um tanto quanto surpresa.



– Hoje? Que horas? – indagou, e Blondie deu de ombros.



– Umas 21 horas, por que? Tem algum compromisso? 



Kate pareceu levemente indiferente, contudo era visível que havia algo a incomodando.



– Não, mas não pensei que teria mais uma festa. Esse ano está cheio de festas – comentou, encarando sua comida.



Sophie deu de ombros.



– Estamos no último ano, as pessoas apenas querem aproveitar. E acho que você também deveria – argumentou, encarando-a.



Kate deu de ombros, e prosseguiu encarando sua comida. E então, Sophie resolveu deixá-la quieta, observando tudo ao seu redor, assim parando os olhos sobre Axl e Izzy. Ambos encontravam-se jogando cartas em um canto, provavelmente baralho. Contudo, a atenção de Sophie fora desviada para outro ângulo, encarando Jane aproximando-se irritada. Isso rendeu uma revirada de olhos de Sophie, ela sabia muito bem que Jane apenas queria confusão. Dessa forma, Sophie ignorou-a, voltando para o seu suco.



– Tira essa colar, agora – ordenou, encarando firmemente Sophie.



O restante das pessoas encararam a cena, curiosos para compreender a situação. No entanto, Sophie apenas deixou um sorriso irônico nos lábios, percebendo o quão baixo encontrava-se o nível de Jane.



– Desculpe, o que disse? – fingiu-se de desentendida, debochando da cena.



Jane irritou-se ainda mais com o tom irônico dela, e então aproximou-se perigosamente de Sophie, que ainda estava sentada.



– Esse colar não é seu, eu quero que tire ele agora – avisou novamente, apontando o dedo na face de Sophie.



Sophie estalou a língua no céu da boca, e então levantou-se para encarar Jane cara a cara.



– Que eu saiba, esse colar nunca foi seu. Então não acho que você tenha autoridade para me fazer tirar ele – rebateu-a.



Com os nervos à flor da pele, Jane sentiu seu corpo ferver. Desacreditada de toda aquela ironia vinda de Sophie.



– Jeffrey é meu namorado, era para esse colar ser meu – disse, totalmente amargurada.



Sophie revirou os olhos, cansada de todos aqueles olhares sobre ambas.



– Se esse é o problema, por que não fala com o seu namorado? Ele está bem ali – apontou para Izzy.



Algumas pessoas encararam o pequeno grupo de Izzy, assim fazendo ele e Axl notarem que havia algo de errado.



– Bem, ele deve ter tido um ótimo motivo para ter me dado, não é? – provocou-a, brincando ainda mais com a situação.



Totalmente desgastada pelas provocações, Jane avançou sobre Sophie, e sem nenhum aviso prévio, tentou agarrar o colar de Sophie. Entretanto, Sophie conseguiu desviar da ação de Jane, assim agarrando o pulso dela e empurrando-a em direção a uma mesa. Ela não queria arranjar confusões com a direção, ainda mais depois do fichamento em Los Angeles.



– Não quero brigar com você Jane, pare de ser tão criança – respondeu, querendo sair do refeitório.



Contudo, Jane ficou novamente em seu caminho.



– Você não vai sair daqui.



E rapidamente, às mãos de Jane afundaram entre os cabelos de Sophie, puxando-os para trás. Sophie grunhiu de dor, assim tentando retirar as mãos de Jane de seu cabelo. Sophie conseguiu acertar seu cotovelo na face de Jane, fazendo-a se afastar com a dor em seu nariz. Logo que virou-se para encarar Jane, Sophie percebeu que ela encontrava-se parada, com a mão sobre o nariz, agora sangrento. 



Ela não prosseguiria com aquela intriga, não daria esse gosto para Jane. E então, Sophie deu um passo na direção de Jane.



– Pense duas vezes antes de tentar algo contra mim, ou eu juro que aquela ameaça de homicídio se tornará realidade, vadia – deu o ultimato, e retirou-se do local.



Sophie seguiu para o banheiro feminino, logo percebendo no espelho o estrago que Jane havia feito em seu cabelo. De alguma forma, tentou arrumar seu cabelo com um pouco de água, e assim assustou-se quando percebeu a presença de Izzy.



– O que faz aqui? É o banheiro feminino – encarou-o descrente.



Izzy pareceu indiferente, e aproximou-se de Sophie, acariciando o cabelo dela.



– O que houve? Por que você e Jane estavam brigando? – questionou, tentando entender.



Sophie soltou um suspiro, e então cruzou os braços.



– Jane simplesmente surtou por causa desse colar que você me deu, ela tentou arrancar ele à força. Por sorte eu consegui me controlar e não perdi o controle – comentou.



Izzy sorriu de canto, tocando carinhosamente os cabelos de Sophie. Sabia bem que a personalidade dela havia transmutado-se para a melhor, e agora, ele sentia orgulho pela maturidade nas escolhas que Sophie tomou.



– Fico feliz que tenha sido apenas uma cotovelada, estava esperando que você fosse realmente agredir ela para valer. De qualquer forma, você sabe que esse não é o problema – cruzou os braços, encarando-a firmemente.



Sophie assentiu com a cabeça, e encarou outro canto do banheiro.



– Você sabe que precisa ser sincero com Jane, tem que falar com todas as palavras que não tem mais nada entre vocês dois. E que agora, somos você e eu – ela declarou, e Izzy sorriu sarcástico.



– E você realmente acha que eu não falei isso para ela? Eu falei com todas as palavras que podia, literalmente. Se ela está insistindo nisso, é porque não quer aceitar – revirou os olhos, entediado em lembrar da situação.



Sophie negou com a cabeça, percebendo que tudo seria ainda mais complicado.



– Olha, não interessa. De qualquer forma, você vai falar com ela de novo, até que ela perceba de uma vez por todas que está fazendo um papel ridículo – Sophie arrumou seu colar no pescoço.



– E desde quando existe essa coisa de “você e eu”? – imitou a forma como Sophie havia pronunciado a frase.



As bochechas de Sophie tornaram-se mais vermelhas, e então ela virou-se novamente para Izzy. 



– Isso não importa, tudo bem? Apenas deixe bem claro que a errada não sou eu, e garanta que realmente não fique no meu caminho – declarou, saindo rapidamente do banheiro.



Izzy permaneceu paralisado diante da pia, encarando seu próprio reflexo no espelho. Não era muito difícil de perceber que algo estava realmente acontecendo entre ambos, e Sophie deixou isso bem evidente. Agora faltava resolver-se com Jane.



        ♧︎︎︎ ♧︎︎︎ ♧︎︎︎



Sophie observou atentamente o caminho até o estacionamento, avistando Kate aproximar-se de seu novo carro. Havia algo de errado com Kate, ela parecia receosa com alguma coisa. E então, conforme Sophie andou ainda mais perto dela, Kate pareceu aliviada.



– Tudo bem? – encarou Sophie.

 


Sophie assentiu, não era uma verdade singela. Entretanto, não poderia lamentar-se eternamente por causa disso.



– Sim, estou muito melhor agora – desviou o olhar, mantendo-o no chão.



– As coisas estão bem pesadas entre você e Jane – comentou, passando as mãos sobre os braços.



– Elas sempre estiveram, mas nunca ao ponto de uma agressão. Ela queria o meu colar, e eu nunca deixaria ela tocar um dedo nele – rebateu, encarando os olhos de Kate.

 


– Sei disso, mas sabe… nunca pensei que diria isso, mas foi maravilhoso ver Jane levando uma cotovelada no nariz – debochou, gargalhando baixo.



Sophie negou, realmente incrédula de que aquelas palavras haviam sido proferidas por Kate.



– Kate Messner, é você mesma? – indagou, surpresa com tudo.



Kate deu de ombros, a convivência com Sophie estava tornando-a dessa forma.



– O que foi? É uma reação normal após todas as merdas que essa garota já fez, e não me refiro só à esse ano – sorriu novamente.



Sophie sorriu igualmente, logo abrindo a porta de seu carro. Kate lhe acompanhou, e ambas seguiram para alguma loja que vendesse roupas decentes. Kate dirigiu-se para o provador, enquanto Sophie manteve-se sentada. Ela não precisava comprar roupas novas, diferentemente de Kate, que apenas possuía vestidos brancos e rosas. 



Após alguns minutos, Kate deslizou a cortina para o lado, revelando seu corpo pálido em um vestido azul escuro. Para Sophie, o vestido não tinha valorizado Kate, e Kate logo trocou-o. Novamente, Kate mostrou-se com um vestido rosa, contudo ele deixava-a ainda mais nova que o usual. E então, totalmente desacreditada de que o último vestido seria uma boa opção pelo fato de ser preto, Kate provou-o, e assim que Sophie colocou os olhos sobre ele, soube de imediato que era aquele.



– Você deveria provar algum também – sugeriu, andando em direção a Sophie.



Sophie negou.



– Não, obrigada – virou o rosto.



Kate cruzou os braços, encarando-a séria.



– Por favor, Sophie. Pelo menos um – implorou-lhe, logo fazendo a garota revirar os olhos.



– Tudo bem – bufou em seguida.



Sophie caminhou durante alguns segundos pela loja, e então encontrou um vestido vermelho. Sem pensar duas vezes, entrou em um dos provadores, logo retirando suas próprias roupas, assim colocando o vestido. Ele não era largo, e nem muito apertado; era perfeito. O tom de vermelho estava oferecendo um belo contraste com o colar verde que Izzy havia dado para ela, ou seja, de qualquer forma seria aquele. 



Após pagarem, ambas saíram da loja e seguiram pelas ruas da cidade. Durante o caminho, cantaram praticamente todas as músicas que ressoavam no rádio. E conforme Kate soltava-se, Sophie refletiu sobre algumas coisas. Quando conheceu Kate, soube desde o início que ela era uma garota amigável, carismática e um tanto quanto prendada. No entanto, algo em Kate despertou um bom sentimento sobre Sophie, ela realmente havia conquistado seu coração.



♧ ♧ ♧



Conforme o tempo passou, Kate e Sophie já haviam terminado de se arrumar. Contudo, um pensamento nada genuíno apareceu na mente de Sophie. Ela precisava apresentar Kate para algum garoto, um que prestasse pelo menos. Haviam diversas possibilidades, como Axl. Entretanto, apesar de ser um cara bonito, era preocupante que alguém como ele estivesse em um relacionamento com Kate. Billy também poderia ser uma ótima opção, mas possuía muitos planos para a própria vida, um deles era ser um enorme rockstar e retornar para o Reino Unido. Definitivamente não seria algo duradouro com Kate. E a última opção… Ole. Ele era um cara divertido, espontâneo, calado, e estava cursando a universidade de Indiana. Tirando as festas insanas e as bebedeiras, ele seria o melhor.



Não que Kate precisasse de um garoto, ela era suficientemente independente e responsável sozinha. Entretanto, seria divertido vê-la curtir com outra pessoa que não fosse apenas como amigo.



– Os outros vão no seu carro? – a voz de Kate soou, chamando a atenção de Sophie.



– Desculpe, não escutei o que disse – Sophie voltou a realidade, encarando Kate.



– Os meninos, Axl e Izzy. Eles vão no seu carro? – indagou novamente.



Sophie encarou-se mais uma vez diante do espelho, e então negou com a cabeça.



– Não, eles provavelmente já devem ter ido de moto – seguiu para a porta. – Por quê? Você queria que alguém em específico estivesse no carro?



Kate sentiu-se corada, e saiu do quarto no mesmo momento que Sophie.



– Claro que não, apenas perguntei por perguntar – declarou, caminhando pelo corredor.



Sophie arqueou a sobrancelha, com certeza Kate estava-lhe escondendo alguma coisa. Contudo, resolveu manter-se calada o caminho inteiro. E assim que Sophie parou sobre a calçada da casa de Ole, ela não destravou as portas.



– Está interessada no Axl? – questionou, tentando compreender.



Kate virou-se rapidamente para analisar a face de Sophie, e então, sem saber que resposta dar-lhe, resolveu dar-se por vencida.



– Talvez, eu acho ele bonito. Mas acho que isso nunca daria certo, ele é um delinquente – murmurou, revirando os olhos.



Sophie sorriu de canto, se Kate soubesse que aquele era um dos menores problemas sobre Axl. Contudo, uma lâmpada surgiu na mente de Sophie.



– Sabe, tenho um amigo. O Ole, e acho que você vai gostar dele – sorriu, logo saindo do carro.



Todas as luzes da residência encontravam-se acesas, juntamente com o som ensurdecedor de alguma música do Black Sabbath. Sophie ainda questionava-se como nenhum vizinho nunca havia feito uma reclamação sobre o barulho alto ou qualquer outra coisa sobre as incessantes feitas de Ole, era como se ele os subornasse ou algo do tipo. Realmente sua mente estava fervilhando pensamentos bem férteis.



Ambas adentraram a casa, percebendo que assim como o lado de fora, a casa estava lotada dentro também. Kate analisou o lugar minuciosamente, ainda estranhando tudo. No entanto, respirou fundo, ela sabia que precisava seguir o conselho de Sophie. Curtir, apenas isso.



Com medo de perder-se de Sophie, Kate segurou uma de suas mãos no braço dela, assim sendo guiada dentre as pessoas. Sophie parou diante de Ole, cumprimentando-o com um forte abraço. E logo, Sophie sorriu.



– Ole, essa é minha amiga, Kate – apresentou, assim virando-se para Kate. – E Kate, esse é o Ole.



E sem pronunciar mais uma palavra, Sophie deixou-os sozinhos. Ela possuía confiança em Ole, sabia que se Kate permanecesse ao lado dele, nada de ruim lhe aconteceria – assim como havia ocorrido com Sophie em uma das festas dele. 



Sophie seguiu para a mesa de bebidas, deixando seu copo cheio. E então, assim que observou, Kate e Ole encontravam-se sentados em um dos sofás, conversando animadamente. 



– Por que está olhando tanto para eles? – Izzy aproximou-se calmamente do ouvido de Sophie.



Um curto e debochado sorriso apareceu nos lábios de Sophie, e ela aproximou-se dele.



– Quero ver se até o fim da noite acontece algo entre os dois – bebeu um gole, e Izzy arqueou uma das sobrancelhas.



– Kate e Ole? – pareceu curioso. – Eles não se parecem em nada.



Sophie deu de ombros, ela conhecia a si própria. Sabia que daria tudo certo.



– Confie em mim, Kate pode até parecer estar bem longe da nossa realidade, mas acredite, ela sabe muito bem o que é viver na linha do limite – ela decidiu sair dali, e então seguiu para o segundo andar.



Sua ideia era usar o banheiro, entretanto, logo que subiu por completo as escadas, notou o tamanho exorbitante de pessoas na fila. Gostar de festas todos gostavam, o problema real eram as filas para o banheiro. No entanto, de qualquer forma ela resolveu entrar na fila. E para sua total surpresa, Axl resolveu incomodar um pouquinho. 



– Sério, por que não mija em um arbusto? Seria muito mais fácil – ele comentou, e Sophie o olhou incrédula.



– Que nojo, Axl – ela revirou os olhos.



Axl deu de ombros, bebendo um gole de vodka.



– Só estou dizendo… foi isso que eu fiz.



– Claro, você é homem. É muito mais fácil mesmo. Nunca que eu faria isso – voltou a encarar a fila.



Axl sorriu ainda mais, e depositou um pequeno tapinha nas costas de Sophie.



– Então, boa sorte para você, querida – foi sarcástico.



Sophie retornou a analisá-lo, e então cruzou os braços.



– O que está fazendo aqui, Axl? Ir nos arbustos não foi o suficiente? – debochou.



Axl passou o braço em volta dos ombros dela.



– Estou sendo o seu guarda costas, princesa – anunciou, fazendo Sophie revirar os olhos.



– Desculpe querido, mas acho que está um pouco atrasado – houve uma certa acidez em seu tom de voz.



Sem muita dificuldade, Axl compreendeu o que a frase de Sophie significava. E infelizmente, não era nada engraçado.



– Sophie, eu sinto muito se aquela festa não correu do jeito que deveria ser. Mas eu juro, estou aqui para não deixar que nada aconteça com você – respondeu, dando sua palavra.



Sophie poderia responder algo, no entanto, a porta do banheiro abriu-se, fazendo-a desistir de qualquer comentário. Em um breve tempo, Sophie encarou o azulejo branco, repensando em algumas lembranças não muito agradáveis. Havia algo deixando-a confusa, as dores de cabeça haviam cessado, e talvez, estivesse sentindo falta. O que era uma loucura total. 



Sem demorar muito, Sophie saiu do banheiro. Sua expressão não era a das melhores, e Axl notou isso.



– Está tudo bem? – parou em frente a ela.



– Sim, mas acho que preciso de um pouco de ar para respirar – declarou, e Axl assentiu.



– Então vamos – colocou o braço sobre os ombros dela, caminhando pelo corredor.



Encarando a escada, Sophie sabia que talvez se pegasse um pouco de ar fresco, tudo melhoraria. Entretanto, alguém ficou em seu caminho.



– Pensou que tinha acabado? – Jane anunciou, sem se mover.



Axl revirou os olhos, entediado daquela vadia loira.



– Qual é, Jane? Quer levar outra cotovelada no nariz? – provocou-a, fazendo Jane fechar a cara.



– Meu assunto não é com você, William. Mas sim com você, vadia – respondeu, e Sophie respirou fundo.



Agora ela não sabia o que poderia ser pior, o fato de Jane ter chamado Axl de William, algo que ele odiava. Ou o fato de seu humor não estar em um dos melhores, e com a falta de ar, ela literalmente mataria Jane se ela continuasse em seu caminho.



– Jane, faça um favor a si mesma e a todos nós, e pare de ser tão ridícula. Se não eu juro que te empurro dessa escada agora mesmo – ameaçou-a.



Entretanto, Jane sorriu. Logo gargalhando baixo.



– Você só sabe ameaçar, mas bem no fim, nunca faz nada. Bem, você sabe que de qualquer forma não pode ganhar de mim, mas se quiser podemos testar agora. Não estamos na Jefferson – sugeriu, e Sophie estreitou os olhos.



Realmente, ambas não estavam próximas da instituição. Se quisessem se matar, isso não seria mais um problema da direção da Jefferson. Entretanto, Sophie lembrou-se da visita de sua mãe, e de como havia prometido que não se envolveria em mais nada de ruim.



– Escuta aqui, Jane. Eu não vou brigar com você, se você quer briga, arrume em outro lugar – Sophie ditou, tentando passar por Jane.



Jane novamente não deixou com que Sophie passasse, e dessa vez, sem avisar, agarrou o cordão de Sophie, tentando puxá-lo. Em uma tentativa de se soltar, Sophie empurrou-a impulsivamente. Analiticamente, Axl segurou a cintura de Sophie, fazendo com que Jane caísse pelos degraus até cair no chão do primeiro andar. 



Rapidamente as pessoas encararam a cena, e Sophie arregalou os olhos, abrindo a boca em total surpresa. Ela realmente havia derrubado Jane da escada, e para piorar, as pessoas perceberam isso. 



– Meu Deus, Axl – foi tudo o que ela pôde dizer.



Axl soube naquele exato momento que eles precisavam ir embora, antes que alguém chamasse a emergência.



– Vem, a gente tem que sair daqui – Axl pegou na mão de Sophie, a levando para um dos cômodos do andar de cima.



Ainda inerte, Sophie não se tocou de quando Axl abriu a janela para que ela pulasse. 



– Sophie, eu sei que você está em choque, mas a gente tem que sair agora – ordenou, tentando fazê-la voltar a órbita.



Sophie respirou fundo, e então passou uma das pernas para o outro lado. Logo conseguindo pendurar-se para saltar. Não era uma altura grande ao ponto de alguém se machucar, entretanto, Sophie compreendia que Jane definitivamente não estava nada bem. 



Assim que Axl pulou, ambos correram para o carro de Sophie, onde abrigaram-se da chuva torrencial que caia. Com a respiração aguçada, Sophie possuía um milhão de pensamentos fluindo.



– Não posso deixar a Kate lá, Axl – comentou, e Axl encarou-a surpreso.



– É sério que com todos esses problemas, a única coisa que você pensa é na Kate? Você ficou louca? Se você voltar ali já era – disse, passando a mão sobre o rosto.



Sophie suspirou, ela sabia muito bem o que havia acabado de acontecer. Entretanto, não podia deixá-la lá.



– Eu sei, Axl. Mas o que quer que eu faça? Eu preciso tirar a Kate de lá – falou alto, e então Axl ligou os limpadores do carro.



E sem muita cerimônia, percebeu o momento em que Kate e Izzy correram em direção ao carro, pedindo para entrar no mesmo. Sophie abriu o carro, deixando com que entrassem. 



– Meu Deus, eu não acredito Sophie. Você empurrou a Jane! – Kate afirmou, ainda chocada.



Sophie respirou fundo, alisando o couro do volante, sem saber o que poderia falar. Izzy a encarou pelo retrovisor, observando as feições preocupadas dela, que logo pioraram quando as sirenes da emergência aproximaram-se da casa de Ole. 



– Sophie, você precisa se acalmar – a voz de Izzy soou. 



Assim que estacionaram a Van da emergência, Sophie soube que era o momento certo para sair imediatamente daquele lugar. Sem medo, Sophie deu partida no carro, acelerando-o como nunca. Kate respirou pesadamente, colocando bruscamente o cinto de segurança. 



– Meu Deus, Sophie... – Axl sussurrou, levemente sorrindo para a janela.



– Cala a boca, Axl. Eu preciso pensar – ditou, virando em uma curva.



Izzy não sabia para que direção estavam seguindo, mas definitivamente não era de volta para a Jefferson. E conforme a chuva aumentava, Sophie dava-se conta do que havia acabado de fazer. Precisava relaxar, precisava colocar sua mente no lugar. E em poucos minutos, Sophie parou em uma das vagas do Casey's. 



Sem esperar muito, Sophie fora a primeira a sair do veículo. Definitivamente as coisas não estavam bem. Kate respirou fundo, ainda desacreditada de que a sua primeira festa havia sido daquela forma. Os outros seguiram para dentro do estabelecimento, observando que Sophie já havia sentado no canto de uma janela.



Tudo o que Sophie conseguia sentir era a adrenalina, misturada com remorso. Ela sabia que em algum momento isso aconteceria, mas não sabia que seria dessa forma. Em uma tentativa de se acalmar, Sophie acendeu um cigarro, sentindo suas mãos trêmulas. E Izzy percebeu isso, percebeu que ela parecia mais inerte que o usual, e que não possuía reações no rosto. 



– Sophie, está tudo bem. Jane vai ficar bem – Axl comentou.



Kate negou com a cabeça, ela queria ajudar Sophie, mas não conseguia.



– Bem? Ela estava toda torta no chão, se ela conseguir andar novamente vai ser um milagre – retrucou-o, e finalmente Sophie levantou o olhar para encará-la.



– Você acha que eu queria isso? Ela veio com tudo para cima de mim, o meu reflexo foi empurrar ela. Mas tinha me esquecido completamente de que estávamos perto da escada – suspirou, tragando mais uma vez a nicotina. – E se ela morrer?



Izzy negou, ele sabia que isso não aconteceria.



– Ela não vai morrer, Sophie. E também não vai ficar paraplégica, Kate. Ela deve ter no máximo quebrado alguns ossos durante a queda, nada que um gesso não possa consertar – respondeu, e Axl virou-se para ele.



– Fez medicina nos últimos 30 minutos? Como pode ter tanta certeza? – indagou retórico.



Izzy deu de ombros, não parecendo surpreso em nada.



– Não, não tenho certeza de nada. Mas tenho certeza de que nada de tão ruim vai acontecer assim. Ela ainda estava consciente quando caiu – disse, observando novamente o rosto de Sophie.



Sophie respirou fundo, e voltou a encarar o vidro. Era mórbido o fato de estar no mesmo local desde manhã, quando estava na companhia de sua mãe, na mesma mesa, e com os mesmos pensamentos. “Não se meta em mais problemas”. E novamente, lá estava Sophie, envolvendo-se em mais. 



– Sabe o que é engraçado? – começou, trazendo atenção para si. – Hoje mais cedo, foi a primeira vez em que vi minha mãe depois de meses. E sabem o que ela me disse? Fique longe de problemas, Sophie. 



Sophie sorriu irônica com a própria fala, finalmente percebendo que nunca poderia obedecer a sua mãe. Nem mesmo quando quisesse obedecer. Estava em seu espírito, era assim que as coisas deveriam ser.



– E esse com certeza não é o fato mais engraçado – tragou novamente o cigarro. – Se lembra, Axl. Daquele dia em que você conversou comigo no meu quarto, e você me disse que ser expulsa da Jefferson era quase um milagre? E que eu provavelmente só conseguiria se eu matasse alguém? Bem, eu acho que eu não devia ter brincado com isso.



Kate sentiu-se culpada por ter colocado mais uma preocupação nas costas de Sophie. E então, resolveu comentar:



– Me desculpe, Sophie. Tenho certeza de que nada irá acontecer, você não fez de propósito – Kate falou, sentindo o remorso de Sophie.



– Ela está certa, o melhor que você pode fazer agora é descansar – Axl disse, e então observou o garçom aproximando-se. – Não, obrigada. 



Sophie assentiu, sem muitas expectativas de que as coisas pudessem realmente melhorar. Eram muitas coisas para se processar, e logo que saíram do Casey's, Sophie percebeu um detalhe importante dentro do carro.



– Meu colar… – ela tocou o pescoço, sentindo que o cordão não encontrava-se ali. – Ótimo, agora sim eles vão ter uma prova a mais para me incriminar.



Izzy aproximou-se de Sophie, colocando na palma de sua mão o pingente.



– Não vão não, Jane ficou segurando o seu colar. Eu só peguei ele de volta – sorriu cordialmente.



Sophie sorriu levemente de canto, contudo, ainda havia resquícios de receio em seus olhos verdes. Izzy sabia muito bem como ela deveria estar se sentindo por dentro, porém, ele não estava dando a mínima para Jane. Ela havia procurado por aquilo, e uma hora ou outra, quem procura, encontra.



– Vamos voltar novamente para aquele inferno – ela disse, seguindo para a Jefferson.



 


Notas Finais


Muito obrigada por terem lido, e espero que tenham gostado.
Comentem o que acharam, pois isso importa muito. Beijos <3<3<3


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