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História Boys don't cry - Florescimento


Escrita por: Park-kouhai

Notas do Autor


Oieeeee, cheguei. Antes tarde do que nunca, né não? (desculpa gente, eu realmente pretendia postar ontem mas não consegui por vários motivos :c )

Em uma certa parte do capítulo a cena é descrita em terceira pessoa, ou seja, não é contada pelo Jimin (e vocês vão saber o motivo, rs). Eu vou avisar quando essa parte chegar.

Mais uma vez muito obrigada pelos comentários e favoritos, vocês são demais! ❤

Capítulo 10 - Florescimento


Fanfic / Fanfiction Boys don't cry - Florescimento

"- Você não se encaixa em nenhuma definição. Você é como uma pergunta. E... você sabe, eu... eu gosto mais das perguntas do que das respostas."

Os ponteiros do relógio na parede soavam de forma alta e irritante. Exceto o tique taque contínuo, tudo à nossa volta estava mergulhado em um silêncio capaz de causar suor frio em minhas mãos e uma sensação trêmula na barriga.

As palavras recentes de Jeongguk ecoavam em minha mente e eu não conseguia pensar em nada plausível para dizer. Qualquer palavra sairia trêmula, gaguejada e ininteligível.

Jeongguk gostava de mim da mesma forma que eu gostava dele? Parecia tão surreal que eu queria perguntar apenas para que ele confirmasse em voz alta, com todas as letras.

Queria saber o que se passava nos pensamentos dele.

Eu me sentia um idiota enquanto olhava para os próprios pés. Onde estava aquela coragem que havia apossado meu corpo quando o beijei pela primeira vez? Por que minha inquietude sempre tomava conta de mim, impedindo meu lado racional de conduzir minhas palavras e fazendo com que meus sentimentos tornassem minha consciência nublada?

Jeongguk observava os próprios dedos inquietos como se fossem a coisa mais interessante do mundo, de vez em quando me olhando pelo cantos dos olhos.

E se ele realmente estivesse apaixonado por mim, o que viria a seguir?

Meu coração bateu ainda mais depressa quando ouvi o som de suas canetas se chocando dentro do estojo e observei o restante de seu material sendo guardado.

Eu queria dizer algo. Eu precisava dizer alguma coisa.

Quando Jeongguk se levantou, irracionalmente agarrei seu pulso e criei coragem para olhá-lo nos olhos. No entanto, toda minha coragem se esvaeceu quando ele me olhou de volta, demostrando ansiedade ao morder o lábio inferior.

Senti a pele quente sob meus dedos. O mínimo toque no corpo alheio parecia tão íntimo quanto as palavras que eu gostaria de proferir.

Jeongguk não se moveu, e no meio tempo em que meus movimentos congelaram e minhas palavras morreram na garganta, ele pareceu extremamente envergonhado com a situação. Suas bochechas rosadas e o olhar que desviou do meu eram algo que nunca imaginei que fosse presenciar um dia.

O menino de ouro sempre me pareceu tão seguro, tão cheio de si. Mas ele era apenas Jeon Jeongguk, o garoto pelo qual me apaixonei. E mesmo parecendo tão perdido naquele momento, ele decidiu se pronunciar.

- A-acho que nós dois estamos um pouco confusos. Eu não sei o que dizer, e aparentemente você também não. Então...

Soltei aos poucos o aperto em seu pulso e ao se desvencilhar ele caminhou em direção à porta da sala de aula. Ao me olhar por cima do ombro se despediu silenciosamente e foi embora.

 

-

 

Taehyung cruzou os braços lentamente e me fitou com um semblante sério. 

- Park Jimin!

Me assustei levemente com o tom de voz alto com que ele me chamou e passei a prestar mais atenção no que dizia.

- Quer dizer que você e o Jeongguk conversaram e ele te disse essas coisas?

- Sim...

Ainda me fitando com uma sobrancelha erguida desembrulhou um pirulito e o colocou na boca.

- E ele disse que está confuso?

- É...

- Quer dizer, então, que o Jeongguk te corresponde! – Constatou, segurando o pirulito entre os dedos e erguendo as sobrancelhas como se estivesse dizendo algo óbvio.

- Não sei se foi exatamente isso o que ele quis dizer. – Murmurei.

Taehyung colocou novamente o pirulito na boca e revirou os olhos.

- Não seja bobo, Jiminie. Você acha que ele diria essas coisas se não tivesse gostado do beijo? – Taehyung questionou, desta vez chacoalhando meus ombros e elevando a voz.

- Beijo?! – Hoseok exclamou, se intrometendo entre nós dois e nos afastando. – Quem beijou o Jiminie? – Perguntou me encarando com o rosto próximo demais, e fiz questão de afastar o meu.

Não respondi e me afastei atravessando a rua. Os outros dois me seguiram e Hoseok voltou a me apertar pelos ombros e fazer a mesma pergunta várias vezes.

- Na verdade, foi ele quem tomou a iniciativa do beijo. Ah, meu Chim chim está crescendo – Taehyung provocou.

- Idiotas... – Murmurei. Aparentemente eles haviam se juntado para dizer coisas constrangedoras em alto e bom som e me deixar envergonhado.

- E como o Jeongguk reagiu quando você beijou ele? 

O-o que?! Como ele sabia que era sobre o Jeongguk que eu e Taehyung estávamos falando? Senti minhas bochechas começarem a queimar e Hoseok ainda me encarava com a expectativa da resposta.

Olhei para Taehyung e ele apenas deu de ombros.

- O-o que você está dizendo? – Guaguejei, e antes de continuar dizendo qualquer coisa arregalei os olhos com o que vi dentro da sacolinha que Hoseok carregava. – O que é isso?

Ele ergueu a sacola e abriu um sorriso.

- Eu sabia que você iria gostar...

- Como assim gostar? Isso aqui é mesmo tinta de cabelo? – Questionei enquanto tirava a caixa da sacola e analisava a cor chamativa da imagem.

- O Taehyung me obrigou a vir junto, mas vocês dois estavam ocupados conversando e me deixaram lá, dentro daquela farmácia. Tive que escolher a cor sozinho, e acho que esta aqui combina com você.

- Quer dizer que se vingou por ciúmes?

- Ciúmes? Até parece... – murmurou. – Não seja ingrato, fiz o favor de escolher a cor mais bonita de todas.

- É verdade, Jiminie, acho que o Jeongguk vai gostar dessa cor.

- Ah, vocês tiraram o dia para me provocar?! – Esbravejei.

Eles se entreolharam e começaram a rir. Cruzei os braços, e ignorei os dois. Encarei o outro lado da rua, quando de repente uma caminhonete estacionou. A porta do passageiro se abriu e reconheci Namjoon de longe.

Ele pareceu perceber o meu olhar e quando me encarou de volta acenou.

Atravessei a rua, sendo seguido por Hoseok e Taehyung.

- E aí cara, tudo bem? – Taehyung se adiantou.

Namjoon nos cumprimentou e um outro garoto saiu do carro.

- Peguei uma carona com o Jin, preciso fazer algumas coisas aqui no centro da cidade. – O outro garoto de boa aparência acenou para nós e sorriu. – E aí, chegaram bem em casa naquele dia?

- Sim, felizmente pude dormir na casa do Taehyung. Sabe como é, meu avô iria me matar se eu chegasse em casa tarde da noite.

- Entendo, minha relação com meus pais também não é a mais agradável, apesar de tudo. Pelo menos atualmente estou morando apenas com a companhia das minhas flores.

- Graças a mim. – O outro disse.

Finalmente observei que a parte de trás da caminhonete estava repleta de vasos de flores, desde as mais pequenas até as grandes, mudas de vários outros tipos de plantas e sacos provavelmente cheios de terra.

 Jin percebeu minha curiosidade e respondeu à minha pergunta muda.

- Eu trabalho em uma floricultura. Acabei de buscar isso no sítio dos meus avós e vou levar para a loja.

- Uau, deve ser legal trabalhar com todas essas flores coloridas – Taehyung disse. - Eu gostaria de plantar lírios!

- Eu também, mas o Jin me disse que infelizmente não é tão fácil plantar lírios.

Taehyung e Namjoon começaram a papear sobre as plantas e me voltei para os meus próprios pensamentos,  refletindo sobre a cor da tinta de cabelo que Hoseok havia comprado. Realmente era possível que um alaranjado quase fluorescente pudesse existir em forma de tinta para cabelo? Poderiam ser tantas outras cores. Loiro, castanho...

Apenas Yoongi parecia combinar com o azul-esverdeado chamativo. Ao lembrar dele imediatamente senti vergonha por não ter percebido que ele e Jeongguk eram irmãos, mesmo que ninguém soubesse, de fato, sobre o ciúmes que senti quando vi os dois tão próximos.

Eu não deveria esperar que Jeongguk não fosse próximo de outras pessoas. Ele poderia muito bem gostar de qualquer outro garoto ou mais provavelmente uma garota. Pintar o cabelo de uma cor esquisita não faria com que ele se sentisse atraído por mim, talvez acontecesse o contrário.

A constatação fez com que um sentimento ruim tomasse conta de mim. De alguma forma eu nutria o desejo de que as palavras de Jeongguk no dia anterior realmente significassem uma paixão correspondida.

- Jimin!

Pisquei algumas vezes e finalmente voltei para a realidade. Taehyung abanou as mãos na frente do meu rosto, esperando por uma resposta, e eu nem sabia qual havia sido a pergunta.

- Aconteceu alguma coisa, Jimin? – Namjoon perguntou. – Você não me parece muito animado hoje.

- Ele está apaixonado! – Hoseok praticamente gritou.

- Mas gostar de alguém deveria ser um sentimento bom, não é? – Jin comentou.

- Sim, mas... não sei se eu sou correspondido.

- Talvez ela ainda não saiba que você gosta dela, ou precise apenas de uma confirmação da sua parte.

Taehyung e Hoseok se entreolharam, com a suposição de Jin sobre eu estar apaixonado por uma menina, mas não falaram nada.

- O Jin entende tudo sobre flores, qualquer coisa apareça na floricultura e escolha algo que combine com essa pessoa. – Namjoon disse.

- É, Jimin, você deveria fazer uma declaração de amor e entregar um buquê de flores para a pessoa pela qual está apaixonado.

Olhei feio para Hoseok e ele deu um sorriso de lado.

- Talvez seja uma boa ideia. – Taehyung completou.

Os dois se entreolharam e soltaram um risinho bobo.

 

-

 

Depois que nos despedimos de Namjoon e Jin, seguimos para uma lanchonete por perto para matar a fome.

- Não se preocupe muito, Jimin. Eu e o Hoseok estamos brincando, mas ele também acredita que o Jeongguk possa corresponder seus sentimentos. – Taehyung comentou, aproveitando a ausência de Hoseok que estava no caixa fazendo o pedido.

Hoseok voltou para a mesa e logo nossos lanches ficaram prontos. Depois de um tempo os dois garotos à minha frente pareciam ter esquecido sobre a minha presença ali. Passaram a fazer piadas internas e roubar a batata frita um do outro.

Quando desisti de ficar apenas observando os dois me despedi e fui embora, tendo a certeza de que na primeira oportunidade Taehyung contaria para Hoseok sobre todo o sentimento que nutria por ele.

 

-

 

Abri a porta da sala de aula e Jeongguk estava ao lado da janela, observando o lado de fora como na primeira vez em que falei com ele.

O céu já não estava azul como naquele dia, mas Jeongguk continuava dolorosamente bonito.

Estava com os fones de ouvido e parou de murmurar a letra de uma música quando me viu.

Quando Jeongguk permitiu-se me fitar de volta, seus olhos fixados diretamente nos meus me fizeram lembrar de seu beijo, da sensação de tê-lo tão próximo, e recuei um passo esperando que meu inconsciente colaborasse um pouco comigo.

- Precisamos conversar. 

Dei alguns passos em sua direção e parei ao sentir meu coração me desobedecer novamente, batento forte demais, prestes a desorganizar meus pensamentos.

- Sobre o que? - Ele engoliu em seco e retirou os fones do ouvido.

- Sobre... – Eu sabia que havia alguma expectativa para que tudo fosse esclarecido de vez ou completamente ignorado. E se dependesse de mim meus sentimentos não seriam ignorados, nem mesmo se esse fosse o meu desejo.

No entanto, ainda era difícil mostrar o que eu sentia com palavras, por isso acabei inventando qualquer assunto que não fosse nós dois e os beijos.

- Sobre...?

- Os estudos! Sobre os estudos. Eu... quero saber se está tudo bem para você continuar estudando comigo, quando sua prioridade deveria ser os próprios estudos.

Ele pareceu pensar por um momento e em seguida me respondeu.

- Minhas notas realmente são importantes para mim, mas desde o começo o acordo é te ajudar nos estudos até o final. Eu não estou dizendo isso apenas pelo que combinei com o diretor, e sim por minhas reais intenções.

- E quais são suas reais intenções?

Me aproximei um pouco mais e coloquei minha mochila sobre uma das carteiras. Sentei no chão, ao lado dele sob a janela, e encostei as costas na parede.

Jeongguk ainda permanecia sentado na cadeira e me olhou de cima quando respondeu.

- Minha real intenção é fazer com que você entenda as matérias e assim possa se sentir bem nos estudos. Sabe, se meu maior desejo não fosse me formar na faculdade de música, talvez eu quisesse ser um professor.

- Professor?

- Sim, já que aparentemente você melhorou bastante desde que eu comecei a te ajudar.

- Que metido... – Ele riu e eu ri também.

De repente Jeongguk passou da cadeira para o chão, sentando-se ao meu lado com as pernas cruzadas e o braço tocando levemente o meu.

- Você me disse que se sente livre quando canta, não é? Quando descobriu que podia se sentir assim? – Perguntei.

- Desde muito cedo. Meus pais atuam na área musical. Meu pai é um interlocutor de uma rádio, e entende bastante sobre música. E minha mãe é pianista. Então eu sempre estive em contato com o mundo da música.

- De certa forma você foi influenciado por eles, então.

- Sim. E quando decidi que queria cantar, meus pais me deram todo o apoio possível, e aprovaram minha decisão de tentar entrar na Universidade Nacional de Artes. É por isso que estou aqui hoje.

- Você veio para a capital apenas para estudar mais?

- Você sabe, nosso colégio tem um nome importante. Além do mais os professores são rigorosos, o que me torna um aluno ainda mais empenhado nos estudos. Esta é a única forma de conseguir passar em uma universidade tão prestigiada.

- E sobre ficar longe dos seus pais? Deve ter sido difícil passar a morar longe deles. Você realmente gosta de cantar, para se esforçar tanto assim, não é?

- Ficar longe deles não é tão difícil, já que eu posso contar com o Yoongi. E, sim, cantar é realmente o que eu amo, porque as palavras ditas às vezes não são o suficiente para me expressar. Eu não consigo dizer o que penso através da fala, então eu canto.

Ele esboçou um sorriso e continuou, enquanto brincava com os fones de ouvido conectados ao celular no colo.

- Mas com você é diferente. Sei-lá, acho que você está disposto a me ouvir, então eu consigo falar. Eu me sinto confortável.

- É por isso que se sente à vontade para me tratar como mais novo? – Indaguei.

Jeongguk não me respondeu e apenas riu.

Quando me aproximei pela primeira vez do Menino de ouro, comecei a supor que Jeon Jeongguk gostava de estar só, porque de certo se sentia superior a todas as outras pessoas. Seus lábios repuxados para o canto esquerdo de forma debochada pareciam confirmar minha hipótese. De certa forma, eu estranhava o fato de ele estar sempre sozinho nos intervalos e também na saída do colégio.

No entanto, com a convivência, descobri que Jeongguk era muito mais do que aparentava ser.

- Sabe, eu sempre tive curiosidade sobre como é estar no topo, em primeiro lugar. Qual é a sensação? – Perguntei.

Ele pensou por alguns minutos, e em seguida respondeu virando o rosto para me encarar.

- Quando eu fiquei com as melhores notas do colégio pela primeira vez, logo que entrei no ensino médio, eu me senti muito satisfeito comigo mesmo. Pessoas que nunca tinham falado comigo me cumprimentavam e algumas até passaram a conversar comigo nos intervalos. – Se calou por um momento e imaginei que o assunto estivesse encerrado. No entanto, com o olhar baixo, ele continuou – Mas eu fiquei em primeiro de novo, e de novo, e as pessoas foram se afastando de mim. Eu nunca entendi exatamente o motivo, mas sei que de alguma forma elas começaram a nutrir algum sentimento ruim.

- Talvez as pessoas sintam inveja...

- Acho que elas sentem raiva, como se eu estivesse tomando o lugar delas. Mas eu não sou melhor que os outros. Eu não desejo ser superior a ninguém. Se eu pudesse, arrancaria a folha de nomes e notas daquele mural, rasgaria em pedaços e nunca mais saberiam em que posição eu fui colocado.

Instantaneamente senti meus ombros ficarem mais pesados. Assim como os outros alunos, no passado eu o julguei. Cheguei a pensar que ele era arrogante e discutimos algumas vezes. No entanto, agora eu o via de uma forma completamente diferente.

- Eu não quero ser julgado, eu não quero ser visto como superior, eu...

Talvez tenha sido a culpa que senti ou seus olhos levemente úmidos que me fizeram quebrar a distância mínima que havia entre nós no momento.

Passei meu braço por seus ombros em um aperto meio desajeitado, e com o polegar depositei uma carícia de leve na tentativa de demonstrar algum conforto. Eu estava mais do que nunca arrependido por ter feito parte daqueles que lhe julgavam mal. Agora eu o entendia, e vê-lo tão vulnerável ao meu lado fez com que uma vontade enorme de protegê-lo surgisse em mim.

Queria protegê-lo de todo o mal e dizer para não se importar com os comentários ruins que os outros faziam sobre si. Era a primeira vez que eu ouvia Jeongguk dizer o quanto se sentia triste.

Em uma sala vazia, onde não havia nada além de nós dois e algumas carteiras, Jeongguk permitiu-se receber meu abraço, retribuindo o aperto com os braços rodeando minha cintura e afundando o rosto na curva do meu pescoço.

Permanecemos assim por alguns minutos.  Era inegável a forma como havíamos nos aproximado nos últimos tempos. Possuíamos mais coisas em comum do que eu pudesse imaginar. E por vários motivos indescritíveis eu estava completamente apaixonado por ele.

Desde o momento em que Jeongguk havia posto os pés no colégio, parecia haver uma certa superioridade o envolvendo. Ele era perfeito em todos os aspectos e parecia que nada nem ninguém pudesse alcançá-lo.

Com o tempo descobri que ele era um ser humano comum, com inseguranças e insatisfações como todos os outros. Mas, ao meu ver, Jeongguk continuava sendo um menino de ouro. Independente de suas qualidades inigualáveis, sua beleza ou sua inteligência. Não havia uma explicação, Jeongguk era incrível apenas por ser... ele.

É engraçado como maldizemos alguém, julgando seus atos como se soubéssemos quais as razões para ter feito algo. Não sabemos realmente quem são as pessoas. O que elas pensam, sentem, a relação que possuem com sua família. As pessoas costumam sorrir mesmo quando estão tristes.

De qualquer  forma, ninguém sabia que  Jeongguk estava ciente dos comentários maldosos que faziam por suas costas. Ninguém poderia imaginar o quão infeliz ele havia se tornado pelo fato de estar em primeiro lugar na turma. 

Jeongguk era assim. Um sorriso enchia-lhe o rosto, qualquer que fosse a situação. Mostrava os cantos de sua boca erguidos para todos que gostavam de si, e para todos que não gostavam também. De qualquer forma, não eram muitos os que gostavam. Seus lábios repuxados para o canto esquerdo não atraíam o melhor de outras pessoas, e descobri que muitas até o achavam arrogante.

Porém, o gesto servia apenas como proteção.

Proteção, esta, que nunca fora mencionada verbalmente. Os medos de Jeongguk nunca haviam sido ditos antes de dentro para fora, palavras relacionadas a isso nunca haviam saído de sua boca, e muito menos passavam por seu consciente.

Seu sorriso era formado inconscientemente. Como um hábito cruel.

- Jimin... – Ele sussurrou, fazendo um arrepio percorrer o meu corpo quando sua respiração tocou a minha pele. – Eu me sinto melhor quando converso com você. Eu queria poder estar o tempo todo ao seu lado.

- E o que isso significa? – Perguntei. Mesmo que já soubesse a resposta, precisava confirmar para saber que ele estava mesmo dizendo o que eu estava pensando. Parecia tão improvável...

- Significa que eu também estou apaixonado.

 

-

 

[Terceira pessoa]

 

Taehyung cruzou os braços e mais uma vez verificou as horas no celular. Estava inquieto. Desbloqueou a tela e confirmou que Hoseok havia recebido sua mensagem.

Não haviam mais estudantes saindo pelo portão do colégio, indicando que muitos minutos após o horário de saída já haviam se passado.

Colocou o celular no bolso de trás da calça e cruzou os braços.

Em poucos minutos os braços foram descruzados e um sorriso gigantesco foi aberto.

Em seu campo de visão parecia haver apenas Hoseok. 

- O diretor te prendeu na sala dele de novo? – Perguntou, ainda sem conseguir parar de sorrir, mesmo que não houvesse um motivo explícito para tal reação.

- Infelizmente sim. Sabe como é, a semana de provas está chegando...

Os dois passaram a andar lado a lado, em direção ao bairro em que moravam,não muito longe dali.

- Vamos passar na vendinha e comprar chocolate?

- Tudo bem.

Atravessaram algumas ruas e viraram algumas esquinas, e mesmo conversando de forma aleatória Hoseok ainda parecia sobrecarregado.

- Você está tenso, não é? – Taehyung perguntou  e estendeu metade da barra de chocolate que haviam comprado. – Qual foi o discurso do diretor dessa vez?

Hoseok suspirou e mordeu o primeiro pedaço. Prendeu o ar nos pulmões, e quando soltou decidiu desabafar sobre o que estava lhe incomodando.

- “Até mesmo Zitao tornou-se um bom aluno. Ele é um garoto chinês, mal sabe falar, mas conseguiu se adequar. Faça um esforço, Jung Hoseok, eu tenho fé em você!”, o diretor disse com a voz irritante, passando os dedos naquele bigodinho nojento.

- Esse cara é um babaca preconceituoso! E o que você respondeu?

- “Mas eu não tenho. E muito menos em você!”, eu disse. Fé em mim? Aquele cara só quer saber da reputação do colégio, porque assim ele garante a mensalidade que enche os bolsos dele no final do mês. Até parece que ele se preocupa com os alunos...

Taehyung pulou na frente do outro, com as mãos entrelaçadas atrás do corpo, e passou a andar de costas.

- Uau, eu não acredito que você disse isso mesmo! – comentou, com a voz animada e olhos arregalados. – E o que aconteceu depois disso? Você deu um soco bem dado na fuça dele?

Hoseok riu, mas em seguida voltou a falar de forma séria.

- O diretor acha que eu deveria agradecer por ter a oportunidade de estudar em um colégio tão bom e caro. Ele faz questão de deixar isso bem claro todas as vezes que eu entro na sala dele.

- E ele não fez nada contra os alunos que te acusaram no outro dia?

- Não. – Suspirou. - Às vezes é como se eu fosse um combatente e essa escola um exército inteiro. Todos contra mim...

- Bem... pelo menos agora no colégio você tem o Jimin. E sua mãe, como reagiu a tudo isso?

- Ela tem preocupações maiores do que as minhas notas ou problemas escolares. Sabe, ela nunca realmente brigou comigo por eu ter repetido de ano mais de uma vez. Ela sabe muito bem o motivo de eu não conseguir dormir à noite e acabar dormindo durante as aulas...

Hoseok parou de andar e Taehyung o fitava, sentindo-se triste por não conseguir protegê-lo de tudo o que acontecia de ruim em sua vida. Ele estava ciente dos problemas familiares que ocorriam dentro da casa de Hoseok.

- Eu realmente estava me sentindo bem nas ultimas semanas. Mas a gente não escolhe como nossa vida vai seguir, e então o meu pai voltou a beber. 

- Mas... ele prometeu que não voltaria a beber desde que você repetiu de ano, não é?

Taehyung guardou o resto da barra de chocolate no bolso do casaco e esperou a resposta de Hoseok.

- Sim. Mas ele não cumpre as promessas dele. Essa não é a primeira vez... Minha mãe também não cumpre as dela. Ela disse que iríamos embora se meu pai fizesse isso de novo. E eu gostaria de ter desaparecido no mundo. Mas, em meio a isso tudo, pelo menos a vida me trouxe você.

Hoseok olhava para as nuvens acima deles, que pareciam se deslocar pacificamente no céu. A terra girava e as nuvens demoravam uma infinidade para se mover. Ele se sentia da mesma forma. Rodando, rodando, e aparentemente não saindo do lugar.

- Quando penso no eu de antigamente... a única coisa que eu desejava era um amanhã melhor. E eu esperava por isso ansiosamente. Atualmente o meu desejo é o mesmo. Quando é que as coisas vão mudar? – Hoseok murmurou.

Taehyung tocou uma das mãos de Hoseok e a trouxe para perto do rosto.

- Ainda dói? – Perguntou, analisando o tecido fino que envolvia a mão e os dedos. Hoseok não sabia se Taehyung estava perguntando sobre o machucado recente ou sobre sua vida que insistia em lhe esmagar a todo momento.

- Não. Eu apenas cortei com cacos de vidro. Não foi nada de mais.

- Eu... gostaria de poder curar a sua dor. – Taehyung sussurrou.

Soltou a mão de Hoseok e percorreu com os dedos a extensão do braço. Repousou a mão em seu ombro e com a outra tocou seu rosto com os dedos gelados. Em seguida, pouco a pouco trouxe o rosto de Hoseok para perto do seu. Este fitava Taehyung nos olhos atentamente, sem mover um único músculo.

Ao observar Taehyung de perto Hoseok notou pela primeira vez a pequena pinta que havia na pontinha do nariz, que nunca havia sido descoberta, pois seus olhos sempre focavam o sorriso quadrado de Taehyung. Seu sorriso de dentes perfeitos, o modo como usava o boné virado para trás e os cabelos bagunçados quando o boné era deixado de lado, os olhos que pareciam sorrir o tempo todo.

Taehyung era um conjunto de loucuras e Hoseok aos poucos se tornaria um louco também.

Taehyung possuía milhões de planos mirabolantes dentro de sua cabeça, que parecia tão pequena para tantos pensamentos que passeavam dentro dela. Planejava ir para a faculdade, sair de casa assim como o irmão mais velho , tornar-se independente.

Mas Hoseok apareceu, encobrindo todos os seus pensamentos com seu sorriso enorme, fazendo piadas bobas e cheias de ironia, encostando a pele na dele e permitindo demostrações de afeto intensas demais, como se isso um dia não fosse ultrapassar uma amizade.

- Eu estou completamente apaixonado por você, Jung Hoseok.

- Eu... não sei o que responder. – Sussurrou contra a boca de Taehyung.

Taehyung se entregou à única figura que passou a invadir sua mente.

E Hoseok imaginava que algo estava prestes a dar errado.

- Quando a boca não consegue dizer o que o coração sente, o melhor é deixar a boca sentir o que o coração diz.

E então Taehyung cometeu a melhor loucura de sua vida.

Pressionou os lábios contra os de Hoseok, sendo recebido imediatamente. Os narizes se esbarraram e as mãos afoitas de Hoseok agarraram o rosto de Taehyung, enquanto este deslizava os dedos pela nuca do outro.

A sensação era agradável, excitante, e o gosto era misturado com o de chocolate.

Os lábios de ambos se entreabriram ansiosos, queriam sentir o calor que provinha um do outro, a textura da língua, o cheiro da pele alheia, a força dos toques. O desejo corria em suas veias, os corações batiam acelerados, as mãos trocavam rapidamente de posição. Os dentes de Taehyung mordiam levemente o lábio inferior de Hoseok, o queixo, depositava um beijo na linha do maxilar e fisgava o lóbulo da orelha.

Hoseok apertava Taehyung por onde as mãos deslizavam. O rosto, os ombros, a cintura e finalmente o quadril.

Taehyung deslizou a boca pelo pescoço do outro, sentindo cada particularidade da pele alheia com os lábios e ponta da língua.

Hoseok ofegou e Taehyung abafou o que poderia ser transformado em um gemido com mais um beijo.

Em algum momento Hoseok sentiu o corpo sendo pressionado contra o muro de um lugar qualquer. Já nem mesmo se lembrava onde estava. E Taehyung sentiu a cintura sendo pressionada pelas mãos do outro.

Afastaram-se apenas quando o ar faltou.

As pupilas de ambos ainda permaneciam dilatadas, a respiração falha, a pele queimando e a boca inchada.

- Sentiu? – Taehyung perguntou, ainda segurando o rosto de Hoseok entre os dedos com o receio irracional de que o outro pudesse desaparecer.

- Senti. E meu coração diz que eu sinto o mesmo que você.

 

 

“Vamos nos encontrar quando os lírios florescerem

e dizer adeus quando eles murcharem

Eu não acho que conseguiria te esquecer facilmente, mas

É egoísta da minha parte esperar que você sinta o mesmo?”


Notas Finais


Já perceberam que o Taehyung sempre aparece pra jogar a verdade na cara do Jimin? Esse menino é Jikook shipper minha gente AHUSAUSHU e Hoseok nem se fala...

E depois tiveram que chamar os bombeiros pra apagar esse fogo do Vhope querendo se transformar em lemon no meio da rua.

Duas declarações em um único capítulo. ❤ Eu não sei se ficou bom, ;-; mas realmente espero que esse beijo tenha correspondido a expectativa de vocês!

Música: Just one day (sobre os lírios... só consigo pensar em I need u e isso me dá medinho, lembrando das teorias...).

https://ask.fm/Parkkouhai


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