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História Boys will be bugs - Capítulo Único.


Escrita por: ForElise

Notas do Autor


Para Lian, meu garoto favorito, fã número um do Hunter, e quem eu sempre pensei ser a Lua do meu Sol, mas, em retrospecto, é contrário. É ele quem me ilumina.

Boa leitura, espero que gostem!

Capítulo 1 - Capítulo Único.


Você é Hunter. Sem sobrenome, apenas Hunter. Seus dentes são separados e seus olhos esperançosos.

Seu tio te disse que você é especial, que o Titã tem grandes planos para você. Você acredita, ele tem um grande nome e é o Imperador.

Você é uma criança.

Você é um idiota.

__

Você não estava lá quando aconteceu. Você não sabe como, mas você nasceu. Há algum tempo atrás, em alguma noite fria de inverno, provavelmente. Um bebê, de pele pálida e feições inexpressivas, mal entendendo o que acabara de acontecer.

Não há muitas lembranças depois disso, mas há uma única certeza: esse foi o primeiro erro.

__

Hunter.

Caçador.

Em busca do que você está?

Seus pés correm, desesperadamente, pela floresta. O barulho de folhas amassadas inunda seus ouvidos. Do que você está fugindo? Há uma voz em sua cabeça: uma reclamação infantil, a fúria de um adulto, o pranto de uma mulher. Você nunca será alguém, porque você ainda corre?

Há olhos em você. Sim, olhos, e sons animalescos que você não consegue descrever. A floresta é densa e suas pernas fracas. Quando seus joelhos finalmente falham, tudo o que você pode fazer é tremer e sentir frio. Você nunca será um caçador, sempre a caça.

Que bela noite parar morrer.

Você olha para trás, e lá está seu tio. Como você sempre soube que estaria.


Quando você acordar, vai ignorar os sinais. Vai culpar o estresse e tentar não dormir. Porque você nunca admitiria que é a presa, porque você se acostumou a morrer.

__

O segundo erro demora um pouco mais, mas vem, eventualmente.

Um bruxo sem poderes. Que loucura.

Seu tio diz que é de família, que magia sem ordem é uma maldição. Mas você tem ouvidos, você não é bobo. Meio-bruxo, é como te chamam. Você tem sete anos, e não pode deixar de se perguntar por quê. Você é amaldiçoado, seu sangue é destilado, você está sempre para trás.

Todos pensariam que viver em um castelo tornaria uma criança mimada. Na verdade, só te faz perceber o quão inútil você é.

"O Titã tem grandes planos para você, Hunter." Seu tio, o Imperador, diz.

E ele é como você, sem poderes, meio bruxo, mas atingiu o topo. Ele atingiu o topo, porque sabe muito. Porque o Titã conversa com ele, porque ele é o mortal mais próximo de um deus.

Grandes planos, seu coração vibra. Você é algo.

O pacto já foi selado a muito tempo.

__

Seu cajado te deixa teleportar. Você está aqui e de repente não está mais.

Na primeira semana, você se teleporta para todo lugar, encantado pela novidade. Há marcas de sua presença em todos os cômodos do castelo.

Você jurou que usaria seus recém-adquiridos poderes com responsabilidade, mas se teletrasportar não parece a magia de alguém responsável. Não, na realidade, parece com o encanto perfeito para você.

Enquanto você se agarra em seu bastão e pula por aí, você entende.

Teletrasporte é a magia dos fugitivos, daqueles que já se acostumaram a passar despercebidos. Teletrasporte é a magia dos fracos.

Que bela escolha de cajado.

__

O terceiro, ele dói. Fisicamente, ele doi

"Você é o escoteiro mais novo a se tornar um guarda dourado, Hunter." O Imperador diz, sua voz derretendo-se como uma cascata por trás da máscara pesada.

Você é um Guarda Dourado. Como sempre sonhou, como em todas as lendas. Seu esforço foi reconhecido, e você não consegue conter as lágrimas. Agora, você faz parte de uma legião histórica de soldados, responsáveis pelo bem do império.

Mais tarde, te dirão que você é muito novo, que foi uma questão de nepotismo, que não é real. Mas você se recusará a acreditar.

"Espero não decepcionar, tio."

E então você estende seu pulso, e seu corpo todo arde em chamas. Ele te marca, como quem marca gado, como quem escreve uma história. Agora você tem um coven, algo pelo o que lutar.

Nas suas visceras, porém, você sente como se quisesse arrancar seu braço.

__

Todos clamam o nome do seu tio, com tanto amor, com tanta honra. Você quer se juntar a multidão, clamá-lo, idolatrá-lo, louvá-lo.

Você quer ouvir seu nome nos lábios de todos assim também.

__

A sala do trono é muito grande, a cadeira do Imperador feita de pedra polida e fria. Você toca os braços, com muito cuidado, como se pudesse quebrar. A capa de seu tio é tão longa, a sua tão pequena.

Você quer sentar alí.

Seus olhos traçam o marmorie branco e dourado, seu peito se aperta.

E então Kikimora percebe o que você está fazendo. Ela te encara, te desafiando a dar esse passo. Seu sangue é água, e você não deveria. Seu tio é um herói, seu tio é um semi-deus. Seu tio é tudo o que restou da sua família, é a única pessoa que te entende. O trono não é lugar para fracrassados.

Ainda assim, você se senta.

É a melhor sensação da sua vida. Ser, por um segundo, mais parecido com o Imperador.

( Você realmente quer ser ele, ou você só não quer ser você?)

__

Há mais cafeína em suas veias do que sangue propriamente dito. As bolsas sob seus olhos são escuras. Obsessão, eles dizem. Mas eles não entendem, eles não tem olhos os julgando a cada passo que dão.

Suas noites são passadas com livros empoeirados e memórias ruins. Tudo o que você quer é ser motivo de orgulho, é salvar a todos, é uma faca em seu pescoço. Seu tio te deu tudo, o mínimo que você pode fazer é honra-lo, mesmo que isso custe sua saúde, sua sanidade, sua alma.

Seus erros já são tantos. Você se recusa a conta-los.

__

Luz te olha com grandes olhos calorosos e você tem medo. Ninguém nunca te olhou assim.

Você quer perguntar porque. Ela deveria ser a inimiga, ela deveria ser perigosa, ela deveria te odiar.

Quando você olha para ela, porém, tudo o que você vê é pena.

De algum modo, te afeta mais do todos os outros rostos que você já viu. Mais do que os concavos e famintos, mais do que os obtusos e assassinos. Luz te oferece uma chance, ela vê bondade em você.

Você a odeia. Ela tem tudo o que você sempre quis ter.

Luz e aquela mulher curuja são... Estranhas. Elas te mostraram gentileza, dizendo esperar nada em troca. Mas você já viveu antes, você não é mais uma criança. Nesse mundo, ninguém te dá nada se você não provar que merece.

E elas ainda acharam que você cairia nessa...

Você não é idiota.

(Exceto que você é.)

__

Aquele passarinho maldito continua te seguindo. Você quer matá-lo. Você o ama. Ele seria um ótimo alimento para seu tio. Ele alimenta sua alma.

Se é que você ainda tem alguma...

Porque ele continua aqui? Você não é seu dono, você não é bom, você não é digno de amor.

Mas ele continua, batendo as asas placidamente, alheio a tudo isso. Você arremessa livros, amaldiçoa a todos, quer morrer.

Mas ele nunca vai.

É a primeira vez que alguém não te abandona.

__

Você é Hunter, dezesseis anos, mãos calejadas. Tudo o que você sempre acreditou desmorona na sua frente.

"Você era o mais parecido com ele." Seu tio – não, o Imperador, Belos, não seu tio – diz

Ele. Você nem sabe quem. Mas isso quer dizer que você não falhou? Que, uma vez na vida, você fez algo certo? Que, talvez, seu sangue não seja feito de sujeira, como o esperado? Você foi o mais próximo dele, dele.

Quem são vocês?

Mas, se houveram outros, eles perceberam antes de você, eles fugiram dessa loucura. Você foi o mais inocente, ou mais maldoso?

Os dois, provavelmente.

Até como uma cópia você é ruim.

__

Você está vivo. Você não está. Você quer estar, não quer? Você é uma cópia, seus ossos são de plástico.

Uma cópia dele.

Dele.

Seja lá quem ele for.

Você? Não, ele. A cicatriz em seu queixo arde, você não é feito de carne.

Você fecha os olhos e sonha com o Imperador. Ele tem uma espada, ele tem uma adaga, ele tem sede de sangue. Você se ajoelha e implora. Pela sua vida, por perdão, por algo. Não para o Titã, não para um deus, mas para seu tio.

Te disseram que você tem um grande futuro pela frente.

Você não é dono nem do seu próprio fôlego.

__

Você já morreu. Muitas vezes.

( E ninguém nunca percebeu. )

__

Dourado. Como ouro líquido nas mãos de um deus, como aqueles peixinhos que você viu em aquários, como obsessões.

Você não é digno do símbolo em suas costas. Nem mesmo das cicatrizes em seu rosto. Mas eles valem alguma coisa? Você nem sabe mais.

Se seus dentes são separados, e o ar chia por entre eles quando você respira, ninguém diz nada sobre isso, porque esconder sua infantilidade é o ideal. Você já teve uma infância?

O manto é pesado contra seu couro. Assim como a coroa, assim como respirar. Não pele, couro. Você é pouco mais que um animal. Uma faca em suas entranhas é quase desejável.

Você olha para suas mãos e elas estão sujas, imundas. De sangue, de culpa, de terra. Você cava, incansavelmente, mais fundo, mais largo, seus braço doem.

Você não pode parar. É sua própria cova.

 


Notas Finais


É absurdo o número de vezes que eu ouvi Boys will be bugs escrevendo isso. E nem é a primeira vez que isso me acontece. Aparentemente eu não consigo escrever sobre a vida de garotos com grandes expectativas sobre sí mesmos sem colocá-la pra tocar.

Antes de publicar isso, dois pedidos foram enviados ao Spirit para adicionar The Owl House as categorias, mas, por algum motivo, continua sendo negado. Não entendi exatamente o porquê, mas tudo bem.

Eu continuo experimentando segunda pessoa, e eu acho que gostei. Foi mais forte do que eu, por algum motivo falar sobre o Hunter exigia esse tipo de ponto de vista. Espero não ter decepcionado.

Comentários e favoritos são sempre muito apreciados e derretem meu coraçãozinho! Também, se você gostou da minha escrita, ou algo assim, considere checar meu perfil!

E, Lian, se você leu até aqui, eu espero que os spoilers não atrapalhem sua compreensão. Não é muito, mas é de coração. Falar sobre o quanto eu te amo já é redundante, nesse ponto. Você merece tudo, e é realmente uma das melhores pessoas que eu já conheci. Obrigada por ser sempre a primeira pessoa a me apoiar, aproveite seu dia!<3


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