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História BoyTechno - Sob suspeita


Escrita por: CaliVillas

Capítulo 7 - Sob suspeita


— Emma! Emma!

 O som do meu nome me traz, lentamente, de volta a consciência, não sei onde estou, sinto-me tonta, minha cabeça lateja, levo a mão a minha testa e a encontro dolorida e gosmenta.

— Você está bem, Emma? — Mathews está agachado ao meu lado, me perguntando.

— Sim – respondo, sem muita certeza, não consigo erguer minha cabeça. – Mas, o que aconteceu?

Meus olhos turvos se focam bem devagar, então, vejo os dois homens caídos no chão, suas cabeças viradas em uma posição estranha, as bocas abertas e os olhos vidrados.

— Estão mortos? – pergunto, mesmo já sabendo a resposta. Mathews confirma com a cabeça. – Mas, como é possível?

— Eles atacaram você

Eu o encaro por algum tempo, depois, olho para os homens mortos, no meio da minha sala, sou tomada por um misto de medo e alivio, não consigo pensar direito, sei que preciso chamar a polícia, mas, antes, tenho que raciocinar sobre o que aconteceu aqui.

— Você os matou?

— Sim.

— Como? Você não é programado para isso.

— Você me pediu ajuda.

— Eu sei, mesmo, assim não... – Estou confusa, passo a mão na minha testa, que arde, vejo que meus dedos estão sujos do meu sangue.

— Posso alegar legítima defesa.

— Não foi você, fui eu.

— Você é responsabilidade minha.

Eu me levanto, fico zonza e quase caio, outra vez, Mathews me ampara. Onde está meu DI portátil? Olho em volta e encontro, caído no chão junto a parede, vou até ele o pego, está intacto.

— Ligue-me com a emergência – peço.

Em segundos, uma atendente virtual surge na minha tela.

 Comecei a explicar tudo que aconteceu, a atendente virtual me pede para mostrar a cena, para confirma o que digo, e eu viro meu DI e mostro os homens caídos, ela está vendo a minha cara, machucada.

— Vou mandar uma viatura e uma ambulância até aí, imediatamente. Por favor, não mexa em nada da cena, ela já foi registrada – atendente me informa.

 Eu me sento no sofá, pensativa, não consigo desviar os olhos dos homens mortos a minha frente, imaginando como Mathews os matou, quem seriam eles e como sabiam sobre mim.

— O que eu posso fazer por você, Emma?

— Por enquanto, nada, ou melhor, fique calado, não diga nada, deixe que eu fale quando a polícia chegar, entendeu? Só quero que entre naquela caixa e fique no modo de repouso, mas, antes, modo de higienização – ordeno, não quero nenhum resquício nele.

Já tenho uma ideia do que vou dizer, não sei se vai colar. Mathews fez o que eu mandei, parado assim dentro da caixa, parece apenas um simples boneco, algo inofensivo, afinal, um boytechno não podia ser um assassino, era programado somente para dar prazer.

Mathews estava trancado dentro da sua caixa, quando a polícia chegou, enquanto eu estava jogada no sofá, fazendo papel de vítima. Um dos policiais perguntou se eu estava bem, se eu conhecia os homens e como eles morreram. Respondi, rapidamente, parte da verdade, que eles me enganaram dizendo-se funcionários da Boytechno, mas eram ladrões, que tentaram me roubar e eu reagir e me ameaçaram de morte. Então, um dos paramédicos nos interrompeu, começou a me examinar, me fez várias perguntas e uma ressonância de emergência, constatando que não havia lesão cerebral, mesmo assim, achava melhor que eu passasse a noite no hospital, para ser monitorada, ao mesmo tempo, em que usava uma cola especial para fechar o meu ferimento.

— Eu posso ser monitora da minha casa?

— Sim, se preferir, podemos checar os seus sinais vitais daqui da sua casa ou onde estiver – ele instalou alguns sensores no meu corpo e me liberou para conversar com a polícia, outra vez.

— Então, deixe eu entender, senhorita Santelmo. Esses homens vieram aqui, na sua casa, dizendo ser funcionários dessa empresa, Boytechno? — Ele leu o nome nos guarda-pós.

— Sim.

— Fazer uma revisão em um produto da sua propriedade? Qual produto?

— Esse — Eu me levantei e abri a caixa de Mathews fechada, onde ele estava inerte, todos olharam na sua direção, o polícia deu um sorrisinho irônico, erguendo as sobrancelhas, me deixando irritada.

— É um produto bem caro, estamos monitorando uma série de roubo desses...bonecos. E a senhorita reagiu?

— Sim.

— E matou os dois, sozinha?

— Eu disse que não sei o que aconteceu, bati em um deles com aquela luminária, ele me bateu e eu desmaiei, não sei o que houve depois disso, acho que eles se mataram um ao outro.

— Eles quebraram o pescoço um do outro? Ou será que o seu... boneco pode ter algo a ver com isso?

— Com certeza, que não, eles são programados para esse tipo de atitude.

— Pode ser.

Ele olhou para os legistas, que fez um sinal com a mão para o policial se aproximar e falou alguma coisa com ele. Notei que haviam acabado de identificar os homens por reconhecimento facial, prestei atenção que conversavam sobre a ficha criminal dos falecidos, fiquei mais aliviada.

— Tem algum lugar onde pode passar a noite? Pois, não poderá ficar aqui hoje. O policial se voltou para mim, pensei por alguns segundos.

— Posso ir para a casa de uma amiga.

— Então, faça isso. Mas, antes, precisaremos das suas roupas – Olhei para caixa de Mathews, preocupada, o policial percebeu. — Não se preocupe, encontrará seus pertences onde deixou, quando retornar à sua casa.

 Assim, roquei de roupa, liguei para a empresa, explicando porque não poderia trabalhar naquela noite, depois, para Ava contando o que aconteceu e, em poucos minutos, ela estava no meu apartamento, mas foi impedida de entrar, eu a esperava na portaria.

— Avisaremos quando puder retornar, senhorita Santelmo – uma policial me comunicou, quando entreguei minhas roupas a ela e saía, puxada pela minha amiga, relutante por deixar Mathews para trás.

  Ainda dentro do carro, indo em direção à casa dela, contei-lhe o que aconteceu com mais detalhes, revelei minhas dúvidas e receios, quando meu DI informou uma ligação da Boytechno, fiquei assustada, imaginando se seria da gangue que os dois ladrões mortos faziam parte. Olhei para Ava e lhe mostrei a chamada.

— Atenda e vamos ver.

Fiz que ela sugerir.

 — Senhorita Santelmo, boa noite, sou Jonathas Ruiz, diretor de relacionamento da Boytechno, e constatamos uma atividade anormal com o seu produto essa tarde.

Isso era muito estranho e rápido.

 — Como vocês souberam?

— Monitoramos as atividades dos nossos produtos e, nessa tarde, detectamos um tipo de atividade bastante incomum.

— Eu sofri uma tentativa de roubo, tentaram roubar o meu Boytechno. Dois indivíduos usando o nome da sua empresa.

 — Desde já peço desculpa por esse infortúnio e espero que esteja bem.

— Sim, eu estou bem.

— Fico feliz em ouvir isso, mas, não se preocupe, pois entraremos em contato com a polícia para saber o que aconteceu exatamente e, se a senhorita permite, retomaremos o contato, muito em breve.

— Claro.

— Então, boa noite e até breve, senhorita.

— Até breve, senhor Ruiz.

Quando a imagem dele desapareceu, virei-me para Ava, franzindo a testa, doeu.

— Você entendeu alguma coisa? Como eles souberam que há algo errado, assim tão rápido?

— Todos os modelos têm um chip de controle implantado, estão sendo constantemente monitorados, caso haja algum problema a fábrica fica sabendo, imediatamente — Ava me explicou.

— Como você sabe disso?

 — Um amigo do clube de trocas me disse, ele falou que os ladrões conseguem desabilitar esses chips, por isso, nunca são encontrados.

Ficamos em silêncio, repousei minha cabeça no encosto do banco, ouvindo leve barulho das rodas sobre o asfalto, meus pensamentos giravam junto, receosa do que viesse acontecer de agora em diante.

— Vai dar tudo certo – Ava quebra o silêncio e segura a minha mão. – Vamos procurar um advogado amanhã cedo, você agiu em legitima defesa.

— Não será fácil provar que a culpa foi minha e não de Mathews.

— Ele não tem discernimento, não toma decisões sozinho e, pelo o que me contou, ele agiu por ordens suas, para salvar sua vida.

— Mas, ele não deveria agir assim, não são programados para isso.

— Sei que não.

 Querendo me tranquilizar, ainda dentro do carro, Ava ligou para o advogado e combinamos que ele me acompanharia, quando precisasse comparecer na delegacia, mesmo assim meu coração estava pesado.



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