Lindsay e Benjamin se veem em um campo florido, atrás deles havia uma árvore frondosa.
- Onde estamos? – pergunta Benjamin.
- Não faço a mínima ideia – respondeu a garota.
- Tem alguém vindo, se esconde!
- Não precisamos burro. A visibilidade está desligada.
Eles conseguem reconhecer a pessoa que se aproximava. Era Jane, mãe de Amanda. Ela tinha um olhar confuso em seu rosto.
- O que acha?
- Vamos segui-la!
Jane dá a volta na árvore.
- Aí está você – disse a mulher olhando para a garota sentada com o rosto escondido com as mãos, parecia estar chorando.
- O corpo já foi sepultado? – Perguntou a menina com o rosto ainda escondido nos joelhos.
- Ainda não. Mas vai ser daqui a pouco, venha – Jane puxa o braço da menina gentilmente, esta que retribui com um tapa.
- Não quero!
- Ai Amanda, odeio esse tipo de atitude em você.
- Apenas vai e quando tudo acabar volte. Eu não vou sair daqui.
- Tudo bem então – Jane se afasta.
- Problemas de família... – Murmurou Ben – Acho que estamos em um cemitério.
- Sim, é isso mesmo. Os túmulos fica depois daquele muro branco.
- Nós temos que investigar algo aqui?
- Não. Esse dia é provavelmente o dia do enterro do avô de Amanda, o que procuramos é uma conversa entre eles dois. Ou seja, temos que procurar por algo mais antigo.
- O que vamos fazer então?
- Vamos procurar por mais conectores. Mais coisas que ativem a memória dela.
- Ok.
- O que pode ser um conector aqui?
- Não sei. Um brinco, um colar, um relógio, coisas assim...
- Mas onde encontraremos brincos soltos aqui?
- Se nós as congelarmos, podemos arrancar delas normalmente e elas não vão sentir nada.
- Espera, então se eu tirar a roupa dela aqui, ela não vai saber?
- Argh, pervertido – ela revira os olhos.
- O que foi?!
- Vem, vamos procurar.
- Quantos conectores são necessários?
- Cinco.
- Ok.
Ben pega uma bala de canela que estava no bolso de Amanda, um brinco e uma ampulheta que parecia ser bem antiga, Lindsay pega um dos brincos e um prendedor de cabelos. Além disso, ela percebe que o colar que eles haviam usado como conector não estava no pescoço da menina e sim no chão perto dela.
Quando Lindsay encostou o dedo nele, uma aura se formou ao redor do objeto.
- Ben, achei o conector principal! Vem traz o outros conectores! – gritou ela.
- Certo.
Eles foram colocando cada um dos conectores dentro da aura até que a lembrança estava pronta.
- Pronta? – perguntou ele.
- Claro.
- Então vamos lá.
Mais um clarão de luz e outra viagem.
Dessa vez eles se viam em um tipo de corredor. Parecia um hospital. Amanda estava da mesma forma, com a cabeça entre os joelhos, sentada no banco do corredor.
- Essa menina só vive chorando? – perguntou Ben.
- Cala a boca – disse Lindsay revirando os olhos.
A porta atrás deles se abre e Jane sai dela.
- Amanda meu amor, está perto, o médico disse que ele não aguentará mais tempo. Não quer ir se despedir dele? – perguntou a mulher sorrindo.
- Não! – lágrimas involuntárias começam a cair pelo rosto da menina.
- Ele quer se despedir de você.
- Eu não quero falar com ele, ainda não estou pronta pra isso.
- Mas você deve. Ele está em seus últimos momentos, seu avô não vai suportar mais, precisa se despedir.
- Tudo bem então – Amanda se levanta e relutantemente entra no quarto a sua frente.
- Espera – disse Ben – Se nossa última viagem foi o enterro do avô dela, e agora o velho está batendo as botas. Isso significa que só viajamos uma semana? A Eva não lhe disse que a máquina viaja mais tempo, não?
- Uma semana? Não. Acho difícil. O tempo normalmente varia de um a sete anos. Uma semana é muito pouco. Fora que, a Lindsay está com o cabelo loiro aqui, no dia do enterro o cabelo estava negro, fora que ela tá um pouquinho mais baixinha aqui.
- Ora, ela pode ter tingido depois que o avô morreu. Quanto a altura, como sabia que ela era mais alta ou mais baixa se ela estava sentada o tempo todo lá?
- Ben, eu sou mulher, mulheres são boas observadoras e somos boas em notar outras mulheres.
- Por que não aceita que a máquina deu um pequeno errinho?
- A máquina não erra, ok? Não é possível que tenhamos viajado apenas uma semana.
- E o que sugere então? Que aquela não é a Amanda?!
- Claro que não. Mas que há algo estranho aqui, eu não posso negar. Vamos procurar esses conectores logo. Olha o colar com o “A” de novo – Disse ela apontando pro banco. Quando Lind encostou o dedo a aura surgiu – É, essa daqui é a lembrança principal.
- Eu vou procurar no quarto do avô.
- Tudo bem, ela deixou a bolsa dela aqui fora, vou procurar nela.
Ben entra no cômodo. A tristeza pairava no local. Amanda estava abraçada a seu avô.
- Vovô, por favor, não vá...
- Amanda, você deve ser forte.
- Vovô...
“Vamos Ben, concentre-se” Disse pra si mesmo. Aproximou-se da mesinha de cabeceira na cama e viu uma ampulheta com uma aparência meio antiga. Ele a põe no bolso. Também vê uma fotografia de Lindsay. Procura por mais algum tempo mas em vão. Não encontra mais nada. Sai do quarto com a esperança de Lindsay ter obtido melhores resultados.
- E aí? – Pergunta ele.
- Além da lembrança principal eu encontrei três outros conectores, e você?
- Perfeito. Tenho mais dois.
- Certo. Vamos ver.
Eles põe os cinco conectores na aura e a memória fica pronta.
- Temos mais alguma coisa pra fazer aqui?
- Não. Acho que podemos seguir em frente.
- Tudo bem.
Mais um clarão de luz ocorre, e mais uma viagem é realizada. Eles se veem em um quarto. Amanda deitada em uma cama, e ao lado dela Conor, seu namorado.
- Você me ama? – perguntou Amanda sorrindo.
- É claro que eu te amo meu amor – ele a beija.
- Você acha que vai passar o resto da sua vida a meu lado?
- Wow. Isso já é um pouco extremo.
- O que quis dizer com isso? – a expressão no rosto de Amanda muda e ela parecia triste.
- É que eu não gosto muito de pensar no futuro.
- Eu te confiei meus segredos. Você prometeu.
- Amanda, não fique assim. Provavelmente nós iremos ficar juntos pra sempre, mas é que eu não gosto muito de pensar no futuro, só isso. Entenda. Não é como se eu não quisesse ficar com você.
- Que babaca – disse Lindsay.
- Olha, não viemos até aqui pra ver discussão de relacionamentos alheios. Vamos logo.
- Espera, ela disse que confiou a ele segredos. Será que ela contou sobre a herança?
- Provavelmente.
- Vamos para a próxima memória logo, isso está ficando cansativo.
Lindsay viu um ursinho beje e quando ela encostou a mão nele a aura se formou. Ele era a lembrança principal.
- Bem, já conseguimos encontrar esse – disse Ben – Achei um Harry Potter e a pedra filosofal.
- Pode ser um conector.
- Tudo bem – ele põe o livro no bolso. O casal sobre a cama começa a se beijar ao lado deles - Esse trabalho é tão estranho. Me sinto como se estivesse vasculhando a vida das outras pessoas.
Lindsay encontra um globo de neve.
- Acho que essa pode ser outro conector. E sim, realmente é estranho, mas com o tempo você se acostuma.
- Não dá pra você parar o tempo não? Não estou me sentindo confortável aqui com eles fazendo isso. É quase como se eu tivesse assistindo pornografia.
- É melhor deixar, talvez ela fale algo que possa nos ser útil.
- Não vejo como gemidos nos pode ser útil.
- Ahm?
- Ou você acha que pessoas discutem heranças escondidas enquanto fazem... “aquilo” ?
- Ben para de ser nojento e procura logo outro conector. Se quer sair daqui logo, então ache os conectores droga!
- O colar de novo – disse Ben ao abrir o armário.
- Tenho a sensação de que esse colar ainda vai ser bastante útil para nós no futuro.
- Tanto faz.
Eles encontram um broche e uma bala de cereja e a lembrança fica pronta. Lindsay aperta um botão do controle e mais um salto no tempo é realizado.
Dessa vez eles estavam na mesma casa. Porém agora era de tarde, e Conor não estava lá.
- Lindsay, seu avô está chamando – disse Jane saindo do quarto.
- Tudo bem – A garota que aparentava ter uns 13 ou 14 anos sorri e entra no cômodo correndo, sendo seguida por Lindsay e Ben.
- Lindsay, minha netinha!
- Vovô – ela pula no avô e o abraça.
- Lindsay. Precisamos conversar sobre algo sério.
- Tudo bem.
- Você lembra daquele coração?
- Coração? – perguntou Lindsay olhando pra Ben.
- Lembro vovô – respondeu a garota – Como eu posso esquecer?
- Ele guarda um segredo. Um segredo que ninguém pode saber, só eu e você. Tudo bem?
- Tudo.
- Um dia eu vou embora pra sempre. E muitas pessoas vão querer o que está atrás do nosso coração. Mas você deve protege-lo e não deve contar a ninguém, certo? Nem as pessoas que você mais confia.
- Vovô, o que tem por trás do coração? É sua herança?
- Exatamente – disse ele rindo.
- Eu não entendo muito bem dessas coisas, mas, ela não é da mamãe por direito?
- Eu realmente queria que ela ficasse, mas ela ia gastar com besteiras. E eu não queria isso. Você é diferente. Você puxou minha inteligência e vai saber administrar esse dinheiro.
- Tudo bem. Mas espera, por que está me dizendo isso agora? Sua hora está próxima?
- Bem, foi confirmado que eu tenho câncer então...
- Vovô...
- Não se preocupe, minha hora não está próxima. Mas é melhor eu me certificar de que vai ficar tudo bem. Você não vai contar a ninguém, vai?
- Não.
- Essa é minha netinha – eles se abraçam.
- Vem Ben, vamos procurar conectores – Disse Lindsay.
- Tudo bem. Adivinha o que Amanda está usando? O colar.
- Tire-o.
- Tudo bem.
- Olha aquela ampulheta que nós vimos no consultório. Ela deve ser um conector.
De repente, Amanda e o avô congelam, como se o tempo tivesse parado.
- Lindsay... você fez alguma coisa?
- Não.
O quarto ao redor deles começa a piscar, como se estivesse entrando em curto circuito.
- Lindsay?
- Droga – murmurou ela – A tia Eva já me falou sobre isso.
- E o que é isso?
- Há duas possibilidades. Uma delas é que a Amanda está morrendo, e a outra é que ela descobriu que estamos vasculhando a memória dela e esteja tentando nos expulsar. É como se ela não quisesse que estivéssemos aqui.
- Das duas qual a pior?
- Não sei. Podemos morrer em ambas.
- Que droga Lindsay!
- Calma, é só mandarmos um sinal para Jane, ela está nos assistindo, lembra? – Lindsay aperta um botão vermelho.
(...)
- Não se sente estranha deixando esse pessoal sozinhos no seu apartamento? – Perguntou a mulher de cabelos grisalhos a frente de Jane.
- Não se preocupe, Laura. O pessoal da Sigmund é de extrema confiança.
- Sei lá. Eu por exemplo me sentiria bastante desconfortável. Fora que você está bebendo!
- Eu não sou fraca com bebidas e você sabe disso. Além do mais eu já disse, eles são confiáveis. Fora que o meu prédio é do outro lado da rua qualquer coisa que acontecer é só eu ir pra lá...
(...)
Enquanto isso, no apartamento. Quem estivesse lá poderia ver uma menina deitada na cama usando um capacete, ela parecia dormir. A seu lado haviam dois jovens sentados. Eles usavam capacetes iguais e pareciam estar dormindo. O mais curioso era que havia uma luz vermelha de emergência piscando nos capacetes, e um tipo de sirene ecoava por toda a extensão do local...
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