História Brawl Stars - Poco e os Piratas - Descascando Batata

~Poco

[Convés do navio pirata, 07:30 da manhã]

Penny finalmente parou de rir e encarou Jacky de forma séria, a operaria estava prestes a sofrer o castigo dos piratas...

Meu coração batia forte, estava com medo de presenciar algo de ruim acontecer com Jacky...

– Certo, certo... Talvez esfregar o convez não seja sua praia... – Penny encarou seu colega pirata que estava próximo e o chamou. – Ei Tick! Venha cá.

O pirata com cabeça de bomba veio correndo desajeitado pelo convés até chegar ao lado de Penny.

– Tick, você poderia levar a nossa amiguinha Jacky até a cozinha? Acho que ela prefere descascar batatas a ter que esfregar o convés...

Jacky relutou novamente dizendo mais alguns palavrões mas foi só Tick apontar seus canhões para ela se calar e ir com ele.

Aquilo me deixou mais tranquilo, pelo jeito Penny também não era de se irritar tão fácil, caso contrário Jacky já estaria andando na prancha agora.

Acabou que fiquei parado sozinho a frente da garota pirata por alguns segundos antes de perceber que já deveria ter começado o serviço. Achei que ela me deixaria ali sozinho, afinal já estava preso a uma corrente e não precisava de ninguém para me vigiar, mas ela decidiu se sentar num dos degraus da escada que levava a parte alta do navio e ficar ali, apenas me observando.

Não tive dificuldade em limpar o chão, já estava acostumado a usar um esfregão. Além de trabalhar tocando nos bares e restaurantes de minha cidade eu sempre fazia alguns bicos como faxineiro.

Limpar não era problema para mim, mas confesso que ser observado durante o serviço não é nada confortável. As vezes meu olhar se cruzava com o dela o que era bem estranho, ela não tirava os olhos de mim.

– Sua roupa é engraçada... – disse Penny me olhando de cima a baixo.

– Ah, isso? – toquei minhas roupas, estava vestindo meu terno preto usual mas sem meu chapéu, havia deixado ele na cela antes de vir. – Eu não me visto assim sempre... É só... Uma roupa para me apresentar.

– Então você é mesmo músico... – ela me encarou sorrindo de canto. – Adoro músicos.

Achei aquela afirmação meio esquisita porém me mantive inexpressivo, continuei esfregando o chão. Acho que ela acabou notando meu desconforto...

– Ah... Q-quero dizer... Piratas gostam de música! E eu sou uma pirata... É claro. – ela se atrapalhou um pouco com as palavras, foi nesse momento que notei o quanto ela parecia jovem... Jovem de mais para um pirata... Pensei em perguntar quantos anos ela tinha mas temi ser evasivo de mais, preferi ficar quieto na minha.

Um tempo depois terminei de esfregar todo o chão que ficou limpinho, sequei o suor da testa com a manga do blaiser contemplando o serviço bem feito.

– Bom... Você terminou. – Penny finalmente se levantou, ao passar do lado de um barril cheio de maçãs ela pegou uma e jogou para mim, me atrapalhei um pouco para pegar o que acabou arrancando alguns risos dela.

– Bela pegada – disse sarcástica.

Penny pegou outra maçã do barril e mordeu, ela me olhava o tempo todo como se analisasse todos os meus movimentos.

Peguei a maçã e mordi sentindo o gosto da maravilhosa fruta se espalhar por toda minha boca, estava com fome mas só notei isso ao mastigar a maçã.

– Ei! O que está fazendo?! Eu ia pedir para levar essa maçã pro capitão! – Penny gritou me dando um susto, quase me engasguei.

– M-me desculpe... Eu pensei que era pra mim... Por favor não me castigue! Eu faço o que quiser! Só por favor não...

Penny começou a rir compulsoriamente me deixando confuso.

– Estou brincando! É pra você mesmo, músico medroso! – disse ainda rindo um pouco. Não tirei a razão dela... Minha cara de assustado deveria estar Hilária.

Pelo jeito Penny adorava brincadeiras, mas diferente dos outros piratas ela parecia ser a mais esperta... Vacilar com ela poderia ser um erro fatal, afinal todos aqui ainda são piratas assassinos certo? Sou apenas um prisioneiro.

– Termine logo de comer isso, se Darryl ver que está comendo da nossa comida vai cortar sua língua e jogar no mar! – Penny disse aquilo com um sorriso largo no rosto. Não posso negar... Ela me dá mais medo que os outros...

***

Um tempo depois fui levado até a cozinha do navio para descascar batatas junto com Jacky, o que foi até bom, não aguentaria trabalhar nem mais um segundo de baixo daquele sol escaldante, pelo menos ali eu me sentia menos precionado.

Tick estava responsável pela nossa vigilância mas ele estava na sala ao lado fazendo não sei o que... Jacky aproveitou isso para iniciar uma conversa.

– Temos que fugir. – ela soltou essas palavras quebrando o longo silêncio.

– Não podemos... Estamos em alto mar agora. – encarei ela ainda segurando uma batata nas mãos.

– Não seja idiota! É claro que sei disso!

– Então no que está pensando? Nadar até a costa? Esses caras não vão deixar que simplesmente pule pra fora do navio. – voltei meus olhos a tarefa de descascar, aquele assunto não levaria a lugar nenhum mesmo...

– Exatamente! Temos que acabar com esses caras primeiro! Depois que nos livrarmos deles vai ser fácil guiar o navio de volta ao continente. – Jacky disse aquilo como se "acabar com os caras" fosse a parte mais fácil do plano.

– Ah é? Genial... Como pretende se livrar dos quatro piratas incluindo o capitão? – era uma pergunta retórica, simplesmente por não ter uma resposta.

Jacky me encarou séria erguendo a faca que tinha nas mãos, era uma faca pequena mas bem afiada que estávamos usando para descascar as batatas.

– Não pense que não sei usar. – ela se referia a faca.

– Pretende matar todos eles? Sozinha e só com uma faca? – não estava acreditando no que ela estava dizendo, aquilo seria loucura.

– Sozinha? – ela me encarou como se eu fosse um completo imbecil. – Você vai ajudar!

– O que?! Não! Não vou fazer parte dessas maluquice, sugiro que você esqueça essa ideia. – balancei a cabeça tentando não me aborrecer com o pedido absurdo.

– O que foi? Tá com medo? Vai deixar esses piratas escrotos te fazerem de escravo?! Não vamos durar muito aqui e você sabe disso! Vão se desfazer da gente assim que não precisarem mais!

– Não sou assassino! – disparei, não pensei muito antes de dizer aquilo mas era a verdade...

– MAS ELES SÃO!!! – Jacky gritou comigo, o que obviamente fez Tick vir até onde estávamos.

O pirata só soltou aqueles barulhos confusos, provavelmente nos repreendendo. Infelizmente em vez de sair novamente ele se sentou numa cadeira ao lado da porta nos impedindo de continuar a conversar.

Jacky passou o resto do tempo que ficamos ali sem me olhar nos olhos, não soube muito bem a como reagir a isso mas de qualquer forma não podia dizer nada a ela.

Apesar de não concordar com o plano dela, não impedi que Jacky escondesse a faca no bolso antes de sairmos dali, sabia que minhas palavras não iriam convencer alguém como ela... Jacky tinha um gênio muito forte, diferente de mim não tinha medo... Sua liberdade parecia valer mais do que sua vida.

Comecei a me sentir um completo covarde... Poderia pelo menos tentar algo para ficar livre outra vez mas nada parecia ser possível. Estou com medo do que pode acontecer... Mas o que posso fazer? Eu não quero morrer!

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