História Break the Plans (Em revisão) - Birthday - Part 2

...Te pegar se você cair aos pedaços... Me deixe ser aquele que vai salvar você...”

                              - 5 Seconds Of Summer (Unpredictable)

 

A caixa que Luke havia me dado estava repleta de lapiseiras de todas as cores... Vermelhas, verdes, amarelas, lilases, cor-de-rosas, laranjas... Mas não havia uma azul sequer. No fundo, havia um bilhete.

 

“Eu sei que você gosta de azul. Na verdade é a minha cor preferida também! Mas ás vezes nós temos que mudar, Cass. Espero que você use uma dessas nas próximas provas.”

 

- Eu vou tentar. – O encarei assim que terminei de ler – Obrigada mais uma vez.

Ele apenas concordou com a cabeça.

- Pronta para a missão número dois? – Mike começou a me arrastar para o seu jardim.

- Hum... Sim? – Disse receosa.

- Cart, tudo pronto lá fora? – Ele perguntou e Carter respondeu que sim. – Vamos.

Assim que pisei no gramado, fui atingida por algo mole que explodiu em mim encharcando minha roupa e cabelo. Me virei para ver qual deles havia me acertado e todos riam a ponto de engasgar. O chão estava lotado de outros balões prontos para serem usados na guerra.

No começo fiquei furiosa por não terem me avisado. Eu não tinha levado roupa extra e teria que voltar para casa molhada.

Quando me esqueci que estava furiosa, peguei dois balões e me preparei para a guerra. Um eu joguei no Luke e errei vergonhosamente considerando que ele estava a menos de quatro passos de distância. O outro eu acertei bem nas costas do Mike que tentou correr para longe de mim.

No geral, foi uma guerra de balões normal. Quer dizer... Eu nunca participei de uma, então creio que tomar um tombo na grama molhada, errar quarenta por cento dos balões e ser mais acertada do que qualquer outra pessoa, seja normal.

Quando o estoque de balões acabou, Luke se ofereceu para me acompanhar até em casa enquanto empurrava a minha nova bicicleta para mim.

- Não sei quantas vezes eu disse obrigada hoje, mas vou dizer mais uma vez porque vocês me fizeram ter o aniversário mais incrível de todos. – Falei quando paramos na entrada da minha casa.

- Gostamos de saber que se divertiu. – O topete havia sido desmanchado, e seus fios loiros estavam grudados na testa devido ao fato de estarmos encharcados.

Fiquei na ponta dos pés e envolvi meus braços no pescoço dele, aproveitando a sensação do seu corpo frio e molhado junto ao meu. Era assim toda vez que nos abraçávamos. Os segundos pareciam mais lentos e eu poderia gastar o resto do meu dia ali.

- Então tchau. – Ele me afastou de seu corpo gentilmente, me arrancando do ótimo momento e esperou que eu entrasse em casa para ir embora.

- O que aconteceu com você? – Meu pai questionou assim que coloquei os pés dentro de casa.

- Digamos que eu tive um dia corrido e cheio de balões de água. – Ri.

- Parece que eu não fiz falta, não é mesmo?

- Para com isso pai! Você sabe que eu adoraria ter passado com você... Mas de qualquer forma meus amigos foram ótimos e me fizeram várias surpresas.

- Estou brincando. – Gargalhou fraco – Fico contente que tenha aproveitado. Agora suba e tome um banho, porque eu pedi comida daquele restaurante que você gostou para termos um jantar decente.

- Legal... Estou faminta.

Depois do meu banho de quase meia hora, eu voltei á copa para jantar com o meu pai.

Até que foi legal. Nós comemos a deliciosa comida do restaurante enquanto eu contava sobre o meu dia e no fim ele foi até a cozinha e voltou com um bolo nas mãos. Dois bolos em um mesmo aniversário! Esse realmente estava sendo o melhor.

Após terminarmos o jantar, tia Eve me ligou e conversou comigo enquanto dava os parabéns e dizia o quanto estava com saudades, por aproximadamente uma hora.

Já eram quase nove da noite quando chequei a caixa de correio e fui para o quarto. Olhei mais uma vez o e-mail, as mensagens, as ligações perdidas e nada, nem sinal dela. Faltavam poucas horas para o meu dia expirar e minha mãe ainda não havia dado as caras. Ela só se lembrou de cinco aniversários meus, e mesmo assim desconfio que tia Eve que a alertou.

Talvez meu pânico de aniversários não se deva totalmente ao meu apego as idades. Talvez um pouco disso esteja relacionado á minha mãe irresponsável e esquecida.

Os outros dias eram dias comuns, mas o meu dia, era o dia em que ela deveria pelo menos dizer “Olá, não sinto nem um pouco a sua falta, mas enfim, parabéns”.

Me joguei na cama e pedi que as forças superiores dessem uma ajuda para que meu dia maravilhoso não tivesse um fim deprimente, eu só não esperava que as forças superiores poderiam agir tão depressa.

 

De: Luke

E aí, como está sendo o final do seu dia?

 

De: Cassie

Horrívelmente ruim. Você pode vir até aqui?

 

De: Luke

Com “aqui” você quer dizer a sua casa?

 

De: Cassie

Sim, a minha casa. Onde você pensa que eu estaria ás nove da noite de uma segunda feira?

 

De: Luke

Não sei. Talvez aproveitando seu aniversário como uma adolescente normal...? Ah, esqueci. Você não é normal.

 

De: Cassie

Ok, não precisa falar o que eu já sei. Você vai vir ou não?

 

De: Luke

Seu pai vai me matar.

 

De: Cassie

Meu pai está dormindo e não é como se fossemos fazer algo errado.

 

De: Luke

Tá legal... Chego aí daqui a pouco.

 

Desci, desliguei o alarme e fiquei o esperando na porta. Ele demorou uns vinte minutos para chegar.

- Você demorou.

- Considerando o fato de que eu tive que me trocar porque estava de pijama e o fato de que não somos vizinhos, eu não demorei tanto assim. – Justificou.

Ele já não era mais o Luke encharcado que vi hoje mais cedo. Agora vestia uma camisa xadrez, uma calça preta – para variar – e seu cabelo estava arrumado no topete que usava sempre.

- Vamos lá pra cima. – Fui até o meu quarto e ele me seguiu.

Sentei na cama e fiz sinal para que fizesse o mesmo. Conversamos sobre vários assuntos aleatórios até que o silêncio reinou. Isso sempre acontecia quando estávamos conversando só eu e ele.

- Fala alguma coisa. – Pedi.

- Tipo...?

- Eu não sei... Não gosto de ficar em silêncio. – Olhei pela janela notando a chuva forte que começou.

- Talvez se você não ficasse checando o celular de um em um minuto, fosse mais fácil termos uma conversa. – Reclamou revirando os olhos.

- Foi mal... É que... Sei lá, eu ainda tenho a esperança de que ela se lembre.

- Ela quem?

- Minha mãe. – Abaixei a cabeça lembrando da imagem dela que passava na TV as vezes.

- O que aconteceu? – Ele se aproximou com os olhos atentos, pronto para ouvir tudo o que eu tinha a dizer.

- Longa história.

- Tudo bem, eu quero ouvir.

Contei a história da mãe louca que abandonou a filha pequena para viajar pelo mundo e acabou ficando rica e conhecida.

- Eu sinto muito, Cass. – Luke tentou me consolar.

- É, eu também.

Um novo silêncio surgiu, até que um repentino trovão tomou conta de nossos ouvidos. Institivamente, me encolhi tampando os ouvidos, faltou pouco para que eu chorasse.

- O que foi? – Ele pareceu não entender meu desespero diante de algo tão comum.

- Odeio trovões, odeio relâmpagos e odeio chuva! – Afastei as mãos dos ouvidos aos poucos, temendo um novo estrondo.

- Por que?

 

Flashback

Vagava pela casa com os pequenos pés no chão após ter deixado minha mãe no aeroporto. A chuva que assistimos de dentro do carro mais cedo, estava dez vezes mais forte e os trovões eram cada vez mais violentos.

Fui até o quarto da minha mãe, mas ele estava vazio. Eu iria demorar a me acostumar com sua partida.

- Tia Eve. – Sussurrei ao entrar no outro quarto, onde minha tia dormia um sono pesado.

Decidi não acordá-la e voltei para o meu quarto.

A cada barulho meu coração disparava e meus olhos derramavam lágrimas de puro pavor.

Abracei meu ursinho de pelúcia, mas era impossível dormir. Fiquei acordada durante toda a madrugada e só após estiar consegui pegar no sono.

 

- Ok. Dessa vez os trovões não vão assustar você. – Luke levantou, pegando um lençol no meu armário e o pendurando em pontos estratégicos do meu quarto até que se transformou em uma cabana.

Em seguida, carregou algumas de minhas almofadas para dentro e pediu que eu entrasse.

Nos aconchegamos nas almofadas no chão e vendo a cabana de dentro, confesso que ele fez um ótimo trabalho. Mas os trovões ainda explodiam do lado de fora, os relâmpagos ainda rasgavam o céu clareando minha janela e eu ainda estava aterrorizada.

- Ainda estou com medo.

- Meu Deus Cassie, o que você quer que eu faça? – Eu podia ler seu rosto que dizia o quanto eu era complicada.

- Cante para mim. – Cheguei mais perto, deitando ainda mais próxima de seu corpo.

- Ok. – Ele fechou os olhos e começou a cantarolar alguns versos.

Sua voz saiu rouca, porém baixa, quase como um sussurro, arrepiando cada parte do meu ser.

 

“…I like the Summer rain

I like the sounds you make

We put the world away

We get so disconnected…”

(...Eu gosto da chuva de verão

Eu gosto dos sons que você faz

Colocamos o mundo de lado

Ficamos tão desconectados...)

 

Fez uma pausa, umedeceu os lábios e continuou.

 

“…You are my getaway

You are my favorite place

We put the world away

Yeah, we're so disconnected…”

(...Você é o meu refúgio

Você é o meu lugar favorito

Colocamos o mundo de lado

Sim, estamos tão desconectados…)

 

Quando terminou, nos encaramos por alguns segundos e eu desejei que tudo ao meu redor desaparecesse. Desejei não estar na Austrália. Desejei não ter que voltar para NY. Desejei estar apenas flutuando em algum lugar e acima de tudo, desejei poder ter seus lábios nos meus novamente.

Por algum tempo, me esqueci de tudo a minha volta, inclinei meu corpo em sua direção e sem pensar em mais nada o beijei.

Novamente aquela boca explorando a minha... Novamente a calmaria me invadindo... Novamente seu piercing ali, no meio de tudo...

- Você disse que... – Ele afastou-se alguns centímetros e disse quase sussurrando. Sua respiração ofegante batia no meu rosto devido á proximidade e eu só queria sentir tudo mais uma vez.

- Esquece o que eu disse. – O puxei para mim novamente com as mãos hesitantes, tremendo com medo de uma possível rejeição e então iniciei um novo beijo.

Ele retribuiu rapidamente, as mãos apertam minha cintura com força e depois com leveza, como se tivesse desistido de lutar contra a vontade de me afastar. Dessa vez, foi um pouco mais intenso e demorado, porém, me causou o mesmo efeito.

Nos separamos para recuperar o fôlego e suas íris azuis pousaram em mim. Meu coração parecia a ponto de explodir.

- Já está tarde, acho que vou embora. – Finalmente ele se pronunciou, desviando o olhar.

- Você pode ficar até a meia noite? – Tentei ser convincente – É que eu não quero passar o resto do meu dia sozinha.

- Ok...

Encaixei os fones no meu celular e coloquei em uma música qualquer. Ficamos deitados ouvindo música até ele perceber que já eram meia noite e doze.

- Pronto, o seu dia chegou ao fim... – Me entregou o outro lado do fone e se levantou.

- Fica. – Mordi o lábio inferior com força me repreendendo mentalmente pela atitude.

- Cassie...

- Por favor. – Quase implorei – Ainda está trovejando e se você for embora eu não vou conseguir dormir.

- Mas e o seu pai?

- Damos um jeito de você sair mais cedo amanhã, ele nem vai notar.

- Tem certeza? – Perguntou mordiscando o piercing de leve e eu me peguei imaginando se ele estaria tão empolgado e amedrontado quanto eu estava.

- Aham. – Assim que concordei ele deitou novamente ao meu lado e eu encostei a cabeça em seu peito.

Ficar perto dele era uma sensação deliciosamente perigosa. Era como se eu fosse uma pessoa com a glicose nas alturas comendo algum doce. No momento, só queria saborear o máximo possível do doce. Mais tarde eu voltaria a me preocupar com a saúde.