História BreakAway - Estática

Selena Gomez.

As mãos dela estavam em minha cintura, nossas pernas entrelaçadas, enquanto minha costa se apoiava na parede.

— A gente não deveria estar fazendo isso — Eu sussurrei quando senti ela descer os lábios pelo meu pescoço.

— Não deveríamos. — Concordou descendo as mãos até meu traseiro, apertando.

A morena sorriu contra minha pele, mordiscando meu lóbulo antes de sussurrar:

— Mas a culpa é sua, Gomez. Ficou tão gostosa nesse vestido.

No mesmo instante meus braços puxaram a cintura para mais próximo, fazendo sua coxa se chocar contra minha intimidade.

Minha respiração falhou, o contato da pele dela sobre minha calcinha fez com que eu me imaginasse rebolando em sua boca.

— Espere até me ver sem ele — Retruquei infiltrado minhas mãos por de baixo de sua blusa. Em resposta, a mulher escorregou a mão por de baixo do meu vestido até encontrar minha calcinha, afastando a renda para o lado e tocando com a ponta dos dedos meu clitóris. Ela sorriu me fitando nos olhos. Meus lábios estavam entre os dentes e eu mantinha o contato visual tão intenso quanto o dela.

Meu corpo estava quente, e sensível. Mesmo sem estar me mexendo, conseguia sentir o tecido do vestido áspero contra meus mamilos, aquilo só fazia com que minha excitação se tornasse mais intensa.

A morena me mordiscou o queixo antes de começar a movimentar os dedos sobre meu nervo. O ar me escapou pelos lábios e eu me vi obrigada a fechar os olhos.

— Cecile... — Suspirei seu nome sentindo seu sorriso contra minha pele.

— O que? — Questionou rouca, cheia se pretensão na voz.

Me permiti ficar em silêncio, minha respiração cada vez mais pesada. Queria poder abrir mais as pernas, mas a posição não me permitia, por isso contentei-me em olhar para o teto e me apoiar no criado mudo que estava ao meu lado.

Havíamos acabado de chegar em meu apartamento após um jantar. Sequer conseguimos ir até o quarto, ela havia me prensado contra a parede antes disso.

Sua outra mão subiu pela minha cintura até alcançar meu seio, apertando sobre o tecido do vestido para logo em seguida descer a alça do mesmo, deixando meus peitos expostos. Tocou com cuidado, para logo em seguida beliscar levemente. Um grunhido de prazer escapou do fundo da minha garganta e eu a vi sorrir ainda mais abertamente.

Puxei-a pelas laterais de seu corpo até que conseguisse apoiar a cabeça em seu ombro. Eu precisava desesperadamente de um lugar para me apoiar.

Seus dedos corriam toda a pele molhada da minha boceta, pressionando de maneira deliciosa cada centímetro que encontrava. O polegar dava atenção somente ao meu clitóris, fazendo com que arrepios fossem constantes.

Minha boca se abriu quando senti um gemido queimando minha garganta, subindo por ela até escapar pelos lábios. Não muito alto, o suficiente para ela ouvir. Por isso, mordi seu ombro, deixando uma marca leve de meus dentes ali.

Outro gemido.

— Merda... — Soprei quase sem ar.

— Gosto de te ouvir gemer — Sussurrou — Não pare.

Eu estava entorpecida.

Quase como um drogado.

Não me atentava muito ao que acontecia ao redor, apenas ao que ela me fazia sentir. Mordisquei seu pescoço da mesma forma que ela fazia há pouco. Ouvindo sua risada ecoar pela sala.

Meu celular tocou.

— Não atenda — Ela pediu antes de me roubar um beijo.

Eu provavelmente cadeira ao seu pedido, se não fosse pelo fato daquele ser o toque personalizado da minha chefe.

E apesar de querer mandar Lovato para o inferno, e esquecer dela por aquela noite, ainda era ela que assinava minha folha de pagamento.

— Eu preciso... — Sussurrei esticando-me até criado mudo, pegando minha bolsa e retirando de lá o aparelho.

Cecile fez cara feia, se ajoelhando em minha frente enquanto eu atendia.

— Alô? — Questionei ainda ofegante.

— Gomez, acabei de desembarcar no La Guardia.

Ah sim, ela havia feito uma viagem rápida para Paris, deveria voltar apenas na manhã seguinte, mas pelo visto, estava ansiosa demais para voltar a me atormentar.

— Sim... — Afirmei sentindo Cecile colocar minha perna sobre seu ombro, lançando uma lambida sobre meu clitóris.

Mordi os lábios para não gemer.

— Preciso que vá para a empresa, agora. — Suspirei levando as mãos até a cabeça de Cece, acariciando os fios sedosos — Mande um carro vir me buscar.

— Algo mais? — Tentei disfarçar minha voz arrastada, me sentia cada vez mais próxima do orgasmo.

— Sim, quando estiver transando e eu ligar, pare o que está fazendo.

Eu estatizei.

Ela sabia.

Nenhuma palavra escapou de minha boca.

Cecile percebeu a tenção que se instalou em meu corpo e parou de me chupar, afastando a cabeça e me encarando nos olhos.

— Fui clara? — Minha chefe questionou firme.

— Hãm... Sim, senhorita Lovato.

— Ótimo. — Desligou.

Afastei o celular do rosto um pouco desnorteada.

O clima havia se quebrado.

— O que aconteceu? — Cecile questionou ainda ajoelhada, parecia preocupada comigo.

— Tenho que ir trabalhar.

— Selena, é quase meia noite — Afirmou se erguendo, a chateação presente na voz.

— Eu sei, Cece. Lovato acabou de pousar e quer que eu vá para a empresa. — Expliquei jogando meu celular dentro da bolsa.

— Tem certeza que não podemos ficar mais um pouco? — Questionou manhosa, me lançando beijos pelo colo enquanto eu puxava as alças do vestido pra cima de novo.

— Não. — Neguei vendo-a se afastar com um bico nos lábios — Cece... — Comecei incerta — Eu adorei o nosso jantar. De verdade.

— Eu sei, Selly.

— Olha só, eu sei que é uma merda como sempre parece que estamos nos encontrando às pressas, ou que eu sempre estou te pedindo um favor..., mas esse emprego, ele é muito importante pra mim. — Expliquei arrumando o cumprimento do meu vestido e calcinha. Olhei para a morena que tinha o cabelo bagunçado e passei a tentar ajeitar os fios.

— Eu sei. — Repetiu suspirando — Podemos nos encontrar outro dia? Fazer as coisas do jeito certo dessa vez?

— Você só precisa me dizer a hora e o lugar. — Afirmei sorrindo.

— Minha casa. Quero cozinhar pra você. — Ergui a sobrancelhas e lhe lancei um sorriso ladino e debochado.

— E desde quando a senhorita sabe cozinhar?

— Ah, não enche. — Ela empurrou meu ombro rindo antes de se dirigir até a porta — Você quer uma carona?

— O centro não é caminho pra você.

— Posso fazer ser.

Suspirei jogando minha bolsa por cima do ombro.

— Tudo bem, obrigada.

— Não por isso... sabe, já é ruim demais ter que ir trabalhar nesse horário para a Lovato. Eu só estou tentando facilitar as coisas.

— Ela não é tão ruim assim... — Afirmei chamando pelo elevador. Cece me lançou um olhar de deboche e eu ri — Tudo bem, ela é. Mas está tentando melhorar...

— Claro que está...

— Falo sério — Afirmei — Desde que começou a sair com essa garota, a Paige, ela está diferente.

— Diferente como?

— Não sei explicar... ela ainda é arrogante, e irredutível, mas pelo menos está tentando ser mais educada.

— Isso é estranho — Concluiu entrando no elevador junto a mim

— Talvez ela tenha mudado. Você não acredita que as pessoas mudam?

— Não. As pessoas não mudam... elas só fingem que sim.

(...)

— Bom dia, Selly — Lauren cumprimentou após jogar sua bolsa sobre a mesa.

— Bom dia, Lern — Falei sem ânimo, encostando contra a cadeira.

— Aconteceu alguma coisa? Parece cansada.

— Dormi pouco essa noite.

— E isso tem algo a ver com o fato de você ter ido jantar com Cecile? — Questionou maliciosa, se sentando e virando minha cadeira para que eu a encarasse.

— Talvez... — Sorri da mesma forma — Mas não é o que está pensando.

— E o que estou pensando? — Desafiou.

— Que transamos.

— E não transaram? — O tom de descrença.

— Sim. Quer dizer, quase...

— Como assim quase, Selena? Ou sim, ou não. E essa marca no pescoço? — Perguntou afastando meu cabelo.

— Nós começamos a... você sabe. E estava sendo legal até meu telefone tocar.

— Por favor, não me diga que você atendeu aquela merda. — Pediu impaciente ao mesmo tempo que buscava algo na bolsa. Ela ergueu a cabeça e me encarou — Inferno, você atendeu, não foi?

— Era a Lovato. Ela tinha acabado de pousar e estava querendo que eu viesse pra cá.

— Que horas eram? Será que essa mulher não transa não? — Questionou irritada. Eu coloquei a mão sobre sua boca impedindo que o tom saísse mais alto.

— Quer falar baixo? Ela está aí!

— Sinceramente Selena, eu te admiro demais — Admitiu, me mostrando a sua base — Eu já teria desistido desse emprego há muito tempo.

— Você sabe que eu não posso. Se ela me ligar meia noite querendo que eu venha pra cá, eu tenho. Por mais que ela própria não apareça.

Lern suspirou passando sua base por meu pescoço escondendo os roxos da noite passada.

— Bem, pelo menos parece que sua noite com Cecile valeu a pena. Ela te chupou todo o pescoço, espero que tenha chupado outras partes também.

— Lauren!

— O que? Estou desejando o seu bem!

Foi impossível segurar a gargalhada. Lern conseguia ser muito sem noção as vezes.

— Sequer deu pra aproveitar. Demetria ligou no momento mais inoportuno que poderia ter.

— Não acredito que parou o que estava fazendo para atende-la.

— E quem disse que eu parei? — Vi Lern estreitar os olhos — Não era minha boca que estava ocupada — Dei de ombros.

Foi a vez da minha amiga gargalhar, trazendo uma expressão incrédula em seu rosto.

— Você...

— É — Afirmei antes dela de fato me perguntar — Mas ela percebeu. Foi bem constrangedor.

— Você é louca?

— Bem... Eu pensei que ela não ia perceber. — Suspirei voltando minha atenção a agenda. — Mas a culpa foi da Cecile...

— Ah sim, claro — Lauren debochou — Nada a ver com o fato de você ser escandalosa.

— Eu não sou escandalosa! — Me defendi — Se você transasse comigo saberia.

— Isso foi um convite? — O tom dela foi sério, mas eu conhecia Lauren bem o suficiente para saber que ela estava zombando da minha cara. Minha vontade foi de pegar o porta canetas e atacar nela. Haveria uma pequena chance d'eu fazer isso se não fosse pela fala da minha chefe:

— Selena, venha aqui, por favor.

Ela havia aparecido rapidamente na porta do escritório, mas entrou logo em seguida, deixando o lugar aberto.

Estreitei os olhos para minha amiga, me levantando da cadeira e levando minha agenda junto comigo.

A ansiedade me dominou, será que falaria algo a respeito da noite passada? Será que me daria uma bronca por eu estar transando enquanto falo com ela pelo telefone?

Suspirei, caminhando rapidamente até a sala.

— Feche a porta e sente-se, por favor — Pediu colocando no rosto os óculos de armadura grossa. 

Ela ficava muito bonita com eles. Ganhava um ar ainda mais sério e sexy.

Fiz o que me pediu, um pouco incerta sobre o que se trataria aquela conversa.

— Você veio ontem? — Ela questionou abrindo o notebook.

— Sim, senhorita. — Afirmei.

— Fez o que eu te pedi?

Ah, claro.

Lovato havia me pedido para lhe enviar os contratos de todos os fornecedores da Breakaway. O trabalho durou algumas horas, mas foi razoavelmente fácil uma vez que era algo muito mais manual do que intelectual. O que me irritou foi saber que eu não precisava ter ido até a revista para isso, poderia muito bem ter feito no conforto da minha casa.

— Já está no seu e-mail.

— Ótimo. Quais são os meus compromissos de hoje?

Olhei imediatamente para a agenda.

— Certo, são duas reuniões e uma seleção de modelos. — Informei da forma resumida padrão que ela sempre exigia.

— Detalhes... — Pediu sem erguer os olhos do computador.

— A primeira reunião é as onze, equipe de Marketing. Vai discutir sobre o lançamento da edição especial de julho. — Afirmei passando a caneta sobre as anotações para não me perder — A segunda reunião é as duas, com Galliano. Vocês ficaram de acertar alguns pontos sobre a Breakaway cobrir o desfile dele. E por último.... a seleção. Querem decidir qual modelo fará a capa da revista na edição especial.

— A Dior assinou o contrato?

— Irei verificar — Retruquei anotando na agenda.

— Deixa que eu faço isso. Preciso que transfira a minha reunião com Galliano para as seis e adie a seleção das modelos... qual a próxima data vaga?

— Vinte dias.

Ela ergueu o olhar, e suspirou.

— Quando a edição especial vai sair?

— Daqui exatamente um mês.

— Certo. — Ela finalmente me encarou. Mordeu os lábios pensativa e encarou o vazio por alguns segundos antes de prosseguir — Quero fazer a seleção em quinze dias.

— Não há espaço na agenda.

— Bem, então faça ter. Desmarque reuniões menores e transfira o que conseguir, vamos fazer essa seleção em quinze dias.

— Tudo bem. Algo mais?

— Não, obrigada. Pode ir.

Me levantei devagar, dei meia volta e passei a caminhar firmemente em direção a saída.

— Ah, Gomez! — Me chamou fazendo meu corpo se virar. — Ligue para Paige, avise que eu tenho a tarde livre e que poderemos ir onde ela quiser.

— Claro, senhorita Lovato.

Paige.

O nome vinha escorregando muito da boca da minha chefe esses últimos dias.

"Selena, ligue para uma floricultura e mande rosas para a Paige".

"Selena, avise Paige que vou me atrasar para nosso jantar"

Paige.

Paige.

Paige.

Será que ela não se cansava, não?

Eu nunca havia visto Demetria tão apaixonada por alguém. O que será que ela tinha de especial? 

— Lern — Falei tentando chamar sua atenção.

— Hum... — Murmurou ainda concentrada no seu trabalho.

— Você acha que Demetria está apaixonada pela Paige?

Minha amiga suspirou.

— Não sei — estreitou os olhos para a tela do computador — Talvez. Até onde eu sei, elas estão namorando mesmo...

— Concluiu isso pelo o que ela disse?

— Também. Mas olha só, eu tava cuidando das contas dos cartões dela... Lovato comprou um anel de ouro branco há uns dias atrás.

— Ah... — Dei de ombros.

Era de conhecimento geral do mundo da moda que Demetria odiava usar anéis, e com toda a certeza, se ela havia comprado, não seria para si própria.

— Seja lá o que for que elas tenham, eu estou dando graças a Deus... Ela melhorou muito desde começaram a sair.

— Sim é verdade. — Concordei abrindo uma aba da internet entrando no e-mail da empresa — Mas você não acha estranho que isso tenha acontecido tão rápido? A garota simplesmente surgiu aqui dizendo que era a namorada dela...

— Isso te incomoda?

— Não... só acho curioso.

— Você sabe, Lovato é uma pessoa muito reservada. Vai se saber desde quando elas estão se encontrando. — Deu os ombros.

Ela estava certa.

Demetria nunca compartilhava nenhum aspecto de sua vida pessoal, se é que ela tinha uma.

Foi então que minha ficha caiu.

Seria Paige o motivo de não termos transado em meu apartamento?

Não que eu quisesse, de qualquer forma...

A quem eu estava tentando enganar? Eu queria.

Só não tive coragem.

Estava na hora de começar a ser sincera comigo mesma.

Eu ainda me lembrava do telefonema que ela havia feito no carro, dizendo que queria encontrar alguém.

Quais eram as chances de realmente ser a loira?

Suspirei.

Minha mão foi até o telefone e eu liguei para o número que já havia decorado.

— Alô? — A voz ligeiramente sonolenta.

Que horas eram? Nove?

— Paige? Aqui é a assistente da senhorita Lovato.

— Ah, oi Selena.

— Oi... Demetria pediu para que eu avisasse que passará a tarde com você, que irão onde você quiser.

— Pensei que a agenda dela estivesse cheia...

— Estava, mas não mais...

Eu posso jurar que consegui vê-la sorrir do outro lado da linha.

— Tudo bem docinho, obrigada por ligar.

— Não há de quê. — Estava pronta para desligar a ligação, quando ela falou:

— Selena?

— Sim?

— Diga à Demi que estarei esperando por ela em seu apartamento.

Já tinham a chave uma da outra?

— Claro.

— Obrigada. — Desligou.

(...)

Lauren estava de pé, logo atrás de mim. Seu olhar direcionado a minha tela do computador, fazendo com que eu me sentisse desconfortável.

— Está me irritando — Avisei, ouvindo o suspiro dela.

— Tem uma maneira mais fácil de você fazer isso — Ela disse se aproximando ainda mais. — Posso te ajudar?

Cheguei para o lado, dando espaço para a minha amiga conseguir digitar.

A tela exibia uma lista de matérias que haveriam na próxima edição da revista. Minha função era só dar baixa nos textos que já haviam sido entregues e aprovados por Lovato.

— Certo, olha só, toda vez que você for fazer isso, é só apertar ctrl — Mostrou o botão — E selecionar o que você quer com ele pressionado. E aí você clica aqui — Mostrou o ícone na tela — coloca as informações e da baixa.

Mordi a mucosa interna da bochecha raciocinando o que ela havia me dito.

— Quer tentar?

Afirmei com a cabeça, levando a mão ao mause, repetindo o processo que Lern havia feito. Entretanto, quando fui clicar no ícone da tela o computador apagou e em seguida as luzes do andar.

— O que eu fiz? — Perguntei preocupada, arrancando uma risada de Lauren.

— Nada, a energia caiu.

— Merda, eu passei a tarde toda fazendo isso.

— Não se preocupe, o programa salva cópias temporárias de acordo com o que você vai fazendo.

— Tem certeza?

— Sim, eu abro ela pra você quando a luz voltar — Afirmou se sentando em sua cadeira.

Eu ainda estava pegando o jeito com os programas do computador. Por mais que eu trabalhasse lá há mais de dois meses, quem normalmente fazia todo o tipo de trabalho com documentos era Lauren. O máximo que eu sabia — exigido de mim nos dias comuns — era mexer no pacote Office e internet. Qualquer coisa além disso, Lauren quem resolvia.

Suspirei me jogando contra o encosto, rodando devagar em minha cadeira, totalmente entediada. Lern estava mexendo no celular, e sequer me dava atenção.

— Não deveríamos ter, sei lá... um gerador de energia? — Questionei.

— E temos..., mas Lovato mandou desliga-los. Algo sobre não ter verba para manutenção — Ela disse alheia — Consegue acreditar nisso? Uma revista desse tamanho não ter verba. — Rolou os olhos.

— Acha que ela mentiu?

— Não tenho dúvidas...

Meu celular vibrou no bolso da calça e eu me permiti pega-lo.

Me animei ao ver o lembrete que eu mesma havia colocado.

— As inscrições para o concurso de fotografias abrem hoje. — Afirmei pegando minha bolsa — Me ajuda a escolher as fotos, Lern?

— Está com o seu álbum aí? — Indagou finalmente me encarando.

Puxei o objeto da bolsa abrindo sobre nossa mesa. Minha amiga sorriu se aproximando.

— Ai meu Deus! Você ainda tem essa foto — Ela riu puxando para si a fotografia da primeira página.

— Claro que eu tenho, eu a amo.

Na imagem, estávamos eu e Lauren. Na minha primeira semana de trabalho na revista saímos para tomar um café juntas. Acho que ela tinha visto que eu estava triste depois de um dia difícil, e me convenceu a ir.

Sentamos no fundo do lugar e pedimos um expresso vanilla, o que resultou em nós duas com bigodes de baunilha e uma foto divertida em um dia frio.

Era a minha foto favorita com Lauren.

Passamos a folhear o álbum, tirando as melhores da proteção do plástico e colocando sobre a mesa.

Eu ri alto quando Lern puxou uma do Apollo, ele estava deitado sobre a minha escrivaninha, olhando para a janela do apartamento, definitivamente a foto mais "tumblr" que eu tinha ali. Fazer o que? Meu gato é fotogênico.

Ele e Lern não se davam muito bem. A história era longa, mas em resumo, Jauregui precisou dormir em meu apartamento uma vez, e na manhã seguinte, ao acordar mais cedo do que eu, ela decidiu que seria uma boa ideia acariciar a barriga de Apollo. Por pouco ela não teve que receber um ponto no espaço entre os dedos.

Desde então, Lern o chamava de gato assassino, e sempre passava bem longe do felino. Apesar disso, Apollo se fazia de sonso na minha frente, e até chegava a esfregar a cabeça na perna dela, como se não tivesse nada contra a mulher.

Mas ele não nos enganava.

De repente as luzes se acenderam, iluminando todo o local. Olhamos para o relógio, ainda tínhamos algumas horas antes de Lovato voltar. Eu certamente conseguiria fazer meu trabalho a tempo...

Decidimos continuar a seleção das fotografias.

Selecionamos algumas e colocamos sobre a mesa, eu comecei colocar elas em ordem e entreguei o livro para que Lauren terminasse de folheá-lo.

— Meu Deus, Selena! Que foto é essa? — Perguntou estendendo-a em minha direção.

Era uma foto minha, em frente ao espelho depois de um banho quente. A câmera polaroide estava em frente ao meu rosto, o cabelo preso em um coque bem feito no topo da cabeça, um dos meus braços cobriam os meus seios.

— Ela não deveria estar aí. — Dei de ombros — É de outro álbum.

— Selena! Você por acaso não tem um álbum pornográfico, ou tem?

Eu levantei as sobrancelhas em deboche e encarei a mais nova.

— Talvez, você sabe... nu artístico.

— Safada! — Acusou rindo.

— O que significa isso? — A voz cortante fez com que parássemos de nos encarar. Lovato estava de pé ao lado do elevador, os braços cruzados à altura do peito — O que acham que é isso aqui?

— Senhorita Lovato... — Lauren se ergueu da cadeira — Nós só...

— Calada! — Rugiu. — Eu não pago vocês pra brincarem de casinha, ou seja, lá o que estejam fazendo...

Eu me encolhi na cadeira. Eu nunca havia visto ela tão vermelha, na verdade, era comum ela gritar com seus funcionários, mas de alguma forma, mesmo fazendo isso, ela sempre mantinha a classe.

Eu não conhecia a pessoa que estava na minha frente.

Demetria suspirou. Parecia que de alguma forma tentava recobrar a consciência.

— De quem são as fotos? — Questionou dura.

Eu e Lern nos entreolhamos, nenhuma de nós querendo se entregar. Merda, eu precisava tanto daquele emprego.

— São minhas — Minha amiga afirmou dando um passo à frente.

— Está demitida, Lauren. Pegue suas coisas.

— O que? Não! É mentira — Eu me ergui também, aflita pela situação — As fotos são minhas, senhorita Lovato. Fui eu que trouxe.

— Selena! Não faça isso! — Lern exigiu — Eu já assumi a responsabilidade, fui eu.

— Lern... — Meus olhos se encheram de lágrimas — Você não pode...

— Caladas, as duas! — Ela voltou a falar firmemente. Passou a mão pelos cabelos, andando de um lado para o outro, quase como um animal enjaulado — Você vai descer até o departamento de arte e se virar para catalogar as peças que estão lá. Tem até as seis — Disse para Lauren — Quanto a você Selena, me traga um café e venha até minha sala. Preciso que faça algumas coisas pra mim.

Nós duas caminhamos em silêncio em direção ao elevador.

Um castigo para as duas.

Eu não conseguia acreditar no quão o infantil isso poderia parecer.

Ficamos um tempo estáticas até que tomei coragem:

— Não devia ter feito isso — Falei quando as portas metálicas se fecharam.

— Eu não sabia que ela chegaria tão longe, nunca a vi tão estressada.

— Acha que ela vai nos demitir?

— Eu não sei...