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História Brilhando na Escuridão - Capítulo 02


Escrita por: leoaleff

Notas do Autor


Oii!!! Voltei, agora com mais um capitulo cheio de amor para dar!!!
Espero que gostem.

Capítulo 3 - Capítulo 02


Fanfic / Fanfiction Brilhando na Escuridão - Capítulo 02

(Leia enquanato escuta A thausand miles – Vanessa Carlton)

Subo na bicicleta e sigo em direção ao centro, indo para a minha rua, com todos ao meu lado, o trânsito estava calmo, bom de andar. Pela primeira vez na semana os veiculos e motocicletas não estavam disputando o espaço entre si na rua, estava tão calo que pudemos aproveitar o caminho e prestar mais atenção ao trajeto. Eu gosto do visual da cidade, uma mistura de casas pequenas e simples de decoração rústica com prédios de mais de quinze andares e arquitetura moderna, fica bem bonito. Passamos em frente à Praça Central e o verde das árvores toma rapidamente minha vista por um longo trecho do caminho.

Assovio a melodia de Ocean do Seafret enquanto atravessamos a Kredence Avenue, crianças passam pela calçada em seus uniformes pretos de agodão e linho, as mochilas nas costas. Provavelmente meu pai já teria ido pegar Dylan na escola. Então não me preocupo tanto.

Ao chegarmos à nossa rua, cada um segue parra a sua casa, sempre na mesma sequência, primeiro Pidge e Matthew, depois Chloe e Michael e por ultimo eu, a ultima casa da rua de Barnacle Street.

Chego em casa e deixo a bicicleta na parte de dentro da garagem, a casa está completamente silenciosa, as chaves do carro do meu pai não estão em cima da mesa, muito menos escuto passos no andar de cima. Um frio sobe pela minha espinha com todos os pensamentos que me tomam naquele exato momento. Mas o meu desespero só aumenta ao sentir meu celular vibrar em meu bolso. Na tela de bloqueio estão indicadas duas novas mensagens do Dylan e logo eu abro o aplicativo de mensagens.

Dylan: Ellie, vem me pegar, o pai ainda não veio...

Dylan: El, por favor, não tem quase ninguém aqui!

Dylan: Eu to com muito medo!

Eu: Ok! Espera aí que eu ja to chegando!

Acho que nem cheguei a pensar direito, fui rapidamente à cozinha, abri a terceira gaveta do armário próximo à geladeira, encaro o conteúdo da mesma. Chaves de fenda, pregos, tesouras, contas, boletos antigos, achei! Pego a chave reserva do carro da minha mãe e sigo novamente à garagem. Um SUV Chevrolet Equinox 2017 preto fosco, recém-saido do lava-jato. Entro no mesmo e sento-me no banco do motorista, ajeito o assento e o espelho retrovisor, abro o portão externo da garagem e de ré saio de casa.

A raiva que sinto do meu pai é imensa, como ele pôde esquecer o Dylan sozinho na escola de novo, mas a preocupação com meu irmão é maior. Tanto que o caminho de casa até a Moondale’s Middle School foi bem rápido. Encaro a construção, é quase igual à minha escola a Moondale’s High School só que um pouco menor. Sentado na calçada da construção, que no momento está numa rua quasee deserta, está um garoto de feições asiáticas definidas, estatura média, pele alva e cabelo preto de tamanho médio-longo. A raiva pelo meu pai me sobe à mente com a visão de Dylan alí naquela calçada. Possuindo uma pose defensiva, com a cabeça baixa, os braços envolvendo suas pernas e a mochila no espaço entre as coxas e o peito. Quando ele me vê, corre em minha direção e me abraça, como numa tentativa desesperada de constatar que não estava mais sozinho. Separo nosso abraço e me ajoelho no chão, para ficar da altura dele.

Fecho a mão direita exceto pelos dedos polegar e mindinho que deixo apondados para fora como um sinal de hangloose e junto a mão ao queixo movendo-a repetidamente em movimento de meia-lua, um pedido de desculpas. Em resposta ele junta os cinco dedos contra a boca e solta, movendo a mão para frente, sinal de que ele me desculpava e que estava tudo bem.

Passo a mão direita aberta em palma passando-a por cima do braço esquerdo estendido e em seguida com as duas mãos fechadas em punho faço movimentos circulares como os de um volante, convidando-o para entrar no carro.O que o mesmo faz sem nenhum problema ao sentar no banco do passageiro. Dou a volta no carro e sento-e novamente, no banco do motorista.

Antes de dar a partida e não poder conversar mais com ele, eu passo a mão direita aberta na esquerda e junto as duas pontas das mãos, indicando que conversariamos em casa e o mesmo responde fechando a mão em punho com o polegar fechado por fora dela, depois elevando o mindinho e por ultimo abaixando os dedos indicador, médio e anelar em fileira, um simples sim.

Dou a partida no carro e começo a seguir caminho até a nossa casa. Dylan nasceu mudo, por isso eu e meus pais tivemos que aprender a linguagem de sinais desde muito cedo. Agora com 12 anos, Dylan precisa de atendimento especial na escola, pois não pode se comunicar com os colegas. Mas logo a escola providenciou um interprete, Russell é o nome dele. Um homem alto, corpo franzino, pele negra, cabelos afros longos contidos em dreads, sempre vestindo uma calça jeans e a blusa da ONG para crianças surdas na qual o mesmo trabalha. Algumas vezes ele vem aqui em casa e passa a tarde com Dylan para ajudá-lo nos trabalhos em grupo ou em casos específicos como Feiras de Ciências.

O caminho de volta para casa foi bem calmo, tirando o fato de que eu não paro de pensar no quão irresponsável foi o ato do meu pai. Dylan podia ter sido assaltado, sequestrado, morto. Olho rapidamente para o garoto no banco do carona, ele está com o cinto de segurança o envolvendo, dois bonecos de lego em cada mão. É engraçado o jeito que ele age como se a deficiência não fizesse diferença alguma em sua vida, eu o tenho como exemplo.

Chego novamente em casa, estaciono o carro dentro da garagem. Saio o carro e quando Dylan sai, eu ativo as trancas do veículo. Entro em casa e já encaro Dylan. Aponto meu dedo indicador para meu peito, fecho as mãos em punho passando as duas paralelamente ao peito, em seguida continuo o mesmo movimento com as mãos agora com as mesmas abertas, indicando que eu estava indo tomar banho agora. Fecho o punho e levanto o mindinho, junto o polegar ao indicador dobrado sacudindo o mesmo em frente ao corpo, avanço a minha canhota no ar e a puxo de volta para mim como punho fechado e o polegar apontado para o peito, sinal de que se ele precisasse de mim era só chamar. Ele faz que sim e eu subo as escadas rumo ao meu quarto.

Chego ao cômodo, paredes cinza-claras e assoalho de madeira de carvalho esscuro, no canto do quarto está uma cama de solteiro, um edredom cinza-escuro cobre a cama junto a dois travesseiros de fronha branca. Ao lado da cama, mas ainda um pouco distante, está uma escrivaninha de ábeto e junto dela uma cadeira de mesmo material, sobre a escrivaninha estão dispostos alguns livros escolares e um ou dois cadernos, ela está um pouco bagunçada, mas ainda está bonita. Acima da escrivaninha está uma estante com duas divisórias de prateleiras, com livros desde crônicas até didáticos. Na parece perpendicular à da escrivaninha estão alguns posters de artistas ou filmes, como o de” Jogador Nº 01” e de ‘De volta para o Futuro”. Na parede oposta está mais uma estante, agora com itens de colecionador, como action-figures, inúmeros dados de D&D como d4, d5, d8, d20, entre outros.

Antes de entrar no banheiro, me encaro no espelho. Corpo de estatura média, aproximadamente 1.78, exibo um corpo magro e levemente pálido, os cabelos pretos e desgrenhados que se destacam no tapete de neve que é meu rosto, os olhos redondos e um pouco puxados também pretos, boca rosada, rosto detalhado, mas com a linha do maxilar não tão definida. Eu me considero razoavelmente bonito, não sou um Chris Hemsworth mas não fico atrás dos outros garotos da minha escola.

Ao adentrar no banheiro, tiro minhas roupas e sigo para o Box. A água está agradavelmente fria, aproveito esse momento para relaxar um pouco. A temperatura da água faz com que arrepios sejam enviados por toda a extensão da minha espinha. Após o banho, saio, me seco e ponho uma roupa.

Enquanto me visto, meu celular vibra novamente. A tela de bloqueio indica mensagem nova do Michael e eu abro a mesma.

Michael: Ell, idiota! Cade você?

Michael: Elliot, você ainda vem?

Eu: Ish, Mike, eu tinha esquecido totalmente! Eu tinha ido pegar o Dyl na escola, mas ja to indo aí!

Calça de moletom cinza, moletom e um tênis qualquer são o que eu visto. Ponho a toalha no cabideiro, pego a roupa qque acabei de tirar e a ponho para lavar e logo sigo ao quarto ao lado do meu, o quarto do Dylan. Abro a porta de maneira que ele note que há alguém ali e quando o mesmo olha em minha direção eu aponto o indicador no meu peito, toco novamente o peito, agora deslizando o dedo em um movimento de parábola para a frente, fecho a mão esquerda em punho passando o braço pela frente do meu peito e a puxo de volta com os dedos indicador e médio abertos em formamto de “V”, indicando que eu vou para o shopping. Em resposta ele bate a mão em punho na palma da outra mão aberta, pousando com o polegar e o indicador abertos em formato de “L” e puxa a manga da camisa, mostrando que queria que eu o comprasse uma blusa nova. Faço que sim e antes de sair do seu campo de vista eu balanço o indicador levantado, junto as mãos abertas em fileira e puxo para o lado com movimentos de abertura a mão esquerda, sinal de que ele não deveria abria porta em circunstância alguma. Ele confirma somente com um balanço de cabeça. Me aproximo do mesmo, faço carinho em seu cabelo e dou um beijo em sua testa.

Quando estou caminhando para a porta, eu acabo por pensar em algo. Me viro para Dylan, puxo o dedo indicador apontando de cima para baixo e com os dedeos indicador e polegar em “L” apontando o indicador para mim eu o convido para ir comigo.

Ele se levanta da cama e segue para o guarda roupa onde bota uma blusa preta e prende o cabelo em um elastico. Após se arrumar para sair, ele segue ao meu lado para a garagem.

Novamente no carro da minha mãe, dirijo até o Moondale’s East-Side Shopping. A estrutura de concreto, aço e vidro reforçado, projetada em traços modernos, luzes de todas as cores emanavam dos vidros. Pessoas andam de um lado para o outro, algumas entrando no local, outras saindo, mas o tráfego humano é constante.

Adentro no local e começo a andar pelos pátios e corredores, encarando as vitrines e restaurantes. Vejo uma loja de jogos, um ciber-café, alguns restaurantes, cadeiras da praça de alimentação dispostas em padrões especificos e retilíneos, encaro algumas vitrines de lojas de roupas até encontrar Michael e Matthew que, pelo jeito que olham em todas as direções, estão procurando por mim. Aceno com a mão para eles e logo os mesmos me notam, sigo até eles com um sorriso no rosto.

- Elliot!!! – Diz Michael enquanto anda em minha direção forçando Matthew a vir também, já que o mesmo odeia ficar sozinho em locais publicos. Ele levanta o mindinho e faz um arco no ar, simbolizando um “Oi” para Dylan, a unica coisa que ele aprendeu a “falar” em libras. O garoto responde com o mesmo gesto e logo voltamos à conversa - Então El, é o seguinte... – Diz Michael – Vamos comprar as suas roupas e um moletom novo pro Matt... – Ele encara Matthew – Mesmo eu não entendendo para que mais casacos, já que o que ele tem da para fazer uma tremenda de uma campanha do agasalho.

- Eu compro por que são bonitos... – Diz Matthew ainda com o volume baixo de maneira tímida – e combinam com tudo e com quase qualquer ocasião.

- Gente, vamos logo... – Digo para eles –Meu pai chega lá pras 20 e eu quero ter uma conversa com ele – Encaro os olhos de Michael deixando claro que ele já sabia o tema da conversa.

Seguimos para dentro da loja mais próxima. O espaço possui pinturas e móveis de cores claras, o que dá ao lugar uma aparência mais leve e limpa. Possui alguns espelhos espalhados por quase todas as paredes. Vendedores vestidos totalmente em preto estão dispostos pela loja, sorrindo e ajudando com as escolhas de roupas.

Um rapaz de pele morena-clara, cabelos afros e um olhar amistoso se aproxima de nós três. Seu crachá diz “Olá, me chamo Jack”, então suponho que esse seja seu nome. Diferentemente dos outros vendedores, ele usa a blusa de algodão tingida de preto em pano passado por debaixo da calça.

- Olá, cavalheiros – Diz Jack – Em que eu posso ser útil? – O jeito dele é bem amistoso, mas ao menos para mim era bem claro que ele estava dirigindo todo o lado amistoso para Matthew, o que me faz queerer rir um pouco, mas me seguro.

- Sim, gostariamos de um moletom para ele, alguma blusa – Diz Michael apontado para Matthew que está de cabeça baixa e com as duas mãos nos bolsos – E uma combinação completa para ele – Agora ele dirige seu olhar para mim – O que você sugere?

Ele encara Matthew e eu da cabeça aos pés e diz:

- Acho que eu sei exatamente o que ficaria bem em vocês... – Ele sorri e começa a andar em direção às araras mais próximas, das quais ele tira muitas roupas de já leva Matthew e eu em direção aos provadores, entrega uma pilha de roupas para cada um e logo eu estou no Provador 01 e Matthew no Provador 02.

Experimento algumas roupas, das quais gosto, mas uma delas chamou minha atenção. Saio do provador vestindo uma calça de couro preto, blusa branca de algodão que fica um palmo abaixo da cintura e uma jaqueta jeans escrita “New Rules for the 21st Century Boy”. Michaeel me olha e fala:

- Nossa... – Ele assovia o que me faz rir e continua – Você está lindão, meu caro... – Ele faz um sinal de “OK” com a mão direita. Dylan também gesticula animadamente, demostrando que gostou do que visto e lodo seu olhar desvia para atrás de mim. Quando me viro, me deparo com Matt.

O garoto veste um jeans skinny azul-desbotado, um cropped masculino metade preto, metade branco. Ele parecia extremamente envergonhado por usar aquilo, mas estava muito bonito. Eu mal vejo ele sem blusas de manga longa, imagine mostrando a barriga, acho que está sendo uma experiência interessante para o garoto.

- Matt, você está... – Tento buscar as palavras certas, para que ele não fique envergonhado, mas elas não vêm.

- Ridiculo? Estranho? – Ele está muito vermelho. O rosto inteiro parece prestes a explodir em ondas e mais ondas de pura vergonha – Eu vou tirar!

Antes que eu possa falar algo, ele se soca dentro do Provador 02 e tira a blusa, a trocando por um moletom cinza-escuro. Os óculos dele pareciam que iam cair, devido ao fato de que o mesmo não parecia que levantaria a cabeça por nada nesse mundo.

Sigo até a sessão infantil da loja e encaro as araras com várias e várias roupas coloridas, com imagens de desenhos, séries, animes. Fico lá parado observando as roupas. Eu realmente odeio comprar roupas quando é para mim, mas quando se trata de dar roupas aos outros principalmente ao Dylan e à minha mãe é o afazer mais prazeroso. Até por que Dylan ama comprar roupas.

Tiro várias roupas das araras e olho, mas logo devolvo. Repito esse ato até encontrar o presente perfeito. Uma blusa preta com a estampa do League of Legends e com uma frase dizendo “What doesn’t kill you, gives you XP, Bitch!” e eu logo a peguei nos braços e voltei ao encontro de Matthew e Michael. Havia deixado a blusa escondida para que o garoto não visse.

Será que ele realmente pensa que eu esqueci de comprar? – Penso quando Dylan passa por mim depois que eu fui retirar as roupas que estava experimentando.

Após eu e Matthew retirarmos as roupas da loja, colocarmos as nossas e levarmos nossas escolhas para o caixa, nós passamos no McDonald’s e compramos lanches, inclusive compro um BigMac com batatas fritas para Dylan. Vamos até a entrada do shopping e lá nos despedimos. Vou até meu carro e sigo até em casa.

São quase 19:30 quando chego em casa, subo até meu quarto e deixo sobre a cama as minhas roupas novas, depois sigo para o quarto  do meu irmão, no qual o deixo fazendo as tarefas de casa. Depois de algum tempo eu volto e sorrio ao ver ele tão concentrado, mas o chamo, ponho a sacola da loja e mais uma sacola do Mc’Donalds sobre a mesa e com o dedo indicador apontado para cima sendo em seguida puxado para baixo, indico que ele abra.

Ele sorri e após correndo de sua cama em minha direção ele me abraça apertado, pega a sacola de papel, abre a mesma, retirando de dentro de uma das sacolas  a blusa e da outra o milkshake de morango e o outro sanduiche que eu trouxe para ele. Ele come com voracidade, provavelmente não havia lanchado na escola. Depois que ele mudou de escola, da Moondale’s Primary School para a Moondale’s Middle School, alguns garotos começaram a zoar ele por ser mudo, ele evita ir ao refeitório durante o intervalo para o almoço. Tenho que ir lá depois, para conversar com a diretora.

O tilintar do metal de chaves na mesa do andar de baixo sinaliza que meu pai chegou, a raiva toma de conta de mim e logo eu estou a descer rapidamente as escadas, parando no primeiro degrau o observando com aquele jeito cínico de sorrir ele me olha e abre os braços como se fosse me dar um abraço, mas quando ele está bem perto de me alcançar eu dou um passo para trás, desviando de sua interação.

- Ah Ellio – Ele diz claramente frustrado – Não pode me culpar por ter esquecido de pegar o Dyl hoje! Foi um imprevisto – Ele diz dando de ombros, mostrando que realmente não se importa nem um pouco e muito menos sente muito por ter esquecido.

Sua aparência de um típico adulto nipo-americano, olhos puxados já rodeados por rugas de estresse, a testa também marcada, olhos grandes e negros, cabelo negro dando os primeiros indícios de calvice. Ele trabalha numa empresa de advocacía, passa dias inteiros naquele escritório com vários outros homens e mulheres iguais a ele, que morrem de trabalhar mas não dão uma foda pela família.

- Imprevisto? – Acabo por bufar, eu ja estava muito zangado – Você poderia ter me ligado! Ou sei lá, mandado a merda de uma mensagem! – Eu já começava a elevar meu tom de voz.

- Olha a boca! Você sabe que eu não tolero palavrões na minha casa! – Ele também eleva a voz, igualando-a ao meu tom - Ao contrário de você, eu tenho que trabalhar! – Ele diz olhando em meus olhos – Alguém tem que ser ao menos útil nessa casa, já que nem a sua mãe e nem você fazem absolutamente nada para ajudar.

- Eu não faço nada? – Um riso irônico acaba por sair da minha boca – O que você acha de ter que lipar a casa sozinho todo dia, fazer almoço, cuidar do Dyl e ainda por cima dar conta das coisas da escola? É o suficiente para o trabalhador do ano? – Encaro-o nos olhos – E a minha mãe, ela está internada na droga de um hospital psiquiátrico com a merda de uma depressão! Você consegue entender isso?

Ele simplesmente avança em minha direção e desfere um tapa em meu rosto, o barulho do choque entre a palma da sua mão e a pele do meu rosto faz com que a sala inteira e até a casa mesmo pareça extrememente silênciosa. O local arde, lágrimas brotam em meus olhos, eu queria bater nele ou que ele sentisse a mesma coisa que eu sinto. Meu corpo  treme, minha cabeça parece que vai explodir, quando estou quase me levantando eu sinto uma pressão forte na área do meu abdômen, como se estivesse vindo de dentro para fora, uma pressão insuportável, mas minha raiva é tão grande que consigo sentir a pressõ crescendo em meu íntimo, se expandindo. Até de repente o cálice de prata da minha mãe treme violentamente na mesa e cai, o que me faz olhar em sua direção. Meu pai sobe para o quarto dele e bate a porta com força. Encaro o objeto e logo o junto.

O cálice é um objeto que vem de gerações e gerações atrás, passado para a minha mãe pelas mãos da minha avó.

Subo as escadas, encaro Dylan sentado na cama, provavelmente já havia tomado um banho e se escovado, concluo isso devido ao fato de que ele já está vestindo seu pijama.

Ele tem sorte por não poder ter escutado a confusão lá de baixo! – É o que eu penso.

Sorrio para ele, junto os dedos da mão direita juntos aos lábios e os puxo para a frente, em seguida passo a mão direita aberta por cima da esquerda que também está aberta, sinalizando um Boa Noite. Ele repete o gesto, se deita na cama, eu o enrolo com o edredom e deposito em sua testa um beijo.

Me aproximo da saída do quarto e desligo a luz antes de fechar a  porta e segui ao meu quarto. Pego a sacola com as roupas novas e ponho acima do criado-mudo. Tiro minhas roupas e ponho apenas uma bermuda de algodão. Deito-me na cama e pela clarabóia eu encaro o céu noturno, as estrelas brilham instensamente, disputando com a Lua o posto de imagem mais bonita no céu.

Não sei quando eu dormi, mas chuto que foi em algum momento entre a admiração dos corpos estelares e uma prece baixa para qualquer divindade (se elas existissem) pela saúde da minha mãe, nessa altura do campeonato eu estava tentando de tudo para tê-la novamente por perto.

 



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